quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

OPINIÃO DO DIA - Rubens Bueno: derrotar o governo

Defendemos a tese de que a decisão seja tomada em março, abril, quando poderemos ter mais clareza do quadro político. Nosso objetivo é um só: derrotar o governo do PT.

Rubens Bueno, líder da bancada do PPS, na Câmara, “Aécio tenta evitar que PPS decida por Campos”, O Globo, 5 de dezembro de 2013

Maravilha! - País tem só quatro universidades entre as cem melhores dos emergentes

Um dia após o resultado do Pisa (exame aplicado a jovens de 15 anos em 65 países) mostrar que o Brasil continua nas últimas colocações do ranking internacional de aprendizado, outro levantamento, elaborado pela consultoria britânica Times Higher Education, revelou que o país também deixa a desejar no ensino superior, mesmo quando comparado apenas com nações emergentes. No grupo de 100 melhores universidades, apenas quatro são brasileiras. Tal como no Pisa, a China se destaca, com 23 instituições no grupo

Ruim até entre emergentes

Brasil tem só quatro universidades entre as 100 melhores dos Brics e de países em desenvolvimento

Leonardo Vieira, Eduardo Vanini

Um dos países que formam os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e dono da 6ª. maior economia do mundo, o Brasil não tem nenhuma universidade entre as dez melhores de 22 países emergentes, segundo um ranking internacional feito pela consultoria britânica de educação superior Times Higher Education (THE).

A inédita pesquisa “Brics & Economias Emergentes” gerou uma lista das cem instituições mais fortes das nações em desenvolvimento. Para o estudo, a THE levou em conta não só os cinco membros dos Brics, mas também 17 outras economias emergentes. Das cem instituições de ensino da lista, apenas quatro são brasileiras.

A melhor posicionada no ranking entre as nacionais é a USP, em 11° lugar, seguida pela Unicamp, em 24°. Bem mais abaixo na tabela estão as outras duas universidades brasileiras: UFRJ, em 60°, e Universidade Estadual Paulista (Unesp), em 87°. No topo da lista, nenhuma surpresa.

Além de ostentar as duas primeiras colocações, com a Universidade de Pequim e a Universidade de Tsinghua, respectivamente, a China é o país com maior número de instituições da lista, com 23. Sua vizinha Taiwan vem em seguida, acumulando 21 universidades dentre as cem.

Numa comparação entre as nações que compõem os Brics, depois dos chineses, os indianos aparecem com dez instituições, seguidos pela África do Sul, com cinco universidades, pelo Brasil, com quatro nomes, e pela Rússia, com duas instituições.

Desempenho decepcionante do Brasil
Para o editor da THE, Phil Baty, o desempenho do Brasil não condiz com o tamanho de sua economia. Mesmo elogiando o programa federal Ciência sem Fronteiras que dá bolsas de intercâmbios para brasileiros estudarem no exterior, e dizendo que o programa pode gerar indicadores positivos em longo prazo, Baty definiu o resultado nacional como “decepcionante”.

Segundo ele, os pontos fracos das universidades brasileiras estão na pesquisa e na publicação de artigos em inglês, fatos que estariam entrelaçados: — As pesquisas do Brasil não têm o mesmo impacto que alguns concorrentes dos Brics. Não são tão amplamente lidas e compartilhadas, o que sugere que sejam de qualidade inferior.

E parte do problema pode ser a falta do inglês: muitos países adotaram a publicação em língua inglesa para garantir que a investigação seja compartilhada e compreendida em todo o mundo, e que suas universidades recebam o devido reconhecimento pelo seu trabalho inovador — ressalta o editor da THE.

A pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa da UFRJ, Debora Foguel, comemorou a presença da instituição no ranking, mas não deixou de salientar como o ensino no Brasil precisa evoluir: — o país ainda não tem uma política destinada a colocar suas universidades entre as seletas instituições de classe mundial. Há gargalos que precisamos encarar. E um dos principais deles está justamente relacionado à pesquisa. A disponibilização de recursos voltados diretamente a essa área ainda não é uma realidade nas universidades federais.

Precisamos investir maciçamente nisso — comentou. o reitor da USP, João Grandino Rodas destacou que o fato de se tratar de uma universidade onde se fala um idioma que não é internacional dificulta o alcance das primeiras posições em rankings. Entretanto, medidas adotadas recentemente devem mudar esse quadro.

— Criamos o programa USP Internacional, para fortalecer a presença da universidade no exterior. Também foi estabelecido um programa de bolsas de intercâmbio para alunos de graduação, no qual mais de dois mil estudantes tiveram oportunidade de desenvolver atividades acadêmicas em instituições estrangeiras.

Esse projeto abrange as não contempladas pelo Ciência sem Fronteiras — mencionou. Entre os Brics, o Brasil tem a segunda maior economia do grupo, somente atrás dos chineses. Entretanto, essa realidade segue em descompasso com os indicadores educacionais. Segundo o professor de Relações Internacionais da PUC—Rio João Nogueira, que é membro do Brics Policy Center, isso acontece porque os resultados na Educação dependem de políticas públicas consistentes e de longo prazo.

— Os chineses há muito têm priorizado o crescimento rápido do ensino superior como caminho para estimular a inovação e enfrentar os problemas futuros de oferta de mão de obra. Dezenas de milhares de estudantes de países como a Coreia do Sul vão estudar nas universidades chinesas atualmente.

Ao lado da ampliação do sistema, a China investiu na qualificação de seus pesquisadores em centros de excelência no exterior, com os resultados que vemos nas pesquisas. No caso brasileiro, o dinamismo econômico não foi suficiente para vencer a complacência de seus governantes quando se trata de Educação, tratada mais como política social do que como estratégia associada ao desenvolvimento do país — concluiu.

Por continente, África e Américas aparecem com nove universidades cada. Para a consultoria, o grande destaque do ranking ficou com a Turquia, que não só tem sete instituições na lista como também três delas aparecem dentre as dez primeiras: Universidade de Boaziçi (5°), Universidade Técnica de Istambul (7°) e Universidade Técnica do Oriente Médio (9°).

Pesquisa considera 13 indicadores
Assim como em outros rankings elaborados pela Times Higher Education, a metodologia da pesquisa foi baseada em 13 indicadores divididos entre as seguintes áreas: “ensino” (30% da pontuação geral do ranking) leva em consideração qualidade e reputação do ensino praticado; “pesquisa” (30%) mede a relevância das pesquisas desenvolvidas; “citações” (30%) é a frequência com que trabalhos da universidade são apresentados em pesquisas ao redor do mundo; “presença na indústria” (2,5%) mede a utilização de tecnologias e ideias desenvolvidas pelas universidades nas indústrias; e “perspectiva internacional” (7,5%) leva em consideração a diversidade de alunos de diferentes origens dentro da universidade.

Fonte: O Globo

Maravilha! - Lula afirma que partido ficará no poder até 2022

Ex-presidente faz declaração ao lado de Dilma, que para concretizar plano do padrinho político tem de se eleger e ainda emplacar seu sucessor.

Pedro Venceslau, Gustavo Porto

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou ontem uma cerimônia em São Bernardo do Campo, na região metropolitana, onde recebeu seu 26.° título de doutor honoris causa, para criticar a gestão de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, e sugerir que o PT permanecerá no governo pelo menos até 2022.

"Eu já estou pensando no Brasil de 2022, quando agente completar 200 anos de Independência e fizer uma comparação do que era esse Brasil. Aí vai ser duro, Dilminha, a gente falar do Brasil que deixamos em 2022 e o que pegamos em 2002", disse. Se vencer a eleição presidencial do ano que vem, Dilma terminará seu segundo mandato em 2018 e não poderá se reeleger.

O discurso de Lula foi proferido na Universidade Federal do ABC, que concedeu ao ex-presidente o primeiro título de honoris causa da instituição. A presidente Dilma Rousseff veio a São Paulo especialmente para prestigiar o ex-presidente, mas não discursou. Também estavam presentes os ministros Aloizio Mercadante, da Educação, e Miriam Belchior, do Planejamento, além de deputados federais e prefeitos de municípios da região. A universidade foi criada em 2005, quando o Congresso Nacional aprovou um Projeto de Lei enviado pelo executivo.

"A história da Universidade Federal do ABC é um exemplo de luta política vitoriosa", afirmou Lula. O ex-presidente disse que, em 2000, o governo federal (na gestão de Fernando Henrique Cardoso) foi procurado com a proposta de criação da universidade, mas a rejeitou. "Era um tempo em que o governo tratava a universidade pública como se fosse um estorvo. Era um gasto inconveniente no contexto de redução do Estado", afirmou.

Alvo. Os governos tucanos de São Paulo também foram alvo do discurso. "Três governos estaduais se sucederam sem atender à reivindicação (de criar a UFABC), mesmo com a aprovação na Assembleia." Ao comentar as obras do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, o ex-presidente voltou a alfinetar o PSDB. "Enquanto o programa habitacional de São Paulo constrói 20 mil casas por ano no Estado, o programa Minha Casa, Minha Vida entrega 90 mil. É uma diferença significativa para quem não tem casa".

O reitor da UFABC, Helio Waldman, também criticou de forma velado os tucanos em sua fala. "Tive um sentimento de consternação e choque quando o adversário de Lula (na eleição de 2006), em sua réplica em um debate, referiu-se à UFABC, para dizer que era apenas um projeto que não ia sair do papel", declarou o reitor.

Lula também criticou, sem citar nomes, a gestão de Fernando Henrique Cardoso por ter tirado do governo federal a responsabilidade pelo ensino técnico, passando-a aos Estados. "Houve um dia um governo que fez uma lei tirando a responsabilidade do governo federal pelo ensino técnico. Nós revogamos a lei, que é de 1998 e voltamos a fazer escola técnica", disse.

Ainda segundo o ex-presidente, o governo anterior ao dele não investiu em universidades públicas "por falta de visão e sensibilidade".

Imprensa. Ao se referir aos sucessos do governo Dilma, o ex-presidente também criticou a imprensa, um dos seus alvos mais frequentes. "Lendo a imprensa, a gente pensa que o Brasil acabou", disse.

Antes de encerrar o discurso, Lula repetiu o bordão que costuma usar e afirmou que "um complexo de vira-lata" permeou o Brasil no século XX. "Não sei porque meus adversários ficam tão incomodados quando digo "nunca antes na história desse país". É só provarem que estamos errados", concluiu.

A visita de Lula Universidade Federal do ABC faz parte de um giro político pela região que foi o berço político do PT. Hoje, o ex-presidente vai a Diadema, também na região metropolitana, participar de um ato na sede regional do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde inaugura a Escola de Formação Integral "Dona Lindu", homenagem à mãe do ex-presidente.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Maravilha! - PT fará desagravo a mensaleiros

No 5º Congresso do PT, semana que vem, a direção do partido fará desagravo aos condenados Dirceu e Genoino

PT vai fazer desagravo a Dirceu e Genoino no congresso do partido

Rui Falcão contestará julgamento do STF e apontará injustiças nas prisões

Fernanda Krakovics

BRASÍLIA - A direção do PT organiza um desagravo aos três integrantes do partido condenados no julgamento do mensalão e que cumprem pena de prisão em Brasília. O gesto, mais direcionado ao ex-ministro José Dirceu e ao ex-presidente do partido José Genoino, acontecerá durante o 5° Congresso do PT, semana que vem, em Brasília.

Para evitar constrangimentos à presidente Dilma Rousseff, o ato de apoio aos condenados não acontecerá na abertura do evento, quinta- feira à noite, a qual ela estará presente, e sim no dia seguinte, antes das mesas temáticas. O ex-presidente Lula também só participará da abertura do encontro.

A programação do congresso, divulgada ontem à noite pelo PT, anuncia para as 10h de sexta-feira, dia 13, “Solidariedade aos companheiros injustiçados”, sem citar os nomes. Apesar de ter sido preso no mesmo dia em que Dirceu e Genoino, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares não tem sido defendido com a mesma ênfase pelos colegas de partido.

Discurso atacará supostos abusos
Caberá ao presidente do PT, Rui Falcão — que será empossado para um novo mandato à frente da legenda —, fazer o discurso em defesa dos companheiros. Falará de supostas injustiças cometidas nas prisões de Genoino e Dirceu, contestará o julgamento feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e deverá atacar, principalmente, abusos que o partido entende terem sido cometidos pelo presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa.

Neste evento, está prevista a participação de familiares de Genoino e de Dirceu, que também devem discursar. O objetivo é explorar o aspecto humanitário que envolve os petistas condenados, principalmente em relação a Genoino, que pediu para ser transferido para prisão domiciliar devido a seu estado de saúde. Ele fez uma cirurgia cardíaca em julho. Ao decidir promover o desagravo sem a presença da presidente Dilma, o PT quis evitar o risco de uma crise institucional entre dois Poderes, o Executivo e o Judiciário.

O governo tem tentado se descolar do escândalo do mensalão e há uma ordem de silêncio da presidente Dilma para os ministros a respeito do julgamento. Dilma teria criticado recentemente, em conversa com ministros e integrantes do PT, a romaria de parlamentares petistas que foram visitar Dirceu e Genoino no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. O entra e sai de políticos, fora dos dias permitidos para visitas, irritou os parentes dos presos comuns, que dormem na fila para ver seus parentes.

Apesar da disposição da direção petista de não deixar passar em branco no 5° Congresso a prisão de Dirceu e de Genoino, pesquisa Datafolha divulgada no último domingo revelou que, entre os entrevistados que se dizem simpatizantes do PT, 87% disseram que o presidente do STF agiu bem ao mandar prender os mensaleiros no feriado de 15 de novembro.

Essa foi uma das medidas consideradas abusivas pelos dirigentes do partido e pela defesa dos presos. Já entre o total de entrevistados, 86% consideraram que Joaquim Barbosa agiu bem ao mandar prender os mensaleiros no dia da Proclamação da República. O levantamento foi feito nos dias 28 e 29 de novembro e ouviu 4.557 pessoas em 194 municípios do país.

Documento ainda passa por mudanças
Após o escândalo do mensalão e com a prisão de expoentes do partido, o PT se colocou como vítima do sistema político atual, na primeira versão do texto base do 52° Congresso. O documento, que ainda passa por modificações e será emendado durante o encontro que reunirá dirigentes petistas de todo país, afirma que o partido “é prisioneiro de um sistema eleitoral que favorece a corrupção”.

Os petistas negam até hoje que tenha havido compra de votos na época do primeiro governo Lula, e reconhecem apenas a prática de caixa dois. O texto foi escrito pelo assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia.

O 52° Congresso tem o objetivo de renovar o programa partidário, que começará a ser discutido semana que vem e será retomado depois das eleições de 2014. Integrantes da corrente majoritária do PT consideraram um erro realizar o evento agora, temendo que as discussões se confundam com a elaboração da proposta de governo da campanha à reeleição de Dilma.

Fonte: O Globo

Aécio Neves tenta garantir por o apoio do PPS

Erich Decat

A dois dias do início do Congresso do PPS em que pode ser apresentada uma indicação de apoio a um dos pré-candidatos à Presidência da República, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) partiu para o corpo-a-corpo em busca de apoio da legenda. O Congresso do PPS está previsto para ocorrer de sexta a domingo em São Paulo. O quadro interno da legenda é de racha. O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP) defende que um posicionamento seja tomado durante o evento.

Freire não esconde que prefere apoiar a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Segundo o deputado, conta com o apoio dos diretórios de São Paulo e Rio Grande do Sul. Aécio teria o apoio de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Já uma candidatura própria é defendida pelo Ceará e Paraná. Em meio a esse cenário, o secretário-geral do PPS, segundo na hierarquia do partido, deputado Rubens Bueno (PR) quer que uma posição só seja tomada apenas março do próximo ano.

Bueno organizou encontro de parte da bancada para receber uma "visita de cortesia" de Aécio na tarde desta quarta-feira. Freire não participou da reunião. Na saída, o tucano defendeu uma aliança com o partido socialista. "Vamos esperar que naturalmente o PPS tome a sua decisão sem qualquer tipo de pressão. Mas eu não podia deixar de expressar aqui a minha vontade pessoal para que nós possamos caminhar juntos", disse o senador.

"Tenho dito sempre que as afinidades entre o PSDB e o PPS são conhecidas e reconhecidas pelos brasileiros. Eu não perdi a oportunidade de vir aqui dizer da importância de nós estarmos mais uma vez juntos. Respeitarei qualquer decisão do PPS, mas a tradição de caminharmos juntos é longa e faz bem ao Brasil", acrescentou. Em seguida, Rubens Bueno se posicionou pelo adiamento de uma decisão por parte da cúpula do PPS. "Defendemos a tese que devemos tomar uma decisão no mês de março ou abril do ano que vem. Não é da tradição do partido tomar uma decisão no Congresso Nacional" afirmou.

Apesar de não ter participado do encontro, Freire rebateu a tese de Bueno. "Eu defendo que saia agora uma indicação até porque com isso o partido fica mais instrumentalizado para discutir inclusive as alianças. Evidentemente que você só vai decidir de forma concreta com as convenções eleitorais. Até lá tudo pode acontecer. Mas um indicativo é importante", afirmou.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio pede apoio do PPS à sua candidatura ao Planalto

Gabriela Guerreiro, Márcio Falcão

BRASÍLIA - Provável candidato do PSDB ao Palácio do Planalto em 2014, o senador Aécio Neves (MG) fez um apelo nesta quarta-feira (4) ao PPS para que o partido apoie sua candidatura à Presidência da República. Em reunião com a bancada do PPS na Câmara, Aécio disse que o partido é o que tem "maior proximidade" com o PSDB --e deixou explícito que espera o apoio da sigla de oposição.

O PPS está dividido em três posições. Um grupo defende o apoio Aécio, outro que a sigla migre para candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) --corrente liderada pelo presidente do PPS, Roberto Freire (PE). Há ainda uma terceira parte dos integrantes que considera mais prudente que a sigla defina apenas em março quem apoiará na corrida presidencial, sem descartar a possibilidade de candidatura própria.

O PPS realiza congresso neste final de semana, em São Paulo, em que vai discutir os rumos do partido em 2014. No encontro com a bancada, Aécio foi mais uma vez informado de que as três correntes serão debatidas no congresso do partido e que a tese de candidatura própria é a que menos tem apoio interno.

Aécio disse que vai "respeitar o tempo" do PPS, mas que sua obrigação é batalhar pelo apoio formal do partido.

"Respeitarei qualquer que seja a decisão do PPS, mas a nossa tradição de caminhar juntos é longa e faz bem ao Brasil e à democracia. Deixei aqui minha palavra de apreço aos companheiros de bancada, temos proximidade o PSDB com o PPS que talvez não tenhamos com nenhuma força partidária", disse Aécio ao sair do encontro.

Defensor do apoio a Campos, Freire não participou do encontro, mas estava no plenário da Câmara no momento em que Aécio conversava com a bancada. O governador de Pernambuco já recebeu apoio dos diretórios do PPS em São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Aécio tem aval dos diretórios de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Freire defende que no encontro do fim de semana o PPS já saia com uma diretriz para as eleições de 2014. "Eu defendo que saia agora a indicação até porque o partido fica mais instrumentalizado para articular as alianças estaduais", disse.

O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), prefere que o partido só se posicione sobre a corrida presidencial no ano que vem, numa pré-convenção em março. Segundo ele, a oposição não pode estar dividida. "A nossa linha é a mesma: derrotar o governo".

O PPS chegou a oferecer legenda ao ex-governador José Serra, que estava desgastado no PSDB, e também à ex-senadora Marina Silva --que não conseguiu emplacar a criação de seu partido, a Rede de Sustentabilidade. Serra continuou no PSDB e corre por fora para tentar se viabilizar como presidenciável pelo PSDB. Marina se filiou ao PSB, no movimento mais surpreendente da pré-campanha até agora, e não descarta ser vice na chapa de Campos.

Propostas
Aécio apresentou à bancada do PPS parte de suas propostas que vão integrar seu futuro plano de governo, como medidas para a retomada do crescimento e redução da pobreza. Com ataques ao PT, Aécio disse que os dois partidos de oposição devem estar juntos para "encerra o ciclo de governo que tão mal vem fazendo ao Brasil".

"Vamos esperar que o PPS tome sua decisão sem nenhum tipo de pressão, mas eu não poderia deixar de externar minha posição", disse o tucano.

Sobre o possível apoio do PPS a Campos, Aécio afirmou que a decisão do governador de Pernambuco de se opor ao governo federal deve ser "saudado" --mesmo que ele seja seu adversário em 2014. "Eu tenho relação pessoal com Eduardo que talvez ultrapasse duas décadas, chegue a três décadas. No momento em que figuras como o Eduardo vem militar no campo oposicionista, isso tem que ser saudado. É sinalização clara que esse ciclo de governo do PT está caminhando para o seu final."

O tucano disse que não pretende usar o mensalão petista em sua campanha, mas rebateu mais uma vez José Dirceu e José Genoino, que se consideram "presos políticos" por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).

"Sequer faremos a campanha em cima dessa questão. O que houve foi a finalização do julgamento que foi feito com base em várias razões. O que existiu foi um crime, segundo o STF, cometido a partir de provas apresentadas. Alguns foram condenados, outros absolvidos. A questão clara é que no Brasil de hoje, felizmente, não temos presos políticos. Temos políticos presos", afirmou Aécio.

Fonte: Folha de S. Paulo

Aécio visita a liderança do PPS e faz novo apelo por apoio em 2014

PPS pode decidir nesta semana, em congresso do partido, se apoia candidato do PSDB ou do PSB à presidência da República

Líder do partido na Câmara defende que apoio seja confirmado apenas em março ou abril

Isabel Braga

BRASÍLIA - Ao reforçar nesta quarta-feira as afinidades entre PSDB e PPS, durante visita feita à liderança do partido na Câmara, o senador tucano Aécio Neves (MG) disse que espera ter o partido ao seu lado na disputa presidencial de 2014. O PPS fará um congresso da legenda neste final de semana e poderá definir já quem terá seu apoio - o PSDB de Aécio ou o PSB do presidenciável e governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Há quem defenda adiar a decisão para maio, quando o cenário político estiver definido. E os que defendem candidatura própria.

- Fiquei muito feliz com a forma carinhosa e amiga com que fui recebido aqui no PPS. Estarei andando pelo Brasil e dizendo sempre a verdade, que é a verdade deste instante: eu gostaria muito de ter o PPS ao nosso lado. Mas vamos aguardar a decisão do partido. As afinidades entre o PPS e o PSDB devem ser conhecidas. Ética e eficiência unem PPS e PSDB - disse Aécio, ao deixar o encontro.

O tucano foi recebido pelo líder do PPS, Rubens Bueno (PR), e pelos deputados Arnaldo Jordy (PA), Stepan Nercessian (RJ) e Humberto Souto (MG). O presidente do PPS, Roberto Freire (SP), que defende o apoio da legenda a Eduardo Campos, não participou. Ele chegou ao local depois que Aécio já tinha saída e justificou que estava participando da comissão que ouvia o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Segundo Freire, há diretórios que já aprovaram o apoio a Aécio, como o de Minas Gerais e do Rio e os de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que fecharam com Eduardo Campos. Freire defende que a decisão de quem apoiar seja tomada já neste final de semana:

- Quem vai decidir é o congresso, vai depender do humor do congresso, é esse congresso que vai ordenar tudo isso. Defendo que saia agora a definição, o partido fica mais instrumentalizado para discutir. O indicativo é importante para que não fique imobilizado e nem sofra assédios.

O líder Rubens Bueno, no entanto, defende o adiamento da decisão:

- Defendemos a tese de que a decisão seja tomada em março, abril, quando poderemos ter mais clareza do quadro político. Nosso objetivo é um só: derrotar o governo do PT.

Rubens Bueno comentou que na última sexta-feira, Eduardo Campos esteve no diretório estadual do PPS no Paraná. Segundo Freire, o diretório do Paraná tem indicativo para apoiar candidatura própria. No estado, o partido deverá apoiar o tucano Beto Richa para o governo.

Aécio voltou a dizer que a presença de Campos na disputa é muito importante e que muitos temas aproximam os dois candidatos, como a refundação da federação.

- Ao PT interessa essa dicotomia, essa polarização, nós contra eles. Como se os que apoiassem o governo fossem a favor do Brasil e nós, que questionamos o governo, que alertamos para o desgoverno que tomou conta do Brasil, não fôssemos tão brasileiros quanto eles. Ao contrário, não aceitamos esse governismo de cooptação que tomou conta do Brasil.

O deputado Humberto Souto defende que o PPS indique Freire como candidato a vice-presidente na chapa presidencial e fez a proposta a Aécio no encontro desta quarta-feira. Segundo Souto, que defende que o PPS marche com o PSDB, a proposta deve ser feita também ao PSB.

- O Freire é um nome nacional, íntegro. Aécio disse que está aberto a discutir isso, que não tem compromisso com ninguém. O que defendo é que o PPS lance o vice na chapa do PSDB ou PPS - disse Souto.

Aécio Neves disse não acreditar que a renúncia, neste momento, de Genoino, provoque impacto na eleição de 2014. E afirmou que não existem presos políticos no Brasil, mas políticos presos.

- Não vejo que impacto a renúncia do Genoíno agora possa ter. O mensalão já está precificado. Não torço, não me traz alegria ao coração ver pessoas presas. Mas é importante dizer que no Brasil, não temos presos políticos, mas políticos presos.

Fonte: O Globo

Aécio Neves busca apoio do PPS

Por: Valéria de Oliveira

O presidente nacional do PSDB e provável candidato do partido à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG), reuniu-se, na tarde desta quarta-feira, com a bancada do PPS para postular apoio nas eleições de 2014. O líder Rubens Bueno (PR) ponderou, no encontro, que o PPS está debatendo três possibilidades: o lançamento de candidatura própria e o apoio a Aécio ou ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

“O PPS terá suas instâncias de decisão democrática em relação às futuras eleições, mas eu não poderia perder a oportunidade de vir aqui (na Liderança do PPS na Câmara) dizer da importância de nós caminharmos juntos mais uma vez”, disse Aécio ao sair da reunião. O senador salientou que “a tradição de estarmos juntos é longa e faz bem ao Brasil e à democracia”. Segundo ele, o PSDB tem uma proximidade com o PPS “que talvez não tenha com nenhuma outra força partidária”. Os tucanos, afirmou, aguardarão que o PPS tome a posição que julgar “mais adequada”.

Rubens Bueno informou ao senador que o congresso nacional do partido, que será realizado nos dias 6, 7 e 8 deste mês, começará a debater o caminho que o PPS irá tomar em 2014. O líder defende que não seja tomada uma decisão a respeito do assunto agora, mas apenas em uma pré-convenção em março ou abril do ano que vem. “Não é da nossa tradição tomar, em congresso, uma decisão eleitoral”, frisou.

Freire quer indicação
Já o presidente nacional, deputado Roberto Freire (SP), entende que o PPS deve tomar uma posição no congresso. Segundo ele, decisão sobre optar ou não por uma das alternativas já no próximo fim de semana dependerá “do humor do congresso”. “Eu defendo que tiremos uma indicação (de qual candidato apoiar ou lançar candidatura própria) logo, porque o partido, assim, fica mais instrumentalizado para discutir as alianças (estaduais), formular nominatas (para deputado) para a disputa das eleições”.

Freire ressalva, entretanto, que uma decisão “mais concreta” só sairá com a realização das convenções eleitorais. “Até lá, tudo pode acontecer, mas um indicativo (do congresso) é importante, para que o partido não fique imobilizado e não sofra assédio, mas saiba o que vai decidir e como encaminhar a decisão”. No entanto, disse Freire, o congresso é soberano, “e particularmente no nosso partido suas decisões são muito respeitadas”. O presidente do PPS informou que deverão votar mais de 300 delegados no congresso nacional.

O deputado Humberto Souto (PPS-MG) informou, ao sair da reunião, que sugeriu a Aécio Neves que Freire seja o candidato a vice-presidente em sua chapa. O senador mineiro, afirmou Souto, respondeu que até o momento não tem compromisso com ninguém nessa questão. “Temos um nome emblemático, que representa a ética e a honestidade do nosso partido”, disse o parlamentar referindo-se a Freire. Souto é partidário da candidatura de Aécio dentro do PPS. Os deputados Arnaldo Jordy (PPS-PA) e Stepan Nercessian (PPS-RJ) também participaram da reunião com o senador tucano.

Aécio foi o segundo candidato a presidente a reunir-se com Rubens Bueno. Eduardo Campos encontrou-se com ele na sede do PPS em Curitiba na sexta-feira (29). Alguns estados já realizaram congressos e votaram indicativos de apoio a uma das três teses presentes no horizonte do PPS. Da mesma forma, o presidente Roberto Freire vem se reunindo durante o ano com os dois pré-candidatos.

Fonte: Portal do PPS

Entrevista do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG)

Assuntos: reunião com parlamentares do PPS, nova agenda PSDB, eleições 2014, renúncia José Genoíno e mensalão PT.

Sobre o encontro com parlamentares do PPS.
Faço uma visita a um grande amigo, líder político extraordinário que é o deputado Rubens Bueno, ao lado do meu conterrâneo, o deputado Humberto Souto, o deputado Jordi, do Pará, e conversamos um pouco sobre o quadro político.

Os políticos devem fazer isso, conversar. E tenho dito sempre que as afinidades entre o PSDB e o PPS são conhecidas e reconhecidas pelos brasileiros. Obviamente o PPS terá suas instâncias de decisão. Decisão que será sempre democrática em relação às futuras eleições. Mas não perdi a oportunidade de vir aqui dizer da importância de estarmos, mais uma vez, juntos.

Respeitarei qualquer que seja a decisão do PPS, mas é longa a tradição de caminharmos juntos, e ela faz bem ao Brasil, vem fazendo bem à democracia.

Portanto, deixei aqui a minha palavra de apreço aos companheiros da bancada do PPS.

Nova agenda
Comuniquei ao líder Rubens Bueno e aos parlamentares que aqui estavam que o PSDB, nos próximos dias, apresenta à discussão da sociedade um conjunto de ações que consideramos essenciais para que o Brasil retome o crescimento sustentável, possa ter uma gestão do Estado mais eficiente do que a atual, restabeleça a credibilidade perdida dos investidores na nossa economia e permita políticas de superação da pobreza e não apenas de administração diária da pobreza, que me parece ser a prioridade daqueles que estão no governo.

Então, uma visita entre amigos e tenho muita esperança que nós, no que depender de mim logo, mas certamente, em algum momento vamos estar juntos para encerrarmos esse ciclo de governo do PT que tão mal vem fazendo ao Brasil, para podermos iniciar um outro onde ética e eficiência possam caminhar juntas. E ética e eficiência são as duas características que unem o PPS ao PSDB.

Sobre candidatura de governador Eduardo Campos nas eleições presidenciais.
Considero a presença do governador Eduardo Campos essencial a essa disputa. E não de agora, desde muito tempo. Tenho uma relação pessoal com o Eduardo que talvez ultrapasse mais de duas décadas, talvez chegando a três décadas. E acho que no momento em que figuras da expressão do Eduardo, da ex-ministra Marina, saem das hostes governistas e vêm militar no campo oposicionista, isso tem de ser saudado por nós como fortalecimento no campo oposicionista e uma sinalização clara de que este modelo de governo do PT, este ciclo de governo do PT está caminhando para seu final.

Tenho certeza que vamos encontrar, durante a campanha, muitas afinidades no nosso discurso. A condenação ao aparelhamento irresponsável da máquina pública, ao sucateamento das nossas empresas entregues à sanha de um partido político que abriu mão de ter um projeto de país, transformador como dizia ter, para se contentar em ter exclusivamente um projeto de poder. Queremos transparência absoluta na gestão das nossas contas. Tolerância zero com inflação. Portanto, o retorno e o fortalecimento das agências reguladoras como instrumentos de Estado.

Teremos o tema da refundação da Federação com o fortalecimento dos municípios e dos estados. São temas que nos permitirão um debate mais profundo nesta campanha eleitoral. Ao PT interessa esta dicotomia, interessa apenas esta polarização, esse nós contra eles, como se todos que apoiassem o governo fossem a favor do Brasil, e nós que questionamos o governo, que alertamos para o desgoverno que tomou conta do Brasil, não fossemos tão brasileiros como eles. Ao contrário, estamos tendo a coragem de não aceitar este governismo de cooptação, não é de coalizão, mas de cooptação que tomou conta do Brasil.

Sobre a renúncia de José Genoíno. Haverá impactos nas eleições em 2014?
Não vejo que impacto isso possa ter. Acho que esta questão eleitoral no que diz respeito ao mensalão já está aí precificada. Nós sequer faremos a campanha em cima desta questão. O que houve, a meu ver, foi a finalização, que ainda terá algumas etapas, mas caminha-se para seu final e o julgamento foi feito com base nas leis, o que tem de ser respeitado.

Não torço e nem me traz nenhuma alegria ao coração ver pessoas presas. Penso sempre no sofrimento das famílias, enfim, deles próprios, mas o que existiu foram crimes, segundo o Supremo Tribunal Federal, cometidos, a partir de provas apresentadas. Alguns foram condenados. Aqueles sobre os quais as provas não eram contundentes ou claras foram absolvidos. Agora, a questão clara que temos de dizer é que no Brasil de hoje, felizmente, pela luta de tantos brasileiros que nos trouxeram a democracia, não temos presos políticos, temos políticos presos.

Fonte: Portal do PSDB

Francisco e sua exortação pedagógica - Oliveiros S. Ferreira

Se "tanto os intelectuais como os jornalistas caem, frequentemente, em generalizações grosseiras...", como se lê na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium do papa Francisco, será temerário comentá-la. Mas a tentação é grande.

Façamo-lo, ao risco de interpretação incorreta. Aconselharia, porém, quem se dispusesse a discuti-la que, antes, lesse O Homem que Era Quinta-Feira, de Chesterton, mergulhando no universo místico e misterioso do livro e preparando-se para compreender o objetivo do papa em texto com o qual deseja atingir, antes de quaisquer meios sociais e políticos, o orbe católico. Mas vamos aos fatos, pois, como diz o papa, "é perigoso viver no reino só da palavra (...). A realidade é superior à ideia".

Assinalemos antes que a Exortação Apostólica não se dirige, como uma encíclica, a Urbe et Orbi; volta-se para os católicos. Não é documento doutrinário - insiste em que os pontos básicos da Doutrina não foram alterados nem o serão. Nada impede Francisco de, reiterando posições, apor-lhes seu "distinguo", sempre com ela coerente, porém.

É o caso da crítica ao sistema econômico e financeiro. Ela poderá parecer mais severa que as de João Paulo II e Bento XVI. Compreende-se, porque a realidade se tornou mais dramática, obrigando o Pastor a ser mais agressivo. Francisco reitera: "A posse privada dos bens justifica-se para cuidar deles e aumentá-los de modo a servirem melhor o bem comum, pelo que a solidariedade deve ser vivida como a decisão de devolver ao pobre o que lhe corresponde...". E explica o que seria "solidariedade": "A solidariedade é uma reação espontânea de quem reconhece a função social da propriedade e o destino universal dos bens como realidades anteriores à propriedade privada" (inverti a ordem dessas duas frases). Mas acrescenta: "Penso, aliás, que não se deve esperar do magistério papal uma palavra definitiva ou completa sobre todas as questões que dizem respeito à Igreja e ao mundo".

A Exortação é documento pedagógico, "regras para a direção do espírito" dos padres e dos que pretenderem ser novos missionários, escrito por quem sabe que "a realidade é superior à ideia" e, por isso mesmo, alerta os "capitães" para o perigo de se fecharem aos "soldados" (não nos esqueçamos de que o papa pertence a uma "unidade militar", a Companhia "de Jesus"): "O Bispo (...), na sua missão de promover uma comunhão dinâmica, aberta e missionária, deverá estimular e procurar o amadurecimento(...) de outras formas de diálogo pastoral, com o desejo de ouvir a todos, e não apenas alguns sempre prontos a lisonjeá-lo". Sabe, ao mesmo tempo, que o bispo pode sofrer pressões dos que lhe devem obediência: "Importante é não caminhar sozinho, mas ter sempre em conta os irmãos e, de modo especial, a guia dos Bispos, num discernimento pastoral sábio e realista".

Para os bispos, confirmando a hierarquia, a Exortação é apenas um conselho pastoral; para aqueles a quem é necessário manter na fé ou a ela atrair, uma diretriz de comportamento.
Ao ler a Evangelii Gaudium encontramos não o papa, mas o professor. Que conhece a realidade e os alunos que deve instruir (para que sejam professores). Atentemos para diferentes passagens em que procura mostrar a necessidade de, na tarefa missionária, se evitarem as palavras "eruditas" e se preferir linguagem mais simples: "Uma pastoral em chave missionária não está obcecada pela transmissão desarticulada de uma imensidade de doutrinas que se tentam impor à força de insistir. O anúncio concentra-se no essencial, no que é (...) mais necessário. A proposta acaba simplificada, sem com isso perder profundidade e verdade, e assim se torna mais convincente e radiosa".

A análise crítica vai mais fundo: "Por vezes, mesmo ouvindo uma linguagem totalmente ortodoxa, aquilo que os fiéis recebem, devido à linguagem que eles mesmos utilizam e compreendem, é algo que não corresponde ao verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo. Com a santa intenção de lhes comunicar a verdade sobre Deus e o ser humano, nalgumas ocasiões, damos-lhes um falso deus ou um ideal humano que não é verdadeiramente cristão. Deste modo, somos fiéis a uma formulação, mas não transmitimos a substância (...). E a renovação das formas de expressão torna-se necessária para transmitir ao homem de hoje a mensagem evangélica no seu significado imutável".

O papa vê como necessário cuidar das palavras: "Ao mesmo tempo, as enormes e rápidas mudanças culturais exigem que prestemos constante atenção ao tentar exprimir as verdades de sempre numa linguagem que permita reconhecer a sua permanente novidade (...). Por vezes, mesmo ouvindo uma linguagem totalmente ortodoxa, aquilo que os fiéis recebem (...) é algo que não corresponde ao verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo (...). Deste modo, somos fiéis a uma formulação, mas não transmitimos a substância (...). E a renovação das formas de expressão torna-se necessária para transmitir ao homem de hoje a mensagem evangélica no seu significado imutável".

A atenção que dedica à homilia está na mesma linha de pensamento e aconselhamento. "Consideremos agora a pregação dentro da Liturgia, que requer uma séria avaliação por parte dos Pastores (...). A homilia é o ponto de comparação para avaliar a proximidade e a capacidade de encontro de um Pastor com o seu povo. De fato, sabemos que os fiéis lhe dão muita importância; e, muitas vezes, tanto eles como os próprios ministros ordenados sofrem: uns a ouvir e os outros a pregar".

E insistirá no que, em certo momento, dividiu os fiéis - a opção pelos pobres. A interpretação do que fosse o "povo de Deus" pôs a Doutrina e o papado em xeque. É assunto que merece atenção.

Professor da USP e da PUC-SP

Fonte: O Estado de S. Paulo

Da reeleição, no Datafolha, à forte piora dos indicadores da economia e seus efeitos - Jarbas de Holanda

A confirmação pelo último DataFolha de intenções de voto que apontam para uma vitória eleitoral da presidente Dilma Rousseff, no 1º turno, favorece a consolidação da sua candidatura, reduzindo resistências no PT e facilitando ao Palácio do Planalto e a Lula as articulações para a reeleição e montagem de palanques estaduais em favor dela. Do mesmo modo que os resultados da pesquisa a respeito da disputa estadual paulista indicando também uma reeleição do governa-dor Geraldo Alckmin têm efeitos semelhantes em favor dele. Mas tanto nesta como no embate nacional são apenas esses, bem datados, os benefícios da superioridade inicial ostentada pelos dois. No caso do governador – que terá muitos problemas à frente, sobretudo na área de segurança, certamente arma importante de ataque dos adversários – com a candidatura garantida pelo consenso dos tucanos e aliados. Enquanto a da presidente continuará exposta à possibilidade de troca pela do antecessor em novo cenário, lá pela metade de 2014, que aponte para um 2º turno.

Os principais ingredientes de um cenário desse tipo são os efeitos da deterioração das contas públicas (com o excesso de gastos de custeio e assistencialistas); do crescente déficit da balança comercial; de mais um Pibinho; do controle inflacionário baseado em custosa e artificial contenção dos preços administrados (ao passo que os preços livres, como alimentos, aumentam entre 7% e 8%); dos enormes prejuízos da Petrobras e da Eletrobras com o intervencionismo estatal; da persistente baixa credibilidade da política econômica. Eles vão ganhando as manchetes da mídia nesta semana. Abafando os poucos atos positivos do governo, como as concessões do pré-sal e dos aeroportos do Galeão e de Confins. E esvaziando a repercussão na mídia dos discursos da presidente, em seu palanque eleitoral quase diário. Trata-se de feitos cujo potencial de desdobramentos ao longo de 2014 renova preocupações na federação peemedebista e em outros partidos, e pode interromper ou reverter o processo de melhora da imagem da presidente-candidata, constatado nas pesquisas do Ibope e do Datafolha.

O destaque de hoje da imprensa – dividindo espaço com a renúncia de Genoino - é o recuo de 0,5% do PIB do trimestre julho, agosto, setembro (conforme números divulgados ontem pelo IBGE), considerando “o pior resultado (trimestral) em quatro anos”. Seguem-se alguns dos títulos (e trechos) de reportagens da terça-feira. Folha de S. Paulo – “Após reajuste, Petrobras despenca até 10% na Bolsa (“A queda das ações contaminou o Ibovespa, que fechou com retração de 2,4% - a maior desde setembro”). Estadão – “Sem política para reajustes, ação da Petrobrás despenca” (“O mercado financeiro expôs sua decepção com a política de preços da Petrobrás impondo novo golpe à empresa na Bolsa”. “A petroleira perdeu, em um dia, R$ 24 bilhões no valor de mercado”), e “Vale reduz investimentos pelo terceiro ano consecutivo” (para 2014, em 9,2% - ou US$ 14,8 bilhões, em relação aos deste ano). Valor – Sobre parte do custo do populismo tarifário na área de energia elétrica: “Caixa financia Eletrobras e ajuda superávit” e “Tesouro já repassou R$ 8,36 bi para despesas com térmicas”.

Quanto ao ato de renúncia de José Genoino ao mandato de deputado, representou a derrota do empenho do PT de contrapor a Câmara ao julgamento do mensalão pelo STF. Cabendo assinalar o papel, institucional e político, do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves, do PMDB, de rechaçar as pressões petistas contra a abertura do processo de cassação. Ao que se seguirá a renúncia dos outros deputados mensaleiros. E Genoino ao despedir-se do mandato – em busca de aumento de aposentadoria – atribuiu à imprensa a responsabilidade pela sua condenação no referido julgamento e por sua renúncia. E insistiu na defesa do maior objetivo programático do PT hoje: a instituição do controle da mídia.

“Tempo de alerta” – Abertura da coluna de Míriam Leitão, no Globo de ontem, com o título acima: “Ainda há tempo de evitar o rebaixamento da nota de crédito do Brasil. Mas o governo continua cometendo os erros que mudaram o olhar, sobre país, da principal agência de risco do mundo. A S&P repetiu ontem, em evento no Rio, o que muitos economistas vêm alertando. O maior problema é a política fiscal: gastos públicos elevados, principalmente de custeio, baixo investimento e falta de transparência”.

Jarbas de Holanda, jornalista

Triste fim - Merval Pereira

O episódio do mensalão marcará para sempre a História do país mesmo que seus principais personagens e a máquina partidária do PT busquem apagá-lo, como faziam os stalinistas com os expurgados do regime. No stalinismo, tiravam-se das fotos os indesejáveis que caíam em desgraça. Na versão stalinista do petismo, busca-se expurgar a própria História para manter vivos, como heróis populares, os condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Há, no entanto, registrados em vídeos e depoimentos irrecusáveis, momentos que revelam a verdade sobre o mensalão admitida pelos principais protagonistas da trama, o que toma inútil toda tentativa de criar uma nova História. O deputado do PSOL Chico Alencar por exemplo, fez corajoso depoimento na tribuna da Câmara, dando depoimento sobre seu companheiro José Genoino, onde lembrou seu discurso na “dramática” reunião do diretório nacional do PT em que renunciou à presidência do partido: “(...) quando comecei a deixar o Parlamento para me candidatar ao governo (de SP) e depois assumi a presidência do partido, deixei também a política romântica, a política do embate de ideias e concepções, que tanto me fascina. Começava meu inferno...”

Ele sabia, disse Alencar, que a realpolitik que o PT assumia significava “a adesão a práticas e métodos que o partido, durante muito tempo, contestara... A vitória, a ocupação crescente de posições no aparato do Estado, o adaptacionismo, a opção pelas “alianças necessárias” significavam financiamentos milionários de campanha, muitos dos quais “não contabilizados acordos com o alto empresariado e esquemas “não ortodoxos até com mercadores oportunistas”.

Alencar utiliza a expressão de Marx “poder dissolvente do dinheiro” para explicar o episódio do mensalão, ressalvando que esse não foi o problema de Genoino, mas “sua desventura foi aliar-se a expressões da mais genuína ‘cultura patrimonialista’ brasileira”. Alencar é o mesmo que em 12 de agosto de 2005, logo após o publicitário Duda Mendonça ter confessado na CPI dos Correios que recebera num paraíso fiscal cerca de R$ 10 milhões como pagamento pela campanha que elegeu Lula em 2002, chorou na Câmara juntamente com outros petistas, que viam ali o fim de um sonho político.

Nesse mesmo dia, o presidente Lula reuniu seu Ministério na Granja do Torto e se disse, em cadeia nacional de rádio e TV, “traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento. Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia e que chocam o país”. E disse mais: “Se estivesse ao meu alcance, já teria identificado e punido exemplarmente os responsáveis por esta situação”.

Pois o Ministério Público e a Polícia Federal investigaram, o Congresso fez CPIs, e o STF julgou os acusados do mensalão, condenando a maioria, absolvendo alguns deles, inclusive o próprio Duda Mendonça, que pagou o que devia à Receita e acertou suas contas. De todos os que estão na cadeia, e dos que ainda aguardam a ordem de prisão, só dois tentam desmoralizar a Justiça e lutam por privilégios: José Dirceu, que apelou até para o Estatuto do Idoso para ter prioridade na Vara de Execuções Penais, e Genoino, que teve de renunciar ao seu mandato para não ser cassado por seus pares.

É por eles que o PT se bate publicamente, autodenominados “presos políticos” num rol de políticos presos que conta com Roberto Jefferson, Valdemar Costa Neto, Pedro Henry, João Paulo Cunha e que tais. Lista que, se somarmos Marcos Valério e outros a ela, desmoraliza a tentativa de politizar o que não passa de crime comum a serviço da má política.

Assim como Dirceu não conseguiu passar à frente de outros detentos para ter analisado seu pedido de trabalhar como gerente num hotel de Brasília, também o Ministério Público mandou acabar com os privilégios dos presos do mensalão no presídio da Papuda. O juiz Vinicius Santos Silva, ao recusar passar Dirceu à frente, deu uma lição moral indireta, ressaltando que propostas de emprego de outros presidiários são mais frágeis, e que eles estão em desvantagem com outros concorrentes aos cargos por serem, muitos deles, analfabetos.

A revelação de que o hotel que daria trabalho a Dirceu tem situação mal explicada no Panamá só reforça a desconfiança de que o emprego seja só uma artimanha para que o petista tenha alguma liberdade durante o dia a fim de continuar suas atividades. Já Genoino deve acabar mesmo em prisão domiciliar, onde já está, e com a aposentadoria da Câmara a que tem direito.

Fonte: O Globo

Uso do cachimbo - Dora Kramer

Não foi uma boa escolha. Na melhor das hipóteses houve descuido na seleção do emprego com o qual José Dirceu pleiteia na Justiça o direito de trabalhar fora da prisão durante o dia.

Na pior, pesou a força do hábito de lançar mão de quaisquer meios, ainda que questionáveis, para justificar os fins no pressuposto de que é possível andar por via torta sem levantar suspeita.

Se já não era certo que o ministro Joaquim Barbosa autorizaria Dirceu a sair do presídio para trabalhar como gerente de um hotel cujo administrador tem interesses comerciais que dependem de decisões de governo, é irmão do presidente de um partido que apoia o governo e oferece ao novo empregado (inexperiente no ramo) um salário muito acima do padrão do mercado, agora essa hipótese parece bastante remota.

Segundo revelou reportagem do Jornal Nacional, o hotel Saint Peter pertence à empresa panamenha Truston Internacional. Consta como presidente da firma o auxiliar de escritório Eugenio Silva Ritter, residente num bairro pobre da Cidade do Panamá. Ritter sequer se lembra da Truston tantas são as empresas (mais de mil) nas quais ele figura como sócio no papel.

Isso leva a crer que seja proprietário de fachada. A situação fica ainda mais complicada quando Paulo de Abreu, administrador do hotel e autor da proposta de R$ 20 mil para Dirceu gerenciar o estabelecimento, informa à reportagem que Ritter é um empresário apresentado a ele por um advogado numa reunião de negócios em Miami. Na ocasião teriam firmado uma sociedade para administrar o hotel.

A versão contrasta, para dizer o mínimo, com a condição do funcionário administrativo do escritório de advocacia Morgan y Morgan. Questionado pelos repórteres, recusou-se a falar qualquer coisa além de confirmar ser "dono" de diversas empresas. Remeteu os jornalistas aos chefes dizendo-se temeroso de perder o emprego.

Há qualquer semelhança com o "empresário estrangeiro" que conheceu numa reunião de negócios em Miami com quem firmou parceria e a quem presta "contas regularmente", descrito pelo administrador do Saint Peter?

Nenhuma. De onde não se pode afirmar que existam negócios escusos por trás da firma que se propõe a empregar José Dirceu. Mas é de se desconfiar de que algo esquisito exista no uso de "laranja" à frente da empresa. Por algum motivo se escondem os donos. Há possibilidades em jogo: de lavagem de dinheiro a evasão de divisas passando por sonegação fiscal.

Apenas suspeitas, mas que não contribuem para a concessão de um benefício reivindicado por condenado que se diz inocente, um injustiçado que nunca transitou pelo terreno no ilícito para atingir seus objetivos.

Antídoto. Ressabiado ante o cenário da economia daqui em diante, o tucano Aécio Neves quis saber do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, engajado na campanha presidencial do PSDB, como em caso de vitória seria possível "enfrentar o repuxo que vem por aí".

Ouviu o seguinte: "Se a gente ganhar, no dia seguinte as expectativas do mercado serão outras. Melhoram de imediato".

Conclusão de Aécio: a reputação da equipe, em boa medida formada por arquitetos e condutores do Plano Real, é um ativo a ser explorado durante a campanha.

Tarefas. Divergências à parte, a ex-senadora Marina Silva e o governador Eduardo Campos formam um par bem harmônico: ela sonha, ele trabalha.

Enquanto Marina dedica-se à programação da "nova política" Campos corre atrás de financiadores e aliados que possam garantir tempo de horário eleitoral.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Tiro no pé - Igor Gielow

Na semana passada, Dilma Rousseff disse à versão nacional do jornal "El País" que haveria uma revisão do PIB do ano passado de 0,9% de crescimento para 1,5%. Deu um tiro no pé daqueles.

Incorreu na suspeita de ter vazado informação sigilosa. Mesmo nos anos petistas, que esculhambaram ainda mais a pouca decência existente no trato da coisa pública, o IBGE ainda era visto como órgão sério.

Foi pior: passou vergonha, já que o dado estava errado, era de 1%. O culpado óbvio seria o ministro Guido Mantega, que a teria informado baseado em reportagens ou em chutes mesmo. Era melhor procurar um mordomo --mas estes andam em falta no Ministério da Fazenda.

Como estamos no Brasil, ficou por isso. Se o governo pode manipular a política de preços da Petrobras a ponto de ameaçar o futuro da empresa e não existe quem defenda seus acionistas minoritários, de fato estamos falando de um mero deslize.

A lambança na definição da política de preços dos combustíveis e consequente efeito na Petrobras, o PIBículo e a erosão da área fiscal fazem políticos e empresários perguntarem por que Mantega segue no cargo. A resposta é simples: porque a economista-chefe do governo é Dilma.

Como ela disse sobre o programa de concessão, "o modelo, meu querido, é meu". Tanto o é que fica proibido de ser chamado de privatização, embora o seja, como demonstrou Gustavo Patu em seu blog na Folha.

Sempre criticado pelo empresariado e entre aliados na área política, o centralismo de Dilma ficou ainda mais evidente neste ano. O resultado não é muito bom.

A recuperação de popularidade apontada pelo Datafolha e o adiantado do calendário eleitoral, contudo, não ensejam grandes mudanças na área econômica. O malabarista Arno Augustin (Tesouro) continuará dizendo que a culpa é da mídia. A conta, acreditam governistas e oposicionistas, só virá em 2015.

Fonte: Folha de S. Paulo

Relação abalada - Tereza Cruvinel

A mágoa dos petistas com o presidente da Câmara não teria importância se não houvesse tantos problemas entre os partidos centrais da coalizão governista

Se as coisas já não andavam bem entre o PT e o PMDB, ambos ganharam um novo ingrediente ácido com o episódio que levou à renúncia do ex-deputado José Genoino. A mágoa dos petistas com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, pode ter desdobramentos eleitorais e parlamentares, no âmbito da Câmara, envolvendo, pelo menos, os grupos ligados a Henrique. Mas, antes mesmo da renúncia, no encontro que teve com os novos presidentes estaduais do PT, na segunda-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva queixou-me muito do PMDB, relatando como “muito ruim” a reunião que ele e a presidente Dilma tiveram com dirigentes do partido no sábado.

Ele mesmo relatou que, em dado momento do encontro, marcado para avaliar a replicação da aliança nos estados, diante de informações sobre as recalcitrâncias de algumas secções regionais, como a de Pernambuco (controlada pelo senador oposicionista Jarbas Vasconcelos, que está ao lado de Eduardo Campos, do PSB), em apoiar a reeleição de Dilma, teria perguntado ao vice-presidente Michel Temer: “Ô, Michel, eles não estão querendo votar em você! Como é que você vai resolver isso?”

Entre os deputados, a desconfiança de que Henrique estivesse querendo “jogar para a plateia com a cabeça de Genoino” começou na semana passada, quando a direção da Câmara organizou uma entrevista coletiva dos médicos que integraram a junta encarregada de avaliá-lo, com vistas à concessão da aposentadoria por invalidez, requerida ainda antes da prisão. Na entrevista, foi divulgado apenas um resumo do laudo, informado que o ex-deputado não era portador de cardiopatia grave, tendo, por isso, os médicos optado não pela concessão da aposentadoria, mas pela prorrogação da licença médica por 90 dias.

O laudo completo, entretanto, foi obtido pelo irmão de Genoino, o líder José Guimarães. Nele, os médicos afirmam que o ex-deputado é “indivíduo sujeito a riscos de novos eventos cardiovasculares”, em função da prótese implantada próxima do arco da aorta e de problemas de coagulação e hipertensão. Henrique, já diziam os petistas na sexta-feira passada, certamente não ignorou essa ocultação de uma parte importante do laudo. O documento resumido é que acabou pautando o noticiário. Anteontem veio o desfecho: o vice-presidente da Câmara, André Vargas, do PT, surpreendeu Henrique e os integrantes da Mesa com a carta de renúncia, quando já havia votos suficientes para abertura do processo de cassação. Se a formalidade fosse concluída, Genoino não poderia mais renunciar, tendo que enfrentar o julgamento do plenário, agora com o voto aberto.

Ontem, foi um dia de constrangimentos. Os petistas evitaram encontros com os integrantes da Mesa que votaram a favor da abertura do processo para não ouvir justificativas. Quiseram deixar claro que a ferida está aberta, explicou um deles, embora assegurando que não haverá retaliações. Henrique tentou esfriar o clima, propondo que virem logo a página: “Não é agradável uma decisão destas. É sempre constrangedora, mas cumpri meu dever de forma serena e obedecendo ao regimento e à Constituição. Agora, é aguardar os outros acontecimentos”. A alguns deputados, disse estar respeitando a dor dos aliados, na certeza de que eles acabarão entendendo que ele não poderia ter agido de outro modo. Os petistas discordam: acham que poderia perfeitamente, sem atropelar o regimento, adiar a abertura do processo em função da licença médica de Genoino.

A curto prazo, as consequências podem até afetar apenas as relações pessoais, não produzindo desdobramentos eleitorais. Mas o acordo que garantiu o apoio do PT à eleição de Henrique Alves para a presidência da Câmara não incluiu a reeleição dele ao cargo, em 2015. A retaliação poderia surgir neste momento, mas isso vai depender das urnas de 2014. O cargo caberá ao partido que fizer a maior bancada. Petistas e peemedebistas, no fundo, já travam este duelo.

Outras arestas
Em suas críticas ao presidente da Câmara, os petistas fazem questão de distingui-lo do presidente do Senado, Renan Calheiros, que mesmo sendo voluntarioso, não seria dado a fazer média com a oposição nem a pautar com frequência projetos que incomodam o Planalto, como faria Henrique. Um exemplo, além do orçamento impositivo, o projeto que acabava com a multa de 10% sobre o FGTS, destinada ao financiamento habitacional, e toda a chamada “pauta bomba” que ameaçaria o equilíbrio fiscal. Com frequência, ameaçaria colocar em votação a PEC 300, a tal que equipara os salários dos PMs de todos os estados, pobres ou ricos, aos de Brasília, onde o salário realmente é mais alto, mas é pago pela União. Henrique teve um desentendimento com o próprio Renan, por conta da tramitação do Orçamento, e teria perdido o apoio de parcela do baixo clero com medidas administrativas não aprovadas pela Mesa. Todas essas críticas seriam de pouca importância e vistas como mágoas de conjuntura, se o relacionamento entre os dois partidos centrais da coalizão governista já não enfrentassem outros problemas, relacionados com a disputa de poder nos estados.

Agenda conservadora
Deputados evangélicos da vertente mais conservadora e sectária nas questões morais e de costumes ganharam ontem duas paradas. Na Câmara, a Comissão de Direitos Humanos, presidida pelo deputado Marco Feliciano, rejeitou projeto de lei que estabelecia normas de igualdade de gênero e raça nas condições e oportunidades de trabalho e na remuneração no serviço público. No Senado, a tropa de choque liderada por Feliciano impediu mais uma vez que a presidente da Comissão de Direitos Humanos, Ana Rita (PT-ES), colocasse em votação o substitutivo do senador Paulo Paim ao projeto que criminalizar todas as formas de discriminação e preconceito, motivados pela orientação sexual, diferenças de cor e etnia, aparência física ou deficiências. Para desgosto de Ana Rita, o próprio líder do PT, Wellington Dias, pediu que ela adiasse a votação. É o preço das coalizões.

Fonte: Correio Braziliense

Política – Claudio Humberto

• Direção da Papuda manobra para ajudar Genoino
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidiu recomendar a permanência do mensaleiro José Genoino em prisão domiciliar, após reunião com dirigentes do Complexo Penitenciário da Papuda, todos nomeados pelo governo petista do DF. Alegaram não ter “condição” de garantir cuidados especiais, como alimentação restritiva. Detentos em idênticas condições não receberam tal “ajuda” dos zelosos dirigentes.

• Melhor prevenir…
Apesar de médicos qualificados terem atestado que o mensaleiro está bem e pode ir para a cadeia, Rodrigo Janot preferiu não correr riscos.

• Quase um hotel
Dirigentes da Papuda se prepararam para receber a “companheirada” mensaleira do PT, reformando e melhorando celas. Só faltou frigobar.

• Hóspedes
Os mensaleiros se sentem tão à vontade na Papuda que, à exceção das condenadas mineiras, todos querem cumprir pena em Brasília.

• Desobediência
Ousada, a direção da Papuda se nega a cumprir ordem judicial de não tratar mensaleiros com regalias, como permitir visitação diária.

• ‘Mosca azul’ já contaminou o zagueiro rebelde
O zagueiro Paulo André, líder rebelde que ameaça greve de jogadores, inclusive no seu time, Corinthians, recebeu sondagens e ficou de pensar em se filiar a algum partido. Mas terá de ficar para a eleição de 2016, porque o prazo de filiação para 2014 já venceu. Colegas do atleta dizem que ele está particularmente interessado no PSOL, para ajudar a candidatura do senador Randolfe à Presidência da República.

• Futebol e política
Paulo André pensa em se filiar a algum partido, entre outras razões, porque tomou gosto pelos holofotes que a política costuma gerar.

• Declínio
Outra razão para o zagueiro rebelde entrar em política é sua queda de desempenho em campo. Dirigentes já o olham com desconfiança.

• Barriga cheia
Atletas das sérias A e B reclamam porque jogam bola duas vezes por semana em troca de fortunas. Torcedor não é otário, daí as vaias.

• Antiga suspeita
A revelação de que familiares de Sergio Naya são donos de 40% do hotel Saint Peter, reacendeu a antiga suspeita de que foi para inglês ver o leilão do prédio do falecido ex-deputado para pagar os prejuízos às vítimas do desabamento do edifício Palace II, no Rio, em 1998.

• Vacinados
Com medo das canetadas da presidente Dilma, a bancada do PMDB decidiu em reunião, ontem, condicionar a aprovação do Orçamento de 2014 à sanção, sem vetos, da Lei de Diretrizes Orçamentárias.

• Presepada
ONGs, inclusive estrangeiras, organizaram os protestos de ontem em Brasília, e a tentativa de invasão do Planalto. A maioria é de pessoas fantasiadas de índio. Todos bancados com dinheiro público, claro.

• Fui
A Semp Toshiba encerrou as atividades na Bahia e transferiu para o Polo de Manaus sua fábrica de computadores. Fechou 200 empregos em Águas Claras, perto de Salvador, para abri-los na Zona Franca.

• Anarquia urbana
Espaços públicos de Brasília, sobretudo na Esplanada dos Ministérios, foram privatizados por empresas com estranha facilidade de obter licenças para instalar grandes estruturas desmontáveis, para eventos.

• Espelho meu
O ministro Alexandre Padilha (Saúde) oficializou ontem o acordo com empresas aéreas, FAB, Infraero e Anac para transportar órgãos para transplantes, de graça. A notícia foi antecipada aqui em 28 de outubro.

• Internacional
A fiscalização de parlamentares é sempre reconhecida. Várias denúncias do deputado distrital Chico Leite (PT) viraram destaques no exterior, como o caso Ailanto, sobre a mutreta de R$ 9 milhões, na organização do jogo Brasil x Portugal, em Brasília, e o cartel do metrô.

• Moleza
Trabalhando 14 horas por dia, a presidenta Dilma não gostou de saber que o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, vai para casa às 17h. Não gostou, mas não agiu. E ontem se repetiu a rotina manemolente.

• Pensando bem…
…se o juiz que não quer José Dirceu gerenciando o hotel St Peter, poderia colocá-lo na lavanderia, onde tem expertise.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Brasília-DF - Denise Rothenburg

Henrique, o solitário
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, começa a perder terreno. O PT não perdoa o fato de ele ter colocado em votação a abertura de processo contra o então deputado José Genoino. Se o vice-presidente da Câmara, André Vargas, não estivesse com a carta de renúncia de Genoino em seu bolso, o Partido dos Trabalhadores estaria agora no desgaste de ver um dos seus rumo à cassação. Ontem, foi a vez do PMDB. Por aclamação, reconduziu o deputado Eduardo Cunha ao comando da bancada para o ano eleitoral.

O segredo do atual líder foi fazer tudo o que, na avaliação dos peemedebistas, Henrique não fez quando estava nesse cargo. Cunha distribuiu relatorias entre os seus, defendeu os interesses da bancada e fez com que uma maioria se sentisse acolhida. Jogou para dentro do time, enquanto Henrique, de olho na presidência da Casa, jogava para fora. Há quem diga que a fila do PMDB começou a se mexer. Por ora, a bancada quer apenas transformar Cunha no negociador do PMDB junto ao governo.

Desconforto
Os parlamentares petistas pressionam para que José Dirceu desista dessa história de trabalhar no hotel que aparece enroscado num laranjal. O sentimento geral é: chega de desgaste.

Revolta latente
Há 10 dias os deputados aprovaram milhões em créditos suplementares. Estavam crentes de que os recursos iriam abastecer as emendas individuais deste ano que continuam represadas nas áreas de Cidades, Turismo, Agricultura e Transportes. Até agora não saiu um centavo.

Nem vem
Na reunião de bancada do PMDB ontem, foi dito com todas as letras que os deputados querem manter o Ministério do Turismo e o da Agricultura. Essa história do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) no Ministério da Integração contemplará apenas o Senado.

Na força, não vai
O ex-presidente Lula avisou aos peemedebistas que está descartada qualquer hipótese de intervenção no PT do Rio de Janeiro. No passado, quando se adotou esse recurso para apoiar Anthony Garotinho, foi tão traumático que o partido jamais voltou a ser o que era no estado.

Momento de decisão/ A estratégia dos advogados de Paulo de Abreu agora é tentar fazer com que o juiz substituto da Vara de Execuções Penais, Bruno Ribeiro, indefira o pedido de emprego de José Dirceu o mais rápido possível. Com isso, tiram Dirceu dos braços de Abreu.

Aécio na lida/ Pré-candidato à Presidência da República, o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), se reuniu ontem com deputados do PPS. O gesto é no sentido de adiar para março a decisão do partido sobre a sucessão presidencial. Isso porque, se depender do pernambucano Roberto Freire, o encontro partidário deste fim de semana fechará o apoio ao conterrâneo Eduardo Campos (PSB).

Quem te viu.../ O deputado Lúcio Vieira Lima passou ontem pelo líder reconduzido Eduardo Cunha, se desdobrando em elogios: “A bancada descobriu que ele é um fofo! Lindo! E está com todo o poder!” O líder enrubesceu.

E na Camed.../ A Caixa de Assistência Médica do BNB (Camed) avisa que seus serviços não serão terceirizados à Unimed e que não tem privatização porque já é uma organização de direito privado, sem fins lucrativos. Então, tá.

Fonte: Correio Braziliense

Panorama político - Ilimar Franco

Vitrine mundial
Nem só da Copa se fará a imagem do Brasil em 2014. Antes de a bola rolar o Congresso vai receber o “G-20 Parlamentar”. Os presidentes de Câmaras e de Senados das 20 maiores economias mundiais virão debater a ação frente à crise internacional. Nos próximos dias, os presidentes Henrique Alves e Renan Calheiros vão anunciar a criação de uma comissão para organizar o grande evento.

Bahia: a aposta do DEM
O DEM quer voltar ao primeiro time da política nas eleições. E elegeu a Bahia como sua carta de reapresentação. O partido acredita que o ex-governador Paulo Souto pode vencer o pleito. “O projeto mais importante e viável de poder do DEM é a Bahia”, confirma o seu presidente, senador José Agripino (RN). Souto, embora não confirme publicamente, já teria aceitado ser o candidato. Ele é a alternativa do coração do PSDB e teria o apoio do PMDB local, que joga com a candidatura do vice do Banco do Brasil, Geddel Vieira Lima. O anúncio será feito no ano que vem, quando Souto receberá as garantias materiais que poderá fazer uma campanha para ganhar.

“A catedral da política de qualquer país é o Congresso. Lá, você pode celebrar a missa ou roubar a hóstia na sacristia”
Benito Gama
Presidente do PTB e vice-presidente do Banco do Brasil

‘Tá tudo dominado’
O governador Sérgio Cabral voltou de Aracaju, do enterro do governador Marcelo Déda, no avião da presidente Dilma. Papo vai, papo vem, e ela repetiu as palavras do ex-presidente Lula: “O PT não sai do governo no Rio antes de março”.

Ele era assim
Nos últimos dias, quando ainda estava lúcido, o governador Marcelo Déda (SE) se despediu dos amigos. Para o diretor da Petrobras, José Eduardo Dutra, ele lembrou: “A gente se divertiu muito nessa vida. E fomos amigos para valer”. Sereno até o fim, relatam que ele chegou a combinar, com a mulher, Eliane, como gostaria que fosse o funeral.

Aposta petista
O secretário de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mozart Sales, é apontado no PT como forte candidato a substituir o ministro Alexandre Padilha, quando este sair, em janeiro, para concorrer ao governo paulista.

Rede de intrigas
Na noite de anteontem, após a renúncia de José Genoino, o PT fez destaque à PEC do voto aberto para que a eleição a presidente da Câmara não seja mais secreta. O deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) conseguiu derrubar o que foi visto, pelo seu partido, como manobra petista para detonar acordo entre eles para comandar a Casa.

Ele tem a força
Candidatos à liderança do PMDB na disputa anterior, os deputados Osmar Terra (RS) e Sandro Mabel (GO) estavam entre os que defenderam ontem a recondução de Eduardo Cunha (RJ) para liderar a bancada da Câmara no próximo ano.

José Alencar
A presidente Dilma volta ao Rio na segunda-feira. Ela vai lançar ao mar o navio gaseiro José Alencar, da Transpetro. E falar no seminário internacional da Fundação Bill Clinton sobre as oportunidades de investimentos que o Brasil tem para oferecer.

O ÂNIMO dos partidos é não votar mais nada na Câmara este ano, mesmo após acordo para retirar da pauta o reajuste para os agentes da Saúde.

Fonte: O Globo