terça-feira, 17 de junho de 2014

Opinião do dia: Aécio Neves

Está na hora de o PT debater o país. Vamos debater educação, segurança, saúde, crise nos municípios, a questão ética. É isso que a sociedade espera de nós. Estou pronto para qualquer debate, em cada um dos campos que interessam efetivamente à sociedade brasileira. É hora de olharmos para o futuro. Vamos debater o modelo de país que queremos. O PSDB debaterá o futuro. Aqueles que pretendem debater o passado, no que depender de mim, ficarão falando sozinhos.

Nós não vamos cair na armadilha do debate que apequena a política, de colocar nós contra eles. Nós queremos unir o Brasil, não dividir. Nossa proposta vai falar de futuro, de esperança, e aquela que vencer, que for escolhida pelos brasileiros, deverá ser a proposta de todos. Ninguém pode querer apresentar uma proposta para governar uma parte da sociedade. Nossa estratégia será sempre focada na união dos brasileiros e no resgate da esperança e da confiança perdidas no Brasil.

Aécio Neves, senador (MG), presidente nacional do PSDB e lançado candidato à Presidente da República, entrevista em S. Paulo, 16 de de junho de 2014.

FHC reage à acusação de Lula sobre compra de votos na reeleição

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou, na manhã desta segunda-feira (16), via Facebook, o também ex-presidente Lula sobre asacusações feitas nas convenções dos partidos (PSDBe PT) no último final de semana.

"Lamento que o ex-presidente Lula tenha levado a campanha eleitoral para níveis tão baixos. Na convenção do PSDB não acusei ninguém; disse que queria ver os corruptos longe de nós. Não era preciso vestir a carapuça", disse FHC em sua postagem. "A acusação de compra de votos na emenda da reeleição não se sustenta: ninguém teve a coragem de levar essa falsidade à Justiça", prosseguiu. (Leia abaixo sobre o escândalo da compra de voto.)

No último domingo (15), um dia depois do discurso de FHC na convenção nacional do PSDB, em São Paulo, Lula comentou: "Vi o ex-presidente [FHC] falar com a maior desfaçatez: 'É preciso acabar com a corrupção'. Ele devia dizer quem é que estabeleceu a maior promiscuidade entre Executivo e Congresso quando ele começou a comprar voto para ser aprovada a reeleição."

O petista ainda disse que seu partido é atacado por ter governado melhor que a "elite" e insinuou que FHC não aprendeu a ter "sentimentos" na faculdade. Lula chegou a dizer que a "perseguição" ao PT é similar à que levou Getúlio Vargas ao suicídio, em 1954.

"Estão querendo fazer conosco o que já fizeram com Getúlio [Vargas], até levá-lo à morte", disse. "Querem fazer o que fizeram com Juscelino [Kubitschek], que agora é todo bonitão para eles. (...) Tentaram me tirar, em 2005. Mas eu disse: se quiserem me tirar, vai ter que debater na rua, para conhecerem o que é o povo brasileiro."

Na resposta dada nesta segunda-feira (16), FHC diz na postagem que "Não é verdade que a oposição pretendesse derrubar o presidente Lula em 2005 [durante a crise do mensalão]. Na ocasião, pedimos justiça para quem havia usado recursos públicos e privados na compra de apoios no Congresso, o que foi feito pelo Supremo Tribunal Federal".

No sábado (14), durante a Convenção do PSDB que oficializou a candidatura de Aécio Neves à Presidência, FHC comentou que os xingamentos à presidente Dilma eram inaceitáveis, no entanto, avaliou que o 'clima crispado' no país começou com o próprio PT, que "sempre teve mania de acusar o outro", e que Lula "usa palavras feias, o que não é educativo".

"Nós não queremos mais os corruptos, os ladrões que ficam empulhando, esses nós não queremos (...) O povo quer respeito, o povo quer consideração, o povo cansou de comiseração", afirmou FHC na ocasião.

Já nesta segunda (16), Fernando Henrique encerrou sua nota com um apelo: "Apelo às lideranças responsáveis, do governo e da oposição, para que a campanha eleitoral se concentre na discussão dos problemas do povo e nos rumos do Brasil."

FHC rebate Lula e lamenta campanha em 'níveis tão baixos'

• 'Não era preciso vestir a carapuça', afirmou ex-presidente ao petista que, após críticas ao PT na convenção do PSDB, acusou tucano de comprar voto para se reeleger

José Roberto Castro - Agência Estado

SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) respondeu, em nota publicada nesta segunda-feira, 16, as acusações feitas pelo também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que houve compra de votos para aprovação da emenda da reeleição, em 1996. Segundo o tucano, a acusação é uma "falsidade" que "ninguém teve a coragem de levar à Justiça".

A troca de farpas teria começado no sábado, quando Fernando Henrique defendeu o combate à corrupção em discurso na convenção do PSDB que lançou a candidatura do senador Aécio Neves.

Nesse domingo, em discurso durante a convenção estadual do PT em São Paulo, Lula acusou seu antecessor de agir com "desfaçatez". "Na convenção deles vi o ex-presidente falar com a maior desfaçatez 'é preciso acabar com a corrupção'. Ele devia dizer quem é que estabeleceu promiscuidade entre Executivo e Congresso Nacional quando ele começou a comprar voto para ser aprovada a reeleição em 1996", afirmou Lula.

FHC se defende dizendo que, quando disse que "queria ver os corruptos longe", não acusou ninguém. "Não era preciso vestir a carapuça. A acusação de compra de votos na emenda da reeleição não se sustenta: ninguém teve a coragem de levar essa falsidade à Justiça", escreveu o tucano. O presidente de honra do PSDB disse ainda que lamenta que Lula "tenha levado a campanha eleitoral para níveis tão baixos".
 
Leia a íntegra da nota divulgada por Fernando Henrique em seu Facebook:

"Lamento que o ex-presidente Lula tenha levado a campanha eleitoral para níveis tão baixos. Na convenção do PSDB não acusei ninguém; disse que queria ver os corruptos longe de nós. Não era preciso vestir a carapuça. A acusação de compra de votos na emenda da reeleição não se sustenta: ninguém teve a coragem de levar essa falsidade à Justiça.

Não é verdade que a oposição pretendesse derrubar o presidente Lula em 2005. Na ocasião, pedimos justiça para quem havia usado recursos públicos e privados na compra de apoios no Congresso, o que foi feito pelo Supremo Tribunal Federal.

Apelo às lideranças responsáveis, do governo e da oposição, para que a campanha eleitoral se concentre na discussão dos problemas do povo e nos rumos do Brasil."

FHC diz que Lula vestiu ‘carapuça’ sobre corrupção ao atacá-lo

• Tucano ainda acusou petista de baixar nível da campanha eleitoral

- O Globo

SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acusou nesta segunda-feira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de baixar o nível da campanha eleitoral e de vestir a carapuça por causa de sua fala contra a corrupção na convenção nacional do PSDB, no último sábado.

“Lamento que o ex-presidente Lula tenha levado a campanha eleitoral para níveis tão baixos. Na convenção do PSDB não acusei ninguém; disse que queria ver os corruptos longe de nós. Não era preciso vestir a carapuça”, escreveu o tucano, em sua conta no Facebook.

No sábado, Fernando Henrique havia afirmado, em seu discurso, a seguinte frase: “não queremos mais os corruptos, os ladrões que ficam empulhando, estes nós não queremos”. Na convenção do PT de São Paulo, no último domingo, Lula classificou como “desfaçatez” Fernando Henrique acusar o PT de corrupção e lembrou o episódio da suposta compra de votos para aprovação da emenda da reeleição em 1997 no governo tucano.

“A acusação de compra de votos na emenda da reeleição não se sustenta: ninguém teve a coragem de levar essa falsidade à Justiça”, respondeu o tucano.

Fernando Henrique ainda negou que houve intenção da oposição de derrubar Lula em 2005, durante o escândalo do mensalão. “Não é verdade que a oposição pretendesse derrubar o presidente Lula em 2005. 

Na ocasião, pedimos justiça para quem havia usado recursos públicos e privados na compra de apoios no Congresso, o que foi feito pelo Supremo Tribunal Federal.”

Por fim, o ex-presidente tucano fez um apelo a lideranças para que não baixem o nível da campanha eleitoral deste ano. “Apelo às lideranças responsáveis, do governo e da oposição, para que a campanha eleitoral se concentre na discussão dos problemas do povo e nos rumos do Brasil.”

Campos e Aécio têm propostas convergentes na economia, diz conselheiro do PSB

• Eduardo Giannetti afirma que diferenças entre os principais pré-candidatos de oposição estão nos campos político e social

Ana Fernandes e Ricardo Leopoldo - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O economista Eduardo Giannetti da Fonseca, que orienta a pré-campanha presidencial de Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva, disse não ver grandes diferenças nas propostas econômicas do ex-governador pernambucano e do outro candidato da oposição, Aécio Neves (PSDB).

Em entrevista ao Broadcast Ao Vivo, nesta segunda-feira, 16, Giannetti avaliou que as diferenças entre os dois estão mais nos campos político e social.

"Em relação à política econômica stricto sensu, há uma convergência forte. As diferenças fundamentais das duas propostas estão ligadas a modo de governo", disse. O economista defendeu que o projeto de Campos e Marina têm uma proposta mais enfática de "renovar as práticas da velha política, no sentido de uma governabilidade calcada em projetos".

"A aliança de Eduardo e Marina se propõe a trazer para o centro da pauta a formação de capital humano e uma responsabilidade ambiental, que são diferenciadas em relação ao que predomina na proposta do candidato Aécio Neves", respondeu Giannetti ao ser questionado sobre quais seriam as diferenças de propostas. Já sobre a possibilidade de Aécio também defender essas pautas, o economista afirmou que é possível, mas "não com a ênfase, com a centralidade e com a coragem" com que fazem Campos e Marina.

Apesar do apoio declarado às pré-candidaturas de Campos e Marina, a quem já aconselhara na corrida presidencial de 2010, Giannetti refutou qualquer possibilidade de participar de um eventual governo dos dois. "Não tenho perfil executivo e não seria bom ministro", afirmou. Giannetti disse considerar ter um perfil de intelectual, mais adequado a dar conselhos, e que acredita haver no Brasil pessoas "melhores" para assumirem posições no Executivo.

Reformas. O economista definiu como fundamentais a realização de reformas política e tributária. Para ele, a diminuição da estrutura do Estado brasileiro dependerá da postura do futuro presidente e também de mudanças institucionais. "Precisamos voltar a ter uma democracia não calcada em acordos oportunistas de curto prazo, mas democracia que seja baseada na competição de projetos, de ideias", disse o economista, repetindo o discurso de Campos e Marina.

Giannetti, contudo, não detalhou qual seria a reforma política ideal, ressaltando apenas a importância da busca de um novo modelo de governabilidade.

Sobre reforma tributária, o economista ressaltou que ela precisa começar pela simplificação do "modelo labiríntico que nós geramos no Brasil, de complexidade intratável". Giannetti disse considerar descabido que uma empresa gaste 2,6 mil horas ao ano para recolher os tributos devidos no Brasil.

Segundo Giannetti, uma prioridade seria o compromisso de não aumentar a carga tributária do País, além de apresentar propostas para desonerar os investimentos. Ele defende também que haja uma política de desoneração da folha salarial, mas de forma horizontal: "(Deve ser feita) não de modo setorial e caso a caso, mas uma coisa homogênea e horizontal, para que realmente diminua o peso dos impostos que incidem sobre salário e que oneram muito o custo de produção em dólar no Brasil".

Marina Silva evita encontro com Beto Richa no Paraná

Fábio Cavazotti - Agência Estado

A pré-candidata à vice-Presidência da República, Marina Silva (PSB), evitou nesta segunda-feira, 16, participar de um encontro que seu companheiro de chapa, Eduardo Campos (PSB), teve com o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), em Londrina. No Paraná, Marina Silva apoia os candidatos do Partido Verde ao governo estadual e Câmara Federal, enquanto o PSB confirmou apoio à reeleição do governador Beto Richa.

Eduardo Campos e Marina Silva chegaram juntos a Londrina, onde visitaram, no início da manhã, diversos órgãos de imprensa. No entanto, quando o pré-candidato à Presidência do PSB partiu para um encontro de quase duas horas com Beto Richa, ela tomou outro rumo - foi visitar o Jardim Botânico de Londrina, acompanhada de ''marineiros'' locais e de pré-candidatos do PV. O desvio de Marina foi decidido de última hora e ela voltou a encontrar Campos após ele se despedir do governador. Os aliados de Marina no Paraná são oposição ao governo tucano alegando que não há compromisso com a agenda ambiental.

No encontro, o ex-governador de Pernambuco e o governador do Paraná fizeram ampla troca de elogios. "Aqui no Paraná, o PSB tem uma parceria com o governador Beto Richa que tem êxito e que vai prosseguir. E nós temos na nossa base de sustentação ao projeto nacional, meu e da Marina, partidos que não estão no palanque estadual, e nós respeitamos. A própria REDE tem caminho próprio aqui", apontou Eduardo Campos.

Beto Richa agradeceu ao PSB e se disse ''honrado'' pelo apoio de Eduardo Campos e de Aécio Neves (PSDB) à sua reeleição. O governador do Paraná chegou a dizer que a administração de Campos em Pernambuco serve de "exemplo" para outros estados.

"Raposas"
Apesar da afinação no Paraná, o pré-candidato do PSB fez críticas ao PSDB em nível nacional. Ele condenou a "polarização" entre PT e PSDB e disse que os dois partidos governaram com as "raposas que devem ser tiradas da cena política".

"É mudar o jeito de governar, não só mudar o governo, é colocar na oposição aqueles que cercam todos os governos que vão a Brasília. Não vamos governar o Brasil com Collor, com Sarney", disse.

Mais cedo, Marina Silva havia acrescentado o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), entre os políticos que devem ser tirados do governo.

Eduardo Campos também voltou a mirar no governo Dilma, que acusou de ter "piorado o País".

Segundo ele, o Brasil tem o menor crescimento da história republicana, está trazendo de volta a inflação e apresenta fracos resultados em saúde, educação, segurança e mobilidade urbana.

"Se fizermos as contas, vamos ver que tem gente nos grandes centros que passa um mês e meio (por ano) em trens, metrôs e ônibus para ir ao trabalho. A mobilidade está um horror", disse.

Após a visita a Londrina, Eduardo Campos e Marina Silva partiram juntos para Maringá, onde cumpriram agenda com lideranças empresariais. A visita a Ponta Grossa, no final da tarde, foi cancelada porque não houve liberação de pouso no campo de aviação.

Campos visita hospital ao lado de governador tucano no PR

• Marina, que também está no estado, não participou da agenda do presidenciável do PSB

Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO — O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, visitou nesta segunda-feira o Hospital do Câncer de Londrina ao lado do governador do Paraná, o tucano Beto Richa. A vice da chapa, a ex-senadora Marina Silva, que também estava na cidade, não participou da agenda e foi ao Jardim Botânico.

O PSB apoia a reeleição de Richa, mas o governador havia afirmado, em entrevista ao programa “Roda Viva” em maio, que não participaria de eventos de campanha ao lado de Campos porque o candidato de seu a partido a presidente é Aécio Neves.

A assessoria do governo do Paraná informou que a visita de Richa ao hospital estava marcada desde a semana passada, e que foi iniciativa de Campos ir ao local no mesmo horário.

Marina Silva, por sua vez, é contrária a alianças do PSB com candidatos tucanos nos estados por entender que esse tipo de iniciativa fortalece o projeto nacional do PSDB.

Questionado se a ausência de Marina na visita ao hospital era motivada pela sua contrariedade à aliança com os tucanos, Campos respondeu:

— De forma nenhuma. Aqui no Paraná, o PSB tem uma parceria com o governador Beto Richa, que vai continuar. Uma parceria que gira em torno de um programa. Temos na nossa base de sustentação ao projeto nacional partidos que não estão no palanque estadual e nós respeitamos. A própria Rede tem caminho próprio aqui — disse o presidenciável.

No Paraná, a Rede, partido que a ex-senadora tentou criar no ano passado e teve o registro negado pela Justiça Eleitoral, deve se unir à candidata do PV, Rosane Ferreira.

O presidenciável do PSB também foi perguntado se o incomodava o fato de Richa ter declarado que o seu candidato a presidente é Aécio.

— É assim mesmo que acontece. Temos governadores do PSB que vão ter o apoio do candidato (a presidente) do PSDB — respondeu.

Antes da visita ao hospital, Campos deu, ao lado de Marina, entrevista para Rádio CBN de Londrina. O presidenciável e sua vice também visitarão as cidades Maringá e Ponta Grossa nesta segunda-feira.

“Nós queremos unir o Brasil, não dividir”, diz Aécio Neves

- Agência Estado

SÃO PAULO - O candidato à Presidência da República e presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou nesta segunda-feira (16), em São Paulo, que fará uma campanha eleitoral focada no futuro e no debate dos problemas nacionais. Em um recado claro ao PT, Aécio afirmou que é hora de unir o país e apresentar propostas que coloquem o Brasil novamente na rota do crescimento e do desenvolvimento social.

“Está na hora de o PT debater o país. Vamos debater educação, segurança, saúde, crise nos municípios, a questão ética. É isso que a sociedade espera de nós. Estou pronto para qualquer debate, em cada um dos campos que interessam efetivamente à sociedade brasileira. É hora de olharmos para o futuro. Vamos debater o modelo de país que queremos. O PSDB debaterá o futuro. Aqueles que pretendem debater o passado, no que depender de mim, ficarão falando sozinhos”, afirmou Aécio Neves.

Aécio esteve em São Paulo para entrevista coletiva na Associação Paulista de Jornais (APJ), entidade que reúne 15 dos principais veículos impressos do estado, com circulação em 80% do território estadual.

Durante a entrevista, o candidato a presidente pelo PSDB também criticou a estratégia petista de tentar dividir o país com o discurso do ódio. “Nós não vamos cair na armadilha do debate que apequena a política, de colocar nós contra eles. Nós queremos unir o Brasil, não dividir. Nossa proposta vai falar de futuro, de esperança, e aquela que vencer, que for escolhida pelos brasileiros, deverá ser a proposta de todos. Ninguém pode querer apresentar uma proposta para governar uma parte da sociedade. Nossa estratégia será sempre focada na união dos brasileiros e no resgate da esperança e da confiança perdidas no Brasil”, ressaltou o candidato do PSDB a presidente.

Dilma
Aécio Neves comentou ainda as manifestações contra a presidente Dilma Rousseff nos estádios da Copa do Mundo. O tucano ponderou que é favor da crítica construtiva, com respeito a honra pessoal da chefe do Executivo. “Nunca aprovei nenhuma ação violenta, discriminatória ou de ataques a quem quer que fosse. Minha caminhada foi sempre feita com enorme respeito. As críticas existirão sempre. Não aprovo ataques pessoais e xingamentos, que não nos levam a lugar algum”, disse o candidato a presidente.

Lula questiona consistência da candidatura de Campos

• Em jantar, ex-presidente teria demonstrado preocupação com quadro de rejeição a Dilma

Fernanda Krakovics – O Globo

BRASÍLIA — Em um jantar na última sexta-feira, o ex-presidente Lula pôs em xeque a consistência da candidatura de Eduardo Campos (PSB) à Presidência da República e disse que não vai bater no antigo aliado porque quer estar apto para fazer uma ponte com o socialista em eventual segundo turno entre a presidente Dilma Rousseff e o senador tucano Aécio Neves (MG).

— Não vejo outro discurso do Eduardo a não ser esse que ele está tentando fazer de que gosta de mim e que Dilma não presta. Eu não tenho como bater nele, não vou fazer isso, mas, quando defendo a Dilma, o discurso dele perde credibilidade - disse Lula, de acordo com participantes do jantar, realizado no apartamento do senador Armando Monteiro (PTB-PE), candidato ao governador.

No jantar, Dilma estava irritada com o prefeito de Recife, Geraldo Júlio (PSB), afilhado político de Campos, que, na solenidade de inauguração da primeira etapa da Via Mangue, naquele mesmo dia, questionou a paternidade do governo federal em relação à obra, afirmando que o dinheiro não era federal, estadual nem municipal, e sim do povo.

— Eu nunca tinha sido tratada assim nem pelos caras do DEM — reclamou Dilma no jantar, em que estavam presentes deputados federais e o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

Na solenidade, coube ao ministro Gilberto Occhi (Cidades) responder a Geraldo Júlio, afirmando que o dinheiro era do povo sim, mas que a obra só tinha saído por determinação da presidente Dilma. O lançamento da candidatura de Geraldo Júlio à prefeitura de Recife, em 2012, marcou o rompimento de Eduardo Campos com o PT em Pernambuco e foi o primeiro sinal concreto de suas aspirações ao Palácio do Planalto. O socialista derrotou o senador Humberto Costa na disputa pela prefeitura de Recife.

Depois que Dilma se retirou do jantar, o ex-presidente Lula afirmou, de acordo com pessoas presentes, estar preocupado com o quadro de rejeição à presidente, em queda nas pesquisas de intenção de voto, e disse temer que o mau humor reinante no país cole de tal forma na imagem de Dilma que seja irreversível. Lula também criticou a comunicação do governo federal. Segundo o petista, o discurso que Dilma está fazendo agora em defesa da Copa tinha que ter começado a ser feito no ano passado.

— O Lula se mostrou preocupado com o quadro, com o mau humor no país, com a rejeição à Dilma. Ele teme que isso cole de tal forma nela que seja um caminho sem volta — afirmou um dos participantes do jantar.

Apesar da preocupação externada por Lula, participantes do jantar afirmaram que ficou claro que a candidata é Dilma e que o ex-presidente não se colocou como possível candidato no lugar dela. O ex-presidente teria dito que Dilma seria "muito melhor" do que Aécio e Campos e que isso vai se sobrepor, segundo o petista, quando o governo federal começar a mostrar suas realizações, principalmente no horário eleitoral gratuito na TV.

Campos diz que crítica de Lula 'não é com ele'

Fabio Linjardi - Agência Estado

Em meio ao acirramento das declarações entre lideranças de PT e PSDB, o pré-candidato Eduardo Campos (PSB) se colocou como o candidato da linha paz e amor - ou, em suas palavras, "fraternidade e unidade". Não que isso o impeça de chamar os integrantes do governo federal de "raposas".

Questionado nesta segunda-feira, 16, a respeito do discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), feito no domingo, 15, sobre a transferência "do ódio" da oposição à presidente Dilma Rousseff, Campos disse que isso não é com ele. "Com certeza ele (Lula) não se referiu a mim e à Marina, que ele conhece muito bem, sabe que nós não somos pessoas para plantar ódio. Nós plantamos a vida inteira fraternidade e unidade", disse, durante entrevista coletiva em Maringá (PR), onde esteve durante a tarde para um encontro com empresários e militantes, na associação comercial.

Apesar de não se ver como um disseminador do ódio contra o PT, Campos afirmou que é necessário "tirar as velhas raposas de Brasília". Também lembrou que "estamos a poucos meses de terminar o governo da presidente Dilma e todos nós lamentamos que ela vai entregar o País pior do que ela encontrou". Também criticou o inchaço de ministérios - "a cada crise surge um ministério" - e o engessamento do Congresso Nacional.

Entre as administrações que o presidenciável reconhece ter melhorado o País, Campos citou a de Fernando Henrique Cardoso, apoiador de seu adversário Aécio Neves (PSDB). "A gente, que fez parte da oposição àquela época, tem que hoje, pelo dever da verdade, de consciência, reconhecer que ele (FHC) entregou ao presidente Lula um País melhor do que recebeu do Itamar".

Já Marina Silva afirmou aos empresários de Maringá que as eleições não serão ganhas por quem ficar em cima do palanque, mas por aqueles que se "aproximarem do povo". Também fez críticas às coligações, que segundo ela, são feitas pensando no tempo de televisão para o horário eleitoral.

"Se para ganhar você se junta com tudo o que é tranqueira, na hora de governar você governa com tudo o que é tranqueira".

Lula e FHC discutem sobre corrupção; campanhas se acusam de espalhar ódio

• Ex-presidentes entram em embate público, PT explora ecos dos xingamentos à presidente Dilma Rousseff na abertura da Copa, PSDB afirma que rivais ‘apostam na divisão do País’ e Aécio diz que não vai ‘cair na armadilha da luta de classes’

Isadora Peron, Ricardo Galhardo e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo

Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) entraram no clima de confronto da campanha eleitoral intensificado após os xingamentos à presidente Dilma Rousseff na abertura da Copa do Mundo, na quinta-feira passada, em São Paulo. Depois de Lula acusar tucanos de disseminar “ódio” e afirmar que FHC “deveria dizer quem é que estabeleceu promiscuidade entre Executivo e Congresso quando começou a comprar voto para ser aprovada a reeleição”, o tucano divulgou nota em que ironiza o petista por ter “vestido a carapuça”.

Aliados de Dilma exploram o discurso de que ela é “vítima das elites”. Candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Aécio Neves diz que não vai cair na “armadilha da luta de classes”.

A contenda sobre corrupção entre os ex-presidentes começou com o discurso de FHC no sábado, na convenção do PSDB. “As pessoas se cansaram de empulhação e corrupção, da mentira”, disse. No dia seguinte Lula respondeu, no lançamento da candidatura de Alexandre Padilha (PT) ao governo paulista: “Ele (FHC) deveria dizer quem é que estabeleceu promiscuidade entre Executivo e Congresso quando começou a comprar voto para ser aprovada a reeleição”.

O assunto continuou nessa segunda. “Lamento que o ex-presidente Lula tenha levado a campanha eleitoral para níveis tão baixos. Na convenção do PSDB não acusei ninguém; disse que queria ver os corruptos longe de nós. Não era preciso vestir a carapuça”, afirmou FHC em nota oficial.

O pré-candidato do PSB ao Planalto, Eduardo Campos, entrou lateralmente, domingo, no embate sobre corrupção - também com um discurso mais duro que o habitual - na convenção que escolheu Paulo Câmara como candidato do partido em Pernambuco, Estado que governou por oito anos. “O governo federal é comandado por um bocado de raposa que já roubou o que tinha que roubar”, disse Campos, cujo partido integrou a gestão Dilma até setembro do ano passado.

Ódio. O debate do ódio, porém, tem sido o mais explorado neste período que precede o início oficial da campanha, em 5 de julho. Os xingamentos se transformaram em arma para o PT, em razão do alto poder aquisitivo de quem estava no estádio. Logo no dia seguinte, Lula disparou, em evento no Recife: “A elite brasileira está conseguindo fazer o que nunca conseguimos: despertar o ódio de classes”.

As declarações de Aécio em sua convenção segundo as quais “um tsunami vai varrer” o PT do governo também provocaram reações. Para aliados e dirigentes tucanos, a fala representou um marco na estratégia de polarizar a campanha com Dilma. “O discurso de Aécio deixou claro que não há terceira via. Foi uma metáfora forte, popular e certeira. Tanto que o PT sentiu o golpe”, diz o deputado Antonio Carlos Mendes Thame, secretário-geral do PSDB.

Pós-‘tsunami’, Lula voltou a citar o ódio dos adversários. “Se em 2002 tivemos que fazer uma campanha para a esperança vencer o medo, agora temos que fazer uma campanha para a esperança vencer o ódio”, disse, em slogan repetido pelo presidente do PT, Rui Falcão, e outros líderes do partido. “Por que esse ódio contra a Dilma? Por que esse ódio contra o Fernando Haddad (prefeito de São Paulo)? Por que esse ódio contra o PT?”, disse Lula na convenção de Padilha.

Na noite dessa segunda, em São Paulo, Aécio afirmou que não vai alimentar a estratégia dos adversários. 

“Não vamos cair nessa armadilha do debate que apequena a política, do nós contra eles, da disputa de classes”, disse.

Dirigida pelo próprio Aécio, que é presidente nacional do PSDB, a Executiva do partido divulgou ontem nota para rebater Lula e petistas sobre as citações do ódio. “A perspectiva de perder o poder está levando o PT a aumentar a agressividade e intolerância do seu discurso, apostando cada vez mais na divisão do País”, afirma nota. “Tentam atribuir a uma ‘elite conservadora’ o desejo de mudança, ignorando que cerca de 70% dos brasileiros ouvidos pelas pesquisas de opinião exigem uma nova maneira de governar o País.

Primeiro, tentaram a tática do medo. Deu errado. A presidente caiu ainda mais nas pesquisas. Agora, estimulam o ódio. Mais uma vez, fracassarão”, diz o texto, lembrando da recente propaganda do PT que cita a “ameaça” da volta “dos fantasmas do passado”, em referência à gestão FHC.

Em texto publicado nessa segunda, no site do PT, o vice-presidente do partido, Alberto Cantalice, responsabilizou colunistas da grande mídia, os quais chamou de “pit bulls”, pela escalada de verborragia e ataques na campanha. A crítica à mídia também já foi feita publicamente por Lula.

Avaliações. Segundo o professor da USP José Alvaro Moisés, a queda na avaliação do governo de Dilma fez o tom do debate subir. “Há anos o Lula vem adotando esse discurso de divisão de classes. Essa ideia de dividir o País entre nós e eles, ricos e pobres, não é boa para a democracia”, afirma Moisés.

O professor da PUC Rio Ricardo Ismael tem uma opinião parecida. Segundo ele, o PT conseguiu transformar o episódio em que Dilma foi xingada na abertura da Copa em um fato político positivo, em que a presidente foi vista como vítima. Ele, no entanto, faz um alerta: “O comentário de Lula de que Dilma foi hostilizada por uma elite branca é preconceituosa. Se a eleição for por esse caminho, vai dividir o País.”

Para Cláudio Couto, professor da FGV-SP, é natural que o PT tente capitalizar esse momento. “Se colar numa parcela significativa do eleitorado a ideia de que os adversários cultivam o ódio, isso pode ser um trunfo significativo para Dilma”, diz. Couto, no entanto, considera natural que haja uma subida de tom na época das convenções partidárias. “Elas são o primeiro grande momento de campanha, em que os candidatos estão saindo do armário e precisam demarcar posições.”

Ataques e ofensas afastam eleitor

• Para especialistas, eleitores indecisos são contrários à radicalização nos discursos

Evandro Éboli e Renato Onofre - O Globo

BRASÍLIA e SÃO PAULO — A guerra de acusações e ataques proferidos por postulantes à Presidência da República afastam os eleitores indecisos e podem até tirar votos daqueles que já escolheram o candidato, mas são contrários à radicalização do processo eleitoral. A avaliação feita por especialista ouvidos pelo GLOBO é que os ataques feitos nos últimos dias, tanto da oposição quanto do governo, são negativos à campanha.

No sábado, o senador Aécio Neves (PSDB) afirmou durante a convenção que homologou sua candidatura à Presidência que uma tsunami varreria o PT do Planalto. No mesmo evento, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o pais não quereria “mais os corruptos, os ladrões que ficam empulhando (o Estado)”.

No dia seguinte, o ex-presidente Lula reagiu a FH, afirmando que começou no seu governo a deterioração da relação entre Congresso e governo federal e reafirmou o discurso da "esperança contra o ódio", que o PT tenta emplacar com o objetivo de vitimizar a presidente Dilma. Ainda no domingo, em Pernambuco, o pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, afirmou que a continuidade do PT seria a manutenção de um "projeto comandado por um bocado de raposas que já roubaram o que tinham que roubar".

— É um momento turbulento, de instabilidade nas campanhas, que está antecipando muito o embate característico da reta final de campanha. Essa disseminação de ódio mútuo e a polarização excessiva entre certo e errado não colaboram com o debate político e afastam o eleitor — afirma o cientista político e professor da FGV-SP Marco Antonio Carvalho Teixeira.

A troca de acusações também é apontada como um fator para que a soma de votos brancos, nulos e indecisos ser superior a 30% nas últimas pesquisas divulgadas. Para o diretor de Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Aldo Fornazieri, a radicalização da campanha não colabora para elucidar as dúvidas dos eleitores:

— As necessidades dos eleitores não são debatidas. O brasileiro quer saber quem vai resolver o seu problema, e não ficar entre as trocas de acusações. Quem está indeciso tende a se afastar do processo político quando as opções não dialogam com a sua necessidade.

A tese defendida pelo cientista político é corroborada pelo pesquisador da UFRJ Sandro Correa, que aponta o distanciamento de candidatos e eleitores como um dos sintomas do alto índice de indecisos:

— Parece que eles (os concorrentes à Presidência) não entenderam o que as ruas trouxeram de novo. O modelo político de ofensas e guerras de acusações, tão comum em campanhas anteriores, não agrega nada à imagem do candidato. A rejeição aos partidos e a seus métodos de fazer política, que se gritou nas ruas, está clara na indecisão do eleitor.

Apesar de os cinco especialistas ouvidos pelo GLOBO afirmarem que tanto a imagem da presidente Dilma quanto a da oposição saem arranhadas pela troca pública de farpas, quatro deles afirmam que quem mais perdeu nesse processo foi a oposição.

Antonio Carvalho Teixeira, da FGV-SP, afirma que todos os candidatos podem ser afetados se lhes forem vinculadas frases agressivas a adversários. Teixeira explica que os xingamentos de parte do público presente no primeiro jogo do Brasil na Copa à presidente Dilma Rousseff, por exemplo, foram um termômetro da reação negativa:

— O que se viu no dia seguinte foi uma reprovação pública àqueles que ofenderam a presidente. Ali não era a postulante ao cargo, mas uma chefe de Estado. Num processo de embate agressivo, ambos os lados tendem a perder e muito.

Segundo Fornazieri, quando os adversários do governo acharam normal os ataques a Dilma ocorridos no Itaquerão, na quinta-feira, deram ao PT a possibilidade de transformar a presidente em vítima:

— O “direto de direita” que o candidato do PSDB tentou desferir abriu um flanco para que o PT conseguisse sair do córner político que estava e partir para o ataque. Houve um erro de avaliação da coordenação de campanha sobre o tom do ataque tanto do PSDB quanto do PSB. E esse erro fortaleceu o discurso de pena que o PT já estava tentando emplacar.

Já o professor do Departamento de Gestão Pública da FGV-SP Claudio Couto concorda que a agressividade favoreceu Dilma neste momento, mas minimiza o efeito do tom eleitoral a longo prazo. Ele associa a agressividade à tentativa da oposição de mobilizar a militância no momento de definição das chapas, assim como fez o PT no último encontro partidário:

— É um momento de mexer com a base. Buscar no discurso forte a construção da imagem do candidato que vai guiar o partido no embate político que se aproxima. É política partidária. Faz parte esse tipo de argumentação, tanto no PT quanto no PSDB e PSB.

Ainda de acordo com Couto, a polarização entre certo e errado, bem e mal, radicalizada pelas campanhas nos últimos dias, já faz parte do processo eleitoral brasileiro.

O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Cavalho, afirmou que lamenta que Aécio e Campos não tenham feito referências negativas aos xingamentos recebidos pela presidente no jogo da estreia do Brasil na Copa Mundo:

— Considero essa uma prática (xingamentos) que tem que ser desestimulada e que prevaleça o bom senso. Lamento muito que o Aécio e o Eduardo Campos não tenham feito referência a isso. Deveriam ter feito referência ao aspecto negativo porque, depois, se volta contra todo mundo.

Sobre a procedência dos xingamentos no Itaquerão, Carvalho disse que prefere não arriscar que tenham partido de um determinado grupo ou da elite.

Hoje, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, criticou o xingamento feito à presidente Dilma no Itaquerão. Ele chamou o episódio de "baixaria, um horror". Chefe do Poder Judiciário, o ministro estava na tribuna de honra a poucos metros da presidente quando os insultos ocorreram. Segundo relatos dos presentes, o constrangimento foi geral.

Ibope/Firjan: Garotinho, Crivella e Pezão aparecem em empate técnico na disputa pelo Rio

• Lindbergh está com 11% e Cesar Maia, 8%. Votos brancos e nulos chegam a 27%

Juliana Castro – O Globo

RIO — A disputa pelo governo do Rio está acirrada, com candidatos tecnicamente empatados, de acordo com pesquisa Ibope encomendada pela Federação das Indústrias do Rio (Firjan) e obtida pelo GLOBO. O deputado federal Anthony Garotinho (PR) aparece com 18%, seguido pelo senador Marcelo Crivella (PRB), com 16%. O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) tentará a reeleição e tem 13% das intenções de voto, enquanto o senador Lindbergh Farias (PT) recebeu 11%. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Chama a atenção o percentual de pessoas que disseram que vão votar branco ou nulo, maior do que o de qualquer pré-candidato: 27%. Na capital, o percentual vai a 37%. Há ainda 6% que não souberam dizer quem escolheriam para governar o estado ou não responderam à pergunta feita pelo instituto. Não é possível comparar a pesquisa atual com levantamento anteriores, que levavam em conta um cenário diferente. Desde as manifestações de junho do ano passado, os próprios partidos têm feito internamente uma leitura de que o número de votos brancos e nulos vai aumentar nas eleições gerais deste ano. Ainda entre os eleitores da capital, Crivella, Pezão e Garotinho aparecem tecnicamente empatados, com índices que variam entre 14% e 12%.

A pré-candidatura de Lindbergh foi motivo de crise entre petistas e peemedebistas no estado, o que fez uma parcela do PMDB abandonar o barco da reeleição da presidente Dilma Rousseff para caminhar com o presidenciável do PSDB, senador Aécio Neves.

Cesar Maia aparece com 8%
Vereador e ex-prefeito da capital, Cesar Maia (DEM) aparece na pesquisa com 8% das intenções de voto. Cesar ainda espera o apoio dos tucanos. Isso porque o PMDB pressiona Aécio para que o PSDB apoie formalmente Pezão, dando ao governador seu tempo de TV. Como o DEM e o PSDB são aliados nacionais, o senador até tentou convencer o vereador a retirar a candidatura para que os dois partidos se coligassem com os peemedebistas. Mas a cúpula do DEM entrou na jogada e disse a Aécio que a candidatura de Cesar é intocável.

O deputado federal Miro Teixeira (PSOL) e Tarcísio Motta (PSOL), cujo nome já foi oficializado em convenção, aparecem com 1% das intenções de voto. Recentemente, o PSB ameaçou retirar o apoio a Miro sob o argumento de que ele permanece com baixos índices nas pesquisas. Isso acabou por criar um desconforto entre os socialistas e o PROS. Publicamente, a coligação permanece intacta.

A pesquisa faz o recorte dos índices dos pré-candidatos levando em conta sexo, idade, renda, escolaridade dos entrevistados e região onde moram. Dessa maneira, é possível saber que, entre o eleitorado do interior, Garotinho aparece com 26% das intenções de voto, o dobro de Crivella. Entre esses entrevistados, Pezão aparece em segundo, com 14%. Lindbergh tem 12%.

No recorte por faixa de renda, Garotinho atinge 36% entre os eleitores que têm renda familiar de até um salário mínimo. Esse é o maior percentual do pré-candidato do PR entre todos os setores analisados. Crivella aparece com 14%. Entre os entrevistados com renda familiar de mais de cinco salários mínimos, Pezão lidera com 17%. Garotinho, Crivella e Lindbergh têm índices que variam entre 13% e 11%.

Garotinho tem a maior rejeição
Entre os eleitores com nível superior, a liderança fica com Pezão e Lindbergh, empatados com 14% das intenções de voto. Garotinho aparece com ampla vantagem entre os entrevistados que tinham cursado até a 8ª série do ensino fundamental.

No recorte de idade, Garotinho aparece em primeiro entre os eleitores de 16 a 24 anos, com 21% das intenções de voto desse grupo. O pré-candidato do PT, Lindbergh, tem 15% entre os mais jovens, onde está seu melhor desempenho. Crivella apresenta melhor índice entre o eleitorado de 34 a 44 anos, onde atinge 24%. Pezão tem índices homogêneos em todas as idades analisadas. Quando é levado em conta o sexo dos entrevistados, todos os pré-candidatos apresentam percentuais parecidos entre homens e mulheres.

A pesquisa também questionou os entrevistados a respeito dos candidatos nos quais eles não votariam de jeito nenhum. Garotinho tem a maior rejeição (32%), seguido por Cesar Maia (24%), Pezão (18%), Lindbergh (14%) e Crivella (13%). Nessa pergunta, os eleitores podiam responder a mais de uma opção.

O Ibope fez ainda simulações de segundo turno com os nomes dos pré-candidatos. Num cenário de disputa entre Garotinho e Crivella, os dois aparecem empatados com 25%. O deputado e o senador disputam, principalmente, a preferência do eleitorado evangélico e do interior.

Se a disputa fosse com Lindbergh, o pré-candidato do PR venceria com 29% contra 20% do petista. Esses mesmos percentuais são registrados num cenário de segundo turno entre Crivella e Lindbergh, com vitória para o pré-candidato do PRB. Numa eventual disputa com Pezão, Garotinho aparece com 30% contra 20% do adversário peemedebista. Crivella também derrotaria Pezão. Nesse cenário, teria 31% contra 19% do governador, que tenta a reeleição.

Na possibilidade de um segundo turno entre Pezão e Lindbergh, a pesquisa aponta para um panorama de empate técnico. O governador aparece com 23% e o senador, com 22%. Quando ainda eram aliados no estado, os petistas tentavam fazer com que o PMDB retirasse o nome de Pezão da disputa alegando que Lindbergh estava melhor nas pesquisas.

Os números ajudam os partidos a determinar os rumos da campanha, que estará liberada a partir do dia 6 de julho. Pela legislação eleitoral, até o dia 30 os partidos devem oficializar as candidaturas de seus indicados para concorrer ao governo do Rio.

O levantamento traz também, pela primeira vez, uma avaliação da gestão de Pezão à frente do governo do estado. A pesquisa mostra que 40% desaprovam o governo do peemedebista e 33% aprovam. Os que não souberam avaliar ou não responderam ao questionamento somam 27%.

Em outra pergunta sobre a administração do governo, 16% classificaram a gestão de Pezão como ótima ou boa, contra 35 % que disseram ser regular. Outros 29% afirmaram que era ruim ou péssima. Um percentual de 21% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder à pergunta do instituto. O governo de Pezão é pior avaliado na capital, onde 39% dos entrevistados afirmaram que ele era ruim ou péssimo, do que no interior, onde o índice ficou em 20%.

Foram entrevistadas 1.204 pessoas dos dias 7 a 11 de junho. O levantamento está registrado no TRE-RJ com o número RJ-00006/2014.

Na disputa pelo Senado, Cabral tem 26%, Romário 22% e Jandira 20%

• DEM e PR estão sem candidatos; branco e nulos somam 26%

Juliana Castro – O Globo

RIO — Na disputa pelo Senado, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) aparece com 26%, tecnicamente empatado com o deputado federal Romário (PSB), que tem 22%. A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) tem 20%. A pesquisa Ibope foi encomendada pela Federação das Indústrias do Rio (Firjan).

Os votos em branco e nulos somam 26%. Ao todo, 6% dos entrevistados não souberam responder em quem vão votar ou não responderam ao questionamento feito pelo instituto.

Enquanto Sérgio Cabral e Jandira apresentam percentuais semelhantes entre eleitores dos dois sexos, o ex-jogador de futebol Romário tem 30% das intenções de votos entre os homens e 15% entre as mulheres.

Entre os mais jovens, de 16 a 24 anos, o ex-governador alcança um índice que chega a 31%. Cabral tem um percentual bem acima dos demais pré-candidatos entre os eleitores que cursaram até a 4ª série (atual 5º ano) do ensino fundamental (34%), mas, entre os entrevistados de nível superior, tanto Jandira quanto Romário têm um desempenho melhor que o do peemedebista. Ambos aparecem com 24% das intenções de voto.

Outro recorte da pesquisa Ibope permite analisar que Cabral e Romário têm melhores índices entre o eleitorado do interior do que da capital. No caso do ex-governador, a diferença de intenção de voto nas duas áreas é de 15 pontos percentuais (33% no interior contra 18% na capital).

DEM e PR sem candidatos
Com relação à idade dos eleitores, os três pré-candidatos ao Senado têm seus melhores desempenhos em grupos diferentes. Jandira vai melhor entre os que têm mais de 55 anos (24%). Já Romário tem 27% entre os que têm de 35 a 44 anos.

O levantamento feito pelo Ibope ainda não leva em conta os nomes das coligações do PR e do DEM que concorrerão ao Senado porque esses dados ainda não foram revelados pelos partidos.

Cabral concorre na chapa que tem o governador Luiz Fernando Pezão como candidato à reeleição. Romário está na aliança com o PROS, do deputado federal Miro Teixeira.

Jandira Feghali e o PCdoB ainda avaliam a candidatura ao Senado, mas, se for confirmada, a deputada é o nome da chapa do senador Lindbergh Farias (PT).

No Ceará, Dilma opta pelo PROS e deixa Eunício só

• Líder do PMDB ficou sem apoio do PT na eleição para o governo e pode se aliar à oposição

Maria Lima e Fernanda Krakovics – O Globo

Menos de uma semana após garantir o tempo de TV e o apoio do PMDB nacional à sua reeleição, a presidente Dilma Rousseff garantiu ontem ao governador do Ceará, Cid Gomes (PROS), o apoio do PT ao nome que ele indicar para sua sucessão, esvaziando a pré-candidatura do líder do PMDB no Senado, Eunício de Oliveira. Fontes do Planalto revelaram que a decisão foi tomada após o diretório do Ceará, comandado por Eunício, ter sido contabilizado entre os que deram votos contra a aliança nacional do PT com o PMDB, na convenção nacional peemedebista, semana passada. “Ele não entregou o que prometeu”, disseram interlocutores de Dilma. Eunício e o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, deputado Eliseu Padilha (RS), negaram a falta de apoio na convenção.

— Ficou acertado que o PT vai apoiar o candidato de Cid. Só falta definir o nome.

O PMDB de Eunício vai ficar só. Perguntei ao Berzoini e ele me garantiu que o PT não arreda o pé e está fechadíssimo comigo na chapa para o Senado — disse o ex-líder do PT, José Guimarães.

Eunício negocia com PR, PSDB E PSB
Líder nas pesquisas de intenção de votos, Eunício está articulando o apoio de outros partidos da base, como o PR. Ele poderá até ir a palanques de siglas da oposição, com o PSB de Eduardo Campos ou PSDB de Aécio Neves. Já teria conversado com o presidente do PSDB no Ceará, Luís Pontes, para fechar uma chapa com Tasso Jeiressatti ao Senado.

— Eunício é um grande candidato, e essa decisão do PT e do PROS pode empurrá- lo para o palanque das oposições — disse o vice-líder do PMDB, deputado Danilo Forte (CE).

O presidente do PROS, Eurípedes Júnior, que participou do encontro de Cid com Dilma, disse que o governador decidirá o candidato à sua sucessão dois dias antes da convenção nacional do partido, marcada para o dia 24. O escolhido terá o apoio de Dilma na eleição local. Segundo Eurípedes, na audiência de ontem, Dilma foi convidada para a convenção, que será em Brasília.

Dilma fica ao lado de Cid no Ceará e ganha apoio do Pros

Raphael Di Cunto – Valor Econômico

BRASÍLIA - Depois de uma hora e meia de reunião com a presidente Dilma Rousseff ontem, o Pros decidiu formalizar o apoio à reeleição da presidente no dia 24, às 14h, na convenção em Brasília. "O Pros, desde o tempo que foi criado, vem apoiando o governo. Então é natural a coligação com a presidente Dilma e o [vice-presidente]

Michel Temer", afirmou ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, o presidente nacional da sigla, Eurípedes Júnior.

Júnior e os governadores do Amazonas, José Melo (Pros), e do Ceará, Cid Gomes (Pros), estiveram reunidos com Dilma ontem pela manhã e saíram sem falar com a imprensa. Ao Valor PRO, o presidente da legenda disse que Dilma aceitou o convite para ir à convenção no dia 24 e prometeu fazer campanha pelo candidato à sucessão de Cid no Ceará - que ainda está indefinido.

A eleição no Ceará é uma das mais delicadas para a aliança da petista. O PMDB, que na semana passada confirmou o apoio à reeleição de Dilma, vai lançar ao governo o senador Eunício Oliveira, que reivindica a presença da presidente em seu palanque.

"Somos aliados do PT no Ceará. A presidente inclusive vai estar lá na semana que vem para uma cerimônia", disse Júnior. O PT vai indicar o deputado José Guimarães para o Senado na chapa do Pros e deixar o PMDB isolado.

Além de confirmar o apoio de Dilma ao candidato dos irmãos Gomes, a cúpula do Pros também pediu ontem a Dilma que faça campanha pela reeleição de Melo no Amazonas. O PMDB lançou o líder do governo no Senado, Eduardo Braga, como candidato ao governo com apoio do PT.

Dilma não sinalizou o que pretende fazer neste caso e o presidente do Pros vai ter uma reunião com o presidente do PT, Rui Falcão, na quinta-feira para negociar o espaço do partido no Amazonas e em outros Estados. Eurípedes Júnior também se reuniu ontem com Temer, que é presidente licenciado do PMDB, para discutir o cenário regional.

O apoio à presidente Dilma Rousseff vai ter cerca de 90% dos votos na convenção, avalia o líder do Pros na Câmara, deputado Givaldo Carimbão. A bancada se encontrou há cerca de 20 dias para conversar sobre o assunto e apenas o diretório de Minas Gerais foi contra a aliança.

Segundo o presidente do Pros em Minas, deputado Ademir Camilo, a presidente não mostrou consideração pela sigla. "Quando entramos para a base, o Pros não pediu cargos no governo. Mas a Dilma veio e ofereceu um ministério que estava desocupado. Só que passaram seis meses e ela não entregou, mostrou desprezo pelo partido", disse. "Ninguém tinha pedido, então antes não tivesse prometido. Se oferece e não dá, é porque não prestigia de verdade nosso partido."

O Pros ocupa atualmente o Ministério da Integração Nacional com Francisco Teixeira, mas os dirigentes e a bancada não consideram esta uma indicação do partido. Teixeira era secretário-executivo da Pasta e está como interino desde que o PSB, que ocupava o ministério, deixou o governo em outubro. Ele é próximo a Cid Gomes, que também saiu do PSB para apoiar Dilma.

A permanência de Teixeira foi alvo de disputa entre os grupos de Cid e do presidente do Pros, até que o governador afirmou há três semanas que não tinha interesse no ministério. Segundo um deputado do Pros, Eurípedes levaria à Dilma a indicação de um técnico de Goiás - Estado onde mora e pelo qual vai concorrer a deputado federal - para ocupar o posto no segundo mandato.

Fundado em 2013 com ajuda do governo para aumentar sua bancada, o Pros vai render à presidente cerca de 40 segundos de propaganda eleitoral no rádio e na TV.

*José Álvaro Moisés: Falhas do império da lei e suas implicações

- O Estado de S. Paulo

A sensação de muitas pessoas de que o Brasil está vivendo uma escalada de violência sem precedentes associada com protestos e outras formas de manifestação pública acabou de ser confirmada pela ação de membros do Black Bloc no Rio de Janeiro e em São Paulo na tentativa de transformar a Copa do Mundo "num caos", como disseram. O risco tem de ser levado a sério porque os autores da ameaça, embora não sejam ainda aliados, estão procurando o apoio do crime organizado.

O clima vem crescendo desde as manifestações legítimas de 2013, distorcidas, porém, por atos de vandalismo, ataques ao patrimônio público e privado, queima de ônibus, greves selvagens, agressão a policiais e o assassinato de um cinegrafista. A violência deve-se à ação de grupos minoritários como os black blocs e outros, mas também ao discutível desempenho das forças de segurança a quem cabe garantir a lei e assegurar os direitos dos cidadãos, mas que ultrapassam em muitas ocasiões os limites do legal, cometendo excessos inaceitáveis e estimulando o recrudescimento dos protestos.

Em que pese ferir a normalidade democrática e tensionar um período que prenuncia uma disputa eleitoral extremamente acirrada, a situação não tem encontrado uma resposta adequada de parte do Estado e das autoridades públicas. Uma das consequências disso é a crescente percepção de amplos segmentos da sociedade de que, sediando um evento planetário que atrai a atenção do mundo para o Brasil, o País está, contudo, tomado por um "clima estranho". A Copa começou, mas as pessoas não estão seguras do rumo que tudo vai tomar e estão preocupadas com a sua segurança.

O advogado criminalista Arnaldo Malheiros Filho sintetizou uma das faces mais importantes da questão em texto recente: "Um dos piores restolhos do entulho autoritário é essa ideia generalizada de que a democracia é um regime no qual não é necessário cumprir a lei, porque cada um é 'livre' para fazer o que bem entender, pouco se importando se isso vai ou não violar direitos dos outros".

A democracia, contudo, é precisamente o regime do império da lei, em que se espera que as pessoas se submetam às regras de convivência social porque, como ensinou Rousseau, a legitimidade das leis deriva da escolha dos próprios cidadãos, ainda que por intermédio de representantes; mas também porque é na submissão à lei que está a raiz do princípio segundo o qual todos devem receber tratamento igual quanto aos seus direitos, independentemente de diferenças de gênero, cor da pele, condição social, econômica, religião ou ideologia. Ou seja, no Estado Democrático de Direito ninguém está acima da lei, mas, em contrapartida, todos são detentores de direitos e prerrogativas inalienáveis.

A situação é complexa, no entanto, porque, para operar como efetiva proteção de direitos dos cidadãos e, ao mesmo tempo, como controle de abusos e fonte de legitimidade da ação dos responsáveis pela ordem, o império da lei tem de estar consolidado, ser amplamente reconhecido pelas pessoas e visto como justo, sem o que sua eficácia padece e a qualidade do regime democrático é afetada. Por outras palavras, a efetividade do império da lei depende de que as leis sejam claras, prospectivas, amplamente conhecidas, estáveis, baseadas em regras legítimas, aplicáveis a todos e administradas por um Judiciário independente, cujo acesso seja garantido à maioria dos cidadãos.

Para servir de orientação à conduta das pessoas as leis também precisam ser facilmente assimiláveis, sem exigir excesso de conhecimento técnico, e claramente percebidas como guias do comportamento e da convivência social. Isso impõe enormes exigências numa sociedade em que a educação ainda não é um direito universal, e cuja qualidade é muito discutível.

Mais ainda: as leis não podem servir de arma aos governantes ou de proteção aos poderosos, como sugeria a frase atribuída a Vargas: "Para os amigos tudo, para os inimigos a lei"; nem podem servir de abrigo para a impunidade que o ritual infindável de recursos judiciais sugere no caso brasileiro. Elas têm de ser vistas como um anteparo universal, impessoal, a serviço da justiça e da probidade, sob a tutela de tribunais defendidos da influência dos poderosos. No Brasil, no entanto, o descumprimento da lei é um dado da realidade, distorções como a corrupção matam a esperança de que a vida pública se paute pelo interesse público. E, principalmente, o abuso de autoridade, as agressões injustificadas e até mesmo a morte de inocentes por forças de segurança nem sempre são punidas ou vistas como se pudessem ser. Há um sentimento generalizado de que as leis e as regras só se aplicam aos mais pobres e aos desprotegidos.

Isso gera uma cultura de descrença e de desconfiança nas instituições e, ainda que não justifique por nada o uso da violência ou o desrespeito à lei, aponta para a explicação da situação. Uma pesquisa que coordenei recentemente na USP dá pistas para entender o quadro: nada menos que 79% dos entrevistados consideram não haver igualdade perante a lei no País, 64% não têm confiança no Judiciário, 76 % não confiam no Congresso Nacional e 86% não confiam nos partidos políticos. A lei existe para todos, mas a percepção das suas falhas se alimenta da crise das instituições de representação: 45% acham que a democracia pode funcionar sem o Congresso e 46%, sem os partidos. Muitos sentem que não têm meios eficazes de se fazer ouvir, creem que podem fazer justiça pelas próprias mãos ou só têm a violência para se expressar. O resultado é muito perigoso para a democracia.

Resta saber se os que aspiram a dirigir o País vão tratar disso no debate eleitoral deste ano.

*Professor titular da USP, é autor do livro 'A desconfiança política e os seus impactos na qualidade da democracia' (Edusp, 2013)

Merval Pereira: Reescrevendo a História

- O Globo

Reescrever a História é um hábito dos políticos que estão no poder, teimando em fazer valer suas versões sobre o realmente acontecido, especialmente em época de eleição. O ex-presidente Lula é um perito nessa manipulação da História recente, sem se dar conta de que o registro dos fatos, hoje, é bem mais fácil de se fazer.

A agressão verbal sofrida pela presidente Dilma no Itaquerão, deplorável por todas as razões, está sendo usada de maneira desabrida pelo PT e por seus aliados para uma manobra política, como se fosse agressão à mulher e mãe de família, quando em nenhum momento essas condições estiveram em jogo. Ou então à instituição da Presidência da República, o que é uma bobagem.

O próprio Lula, na eleição de 1989, chamava o então presidente Sarney de ladrão, e depois também o presidente eleito Fernando Collor, que também xingou Sarney. O fato de os três hoje serem do mesmo grupo político diz bem sobre o tipo de política que praticam.

No episódio atual, a presidente Dilma passou a ser tratada como uma senhora frágil e desacostumada a essa linguagem, quando ela própria já demonstrou, em reuniões com ministros e empresários, que sabe lidar com esse tipo de problema. Que o digam os ministros que já saíram chorando de seu gabinete depois de uma boa espinafração.

Lula, então, já tem registrado o seu hábito de falar palavrões em situações de diversos tipos, bastando ler o excelente livro “Viagens com o Presidente”, dos jornalistas Eduardo Scolese e Leonencio Nossa.

Outra releitura é a defesa da tese de que o PSDB tentou um golpe em 2005 para tirar Lula do Palácio do Planalto. O PT, por experiência própria, sabe que corre o risco de perder a eleição de outubro, principalmente devido à inflação, e por isso Lula está inquieto, inventando fantasmas.

Revelei em uma coluna de 2008 que relembro agora que, na crise política de 2005 desencadeada pelo mensalão, o que abalava o presidente não era propriamente a crise em si, mas saber que a situação econômica não estava melhorando: a inflação, de 5,69%, embora em queda, continuava alta, e o PIB crescera apenas 2,3% naquele ano, ficando à frente apenas do Haiti na região.

Temos hoje uma inflação que deve estar chegando ao teto da meta de 6,5% na época da eleição, e um crescimento da economia em torno de 1%. Quando, naquele momento delicado de 2005, analisava-se a hipótese de o presidente Lula não concorrer à reeleição, os petistas menos realistas que o rei, como agora, acusavam a “mídia golpista” de trabalhar contra o governo.

O atual ministro Gilberto Carvalho, então secretário particular de Lula, revelou em uma entrevista que a hipótese foi longamente cogitada pela cúpula do governo, que considerava, inclusive, que o impeachment de Lula poderia acontecer. Os então ministros Antonio Palocci e Márcio Thomaz Bastos chegaram certa noite a sugerir ao presidente Lula que fizesse um acordo com a oposição: em troca de poder cumprir todo o seu mandato, abriria mão da reeleição.

Esse desfecho só não se deu porque, de um lado, Lula em nenhum momento perdeu o controle da situação, segundo o relato de Gilberto Carvalho — embora na ocasião houvesse informações de que o presidente tinha fases de bastante depressão —, mas também porque a oposição temeu uma reação dos chamados “movimentos sociais”.

Difundiu-se a imagem, feita pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de que havia o perigo de se criar um “Getulio vivo” com a deposição de Lula, e seria melhor deixá-lo “sangrando” até o fim do governo. Não se sabe se a avaliação de que a deposição de Lula provocaria uma revolta popular estava correta, mas, pelo relato de Gilberto Carvalho, essa hipótese não era levada muito a sério pela cúpula do governo.

Por outro lado, Lula, em vez de “sangrar em praça pública”, recuperou o fôlego, graças à queda da inflação, reduzida para 3,14% em 2006, e a economia melhorou um pouco, com o PIB crescendo 2,9% naquele ano de eleição, permitindo que Lula acenasse com anos melhores, que se concretizaram em 2007, com o PIB crescendo 5,4%.

Mas a inflação dava sinais naquele ano de 2007 de que não estava controlada, ficando em 4,5%, índice que, embora estivesse dentro das previsões do governo, era maior que o do ano anterior. A presidente Dilma não terá tempo para recuperar a economia neste ano, e essa é a principal ameaça à sua reeleição.

Dora Kramer: Quem com ferro fere

- O Estado de S. Paulo

Numa coisa o PT está certo: as manifestações contra o governo em geral, o partido de modo específico e a presidente Dilma Rousseff em particular refletem mesmo um sentimento de forte rancor.

Uma espécie de reverso daquele amor que explodiu em 2002, resistiu às intempéries dos escândalos de 2005/2006, renovou-se de modo mais ameno em 2010 e agora vai ao extremo oposto em forma de exaustão captada pelas pesquisas.

Nada disso torna aceitáveis os insultos dirigidos à presidente na abertura da Copa. Leitores escrevem para dizer que a rudeza vocabular faz parte do espetáculo futebolístico e que ao criticá-la demonstro ausência de familiaridade com o ambiente dos estádios.

De fato. Além disso, nutro especial ojeriza por palavras chulas, talvez por extremo apreço ao idioma de tão variadas e belas possibilidades.

Poderíamos ir em frente considerando o episódio chuva que já choveu se o ex-presidente Lula da Silva não tivesse visto nele uma oportunidade para tentar mais um daqueles contra-ataques em que aponta defeitos no outro sem olhar para o espelho.

O uso de palavrões e termos grosseiros para se referir aos adversários em público sempre foi marca de Lula na oposição e no governo. Fez isso contra presidentes da República, inclusive. E também quando investido na Presidência. Não é, portanto, o professor mais credenciado a dar aulas de etiqueta e civilidade a quem quer que seja.

No tocante ao "ódio de classes" ao qual se referiu para dizer que ali naquele estádio estavam ricos atacando a única pessoa com "cara de pobre" (desde quando?) que havia no ambiente, tampouco é locutor autorizado.

Pois foi ele quem desde o início do governo fez do bordão "nós contra eles" uma hipotética arena de luta de classes mediante a qual haveria uma divisão no Brasil, sendo que o nós" eram todos os que apoiavam o governo (ricos, pobres, conservadores, progressistas) e "eles" os que ousavam discordar.

Foi o PT que adotou durante todo o tempo em que seus governos obtiveram alta aprovação popular um tom francamente agressivo e zombeteiro em relação aos críticos.

Uma palavrinha a mais para encerrar, por ora, o caso do estádio: o ex-presidente no dia seguinte prestou solidariedade à presidente entregando a ela uma rosa branca. Bonito gesto. Mais corajoso e solidário, porém, teria sido se tivesse ido ao jogo de estreia da Copa de que foi o maior patrono para dividir com a criatura os ônus do conjunto de uma obra à qual o País dá fortes sinais de rejeição.

Quanto às maneiras rancorosas, Lula as escolheu como armas de combate. Nem por isso se deve considerar aceitável que população e candidatos de oposição se utilizem de igual falta de modos.

Há mesmo, como dizia no início, uma sensação de repulsa latente no ar. O PT captou isso, fez de conta que o sentimento é coisa da "zelite" mancomunada com a oposição e incentivada pela imprensa e repaginou o slogan do "a esperança venceu o medo", substituindo-o por "a esperança vencerá o ódio".

Bem sacado. Faltando apenas adaptar a segunda parte do roteiro. Lá atrás havia de fato uma esperança, de "mudança". Agora, para dar certo o eleitorado que, segundo as pesquisas, vem perdendo a confiança no governo, precisa ser convencido de que vale a pena ter fé. A questão é: fé em quê?

Por um triz. Houve um momento especialmente tenso na convenção do PSDB, no último sábado. Foi quando o deputado e presidente do partido Solidariedade, Paulinho da Força, em sua conhecida deselegância referiu-se ao coro de insultos no jogo de abertura da Copa contra a presidente Dilma Rousseff.

No discurso de saudação a Aécio Neves mostrou-se tão animado com a grosseria, que por alguns instantes os tucanos temeram que ele pudesse puxar refrão "Ei, Dilma, vai...". O que levaria, na avaliação do PSDB, a convenção a um desastre irreparável.

Eliane Cantanhêde: Eduarmin ou Edualdo?

- Folha de S. Paulo

O grito de guerra da convenção tucana foi "união", mas, em eleições, a prioridade dos políticos é cada um salvar a própria pele.

O foco (de preocupação) estava em José Serra, com os serristas não tucanos (de PPS, PMDB, PSD...) aderindo a Eduardo Campos (PSB), mas isso parece resolvido. Os olhares agora são para Geraldo Alckmin.

Assim como em Minas houve os votos Lulécio e depois Dilmécio contra Serra, também houve o Lulécio contra Alckmin. Se hoje todos dividem firmemente o mesmo projeto de derrotar Dilma e o PT, Alckmin está à vontade para fazer suas próprias coligações, atendendo às suas conveniências em São Paulo.

Não deixa de ser interessante o governador estar, ou ter estado, na corda bamba justamente entre Gilberto Kassab (PSD), que apoia Dilma, e Márcio França (PSB), que está com Campos. Já que Kassab queria o céu e a terra, aliando-se ao PT nacionalmente e ao PSDB estadualmente, a tendência é Alckmin fechar, logo, logo, com França e o PSB.

E aí, como fica? O que são os 40 "comitês conjuntos" de Alckmin e Eduardo Campos? Eduarmin?

A campanha de Aécio fica martelando que não tem nada a ver, que as composições estaduais são assim mesmo, que o candidato está às mil maravilhas com Alckmin e com as articulações no maior colégio eleitoral do país. Ok, mas não custa desconfiar, não é mesmo? Principalmente diante dos precedentes mineiros.

Do outro lado, porém, a coisa não caminha nada melhor. O PMDB deu uma vitória apertada para Dilma e, como PSD, PP, PTB e PR, está dando o tempo de TV para Dilma, que terá um grande "latifúndio" televisivo, mas sem se comprometer com fidelidade nas bases e com palanques nos Estados. Aí, é cada um por si e as pesquisas por todos.

Até a eleição, haverá muita traição e guinadas surpreendentes.

P.S.: O que dizer de uma Copa em que o campeão perde de 5 a 1 e o time do melhor jogador, por 4 a 0?

Luiz Carlos Azedo: Deixa a bola rolar...

- Correio Braziliense

No Maracanã, vaia-se até minuto de silêncio, dizia Nelson Rodrigues; no Itaquerão, em São Paulo, além de vaiar, a torcida xingou a presidente Dilma Rousseff com palavras de baixo calão. A atitude extrapolou o que seria "normal" numa partida de futebol, ainda mais porque o alvo era a presidente da República. Havia muitos chefes de Estado na cerimônia, que foi acompanhada ao vivo por torcedores do mundo inteiro. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva agarrou a vaia com as duas mãos — se é que isso é possível, mesmo no sentido figurado — e interpretou o episódio como declaração de guerra das "elites" que "não têm calos nas mãos" contra o PT e os trabalhadores.

A convenção nacional do PSDB, no sábado, pôs mais lenha na fogueira. O senador Aécio Neves e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante o evento, subiram o tom das críticas ao governo de Dilma Rousseff e ao PT. A resposta de Lula no domingo, na convenção que homologou a candidatura ao governo de São Paulo do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, foi um tom acima. O petista saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff e desceu o sarrafo nos adversários, principalmente em Fernando Henrique, acusando-o de ter comprado os votos do Congresso que aprovaram a reeleição. De quebra, disse que os tucanos tramaram seu impeachment por ocasião do escândalo do mensalão.

Fernando Henrique não deixou barato, ontem repeliu as acusações: "Lamento que o ex-presidente Lula tenha levado a campanha eleitoral para níveis tão baixos. Na convenção do PSDB não acusei ninguém; disse que queria ver os corruptos longe de nós. Não era preciso vestir a carapuça. A acusação de compra de votos na emenda da reeleição não se sustenta: ninguém teve a coragem de levar essa falsidade à Justiça", escreveu em sua conta pessoal de uma rede social.

A vaia tirou o PT do sério, embora Dilma mantenha-se afastada dos estádios; a oposição tira casquinha e avalia que a torcida pela Seleção Brasileira não se traduz em apoio ao governo. E lembra que o ex-presidente Lula já usou de ofensas e palavrões para se referir a dois presidentes da República: atingiu a honra de José Sarney, hoje um aliado de primeira hora; e também ofendeu o presidente Itamar Franco, em 1993.

Confraternização
Imaginava-se que a Copa do Mundo congelaria a disputa eleitoral, com a presidente Dilma Rousseff mantendo distância regulamentar dos jogos e a oposição mergulhada esperando o resultado final do Mundial — todos torcendo para o mesmo lado. Não é o que está acontecendo. Além da tabela dos jogos, existe um calendário eleitoral que movimenta os partidos políticos. As chapas proporcionais e as coligações para as eleições de governador e presidente da República precisam ser formadas até o fim do mês. A luta pelo poder central e nos estados segue o seu curso natural, mesmo com o torneio.

No Palácio do Planalto, há divergências quanto ao procedimento a ser adotado diante da situação. A estratégia de uma presença discreta de Dilma na Copa foi por água abaixo depois do que aconteceu no Itaquerão. Discute-se uma postura mais ofensiva, a partir de uma avaliação de que a vitória do Brasil contra Croácia desencantou a torcida brasileira. A ideia é fazer do limão uma limonada. Pesquisas mostram desaprovação aos xingamentos da torcida e maciço apoio da opinião pública aos jogadores da equipe canarinho. Além disso, as cidades sedes da Copa — apesar dos protestos persistentes, mas residuais — estão em festa com a presença de grande número de torcedores estrangeiros, todos recebidos de braços abertos.

Na verdade, a Copa é um sucesso como evento internacional, seja pela presença expressiva de torcedores de todos os países, seja pelo engajamento da torcida brasileira. Não houve caos nos aeroportos, os torcedores conseguem chegar aos estádios com poucos incidentes. E há uma confraternização geral, que se estende noite adentro. Na primeira rodada dos jogos, o alto nível do futebol praticado destoa da baixaria na nossa política. No momento, o povo não está nem aí para os políticos. Está de olho na Seleção Brasileira. E nas equipes da Alemanha, da Argentina, da França, da Holanda e da Itália, que também despontam como candidatas ao título. É nelas que mora o perigo.

Na primeira rodada dos jogos, o alto nível do futebol praticado destoa da baixaria da nossa política. O povo está de olho na Holanda, na Alemanha, na França e na Argentina

Raymundo Costa: Mensalão volta a assombrar o PT

• Partido avalia que só agora sente efeitos da Ação Penal 470

- Valor Econômico

A três meses e meio da eleição, dirigentes do PT avaliam que nunca antes, desde 2005, os efeitos do mensalão se fizeram sentir sobre o partido como agora, nas eleições de 2014. A situação é atribuída sobretudo ao desgaste produzido pelo julgamento da Ação Penal 470, entre agosto e dezembro de 2012.

Foram 53 sessões do Supremo Tribunal Federal (STF), transmitidas ao vivo pela televisão, que expuseram as vísceras do PT e do governo Lula. Em 2013 foram à pauta os embargos infringentes, sem tanta audiência quanto o julgamento da AP 470, mas o bastante para enxovalhar a imagem do partido mais popular do país. Dirigentes históricos foram presos.

Nas duas eleições realizadas desde então (2006 e 2010), Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito e elegeu Dilma Rousseff sucessora. Ambas decididas no segundo turno. Os efeitos do mensalão foram moderados na eleição para a Câmara, em 2006 - o partido caiu de 91 para 83 deputados, mas se manteve entre os grandes da Câmara.

No período que antecedeu o julgamento da AP 470 - a ação do mensalão -, a direção do PT bem que tentou transformar o escândalo numa página virada. Acabou aprisionada no discurso de que os acusados de participar do esquema tiveram um julgamento político. Não funcionou.

Prova disso é que o presidente do STF e relator da AP 470, Joaquim Barbosa, tocaiado pelo PT durante todo o julgamento, é o segundo mais influente cabo eleitoral do país. Segundo a última pesquisa Datafolha, 36% dos entrevistados responderam que votariam num candidato indicado por Lula, enquanto 26% apoiariam um nome apoiado por Barbosa - a ex-senadora Marina Silva (PSB, ligada ao Rede Sustentabilidade) ficou em terceiro com 18%.

Em algum momento do processo eleitoral de 2014, o PT julgou que poderia eleger uma superbancada para a Câmara dos Deputados. Houve quem falasse em 130 deputados federais. Mas isso foi antes de junho de 2013, quando a presidente Dilma ainda sustentava índices de aprovação na casa dos 57%.

Na esteira do mensalão, o PT perdeu alguns de seus principais puxadores de votos, como José Dirceu, João Paulo Cunha e José Genoino, em São Paulo. O partido agora aposta no ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, para puxar votos no Estado. Mas por enquanto ele é apenas isso mesmo: uma aposta.

Com a queda de Dilma nas pesquisas e Lula no banco de reservas, cada vez com menos chances de entrar em campo no lugar da presidente, o PT se articulou para construir pelo menos uma fortaleza em um dos três maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais e Rio. Se perder a eleição presidencial, o governo de um desses três Estados será importante para a reestruturação do partido. Basta lembrar que São Paulo e Minas é que asseguraram a sobrevivência do PSDB, nesses quase 12 anos de exílio do governo federal.

Não é à toa que o PT comprou uma briga com o PMDB, no Rio de Janeiro. Pelas pesquisas conhecidas, o senador Lindbergh Farias tem hoje tanta possibilidade de se eleger para o governo do Estado quanto seus principais adversários do PMDB (Luiz Fernando Pezão) e do PDT (Anthony Garotinho). Mas quando Lula abraçou o nome de Lindbergh, no ano passado, o PT tinha uma expectativa mais otimista em relação à candidatura do ex-presidente da UNE.

A avaliação sobre as possibilidades de Alexandre Padilha, na disputa pelo governo de São Paulo, também já foi melhor. Ele corre o risco o até de ser largado ao mar, se Paulo Skaf comprovar que pode ser o nome dos partidos aliados no segundo turno.

Em nenhum Estado o PT é o grande favorito. A exceção é Minas, o único dos três maiores colégios eleitorais em que lidera as pesquisas. O que não deixa o PT mais otimista em relação ao futuro de seu candidato, o ex-ministro Fernando Pimentel. Natural. Em Minas, o apoio de Aécio Neves (PSDB) tem tudo para ser decisivo na eleição para o governo.

Dilma foi muito pressionada por uma parte do PT a prestar solidariedade aos réus do mensalão, mas manteve-se à distância, baseada nas pesquisas. Entre partidos aliados do governo, avalia-se que o PT também "puxa" Dilma para baixo, nas pesquisas.

O mensalão é só o eixo. Há o escândalo envolvendo a Petrobras, mais recente, e outros que só agregaram valor à associação feita da imagem do PT com a corrupção. De Erenice Guerra, acusada de tráfico de influência quando Dilma ainda era candidata, ao deputado André Vargas (PT-PR), que não consegue explicar sua relação com o doleiro Alberto Youssef, passando pelas consultorias do ex-ministro Antonio Palocci.

A direção do PT já se deu conta do estrago que o tema corrupção, um dos estandartes das manifestações de junho passado, pode representar nas eleições. A palavra de ordem de Lula é para o partido é dar respostas imediatas às denúncias, como aconteceu recentemente com o deputado André Vargas, "convidado" a se desfiliar do partido (O PT fez isso com Delúbio Soares, no escândalo do mensalão, mas depois readmitiu o seu ex-tesoureiro). Luiz Moura (PT-SP), flagrado numa reunião com um integrante da facção criminosa PCC, foi suspenso.

A questão da corrupção, parece ser mais latente em São Paulo, onde o partido enfrenta outros problemas, como a rejeição à administração do prefeito Fernando Haddad. Impressionam os índices de São Paulo, medidos pelo Datafolha. O secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, ficou particularmente intrigado com as simulações de segundo turno. Dilma perde até para Eduardo Campos, por 43% a 34%. "Estes números não teriam grande significado se na lista de primeiro turno a disputa trouxesse uma informação de razoável equilíbrio", analisa. "Não foi o caso. Na lista plena Campos teve apenas 6% de indicação".

O senador Aécio Neves (PSDB), o candidato no encalço de Dilma, já tenta tirar proveito dessa situação. Numa comparação de sua candidatura com a de Eduardo Campos, o tucano disse que ele é o "adversário histórico do PT". Campos, até bem pouco tempo, convivia sob o mesmo teto com Lula e a presidente Dilma.