quarta-feira, 5 de junho de 2013

OPINIÃO DO DIA – Roberto Freire: liberdade partidária

Dizem que existem muitos partidos políticos no Brasil. Mas você quer limitar o número de partidos? A ditadura fez isso. Qual seria o número ideal? Não é o Estado que deve definir o número de partidos, mas a cidadania.

Nos Estados Unidos, por exemplo, há centenas de partidos, e não apenas os democratas e republicanos, como muita gente imagina. Há, inclusive, a possibilidade de candidatura avulsa

Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente nacional do MD, in, 'Mackenzie em Movimento', da TV Mackenzie, 03/05/2013.

Manchetes de alguns dos principais jornais em circulação

O GLOBO
Tensão fundiária: Governo põe Força Nacional para conter conflito indígena
Imposto zero para atrair dólares
Dilma veta renovação automática em porto
Argentina estatiza empresa brasileira

FOLHA DE S. PAULO
Valério rejeita acordo e esvazia ação contra Lula
Governo Dilma zera tributo para tentar conter alta do dólar
Após índio ser baleado em MS, governo aciona Força Nacional
Indústria reage e tem crescimento acima do esperado
Argentina e Brasil devem prorrogar acordo automotivo

O ESTADO DE S. PAULO
Outro índio é baleado; Dilma manda Força Nacional a MS
Planalto promete liberar R$ 1,5 bi após rebelião da base
Cristina cassa concessão de empresa brasileira
Fazenda muda IOF para atrair capital do exterior
Produção da indústria tem alta de 1,8% em abril
Cresce desmate da Mata Atlântica

VALOR ECONÔMICO
Indecisões sobre áreas indígenas atrasam usinas
Sonegação de impostos é de R$ 349 bi
IOF cai para atrair capital

BRASIL ECONÔMICO
Indústria: Caminhões aceleram o crescimento
Argentina: ALL perde a concessão de ferrovias
Meio Ambiente: Cresce ação de economia energética
Pagamentos: Débito e crédito pelo celular

ESTADO DE MINAS
O feijão salgou
MG lidera no trabalho infantil doméstico

O TEMPO (MG)
Trabalhador poderá faltar para cuidar de filho doente
Governo zera IOF de estrangeiros para conter alta do dólar
Após a reunião com o PMDB, Dilma sofre outra derrota
Câmara aprova projeto de lei sobre criação de municípios
Aprovada minireforma que libera campanha na internet para 2014

CORREIO BRAZILIENSE
Vem mais briga aí
"Prostituta feliz" causa demissão
Feijão: Preço sobe 30% e Ministério da Agricultura aumenta importações com medo da inflação.

GAZETA DO POVO (PR)
Agronegócio é a aposta para garantir alta do PIB
OAB tenta impedir repasse de recursos do TJ ao estado
O futuro dos índios
Sistema prevê ocorrência de desastre natural
Governo zera IOF de investidor estrangeiro
Ministro barra campanha para prostitutas

ZERO HORA (RS)
Dólar alto já eleva preços de viagens e eletrônicos
Maior número de áreas em conflito está no Estado
Tráfico internacional: Cocaína é achada em carregamento de peixe

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Vítimas da seca terão parte da dívida perdoada
Índio baleado

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais em circulação

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Tensão fundiária: Governo põe Força Nacional para conter conflito indígena

Ministro manda 110 homens para Mato Grosso do Sul, onde outro terena foi baleado.

Invasores de Belo Monte vão a Brasília em aviões da FAB; reunião acaba sem acordo.

Horas após outro índio terena ser ferido à bala durante a invasão de uma fazenda, o governo aceitou o pedido do governador de Mato Grosso do Sul e anunciou o envio de 110 policiais da Força Nacional de Segurança ao estado. O prazo para a desocupação da Fazenda Buriti termina hoje e os índios ameaçam resistir. No Planalto, o ministro Gilberto Carvalho recebeu índios que ocupavam a usina de Belo Monte, levados a Brasília em aviões da FAB. Ele disse que Dilma criticou o cumprimento da reintegração de posse em Mato Grosso do Sul.

Força Nacional intervém

Governo anuncia 110 policiais para área de conflito; novo embate em MS deixa índio baleado

Jailton de Carvalho, Luiza Damé

BRASÍLIA – A pedido do governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou ontem o envio de 110 policiais da Força Nacional de Segurança Pública para impedir confrontos entre índios terena e fazendeiros em Sidrolândia, a 72 quilômetros de Campo Grande. Haverá também reforço no efetivo da Polícia Federal no estado. Ontem, um novo conflito entre índios e fazendeiros, desta vez na fazenda São Sebastião, em Sidrolândia, terminou com um índio baleado e três desaparecidos.

O prazo para a reintegração de posse da fazenda Buriti termina hoje de manhã. Na semana passada, a tentativa de retirada dos terenas da Buriti resultou na morte do índio Oziel Gabriel. Numa inflamada reunião no final da tarde com Cardozo, deputados e senadores de Mato Grosso do Sul cobraram do ministro a intervenção até mesmo do Exército na região.

- O governador pediu ao Ministério da Justiça a Força Nacional para atuar na região de Sidrolândia, tendo em vista a elevação do conflito hoje à tarde. O pedido já chegou, e nós deferimos. Amanhã de manhã, já estarão embarcando homens da Força Nacional. Uma parte vai por via aérea e outra parte por via terrestre, num total de 110 homens - disse o ministro Cardozo, após reunião com a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, no Palácio do Planalto.

Para os parlamentares de Mato Grosso do Sul, só as tropas federais podem evitar confrontos armados e derramamento de sangue entre índios e fazendeiros que disputam a posse de terras. Num dos momentos mais críticos do encontro, o senador Waldemir Moka (PMDB), que liderava o protesto, falou em tom exaltado com o ministro.

- Pedimos a presença da Força Nacional ou mesmo do Exército brasileiro. Alertamos que podem ocorrer mortes em profusão. Há um processo de radicalização por parte dos índios. Por parte dos produtores, a paciência está se esgotando. Estão levando os produtores a apontar para um caminho que pode levar a um conflito de dimensão catastrófica - disse o deputado Geraldo Resende (PPS), que participou da reunião.

Os parlamentares fizeram ao ministro relatos dramáticos dos conflitos agrários na região. Disseram que fazendeiros estão fortemente armados e dispostos a defender até à morte as propriedades que, segundo eles, pertencem às suas famílias há três ou quatro gerações. Os parlamentares alegam ainda que alguns índios também estão com armas pesadas.

Exaltado, Moka reclamou que o ministério já tinha sido alertado sobre os riscos de morte, e que qualquer novo incidente seria de responsabilidade do governo federal. Para os parlamentares, o governo estaria sendo leniente no cumprimento de ordens judiciais de retirada de índios. Em meio à pressão, Cardozo argumentou que em situações de litígio, como no caso da fazenda Buriti, o governo depende de decisões judiciais para agir. O ministro explicou ainda que a entrada da Força Nacional ou do Exército na questão dependeria de um pedido por escrito do governador. No mesmo instante, Moka telefonou para o governador e intermediou uma conversa de Puccinelli com Cardozo.

O ministro afirmou que orientou a direção da PF a acertar com a Secretaria de Segurança Pública o reforço no efetivo em Mato Grosso do Sul:

- Portanto, além de 110 homens da Força Nacional, que ficarão sob o comando do governo do estado, vamos encaminhar uma elevação do efetivo da Polícia Federal, a partir do entendimento de que estamos fazendo com a Secretaria de Segurança Pública - afirmou.

Amanhã à tarde, Cardozo deverá se reunir em Brasília com representantes dos terenas. A expectativa dele é esclarecer o papel do governo na disputa pela terra e, a partir daí, tentar pôr fim ao impasse. Para Cardozo, o prazo para desocupação da Buriti começaria a ser contado depois da notificação dos índios. Cardozo não informou se os índios foram avisados formalmente sobre a ordem judicial.

Fonte: O Globo

Planalto promete liberar R$ 1,5 bi após rebelião da base

Após "rebelião" comandada pelo PMDB, o Planalto promete liberar, na segunda quinzena do mês, R$ 1,5 bilhão em emendas individuais para parlamentares. Essa será a primeira parcela de 2013 e o montante é 50% maior do que o prometido durante votação da MP dos Portos. Outra liberação de recursos deve ocorrer em meados de julho, quando o Congresso vota a Lei de Diretrizes Orçamentárias. A divisão dos recursos não foi definida. Cada congressista tem direito a R$ 15 milhões em emendas individuais.

Base espera R$ 1,5 bilhão para emendas

Após a rebelião no Congresso, partidos receberam sinalização do governo de que recursos para bases eleitorais serão liberados até julho.

Erich Decaí

BRASÍLIA - Depois do ensaio de rebelião capitaneado pelo PMDB, o Planalto iniciou uma operação para aplacar a insatisfação da base. O Congresso obteve sinalização de que serão liberados cerca de R$ 1,5 bilhão em emendas individuais aos parlamentares. A previsão é que isso ocorra na segunda metade de junho.

Os critérios de divisão dos recursos devem ser definidos pelo Planalto até o fim da semana, segundo o Estado apurou. Pressionada pela base, Dilma se reuniu com os presidentes do Senado, Renan Galheiros (PMDB-AL), e Henrique Alves (PMDB-RN).

A estimativa de liberação é 50% maior do que o governo sinalizou no debate da MP dos Portos que expôs o desgaste na base. Essa será a primeira parcela de emendas autorizadas em 2013 pela equipe econômica do governo. Uma segunda parcela deve ser distribuída em meados de julho quando os deputados e senadores se reúnem para votar o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Entre as dúvidas por parte do governo na partilha está, por exemplo, se o tratamento ao PSD será de aliado ou oposição.

Também está incerto o montante que será destinado aos representantes dos partidos de oposição como PSDB, DEM e MD.

Há também indefinição em relação ao PMDB. Embora o partido seja considerado o principal aliado do governo no Congresso, integrantes da cúpula da sigla passaram a dizer que não fazem questão do recebimento das emendas. "Não estou preocupado com isso", disse o líder da sigla na Câmara,

Eduardo Cunha (RI). "Não vai ser emenda que vai resolver. É a política que o governo tem que fazer", acrescentou o vice-líder, Danilo Fortes (CE).

PEC. Por trás do desdenho dos peemedebistas está a pressão para se aprovar ainda neste semestre a proposta de emenda à Constituição que impõe ao governo a execução de todas as emendas dos parlamentares.

Hoje, cada um dos 593 congressistas tem direito a R$ 15 milhões em emendas individuais.

A discussão da PEC é capitaneada pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves(PMDB-RN), que, apesar das críticas da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, diz não abrir mão de votá-la.

Na reunião com a cúpula peemedebista, Dilma teria concordado em enviar o novo Código de Mineração ao Congresso como projeto de lei em caráter de urgência, e não medida provisória, segundo Renan e Alves. Seria uma forma de apaziguar os ânimos dentro da base, mas a tática acabou criticada pois teria efeito prático nulo.

Outra queixa é que não vai adiantar mudar a forma de envio das propostas se o governo não aceitar mudanças no texto original. "O gesto ajuda, mas vamos aguardar para ver como o governo vai se comportar na hora de negociar alterações no texto", disse o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS).

O líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), considerou a mudança no tratamento dos projetos um passo para ampliação do diálogo dentro da base. "Com um projeto de lei abre-se um caminho para discussão."

R$ 15 milhões é o valor em emendas individuais a que cada um dos 513 deputados e 81 senadores tem direito no Orçamento da União.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Após a reunião com o PMDB, Dilma sofre outra derrota

Presidente retoma diálogo com a base, promete reduzir número de MPs, mas não vence a batalha

BRASÍLIA - Não durou um dia a reconciliação entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o PMDB. Após encontro na noite desta segunda entre a petista e a cúpula peemedebista, que, em tese, serviria para selar o compromisso do PMDB com o governo, o aliado deu novo sinal de desgaste e, mais uma vez, não votou uma Medida Provisória (MP) considerada importante pelo governo.

Ontem, a Comissão mista que analisa a MP 609 suspendeu a sessão sem apreciar a matéria. Dessa forma, a análise do parecer do deputado federal Edinho Araújo (PMDB-SP) foi adiada e uma nova reunião marcada para amanhã.

Araújo chegou a ler seu relatório sobre a MP, que desonera itens da cesta básica. No parecer do peemedebista, foi incorporado o texto de outra Medida Provisória, a de número 605, que permite o uso de recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para baixar o preço da energia.

Essa manobra visa permitir a redução das tarifas de energia elétrica, mesmo com o fim da validade da MP 605, cujo validade se esgotou nesta segunda-feira. “A desoneração da conta de energia elétrica associa-se ao esforço pelo alívio de pressão fiscal sobre a economia e sobre as famílias”, justificou Araújo.

Crise. Durante a reunião entre a presidente Dilma e os caciques do PMDB, a petista se comprometeu a mandar menos MPs ao Congresso e encaminhar o novo marco regulatório da mineração em forma de projeto de lei em regime de urgência. Inicialmente, o governo pensava em enviar a proposta em forma de MP.

“Ficou estabelecido que a presidente vai mandar a proposta do marco regulatório da mineração por projeto de lei com urgência, e vai discuti-lo antes de mandar ao Congresso, o que achamos muito bom”, disse o presidente do Senado Renan Calheiros.

Renan disse ainda que, durante o encontro, não houve conversa sobre as relações tensas entre PMDB e governo e que as discussões foram apenas institucionais. “Está tudo em paz, porque nós não estávamos lá como representantes do PMDB”, declarou Renan, deixando nas entrelinhas que a situação partidária é complexa. “Não nos competia discutir sobre coordenação política ou MPs porque são competências do Poder Executivo.”

Fonte: O Tempo (MG)

Ministro se desdiz sobre acatar ordem judicial

Pressionado por lideranças indígenas, o ministro-chefe da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, deu ontem declarações contraditórias que expuseram a tensão dentro do governo.

Para uma plateia de 140 índios de nove etnias, o ministro afirmou que a presidente Dilma Rousseff censurou o ministro da Justiça,José Eduardo Cardozo, por ele ter autorizado a ação da Polícia Federal. Ao cumprir a reintegração de posse em Sidrolândia, Mato Grosso do Sul, a ação levou à morte do terena Oziel Gabriel, de 35 anos.

Na explicação do ministro, a presidente entendia que esta ordem de um juiz de primeira instância não deveria ser cumprida porque poderia levar a confronto e morte. "Nós sabemos o erro que foi essa... desgraça dessa morte desse companheiro terena. Agora, quando um juiz de 1.a instância mandou a reintegração de posse a presidente falou para o ministro que "não devia ter obedecido" porque para fazer uma operação como aquela lá fatalmente poderia dar em uma morte. Infelizmente deu e nós não queremos isso", disse o ministro.

Depois do encontro, Carvalho recuou. Ele afirmou que "o governo jamais pode falar em não cumprir (ordem judicial)". "O que o governo pode fazer", afirmou, "é um processo de diálogo com o juiz local e, depois de esgotar os recursos, fazer o cumprimento da maneira mais bem preparada possível, para evitar esse conflito". Preocupado com a repercussão de sua fala, Carvalho emendou: "Quero deixar bem claro, decisão judicial a gente cumpre". O ministro esteve por mais de três horas com índios que invadiram as obras da usina de Belo Monte, no Pará, na semana passada. O governo mandou buscar os índios em dois aviões da FAB.

Fonte: O Estado de S. Paulo

PMDB continua insatisfeito

A promessa da presidente Dilma Rousseff de mandar menos medidas provisórias ao Congresso agradou aos presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mas não resolveu o problema do Planalto com seu principal aliado nas duas Casas. Os peemedebistas não ficaram satisfeitos com o resultado do encontro intermediado pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB) na noite de segunda-feira, no Palácio do Planalto. A avaliação da bancada é de que as três lideranças do partido não defenderam as reivindicações dos correligionários e a presidente saiu sem ter de responder às demandas da legenda. Hoje, a complicada relação entre PMDB e Planalto ganha um novo capítulo. Ontem à noite, Dilma sancionou a MP dos Portos e, embora não tenham sido divulgados os vetos, a expectativa era de que um dos trechos acordados com os peemedebistas seria cortado do texto.

De olho na harmonia com a base no Congresso, um dos objetivos de Dilma ao se encontrar com os líderes peemedebistas era exatamente acalmar os ânimos do principal aliado. A insatisfação do PMDB com o Planalto dificultou, por exemplo, a tramitação da MP dos Portos, que foi aprovada poucas horas de caducar, graças a um acordo com o líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). A chamada emenda "tio Patinhas" torna facultativa a prorrogação dos contratos de arrendamento firmados com base na Lei dos Portos, de 1993, por uma única vez. O governo não concordava com o texto, mas fez acordo para conseguir a aprovação da MP que moderniza o setor portuário.

A previsão, no entanto, era de que o trecho seria vetado. Ontem, o Planalto informou que o texto seria publicado hoje no Diário Oficial da União, mas não divulgou as alterações feitas por Dilma. "A presidente tem o direito constitucional de fazer os vetos que quiser", diz o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). Embora demonstrem entendimento quanto ao possível veto, os peemedebistas contabilizam queixas ao governo. "Poder não é esperar liberação de emenda, é ter a capacidade de definir políticas públicas e executá-la. Com relação a isso, o PMDB continua em posição desprestigiada", reclama Danilo Forte (PMDB-CE).

No Senado, Renan deixou de votar a medida provisória que reduz a conta de energia — uma das principais bandeiras do governo federal — sob o argumento de que chegou à Casa com menos de sete dias para perder a validade. Nos bastidores, a resistência para levar a proposta ao Plenário foi resultado de uma discussão com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que o pressionou a votar. Sobre a dificuldade de articulação do governo com o Congresso, Forte resume: "Tem que fazer política até com adversários, imagina com aliados".

"Essa reunião com a presidente Dilma foi anunciada com estardalhaço. Os três foram lá, mas não falaram sobre as queixas do PMDB. É lógico que não era a presidente que ia puxar o assunto. A bancada está bastante insatisfeita com o resultado do encontro", relata um cacique peemedebista. Os deputados e senadores do PMDB queriam que os líderes da legenda na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e no Senado, Eunício Oliveira (CE), tivessem participado da reunião no Planalto. "Não há data para uma conversa com eles. Mas se a presidente pretende resolver o problema com a legenda, deve chamar os líderes para a conversa e não os representantes das instituições", disse.

Mineração

Em defesa de Renan, Henrique e Temer, um correligionário diz que os três não falaram sobre as queixas do partido justamente para não "desrespeitar" a liderança de Cunha e Eunício. Os presidentes das Casas saíram com a promessa de que a presidente mandará menos MPs para o Congresso. O Código da Mineração, um dos próximos projetos de interesse do governo federal, será enviado como projeto de lei com urgência constitucional. Nesse tipo de tramitação, a Câmara tem 45 dias para votar a matéria e o Senado, outros 45. "A presidente Dilma foi bastante solícita. Ela quer ajudar essa "harmonia" (com a base aliada) pessoalmente", disse Henrique Eduardo Alves.

Ontem, Henrique e Renan anunciaram a promessa da presidente como uma grande vitória do legislativo. "O que ficou certo foi de que ela mandará o marco regulatório da mineração por projeto de lei com urgência. Achamos isso muito bom. Ela vai discutir com os líderes partidários antes de mandar o projeto de lei para o Congresso, o que é uma boa prática", disse Renan, acrescentando que Dilma o respeitou por não ter colocado a MP da energia em pauta. "Aquele era um compromisso que tinha que ser honrado."

"Poder não é esperar liberação de emenda, é ter a capacidade de definir políticas públicas e executá-la. Com relação a isso, o PMDB continua em posição desprestigiada"
Danilo Forte (PMDB-CE), deputado federal

Fonte: Correio Braziliense

Remendos à lei eleitoral

Entre as alterações para o ano que vem, está a liberação das redes sociais. Já a proposta de flexibilizar a Lei da Ficha Limpa foi adiada e só será apreciada para valer na disputa de 2016

João Valadares e Amanda Almeida

BRASÍLIA – Projeto que prevê modificações na legislação eleitoral para serem aplicadas no ano que vem deve ser levado ao plenário da Câmara na semana que vem. É um pacote que flexibiliza vários pontos, como a utilização das redes sociais pelos candidatos antes do período oficial de campanha. O político poderá se declarar candidato e até pedir votos. Mas, em sites de conteúdo, não será permitida a campanha. "Vamos tratar redes sociais como extensão do escritório. Só me aceita quem quer e só aceito quem eu quero. Portanto, está 100% liberado. Posso entrar na minha rede social e dizer que vou ser candidato e pedir que vote em mim. Não posso ser punido por isso", alegou o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), coordenador do grupo de trabalho.

Após o bombardeio de críticas dos mais diversos setores, Vaccarezza recuou na tentativa de modificar dispositivo da Lei da Ficha Limpa que beneficiaria maus gestores reprovados pelos tribunais de contas. O parlamentar afirmou, na semana passada, que a proposta de lei complementar estava pronta e seria levada ao colégio de líderes. Ontem, mesmo afirmando que o ponto em questão é inconstitucional, comunicou, após a reunião com os representantes partidários, que a modificação, agora, será debatida apenas no próximo ano. Só passará a valer, se aprovada, nas eleições de 2016.

Além da liberação das redes sociais, pode ser aprovada mudança em relação à cassação do vencedor das eleições. A legislação atual prevê, nesse caso, a nomeação do segundo colocado. O grupo de trabalho deseja que uma nova eleição seja convocada. "Se ocorre uma cassação por um processo eleitoral, assume o derrotado. Derrotaram dois. O povo escolheu. Isso é extremamente antidemocrático, porque o povo não o escolheu para ser o segundo. O povo derrotou esse candidato. Estamos prevendo novas eleições. É trabalhoso, é mais caro, mas tem que ser assim", comentou.

Há outras flexibilizações (veja quadro). Quando o candidato for cassado, os votos recebidos por ele continuam para a legenda. Em relação à quitação eleitoral, o candidato deverá apenas comprovar que votou. Hoje, a Justiça Eleitoral exige que ele também apresente suas contas. "Acho que a quitação eleitoral é o cidadão votar. Se ele tiver problemas com a conta, ele vai pagar por esse problema. Nossa ideia é fazer um código eleitoral moderno", explicou o deputado petista.

Se essa proposta for aprovada, o Ministério Público Eleitoral (MPE) terá legitimidade para recorrer nos processos em que é parte e naqueles em que atua como fiscal da lei. Hoje, a instituição só pode acionar a Justiça se tiver entrado com pedido de impugnação do registro. Haverá também um prazo-limite para um candidato retirar a candidatura. No ano passado, alguns fichas-sujas mantiveram a candidatura até o dia anterior às eleições.

Polêmica Após a reunião de líderes, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) afirmou que o partido não concordou com a proposta de mexer na Lei da Ficha Limpa. No dia anterior, demonstrando irritação, Vaccarezza declarou que todos os colegas tinham aceitado e que não havia nenhuma polêmica. "Ninguém aceitou mexer na Lei da Ficha Limpa", disse o líder do DEM.

Mesmo com o recuo, o petista defendeu a alteração. Ele declarou que a modificação não significa um abrandamento da lei. "Minha ideia – que não está aqui e vai estar no próximo (projeto) – é que o Tribunal de Contas é uma corte de contas. Não é parâmetro para decisões definitivas. Decisão definitiva é parlamento e Judiciário. O cidadão só pode ser inelegível se ele teve suas contas rejeitadas pelo Judiciário ou pelo parlamento", afirmou Vaccarezza. Ele ironizou o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que havia dito que as alterações significariam um retrocesso histórico: "Quero ver, agora, o Pedro Simon não votar o meu Código Eleitoral".

Mudanças previstas

Confira as propostas em discussão no Congresso

Podem ser aprovadas para valer em 2014

» Para a quitação eleitoral, o candidato precisará apenas comprovar que votou. Nada além disso. Hoje, ele deve também apresentar as contas.
» Se houver cassação, ocorrerá uma nova eleição para decidir quem assume a vaga. Hoje, o segundo convocado é nomeado.
» Haverá um prazo-limite para um candidato retirar a candidatura. No ano passado, alguns fichas-sujas mantiveram a candidatura até o dia anterior às eleições, quando foi colocado outro candidato no lugar. Assim, o eleitor votou em um pensando que estava votando em outro.
» O político poderá dizer que é candidato a qualquer momento. Só não poderá fazer campanha, pedir voto e arrecadar dinheiro.
» Nas redes sociais, o político poderá se declarar candidato e pedir votos. Mas, em sites de conteúdo, não será permitida a campanha.
» Quando o candidato for cassado, os votos recebidos por ele continuam
para a legenda.
» O MPE terá legitimidade para recorrer nos processos em que é parte e naqueles em que atua como fiscal da lei. Hoje, o Ministério Público só pode entrar no caso se o próprio órgão tiver pedido a impugnação do registro.

Alterações que podem valer a partir de 2016

» Caberá às casas legislativas a palavra final sobre os prefeitos que ordenam despesas e foram reprovados pelos tribunais de contas. Hoje, a Lei da Ficha Limpa determina que ordenadores de despesas reprovados pelos órgãos fiscalizadores tornam-se inelegíveis por oito anos.

Fonte: Estado de Minas

Eduardo reclama da pressão sobre o PSB

Sem citar nomes, socialista mostra-se irritado com a cobrança para que o seu partido decida desde já se terá ou não candidatura, antecipando o debate eleitoral

Débora Duque

Sob os olhares do ministro da Integração Fernando Bezerra Coelho, o governador Eduardo Campos resgatou o discurso de unidade do PSB e também reivindicou o direito de a legenda de conduzir o debate sobre a possibilidade de lançar uma candidatura própria na eleição presidencial. Sem citar nomes, ele classificou como truculenta a pressão exercida por algumas siglas para que o PSB decida, desde já, a posição que adotará em 2014.

"Por que o PSB não tem o direito (de discutir candidatura própria)? Por que temos que definir amanhã? Por que essa truculência? Isso é um direito democrático. Podemos fazer esse debate e, no momento em que o PSB entender ser correto, vamos consultar os fóruns partidários e discutir", disse Eduardo, demonstrando irritação.

Indagado sobre as últimas manifestações de Bezerra Coelho em favor do apoio do PSB à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), Eduardo tratou com naturalidade a divergência interna. Disse que no momento certo o partido vai tomar uma posição e todos seguirão. "Unidade não quer dizer que todo mundo está de acordo sobre tudo. Existe no PSB quem defenda candidatura própria, quem defenda ficar com Dilma e outras coisas também. Quando tirarmos uma posição todos vão ficar juntos, os que ganharem e os que perderem", disse, sob o olhar silencioso de Bezerra.

Como exemplo de unidade partidária, Eduardo citou a eleição de 2010, quando o PSB rifou a postulação do ex-ministro Ciro Gomes para apoiar Dilma. No segundo turno, Ciro coordenou a campanha da petista. Hoje, ao lado dos governadores Camilo Capiberibe (AM) e Renato Casagrande (ES), ele integra o grupo dos socialistas que defendem, publicamente, a manutenção do apoio à petista.

Eduardo, no entanto, minimizou o impacto dessas dissidências. "Conheço o partido. Estou nele há mais de 20 anos. Sei como ele funciona e como vai ser tranquilo esse processo. Falo com essas pessoas diariamente", afirmou. Novamente sem citar nomes, o governador disse que a altivez do PSB no debate presidencial incomoda algumas legendas. "Isso faz com que alguns queiram interferir na vida de outros partidos. Não funcionamos assim. Aliás, rejeitamos essa cultura".

Reunião

Eduardo recebeu convocação para participar, amanhã, de uma reunião com a ministra Gleisi Hoffman. Na pauta, o esquema de segurança dos Estados do Nordeste que sediarão jogos da Copa das Confederações.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

De olho no STF, Rede de Marina faz mobilização

Reta final. Supremo julga liminar sobre restrição de direitos aos novos partidos no mesmo dia que legenda tentará atingir 500 mil assinaturas

428 mil eleitores já assinaram a petição declarando apoio à criação do novo partido Rede Sustentabilidade.

O projeto da ex-senadora Marina Silva de disputar a Presidência da República nas eleições do ano que vem, enfim, avança. A almejada assinatura de número 500 mil, suficiente para o registro do partido Rede
Sustentabilidade na Justiça Eleitoral, deverá ser alcançada hoje, durante mobilização
em São Paulo.

Caso sejam alcançadas as 72 mil assinaturas que faltam, a intenção da Rede é registrar o partido no
TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na segunda quinzena do mês.

Oficialmente, o evento é uma celebração ao Dia do Meio Ambiente, mas coincide com uma decisão que poderá definir os destinos da nova legenda. O STF (Supremo Tribunal Federal) julgará a liminar concedida em abril pelo ministro Gilmar Mendes que paralisou o projeto que restringe direito aos novos partidos. A cota do fundo partidário e de tempo de propaganda eleitoral seriam reduzidos, o que poderá provocar um desestímulo para que alguns políticos mudem de legenda, como é o anseio de Marina em busca da consolidação do projeto político.

A expectativa é de que a nova regra seja derrubada no STF. Com isso, o projeto, já aprovado pela Câmara, também não deve ter dificuldade para passar pelo Senado.

Marina já adiantou que ingressará novamente com uma ação no Supremo para suspender a aplicação da regra

Fonte: Jornal Metro (Rio)

Comissão da Verdade quer localizar corpo de Davi Capistrano

A localização do corpo do ex-deputado do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em Pernambuco David Capistrano, preso e esquartejado em março de 1974, ainda é um desafio da Comissão da Verdade de Pernambuco. O colegiado realizou uma audiência pública na manhã desta terça-feira (4) com familiares e membros da legenda de esquerda. Duas versões já conhecidas sobre o destino dos restos mortais do militante de esquerda foram apresentadas, mas não houve nenhum documento ou depoimento que solucionasse o caso. A filha do comunista, a pedagoga aposentada Cristina Capistrano, porém, forneceu uma prova de que seu pai foi preso na tentativa de voltar ao país naquele ano, depois de uma breve estada na Europa.

O ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) Cláudio Guerra defende que o corpo de Capistrano foi incinerado numa usina do Rio de Janeiro. Já o livro “Sem vestígios” (Ed. Geração Editorial), da jornalista Taís Morais, apresenta documentos e relatos que sustenta a versão de que o corpo foi jogado num rio. As duas versões, porém, entram em consenso num seguinte ponto: o ex-militante teria sido morto na chamada Casa da Morte em Petrópolis (RJ). Além da tortura, seu corpo teria sido esquartejado. Representando os familiares, Cristina apresentou um documento que ajuda a comprovar a prisão de seu pai em 14 de março de 1974. Ela sustenta, para chegar ao país, ele teria chegado pela região Sul, sendo preso na cidade de Aquidauana, no estado do Mato Grosso do Sul.

“Pelo que sabemos, ele antes de ir para a Casa da Morte, em Petrópolis, ele foi interrogado nas sedes dos Centros de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi) dois estados. Há registros que algumas malas deles foram apreendidas lá. Ele estava com uma com livros e outra com lembranças, presentes da viagem”, comentou Cristina, que também contou um pouco da perseguição sofrida pela família durante o período. Em abril de 1964, sua mãe, Maria Augusta de Oliveira, e o irmão, David Capistrano Filho, menor de 14 anos, foram presos e interrogados para apontar o paradeiro do marido e pai.

Cristina, posteriormente, foi presa pelo Doi-Codi do Rio de Janeiro, em 1971. “Eu fui colocada numa geladeira. Lá a gente não podia abrir os braços porque o espaço era muito pequeno. Eles colocavam o chão de borracha para a gente não grudar os pés. Eu sou uma testemunha viva que havia tortura ali”, disse emocionada. A Comissão deve dar prosseguimento ao caso do ex-deputado junto aos casos dos militantes do PCB, reunidos numa relatoria específica.

Fonte: Diário de Pernaubuco

Na véspera das respostas certas - Rosângela Bittar

Este não é o melhor momento para manobras radicais, guinadas bruscas ou decisões de peso que alterem o rumo da vida política de qualquer um, muito menos do candidato favorito para vencer eleições majoritárias, melhor situado e com mais recursos. É um momento nebuloso do calendário eleitoral, hora de pisar leve e evitar turbulências.

Estamos em junho, o primeiro semestre praticamente no fim, julho é um mês de férias, meio parado, de negociações nas bases eleitorais. A volta à proximidade das decisões, em agosto, já colocará a todos na circunstância de enfrentar o compulsório setembro, quase outubro, quando todos se defrontarão com o prazo de filiação partidária para as eleições do próximo ano, a arrumação, o novo partido, a refiliação ou filiação a ele, de forma que, dentro de três meses, as eleições de 2014 ficarão melhor delineadas. Portanto, estamos às vésperas de ter as principais perguntas sobre a sucessão presidencial e as disputas estaduais, alianças e reforços, respondidas.

O calendário responderá a isso até meados do segundo semestre. Não foi por essa evidência, porém, denotando óbvia perda de tempo e desgaste dispensável, mas por pesquisas que apontavam problemas sérios na candidatura de Dilma Rousseff à reeleição, que a intensidade da disputa mudou.

Inação do governo repõe Lula nas projeções de 2014

A refrega, com o entusiasmo e o nervosismo que vinha crescente, entrou em compasso de espera por algum tempo. Primeiro, por obra do campo adversário do PT. O partido se fixou na candidatura Eduardo Campos, do PSB, para demoli-la, tentou de todas as formas demovê-lo precocemente da disputa e forçar sua aliança com Dilma. Mobilizou a divisão interna, incentivou os dissidentes do governador de Pernambuco, pautou a campanha dos adversários mas a cautela de Campos preponderou. Adiou, desde o início da discussão, suas definições para o ano que vem, foi baixando o tom e a bola, e agora quem ficou sem escada foram os renitentes da campanha contra.

Não são conhecidas as pesquisas, internas, que exigiram mudança na postura da candidatura petista à sucessão presidencial, portanto não se pode explicar as revelações contidas nos resultados, mas já serviram para frear a avalanche de atos de campanha que estavam dominando a ação do governo.

A antecipação da campanha da presidente como candidata à reeleição, além de paralisar o governo, colocou-a exposta às intempéries do que faz movimento no eleitorado: a economia.

Conflitos de terra, massacres, gestão ineficiente, maus tratos em pronto-socorro, greve no serviço público, tudo isso influencia os índices de popularidade se forem fatos negativos com permanência prolongada ao eleitorado. Criam um clima negativo, que ajuda a transmitir a ideia de inação do governo, baixa qualidade da administração.

Mas o que mexe de fato com o humor da população, com seus sentimentos, são os resultados negativos da política econômica. Principalmente a inflação e o desemprego.

Como não tem desemprego, mas há uma inflação que se traduz em alta de preços de produtos importantes, inclusive da cesta básica, que atingiu principalmente os baixos salários e as mulheres, como teria indicado a pesquisa de que o governo tem posse, essa seria a razão da inflexão na curva descendente de avaliação da presidente e do governo.

A candidata à reeleição teria não apenas apoiado o Banco Central na decisão de elevar os juros acima da expectativa como recomendado que seu presidente, Alexandre Tombini, desse demonstrações claras, em entrevistas a "Veja", "Folha de S.Paulo" e "Jornal Nacional" da TV Globo, que estava no comando da política de controle firme da inflação.

O adversário Eduardo Campos já estava recolhido, desconhecendo provocações, mas o adversário Aécio Neves, do PSDB, aproveitou o discurso que lhe foi oferecido gratuitamente pelo governo que acusou de leniência com a inflação que atinge e prejudica os mais pobres. Por mais de mês o provável candidato do PSDB à disputa com Dilma teve o que dizer não apenas na convenção que o elegeu para presidir o partido, como na série de programas do horário eleitoral gratuito que se seguiu à sua investida no cargo. Aécio vem falando aos que estão na faixa onde a implosão do poder aquisitivo é mais cruel.

O tema do recrudescimento da inflação sensibilizou o eleitorado, obrigando o tempo eleitoral, sobretudo o do governo que pretende reeleger-se, a adequar-se ao calendário.

A candidata Dilma tem aparecido ao eleitorado com uma campanha mais discreta agora, menos agressiva do que a conduzida até maio. Como, aliás, já estava o candidato Eduardo Campos, que insiste ser este um problema para 2014. O candidato Aécio Neves aproveitou a deficiência do governo para erguer seus primeiros motes eleitorais. E a candidata Marina Silva, ainda concentrada na formação do seu partido, avançou bastante na tarefa adequada ao momento, pois tem limites de prazo.

Só para a candidata favorita, com os melhores instrumentos e navegando até agora em mar absolutamente calmo, a antecipação da campanha, uma iniciativa do seu partido e do seu padrinho político e eleitoral, não funcionou. Talvez porque essa seja uma estratégia boa para quem está sem mandato, fora do cargo, especialmente do Executivo. A chefe do governo, apenas na metade do mandato, tem um país a conduzir, um projeto de governo a executar. Os riscos para sua reeleição são a inflação, o desemprego, as greves, a inépcia de alguns órgãos de governo que trabalham no limite da incompetência. Situação diferente daquela que tinha quando foi lançada candidata a presidente, no primeiro mandato, quando esses problemas não estavam na sua caixa de responsabilidades.

Em quatro meses o ex-presidente Luiz Inácio da Silva foi de lançador precipitado da candidatura Dilma, para afastar desde logo a especulação sobre sua própria candidatura em 2014, ao posto de novamente candidato diante do estrago verificado na gestão do governo. Era, no fim e ao cabo, o que todos queriam?

Fonte: Valor Econômico

Aproximações - Merval Pereira

A sensação no Congresso é a de que a presidente Dilma está compreendendo melhor a dinâmica de relacionamento com os parlamentares depois de o governo ter tido que suar a camisa para aprovar a MP dos Portos e visto caducar outras com medidas importantes para seu projeto, como a redução das tarifas de energia elétrica e diversas isenções fiscais.

A reunião que teve com os presidentes da Câmara e do Senado demonstraria uma disposição de dialogar que até o momento não fora detectada pelos políticos. Mais da metade do mandato passada, a presidente Dilma ainda não encontrou um ponto de equilíbrio entre sua maneira autoritária de comandar e a maneira de fazer política, que exige uma flexibilidade que ela não tem.

Premida pelos problemas econômicos e pela campanha de reeleição - antecipada por sua vontade de cortar pela raiz um movimento "queremista" que ainda persiste no PT e nos partidos aliados, que preferem Lula a ela em 2014 -, a presidente está tendo que rever conceitos para conseguir consolidar seus apoios políticos.

A síntese dessa relação conturbada pode ser feita na simplificação: Dilma não gosta de políticos, e estes não confiam na presidente. Mas ambos dependem uns dos outros para continuarem no poder. Dilma não tem alternativa, precisa manter sua base aliada unida, mas os partidos têm opções mais palatáveis, como o senador Aécio Neves, do PSDB, ou o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Os dois são políticos longamente conhecidos por seus pares e que já deram mostras de conhecer bem os desvãos das negociações políticas.

O que as pesquisas de opinião mostram, no momento, é que a popularidade da presidente continua alta, mas é vulnerável aos efeitos da inflação, por exemplo. Por isso, com um ano antes do previsto, nenhum dos partidos pretende se comprometer em definitivo com a reeleição, mas também não abre mão da aliança que é vencedora.

A atitude do governador do Rio, Sérgio Cabral, é um exemplo desse comportamento. Em privado, ele deixou claro que, se o governo não apoiar seu vice Pezão para o governo do Rio, ele não terá dificuldades em apoiar Aécio Neves, de quem é amigo, além de ter laços de parentesco, pois sua primeira mulher era uma Neves: "Meu filho tem Neves no nome", lembrou como que por acaso durante a discussão. Mas de casual esse comentário não teve nada, foi o governador quem levou seu filho ao encontro.

Em público, porém, Cabral nega qualquer desavença e afirma que está 100% ao lado da reeleição de Dilma. Outro bom exemplo de como o palanque e as negociações de bastidores diferem entre si foi a posição do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves. Em sua terra natal, ele comandou uma série de elogios a Dilma, presente no palanque. À noite, na reunião com Renan Calheiros e o vice Michel Temer, foi outra pessoa, sob o pretexto de representar a Câmara, e não setores políticos.

Quem conhece os bastidores das negociações políticas no Congresso e, sobretudo, as manobras do PMDB garante que a medida provisória que desonera produtos da cesta básica será aprovada ainda esta semana no plenário da Câmara sem maiores problemas. O relator da medida, o deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), incluiu em seu parecer o texto da MP 605/2013, que reduzia a tarifa de energia elétrica em até 20%, e que caducou por não ter sido votada a tempo pelo Congresso.

Esse penduricalho foi colocado na MP como maneira de não impedir o desconto na energia, e foi o próprio Congresso quem se encarregou de fazê-lo, desmoralizando-se um pouquinho mais nessa questão, mas fazendo um agrado ao Planalto. A legislação proíbe que assuntos diferentes sejam tratados na mesma medida provisória, e já houve tempo em que o Congresso se insurgia contra esse hábito do Planalto.

Depois, passou ele mesmo a incluir penduricalhos por conta própria. Essa é uma demonstração clara de que a base aliada, sobretudo o PMDB, está disposta a manter o apoio a Dilma, mas quer contrapartidas que serão cobradas cada vez mais até que a situação econômica fique clara.

Fonte: O Globo

Cru e quente - Dora Kramer

Ditados simplificam pensamentos, desconsideram as nuances de cada situação, mas convém não desprezá-los como porta-vozes da experiência.

Sobre os malefícios da afobação, por exemplo, há vários. Citemos apenas dois: um diz que a pressa é inimiga da perfeição; outro alerta o apressado para o risco de comer cru e quente o seu repasto.

O ex-presidente Luiz Inácio da Silva ignorou tais conselhos quando, no início do ano, aproveitou um encontro do PT para reiterar a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição.

Segundo alguns autores, a ideia era estancar o falatório sobre a possibilidade de ele mesmo ser o candidato à Presidência em 2014. Outra versão reza que Lula pôs a eleição na roda para mudar a pauta naquele momento voltada para as peripécias de Rosemary Noronha no governo enquanto desfrutou de sua bênção e proteção.

A motivação pouco importa. Á questão agora é o efeito colateral que Lula, com sua celebrada intuição política, não pesou nem mediu. Abriu o debate da sucessão como fez em 2008 ao lançar a "mãe do PAG" à cena no mês de fevereiro, com a mesma antecedência.

E acaba aí a semelhança. A situação, da economia era outra o humor dos aliados era bem melhor, o comandante tinha ascendência sobre a tropa, não havia oponentes no campo governista e aos políticos em geral interessava sentar no banco do carona de Lula.

Não é raro ouvir nos partidos ditos situacionistas que devem muito ao ex-presidente, mas que Dilma deve à ajuda deles em grande parte a sua eleição.

Nesse cenário inteiramente diverso é que a antecipação da campanha mostra suas consequências nefastas. Animou a oposição a sair da toca, abriu espaço e deu justificativa à dissidência de Eduardo Campos e semeou inquietação antes do tempo entre os que deveriam estar concentrados na tarefa de renovar o contrato com o eleitorado.

Houve um erro de cálculo: antecipada a sucessão presidencial, anteciparam-se as demais campanhas e com elas a crise de aflição que assola deputados, senadores e governadores na busca de boas posições no jogo.

Abafa o caso. A fim de não criar confusão com o PSD que pode lhe render boas alianças estaduais no ano que vem, os tucanos pararam de criticar Guilherme Afif Domingos pelo acúmulo das funções de ministro em governo do PT e vice-governador em administração do PSDB.

De onde farão cara de paisagem durante os dois dias em que Afif assumir o Palácio dos Bandeirantes na próxima semana, quando Geraldo Alkmin irá a Paris.

Para fins de conveniência eleitoral, a tucanagem compara a situação àquela em que o vice ocupa também uma secretaria no governo. Fazer de conta que é igual não isenta a realidade de dizer que uma coisa é uma coisa. Outra coisa é a expressão do cinismo em estado sólido.

Redemoinho. A inflação cresce, o puder de compra decresce, o endividamento aumenta, o crédito farto desaparece, a. confiança no governo estremece e as pesquisas começam a registrar curva de popularidade descendente.

São os sinais objetivos que os apostadores do mercado eleitoral levam em conta para avaliar as chances de Dilma Rousseff na reeleição e fixar a cotação das ações de seus, oponentes.

A especulação gera fatos, alimenta profecias que se autorrealizam e leva as forças políticas à dispersão.

O governo tem agora um olho na economia outro nos próximos quatro meses, até início de outubro, quando se encerra o prazo para mudanças e/ou filiações partidárias para os candidatos às eleições.

Apressado, Lula pôs eleição na agenda sem levar em conta os efeitos colaterais.

Fonte: O Estado de S. Paulo

O arraiá de Dilma - Denise Rothenburg

Os petistas do Nordeste nunca estiveram tão eufóricos com a pré-candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República. O mesmo ocorre com a bancada nordestina dos partidos aliados. Muitos acreditam que, graças ao movimento no PSB, os nordestinos conseguiram neste mês de São João e de Santo Antônio tudo aquilo que pediam há tempos e o governo não lhes dava ouvidos. O principal foi a prévia do Plano Safra do Semiárido, que a presidente Dilma Rousseff lança na semana que vem. Ontem, no Planalto, ao anunciar o Plano Safra 2013-2014, ela antecipou algumas medidas que fizeram brilhar os olhos de deputados e senadores da região.

Obviamente, o governo diz que as medidas estavam em estudo e viriam mais dia menos dia. Mas, ninguém deixa de, nas entrelinhas, analisar a conjuntura e o momento em que o plano é anunciado. Junho é o mês em que o Nordeste ferve e suas tradições percorrem o Brasil. Enquanto isso, na seara política, o que promete ganhar o interior dos estados nordestinos é a decisão do governo de dar uma aliviada na situação dos agricultores. Vem aí a suspensão da cobrança das dívidas e, de quebra, um desconto de 85% para liquidação de créditos rurais contratados até 2006 e renegociação das operações contratadas a partir de 2007.

A decisão faz com que Dilma retome a posição de grande mãe entre os nordestinos. "O impacto será grande. Vai atingir toda a classe média rural nordestina, que é a maioria", comemorava o líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães. Ele é do Ceará. Há meses, ele e outros políticos da região escutam e leem reclamações de que os agricultores estão endividados, que o governo não ajuda e que, para completar, as grandes obras públicas de infraestrutura caminham devagar quase parando, embora a região seja a que mais cresce no Brasil.

Tudo isso servia de embalo para o discurso do "é possível fazer mais", proposto pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Dilma, entretanto, inicia uma tentativa de esfarelar essa cantilena no campo político. Obviamente, não dá para dizer que a presidente tomará as medidas específicas para o semiárido por causa da candidatura de Campos. Mas esse discurso serviu para colocar o assunto na pauta de temas urgentes a serem tratados, sob pena de virar escoadouro de votos, seja para oposição, seja para aliados que planejam carreira-solo.

A presidente não tem passado 10 dia sem pisar no Nordeste. Só com Eduardo Campos esteve lá duas vezes. Esta semana mesmo, foi ao Rio Grande do Norte inaugurar a Barragem de Oiticica. Daqui a alguns dias, estará novamente no Nordeste lançando essas medidas que facilitam a vida do agricultor da região, que serão incluídas em uma medida provisória que já tramita no Congresso, a 610, de forma a economizar tempo para aprovação definitiva. Pelo visto, o arraiá de Dilma está montado e fará a alegria dos produtores.

Enquanto isso, no Congresso Nacional...

Os peemedebistas ficaram meio frustrados quando descobriram que a conversa de Dilma com os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Eduardo Alves, tratou dos problemas institucionais sem "fulanizar", bem ao estilo do que pregava o ex-vice-presidente Marco Maciel. Maciel sempre gostava de discutir os problemas em tese e buscar a solução mais racional. Era contumaz repetidor da frase "não vamos fulanizar". Foi isso que o atual vice-presidente da República, Michel Temer, e o os comandantes do Congresso Nacional fizeram. Nenhum deles reclamou das ministras palacianas ou do excesso de medidas provisórias. Nem se citou o distanciamento da presidente da classe política como um todo.

Da parte de Dilma, ela deu razão a Renan quanto à não aceitação das MPs fora do prazo de sete dias. De concreto, só mesmo o envio do marco regulatório da mineração por projeto de lei com urgência constitucional, o que requer celeridade de tramitação. Ou seja, aplainou-se um terreno, mas não se resolveram os problemas.

... e não muito longe dali...

Enquanto Dilma conversava com os comandantes, a turma do PMDB se reuniu com vários ministros. Gastão Vieira, do Turismo, contou à bancada que não teve a menor influência no PAC do Turismo. Nem mesmo para incluir recursos destinados ao Maranhão, um estado com grande potencial turístico. Os deputados foram informados de que, dos R$ 670 milhões, R$ 300 milhões vão para a cidade de São Paulo, administrada pelo petista Fernando Haddad; R$ 30 milhões para o Rio Grande do Norte, onde o secretário é ligado ao presidente da Câmara; R$ 20 milhões para Alagoas, terra de Renan Calheiros; sem contar os recursos para Santa Catarina de Ideli Salvatti, e Curitiba, capital do estado que elegeu a senadora Gleisi Hoffmann, hoje ministra da Casa Civil.

Com as medidas que aliviam as dívidas dos agricultores nordestinos em pleno mês de São João, Dilma acende uma fogueira para incinerar o discurso do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Fonte: Correio Braziliense

Dilma é favorita - Fernando Rodrigues

Só um surto de autoengano leva a oposição a acreditar que o raciocínio "o Brasil está bom, mas pode melhorar" vai se disseminar pela maioria do eleitorado no ano que vem --e será suficiente para destronar o PT do Planalto.

Esse voto racional nunca aconteceu em nível nacional no Brasil moderno. Aliás, ocorreu o oposto. Em 1986, qualquer pessoa bem informada sabia que o Plano Cruzado já era. Mas o PMDB ganhou quase tudo.

Em 1998, o Plano Real estava condenado com o seu câmbio engessado. Mas Fernando Henrique Cardoso foi reeleito presidente.

A única chance de a oposição vencer em 2014 é se acabar a sensação de bem-estar da maioria dos eleitores. A economia desempenha um papel relevante na construção desse cenário, embora não seja único. As coisas pioram para a oposição porque a profusão de indicadores ruins nos últimos dias não garante um cenário de desastre absoluto até o final do ano que vem.

É evidente que o atual crescimento medíocre terá impacto mais adiante. A partir de 2015, com certeza. Só que a eleição já terá passado.

Consultado, o marqueteiro oficial João Santana, o 40º ministro, deu risada sobre a hipótese de a inflação tirar Dilma Rousseff do Planalto. As pesquisas do governo indicam, de fato, um ruído razoável na mente das pessoas sobre a alta de preços, sobretudo de alimentos. Mas nesses mesmos levantamentos, a presidente é vista pelos eleitores como a mais apetrechada para tratar desse problema --bem à frente de todos os candidatos de oposição.

Nesse ponto, não custa repetir a ressalva de sempre: falta muito até outubro de 2014. Ainda assim parece ter se instalado no noticiário uma sensação de jogo zerado. Talvez pelas derrapadas econômicas e pela presença midiática dos pré-candidatos de oposição. Tudo somado forma uma miragem. Por enquanto, Dilma segue como favorita.

Fonte: Folha de S. Paulo

Um governo 'estratégico' - Elio Gaspari

Madame Natasha tem horror ao uso de expressões que não querem dizer nada e, com um significado vago, destinam-se a empulhar a plateia, complicando a conversa. Dor de cabeça vira cefaleia.

A doutora Dilma louvou duas operações militares e policiais que fazem parte do "Plano Estratégico de Fronteiras". Outro dia, ao justificar o perdão de uma dívida de US$ 900 milhões de cleptocratas africanos, disse que "o engajamento com a África tem um sentido estratégico".

A Presidência da República, assim como diversos governos estaduais, tem uma Secretaria de Assuntos Estratégicos. Quase todos os ministérios têm programas de "gestão estratégica" e o do Planejamento oferece o software Geplanes, destinado a "monitorar o desempenho dos objetivos estratégicos".

Trata-se de puro blá-blá-blá, destinado a confeitar promessas ou, na melhor das hipóteses, desejos. Dizer que a economia brasileira crescerá 4% num determinado ano nada tem de enunciado estratégico. É apenas um objetivo, quando não, pura mentira. A empolação destina-se apenas a envernizar o comissário que anuncia o rio de mel.

Em 1812, o marechal russo Kutusov enfureceu seus generais porque a certa altura deixou Napoleão Bonaparte escapulir com suas tropas. Por mais que detestasse o Corso, achava que a destruição de seu exército e sua eventual captura favoreceriam os interesses da Inglaterra. Preferiu fritá-lo, deixando que chegasse a Paris, onde os franceses forçaram-no a abdicar e um príncipe russo ocupou a cidade. Kutusov tomou uma decisão estratégica.

Não se pode confundir esse tipo de conduta com coisas mais imediatistas. Por exemplo: quando ocupava uma diretoria da Caixa Econômica, o doutor Moreira Franco queria ser ministro e aceitou a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência. Pensava em coisa melhor. Em março passado, tornou-se secretário de Aviação Civil. Foi apenas astucioso.

Juscelino Kubitschek jamais anunciou estratégias. O que ele apresentou ao país foi um Plano de Metas. Eram trinta. Duplicou a produção de energia, aumentou em 70% o número de leitos em hospitais e, onde foi mal, incrementou em apenas 40% a produção agrícola. JK nunca disse que o apoio de seu governo ao colonialismo português na África era uma estratégia, pois era só oportunismo.

A diferença entre uma meta e uma estratégia está no fato de que uma pode ser cobrada e a outra pode ser transferida para o próximo governo, a quem se acusará de ter abandonado um plano que tinha tudo para dar certo. O trem-bala Rio-São Paulo da doutora Dilma, é considerado um projeto estratégico. Deveria ficar pronto para a Copa do Mundo, talvez um pouco depois. Seria inteiramente financiado pela iniciativa privada e custaria US$ 9 bilhões. Já custou à Viúva R$ 63,5 milhões, ainda não saiu do papel, mas já pariu uma estatal e terá os Correios como "sócio estratégico". Indo até Campinas, há transportecas que estimam seu custo em US$ 17,5 bilhões. Não há empreiteiro que fale em menos de US$ 25 bilhões. A conta? Irá quase toda para a Viúva. "Estratégia"? Apenas uma falsa promessa.

Madame Natasha não espera que se cumpram as promessas. Pede apenas que deixem o idioma em paz.

Fonte: O Globo

É terrorismo eleitoral, sim! - José Nêumanne

O tumulto nas agências da Caixa Econômica Federal (CEF) no fim de semana de 18 e 19 de maio, provocado por um boato do fim do Bolsa Família, carro-chefe dos programas sociais do governo federal, ainda não foi devidamente esclarecido. Mas já produziu efeitos indeléveis em seus protagonistas e na turma de Pilatos. O cônsul romano, como se sabe, entrou no Credo de gaiato e, 21 séculos depois da paixão e morte do Cristo, paga o pato por sua dor suprema e, em consequência, pela remissão dos pecados do mundo. Os primeiros são a cúpula do Executivo. Os demais, a oposição, que, com ou sem culpa no cartório, é que terminará sendo prejudicada.

Assim que se tomou de conhecimento público a corrida dos beneficiários da esmola do governo, a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário Nunes, sacou do saldo dos "suspeitos de costume", aos quais se referiu o capitão francês Louis Renault na cena final do filme Casablanca. A existência de "bodes expiatórios" remonta à Bíblia e tem sido repetida e estimulada ao longo de séculos de guerra e luta política. Em 1897, a Okhrana, polícia secreta do czar Nicolau II, forjou o Protocolo dos Sábios de Sião, falso plano de tomada do poder mundial pelos judeus e documento que inspirou a perseguição aos hebreus no Império russo e na União Soviética e se alastrou pelo mundo inteiro.

O lastro histórico da atribuição de um delito ao adversário inocente, tomando-o culpado sem necessidade de julgamento, tem antecedentes clássicos como o incêndio do Reichstag (Congresso alemão na República de Weimar), em 1933. A atribuição do atentado aos comunistas foi crucial para Hitler fundar a ditadura nazista.

Nossa História registra o Plano Cohen, atribuído pelo governo Vargas aos comunistas para tomarem o poder e usado para justificar o Estado Novo; e a Carta Brandi, prova falsa de articulação golpista de João Goulart, ministro do Trabalho no governo democrático de Vargas, com Juan Domingo Perón.

Os comunistas na clandestinidade no Estado Novo ou na ditadura militar de 1964 esperavam a polícia bater à porta de suas casas com uma maletinha arrumada com objetos de uso cotidiano, como barbeador, escova de dentes, pasta e pijama, conforme Graciliano Ramos registrou no clássico da literatura brasileira Memórias do Cárcere. Hoje, os "suspeitos de costume" sob a regência da poderosa aliança governista PT-PMDB e outros respondem pelo nome genérico de oposição. E foi a eles que a ministra acusou no Twitter, sem prova alguma e nem sequer ter conhecimento do que, de fato, poderia ter provocado o tumulto, de autoria de uma atitude "conspiratória" de natureza eleitoral.

Em vez de repreender a subordinada apressadinha, que entrara no Credo como o fizera antes Pilatos, a presidente Dilma Rousseff subiu ao palco para assumir, se não a autoria, pelo menos a natureza delituosa da causa da invasão das agências da CEF para o saque do benefício. De olho na reeleição ano que vem, a chefe do governo partiu do pressuposto que aprendeu com o padrinho Lula de que o que é bom para sua vitória no primeiro turno é necessariamente bom para o Brasil. E avalizou sem medo de ser feliz atitude similar a alguns delitos impunes e bem-sucedidos de seu Partido dos Trabalhadores (PT) no passado.

Em 2010, uma máquina bem azeitada de "blogueiros progressistas" e discursos afiados em reuniões partidárias, comícios e na propaganda no rádio e na televisão espalharam o boato de que o adversário de Dilma Rousseff na eleição presidencial, o tucano José Serra, acabaria com o Bolsa Família. É impossível aquilatar que efeito o boato possa ter tido na vitória da candidata petista. Mas sabe-se que algo semelhante fora feito quatro anos antes: a mentira de que Geraldo Alckmin privatizaria a Petrobrás levou o tucano a vestir uma camiseta em homenagem à estatal.

O falso dossiê dos "aloprados" (assim batizados por Lula em pessoa) contra Serra não evitou sua vitória na eleição estadual paulista de 2006, mas seus autores continuam impávidos e impunes sete anos depois. E o insucesso não altera o fato histórico de que a prática contumaz reafirma a fé dos praticantes no velho dogma stalinista de que os fins sempre justificam os meios e de que, como diziam os mineiros do velho PSD, não importa o fato, mas a versão. E dependendo de como a versão é repetida, ela pode até se impor de vez.

Assim se comportaram os protagonistas do lamentável episódio do boato do fim do Bolsa Família. Como bom militante petista, o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, mandou a Polícia Federal (PF), sob suas ordens, não investigar a verdade, apurar os fatos, identificar e processar os culpados. Mas favorecer a versão oficial. Ele chegou a tratar a repartição pública sob suas ordens como se fosse não um órgão do Estado a serviço do cidadão, mas uma espécie de agência de risco, lidando com hipóteses. Vide a versão da central de telemarketing suspeita, mas nunca devidamente identificada com provas de sua eventual ação deletéria.

Oito dias depois dos fatos, o presidente da CEF, Jorge Hereda, contou uma história confusa, segundo a qual técnicos subalternos da instituição mandaram pagar o auxílio de uma vez, e não de forma escalonada, como é rotineiro, para sanar uma duplicação de cartões de recebimento de 900 mil mutuários. Isso não tem pé nem cabeça, mas o Planalto emitiu nota oficial garantindo-o no posto, apesar da série de lambanças de sua gestão: a duplicação dos cartões, a decisão estapafúrdia de pagar tudo de uma vez e a insistência em atribuir a outrem as próprias falhas.

Embora tenha tido o cuidado de não delatar culpados na oposição, Dilma se tornou cúmplice do ""terrorismo eleitoral"definido com conhecimento de causa pelo presidente do PT, Rui Falcão. E a oposição purgará nas umas a pecha de "inimiga do Bolsa Família".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Deputados ameaçam deixar PSD devido ao apoio à reeleição de Dilma

Maior rebelião está em Minas Gerais, onde oito deputados estaduais, além de um federal, querem sair

Germano Oliveira

SÃO PAULO — Pouco mais de uma dezena de deputados ameaçam deixar o PSD, presidido pelo ex-prefeito Gilberto Kassab, descontentes com o fato da direção do partido ter anunciado que a tendência é a de apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Muitos desses deputados desejam que o partido não apoie os candidatos do PT também para governador nos estados. Ameaçam rumar em direção dos partidos como o da Mobilização Democrática (MD) ou até mesmo do Solidariedade, partido que o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), está patrocinando. Não há uma unidade no caminho que os deputados devem seguir. Uns falam em ir para o PSDB e apoiar a eleição do senador tucano Aécio Neves para presidente, outros dizem que podem apoiar a candidatura do governador Eduardo Campos (PSB) e, por último, tem os que podem ficar no PSD simplesmente e não apoiar Dilma como pede Kassab, dedicando-se só aos candidatos nos Estados. Esses, podem mudar de ideia e apoiar Dilma, desde que recebam cargos no governo federal, já que até agora o partido levou a Secretaria da Pequena Empresa, com Guilherme Afif Domingos, mas os deputados que integram o PSD não se sentem contemplados com cargos. Ou seja, ganharam o ministério, mas nada levaram. Kassab nega o racha no partido e minimiza as dissidências.

— Tem deputado falando demais. Dizem que vão sair, mas ninguém sai. Eles tem os motivos deles, tem problemas a contornar nos seus estados. Os mineiros que falam em sair agora, são os mesmos que no ano passado foram para a Justiça para adquirir o direito de apoiar a candidatura do prefeito Márcio Lacerda (PSB) enquanto que nós do Diretório Nacional queríamos que que o PSD de Minas apoiasse o PT do Patrus Ananias. É esse mesmo grupo que agora quer apoiar o Aécio e nós, a grande maioria do partido, quer apoiar a presidente Dilma. Não tem crise e nem rebelião — disse Gilberto Kassab ao GLOBO na noite desta segunda-feira.

O foco principal da rebelião está em Minas Gerais. Segundo o deputado estadual Gustavo Valadares (PSD), há um grupo de oito deputados estaduais, além de um federal, Alexandre Silveira (PSD-MG), que já manifestaram desejo de deixar o PSD, caso a direção nacional insista em abraçar o PT e não os tucanos.

— Desses oito, seis querem que o PSD embarque na candidatura de Aécio para presidente e o candidato do PSDB para governador, muito possivelmente o Alberto Pinto Coelho, atual vice do governador Antonio Anastasia. Pelo que sabemos, só dois deputados querem que a gente vá para a campanha da Dilma e a do Pimentel (Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, candidato a governador de Minas Gerais pelo PT) — disse o deputado Gustavo Valadares.

Ele não esconde que a crise do PSD em Minas é grande.

— Que tem rebelião, tem. Nossa vontade é que a gente possa ficar no PSD mesmo e que essa discussão vá para a convenção, vencendo quem tiver mais voto. Nesse caso, isso só vai estar em discussão lá para junho do ano que vem. Ainda falta muito tempo até lá. O risco é o Solidariedade do Paulinho e o Rede da Marina Silva consigam registro, pois nesse caso muita gente pode ir para lá. Precisa se analizar também se juridicamente dá para ir para o PSDB na janela a ser aberta para mudanças partidárias. Nesse caso, os que precisam disputar eleição no ano que vem vão ter que que se mudar até setembro — disse o deputado.

O deputado federal licenciado Alexandre Silveira (PSD-MG), atual secretário de Assuntos Metropolitanos do governador Anastasia, é outro que está com um pé fora do partido caso Kassab consiga mesmo levar o partido para o colo de Dilma.

— Nosso grupo vai de Aécio — sacramenta Silveira, que tem lembrado ser ainda muito cedo para definir se o grupo fica no PSD ou vai para qualquer outra sigla. Mas uma coisa eles já sabem: irão com qualquer candidato que seja contra a mineira Dilma e contra o PT de Pimentel.

De todas das opções para esse grupo, as mais viáveis, segundo esses deputados mineiros, seria a adesão ao MD, pois o Solidariedade de Paulinho ainda não está constituído e há os que duvidam que consiga. Segundo Kassab, que criou o PSD em menos de um ano, a toque de caixa, dificilmente o partido Solidariedade de Paulinho conseguirá se viabilizar até outubro, prazo máximo para cumprir todas as exigências da legislação brasileira. O presidente do Solidariedade, Marcílio Duarte, já criou diretórios em seis estados e ainda precisa criar em outros três até setembro, além da conferência na Justiça Eleitoral das 500 mil assinaturas colhidas para a formalização do novo partido. Até o dia 4 de outubro tem que estar tudo sacramentado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

— Eu não acredito que o Solidariedade conseguirá se legalizar a tempo de disputar as eleições do ano que vem. E não sei se esse grupo tem tanta credibilidade assim para tirar os deputados do PSD e levar para eles. Acho que eles não conseguem — disse Kassab.

— Kassab tenta impor a reeleição da presidente para nós. Ele já fechou com a Dilma e aqui não tem como a gente subir no palanque do Pimentel, assim como não podíamos ter subido no do Patrus no ano passado — disse Valadares.

Mas a crise não é restrita a Minas. Em São Paulo, o deputado Roberto Santiago (PSD-SP) também tem dito que vai deixar o PSD, porque entende que se o partido tem Afif no ministério, e o partido apoia o governo petista. Para ele, os integrantes do partido também teriam que ter uma contrapartida, com cargos no governo. Por outro lado também não quer sair de um partido simplesmente, de mão abanando, pois já tem, no PSD, legenda e vaga garantida para disputar as eleições no ano que vem.

— Já me elegi duas vezes deputado federal pelo PV, de onde sai para vir para o PSD. Fiz 60 mil na primeira eleição (2006) e 67 mil (2010) na segunda vez. Eu tenho que representar no Congresso meus eleitores, que são os catadores de lixo e varredores de ruas nas cidades, entre outras coisas. Mas não posso correr o risco de mudar de partido sem condições legais de disputar as eleições do ano que vem e ficar sem mandato para representar o meus companheiros — disse Santiago ao GLOBO, que é presidente da Confederação Nacional e da Federação de São Paulo dos Trabalhadores em Empresas de Asseio e Conservação.

Kassab, contudo, nega qualquer crise ou rebelião e acha que Santiago fala muito em sair, mas não deixa o PSD.

— Não se trata de mais cargos para esses deputados. Se eles quisessem cargos, a gente conseguiria. Acontece que o partido já decidiu que vai apoiar Dilma agora sem cargo algum em troca. Não queremos essa política do toma-lá-da-cá. O Afif foi para o ministério porque a presidente Dilma o quis ao seu lado na luta por melhorias para as micro e pequenas empresas. Quanto aos mineiros, essa situação já aconteceu no caso do Patrus Ananias e vai se repetir novamente agora, porém tudo dentro da normalidade democrática. Se saírem não vai haver crise alguma no PSD — disse Kassab.

Fonte: O Globo

Rede consegue reunir 87% das assinaturas

Por Cristiane Agostine

SÃO PAULO - A ex-senadora Marina Silva e seus apoiadores querem coletar até a próxima semana as 500 mil assinaturas necessárias para criar o partido Rede Sustentabilidade. O grupo disse já ter o apoio de 433 mil pessoas, 87% das assinaturas necessárias para registrar a nova legenda na Justiça Eleitoral.

Na próxima semana, os articuladores do Rede farão mutirões nas capitais para tentar ampliar o número de apoiadores. As assinaturas, no entanto, ainda precisam ser validadas nos cartórios eleitorais. São necessárias cerca de 500 mil assinaturas, distribuídas em pelo menos nove Estados.

Hoje, Marina deverá reforçar a busca de apoiadores em São Paulo, no dia mundial do meio ambiente. A ex-senadora fará palestras na capital paulista.

Depois de as assinaturas serem validadas nos cartórios eleitorais, os dados têm de ser enviados aos Tribunais Regionais Eleitorais. O grupo que articula a criação do partido espera que essa fase termine em julho. Em seguida, os documentos serão enviados para o Tribunal Superior Eleitoral para análise. Para que Marina possa concorrer à Presidência em 2014, o partido tem de ser criado até outubro.

Ontem Marina cancelou atividade que teria na capital paulista para participar do velório de seu guru religioso, o pastor Sóstenes Apolos da Silva. O religioso morreu na noite de segunda-feira, aos 64 anos, vítima de um câncer.

Presidente da Assembleia de Deus do Plano Piloto, Sóstenes foi um dos principais articuladores da campanha de Marina em 2010 junto aos evangélicos. Em 2012, ordenou a ex-senadora como pastora.

A igreja presidida por Sostenes é frequentada pela ex-senadora. Amigo de Marina, o pastor ajudou na disputa presidencial passada a conquistar apoio entre lideranças evangélicas, aconselhou os fieis a votar na candidata evangélica e elaborou uma cartilha de orientação política aos seguidores da igreja. A Assembleia de Deus é a maior denominação evangélica do país, com mais de 12 milhões de seguidores.

O pastor foi um dos principais responsáveis pelo engajamento de Marina na religião evangélica. Antes de seguir a Assembleia de Deus, a ex-senadora era católica e pretendia tornar-se freira. O líder evangélico era contra o casamento gay, a legalização do aborto, o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas e a descriminalização das drogas - temas defendidos pelo PV, partido pelo qual Marina disputou a Presidência.

Fonte: Valor Econômico

Geddel é tão conveniente ao PMDB quanto Eduardo Cunha

Por Cristian Klein

SÃO PAULO - O atual pé de guerra entre o PT e o PMDB nos Estados é muito mais parecido com um pôquer do que com uma demonstração sincera de queixas e ameaças bombásticas. O ano pré-eleitoral é repleto de blefes e muitos deles estão sendo praticados pelos jogadores à mesa. A visita da presidente Dilma Rousseff ao Rio Grande do Norte na segunda-feira foi um exemplo de como os pemedebistas estão atrelados aos petistas, embora relutem em dizer o contrário.

O presidente da Câmara, Henrique Alves, ao receber Dilma em seu Estado a cobriu de elogios, em cerimônia para quase 150 prefeitos. Uma das raposas da política brasileira, parlamentar com o maior número de mandatos no Congresso, Alves tem sido um mestre na arte do jogo de morde e assopra, desde que Dilma chegou ao Planalto em 2011. Na arena governamental, dá demonstrações de força ao enfrentar o Executivo, mas no campo eleitoral adula a presidente que exibe altos índices de popularidade.

O pemedebista não teve outro comportamento senão o de aproveitar a oportunidade para capitalizar sua relação com Dilma diante de integrantes de sua base. Outro cacique do PMDB, o presidente do Senado, Renan Calheiros, também segue estratégia semelhante à de Alves. "Mata" a MP dos Portos no peito e aprova a medida em tempo recorde, mas depois nega outro pedido do Planalto para apressar a votação de novas MPs.

Trata-se do "modus operandi" do PMDB e da política. Mas a tendência é que a legenda apoie a reeleição de Dilma, apesar da resistência de alguns Estados. A ameaça de que seções estaduais do partido poderiam votar contra a coligação com o PT em 2014 faz sentido quando se sabe que o plano regional é a prioridade do PMDB. Mas se a meta número 1 do PT é a eleição à Presidência, há uma divisão de tarefas que dá boa margem de manobra para que ambos não trombem em suas estratégias. Sem contar as moedas de troca em abundância: são 27 Estados, com vagas para governador, vice e senador. Os palanques podem ser duplos, a disputa se dá em dois turnos, e o Executivo federal é pródigo em cargos cobiçados.

O problema para o PMDB é que, enquanto a sigla, supostamente, não se mete no plano nacional do PT, os petistas acabam por atrapalhar seus objetivos nos Estados. É o caso do Rio de Janeiro, onde o senador Lindbergh Farias pretende se lançar contra o pré-candidato do PMDB, o vice-governador Luiz Fernando Pezão.

Ocorre que fustigar o aliado em seu campo preferencial é necessidade e prática corriqueira para sobrevivência de ambos os lados. Do mesmo modo que o PT precisa lançar candidatos aos governos estaduais e ameaça o PMDB no nível regional, os pemedebistas atrapalham o governo federal liderado pelo PT com seus tentáculos que envolvem as presidências das duas casas do Congresso. Que o diga a atuação do líder da bancada na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), praticamente um oposicionista travestido de governista. O mesmo se pode dizer de Geddel Vieira Lima. Apesar de ocupar a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, incensa a rebelião contra o PT nos Estados, a começar pela sua Bahia, onde já disse que será candidato e não apoiará a reeleição de Dilma Rousseff.

Geddel é tão conveniente para o PMDB, no terreno eleitoral, quanto o furdúncio parlamentar provocado por Eduardo Cunha em Brasília. São os bodes colocados na sala. Na hora apropriada, serão retirados de cena, isolados, sem causar a desordem que prometiam. O PT também tem seus bodes. Mas sua grande vantagem é ser o feliz proprietário de animal sagrado, a abelha-rainha que comanda a colmeia política numa sociedade de interesses mútuos.

Nos Estados - e o comportamento de Alves em sua base potiguar é revelador - o PMDB sabe que por uma questão de eficiência eleitoral precisará do apoio de Dilma. Tê-la como adversária, ao lado do ex-presidente Lula, pode ser pior. O mesmo cuidado que o PT demonstra ao tentar neutralizar o perigo do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), na disputa presidencial, o PMDB também deverá ter para não transformar os petistas em inimigos regionais. A pressão já é grande e talvez explique o alarde.

Os tucanos hoje contam com oito Estados, mais de um terço do total. O PSB conquistou um naco importante em 2010 ao eleger seis governadores, número que tentará manter em 2014. Nesse meio tempo, o PSD surgiu como nova força, e o PP, que não tem nenhum Estado, desponta com uma boa safra de candidatos. Isso tudo se soma ao fato de que dos cinco governadores do PMDB apenas um, o de menor peso, em Rondônia, terá direito à reeleição. Haja blefes e bodes até o ano que vem.

Fonte: Valor Econômico