O Globo
O que parecia apenas um balão de ensaio
está se transformando em fato político relevante. Ao abrir caminho para aceitar
ser vice-presidente na chapa de Lula, o ex-governador de São Paulo Geraldo
Alckmin não apenas se vinga de seu arqui-inimigo João Doria, como permite que
Lula dê a guinada para o centro que era esperada e parecia ter sido superada
pela ala radical do PT que defende ditaduras como as de Maduro na Venezuela e
Ortega na Nicarágua.
Lula saiu da prisão menos disposto a ser o “Lulinha Paz e Amor” que chegou à
Presidência da República em 2002. O PSDB sempre foi a alternativa ao PT, e
Bolsonaro, que para muita gente parecia ser a nova opção, já não é mais. É uma
extrema direita que não respeita a democracia. Como as recentes pesquisas
mostram, Bolsonaro está esvaziando, carcomido pela inflação, pelo desemprego,
por um governo inepto, pela radicalização.
Lula, cada vez que fala a favor das ditaduras da América Latina ou do tal
“controle social da mídia”, deixa de ser opção moderada para os que procuram
uma saída. Não está conseguindo ir para o centro, como em 2002. Faz a mesma
coisa que Bolsonaro com seus extremistas: aumenta a intensidade da retórica
para segurar seus nichos mais radicais.