O Globo
O reacionarismo histérico, impulsionado por
notícias falsas e pela disseminação da narrativa segundo a qual a cultura e a
educação estavam sob uma espécie de ditadura progressista que minava os valores
da família, foi um dos ingredientes fundamentais para a eleição de Jair
Bolsonaro em 2018.
Peças de publicidade à primeira vista
toscas demais para ser críveis, como a que dizia que Fernando Haddad havia
distribuído mamadeiras com bicos em forma de pênis em creches quando fora
prefeito de São Paulo e, se eleito presidente, “nacionalizaria” a prática,
cumpriram o circuito tradicional das fake news naquele pleito: nasciam em
grupos do Facebook, se espraiavam pelo WhatsApp e paravam, aqui e ali, em
postagens de políticos, que lhes emprestavam ares de verossimilhança.
Esse caldo de cultura do submundo das redes sociais e dos aplicativos de mensagens, que tenho chamado aqui de Bolsoverso, teve reflexo nas ruas, com ofensivas de grupos como o MBL, que promoveu o boicote e a vandalização de uma exposição, a “Queermuseu”, em 2017 e 2018.