O Globo
Há dois dias, no nosso quadro diário na
CBN, Rodrigo Bocardi me pergunta: o que Jair Bolsonaro ganha com o caos que
promove na vacinação, ou ao sair de férias pela segunda semana consecutiva
enquanto a Bahia se afoga em chuvas?
A pergunta diz respeito à lógica eleitoral
mais básica, estratégica mesmo. Pesquisas, conversas com aliados, uma passada
rápida nas redes sociais, qualquer termômetro poderia mostrar ao capitão que a
balbúrdia que ele fomenta em seu próprio governo, dia após dia, ano a ano, só
acaba por minar suas próprias chances eleitorais. Pelo menos um substrato
positivo em tanto retrocesso, diga-se.
O Brasil tem adesão histórica à vacinação,
que se confirmou na pandemia de Covid-19. Os ataques nonsense perpetrados pelo
presidente às vacinas não levaram a que as pessoas deixassem de se vacinar.
Só a vacinação, como diz até seu ministro da Economia, Paulo Guedes, permitirá que se inicie alguma tentativa de recuperação econômica — ademais profundamente comprometida pelas outras barbeiragens feitas pelo governo, como a implosão da responsabilidade fiscal.