Folha de S. Paulo
Ataque violento do bolsonarismo está
submetendo o sistema de defesa constitucional da democracia brasileira ao seu
maior teste
A crise constitucional instaurada
pela tentativa
de abolição do Estado democrático de Direito em 8 de janeiro ainda não
foi completamente debelada. O termo crise, de origem grega, está associado à
necessidade de tomada de uma decisão fundamental, da qual depende a própria
sobrevivência de um corpo. Assim como um paciente em crise demanda ações
urgentes para que não venha a óbito, a crise atual exige medidas contundentes
para que a República não pereça.
Em Roma, o remédio para a superação das crises da República era a instauração de uma dictadura, termo que não guarda semelhança com seu significado atual. A dictadura seditionis, instalada pelos cônsules, a pedido do Senado, mais se assemelha à nossa intervenção federal ou estado de defesa, pois conferia ao seu executor poderes de emergência, para o reestabelecimento da ordem constitucional. Jamais para a sua usurpação, como nas ditaduras contemporâneas.