domingo, 11 de maio de 2014

Opinião do dia: Roberto Freire

Pela pesquisa, o 2º turno já está consolidado. Ninguém mais pode dizer que Dilma vai ganhar no 1º turno. E já há algumas pessoas, e eu me incluo entre elas, que dizem que ela pode nem ir para o 2º turno. Vejo a perspectiva de uma vitória das oposições.

Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente nacional do PPS. No Encontro político  em Andradina(SP , 10 de maio de 2014.

Queda nas pesquisas incentiva traição entre aliados de Dilma

• Presidente não deve ter os quatro maiores partidos da base na campanha

Isabel Braga, Maria Lima – O Globo

Santana, do PR, coloca retrato do ex-presidente Lula na parede André Coelho/28-4-2014
BRASÍLIA — A divulgação da última pesquisa Datafolha, que mostra uma tendência consistente de queda na avaliação e intenção de votos da presidente Dilma Rousseff , foi um incentivo a mais para empurrar para fora do barco governista setores expressivos da base aliada que já estavam de olho no crescimento dos adversários Aécio Neves (PSDB-MG) e Eduardo Campos (PSB-PE). Uma parte dos quatro maiores partidos aliados — PMDB, PP, PSD e PR — não acompanhará Dilma este ano. No PMDB, mesmo com o vice Michel Temer, as defecções no apoio a Dilma já atingem Rio, Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Acre e Roraima. Também há problemas no Paraná, no Mato Grosso do Sul e no Espírito Santo.

Na avaliação de aliados de diversos partidos, até as convenções de julho que decidirão pela manutenção ou não das alianças nacionais com o PT, o nível de traição crescerá caso a presidente continue caindo nas pesquisas de intenção de votos. Aécio vem sendo o maior beneficiário das dissidências entre os partidos dilmistas. No PMDB, estão com ele até o momento os diretórios de Bahia, Rio e Acre; ele pode ainda herdar dissidências no Ceará e no Paraná. Campos, que tinha muitos interlocutores no partido, perdeu terreno com a chegada de Marina Silva, mas ainda deve levar o apoio do PMDB gaúcho e pernambucano, e tem conversas com o diretório do Mato Grosso do Sul.

Segundo cálculos ainda não oficiais do PMDB, de 12 a 14 diretórios estaduais fecham com Dilma. Em alguns estados haverá palanque duplo, como Piauí, Rio Grande do Norte e Goiás. Na próxima semana, a Executiva Nacional reúne os presidentes dos diretórios estaduais, as bancadas da Câmara e do Senado para debater o quadro. Peemedebistas avaliam que a confirmação ou não da aliança PT-PMDB em 2014, na convenção do dia 10 de junho, dependerá do desempenho da presidente Dilma nos próximos dias.

— O que vai determinar a aliança, principalmente nos estados, é a conveniência estadual — diz Danilo Forte (CE), da ala dissidente do PMDB.

Pelas contas de integrantes do PSD, dos 27 diretórios estaduais, cerca de 20 devem estar com Dilma. O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, diz que isso só será decidido nas convenções estaduais. Nas contas das traições, estão dois importantes colégios eleitorais que devem apoiar Aécio: Minas e Rio, além de Goiás, Rondônia, Acre, Roraima e Rio Grande do Norte. Com Campos deve ficar o diretório do partido em Pernambuco.

— Fomos o primeiro partido a definir o apoio a Dilma. É fato consumado. O tempo de TV nacional é dela. No Rio, a decisão de ficar com o PSDB é do Índio da Costa. Ele já foi o vice do José Serra. Mas no Rio teremos núcleo importante se organizando para apoiar Dilma. Estou entusiasmado, fazendo campanha para ela — disse Kassab.

Segundo ele, o partido é novo, e alguns integrantes vieram de siglas de oposição. Por isso, é compreensível que optem, nos estados, por outros candidatos.

No PR, apoio a presidente ainda é predominante
No partido, em que o líder Bernardo Santana (MG) explicitou o “Volta, Lula” — pregando o retrato do ex-presidente com a faixa presidencial na parede da liderança na Câmara —, o quadro de apoios aos presidenciáveis nos estados ainda é majoritariamente dilmista. Líderes do PR tendem a dar palanques a Dilma em 12 estados, contra quatro para Campos e um para Aécio. Em nove diretórios, a situação está indefinida. No partido a orientação é clara: se Dilma continuar caindo nas pesquisas até a convenção nacional, os apoios migram para Aécio ou Campos.

— O que determina o apoio é a performance da presidente. Se mantiver pelo menos os atuais índices, o PR não sai dela. Se despencar, aí não há santo que segure — avaliou o vice-líder do partido, deputado Luciano de Castro (RR).

No PP, a situação é parecida. Por enquanto, o partido dará palanque a Dilma em 20 estados, mas apoiará vários candidatos a governador do PSDB ou do PSB. A senadora gaúcha Ana Amélia Lemos (PP-RS), favorita na disputa pelo governo gaúcho, diz que o presidente do seu partido, o senador Ciro Nogueira (PI), terá de ouvir os diretórios mais expressivos do PP que não estão com Dilma — RS, Minas, SC, Acre, Rio, Amazonas e Goiás — antes da convenção que ratificará ou não a aliança nacional com o PT. No dia 24, o diretório gaúcho do PT fará uma grande festa para oficializar a aliança com Aécio e o Solidariedade, de Paulinho da Força Sindical.

— O melhor e mais inteligente para Dilma, Aécio e Campos é que o PP não feche a coligação nacional com nenhum, para evitar constrangimentos regionais. Assim, o tempo de TV do PP se divide entre os três, e o comando nacional de Ciro será fortalecido nacionalmente — defende Ana Amélia.

Campos busca eleitor lulista e PSB fala em romper acordo com Aécio em Minas

• Para reforçar diferenças com pré-candidato tucano e arregimentar eleitores insatisfeitos com a gestão Dilma, aliados do ex-governador pernambucano passaram a questionar publicamente o palanque conjunto no 2º maior colégio eleitoral do País

Eduardo Bresciani, Daiene Cardoso e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo

No momento que as pesquisas de opinião apontam o crescimento de Aécio Neves (PSDB) e a estagnação de Eduardo Campos (PSB) na disputa pelo Palácio do Planalto, a cúpula da pré-campanha pessebista decidiu que chegou a hora de romper o "pacto de não agressão" entre os pré-candidatos.

Além de disparar críticas ao senador mineiro para buscar os eleitores "lulistas" insatisfeitos com a gestão da presidente Dilma Rousseff, aliados de Campos passaram a questionar publicamente a construção de palanques conjuntos em Pernambuco e Minas Gerais.

Nos discursos, a palavra de ordem é levantar bandeiras que constrangem Aécio entre o eleitorado que se considera de esquerda - como a defesa "intransigente" da CLT e a manutenção da maioridade penal. Em encontros com empresários, o senador mineiro defendeu a flexibilização da CLT em alguns setores e a redução da maioridade penal em casos de crimes hediondos.

Eduardo Campos está convencido de que o PSDB e o PT têm um objetivo em comum: colar nele a agenda política de Aécio para circunscrever a candidatura no campo da oposição e forçar uma polarização. Dessa forma, o voto útil desidrataria a terceira via e haveria um segundo turno plebiscitário. Para evitar que isso aconteça, membros da cúpula do PSB lembram que as trajetórias dos dois foram completamente diferentes. "Em 20 anos, eles só estiveram juntos nas Diretas", afirma Carlos Siqueira, secretário-geral do PSB. Em 2010, por exemplo, Campos e Aécio travaram uma dura disputa política pela instalação da fábrica da Fiat, que acabou ficando em Pernambuco.

Implosão. O PSB liberou seus quadros nacionais para instigarem o movimento de aliados que tentam implodir o acordo de formação de palanques conjunto entre PSB e PSDB em Minas Gerais e Pernambuco. "Finalmente estamos sendo tomados pelo óbvio e ululante: que o candidato precisa ter o maior número de candidatos nos Estados", afirma o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral.

"Em Minas, uma candidatura nossa (PSB) seria ainda mais útil do que em São Paulo. Lá é claro que o Pimenta (da Veiga, pré-candidato do PSDB ao governo) vai trabalhar só pelo Aécio e do outro lado tem o PT. Falta a terceira via para dividir espaço", reforça Márcio França, presidente do PSB paulista e um dos dirigentes do partido mais próximos de Campos.

Ele advoga tese de romper a negociação de aliança com os tucanos em Minas e lançar a candidatura do deputado Júlio Delgado. "Qualquer terceira via viável terá 15%, 20% dos votos e o Júlio Delgado é um ótimo nome porque é bem votado, tem uma base forte em Juiz de Fora e o respeito político pela boa votação para a presidência da Câmara", afirma. Com o cuidado de reforçar que as alianças estaduais não precisam, necessariamente, repetir o quadro nacional, o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, ressalta que a aliança com Aécio não é um fato consumado.

"Quem foi que disse que não vai ter candidatura do PSB em Minas? Há uma discussão intensa lá e espero que seja proveitosa para encontrar o melhor caminho para o projeto nacional", afirma.

Fiel ao roteiro, ele ressalta: "Aécio é de centro, nós somos de centro-esquerda". Delgado não comenta a possibilidade de disputar o governo. Ressalta apenas que não há qualquer formalização de apoio ao PSDB. "Não existe nada fechado e estanque na política. Tudo está em negociação", diz.

Para os tucanos mineiros, porém, a hipótese de um rompimento da aliança é remota. "O PSB é um aliado do PSDB em Minas. O plano regional tem outra dinâmica", afirma o deputado Marcus Pestana, presidente do PSDB mineiro.

Linha de frente A cúpula da campanha de Campos decidiu pôr sua vice, a ex-ministra Marina Silva, na linha de frente do embate. Coube a ela a tarefa de deixar claro que só ele seria capaz de derrotar o PT num eventual segundo turno. Isso porque há a avaliação de que o eleitor de Aécio migraria quase por completo para Campos por ter uma característica antipetista.

"Ela tem posições firmes e isso pontualmente pode colocá-la em situação de confronto", diz o coordenador da Rede, Bazileu Margarido.

Dilma esvazia órgão criado para empresários

• Presidente esteve em só 2 das 16 reuniões com empresários; encontros não ocorrem desde dezembro

• Integrantes dizem que órgão atingiu apenas 10% do seu potencial e não avançou no campo da competitividade

Valdo Cruz – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Parada desde o final do ano passado, a Câmara de Gestão e Competitividade da Presidência da República virou motivo de frustração para seus membros, quatro empresários escolhidos pela presidente Dilma Rousseff.

Apesar de afirmarem que a câmara desenvolveu trabalhos relevantes em gestão, seus integrantes dizem que ela atingiu apenas 10% do seu potencial e não avançou no campo da competitividade.

Em conversa com interlocutores, um dos quatro empresários da Câmara --Jorge Gerdau, Abilio Diniz, Antônio Maciel e Phillipe Reichstul-- considerou que foram delegadas à câmara questões burocráticas e de processos internos do governo, mas quase nada nas áreas de competitividade e macroeconômica.

Segundo ele, o órgão, de aconselhamento da presidente Dilma, poderia ter "produzido coisa maior".

Outro integrante comentou que a câmara teve "resultado melhor do que eu imaginava, mas pior do que eu gostaria", queixando-se de que temas relacionados a investimentos e ambiente econômico praticamente não apareceram.

O órgão gostaria, por exemplo, de ter avançado na discussão de uma reforma tributária e na definição de regras para atração de investimentos. Chegou a discutir a reformulação do PIS/Cofins, mas o projeto foi engavetado pela Fazenda por restrições fiscais.

A última reunião foi em 13 de dezembro, sob comando de Gleisi Hoffmann, ainda ministra da Casa Civil.

Ao todo, foram 16 reuniões desde a criação. A presidente esteve presente em apenas duas, algo que é alvo das queixas dos empresários.

Um deles lembra que, no discurso de instalação da Câmara, a presidente disse que "meu compromisso é acompanhar pessoalmente os programas aqui concebidos".

Salto
A expectativa, segundo ele, era que a presidente seria mais presente nos trabalhos da Câmara, classificada por ela, no dia da instalação, de "muito importante" para o país dar um "salto em direção ao crescimento e desenvolvimento sustentável".

Outra ausência criticada nas reuniões foi a do ministro Guido Mantega (Fazenda), que também participou de poucas reuniões. Elogios foram feitos a Gleisi e Miriam Belchior (Planejamento). As duas, segundo os membros da câmara, eram assíduas nas reuniões e buscavam usar os encontros para desenvolver projetos na área de gestão.

O comando do órgão, ideia da presidente, foi entregue a seu amigo Gerdau, que foi a "inspiração" do projeto pela sua defesa de melhoria dos métodos de gestão.

Segundo relatório elaborado pelo órgão, até julho de 2013 cerca de 15 projetos estavam sob comando da câmara. Entre eles, técnicos destacam o que melhorou a eficiência da operação do aeroporto de Guarulhos.

Além dele, faziam parte da lista o aperfeiçoamento dos processos da Anvisa para a concessão de patentes e a redução de gastos do Ministério da Saúde.

Dilma já fez 53% mais viagens do que no mesmo período de 2013

• A Minas Gerais, terra do seu principal adversário, Aécio Neves, presidente foi cinco vezes este ano

Luiza Damé, Catarina Alencastro – O Globo

BRASÍLIA — A dois meses do início da campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff intensificou as viagens pelo país e já visitou mais da metade dos estados nestes primeiros cinco meses do ano. Em Minas Gerais, base eleitoral de seu principal adversário, o tucano Aécio Neves, a presidente esteve cinco vezes. Ela também foi seis vezes a São Paulo, a última na semana passada, quando visitou a Arena Corinthians, estádio que abrirá a Copa do Mundo. Antes mesmo de fechar maio, a presidente já fez 53% mais viagens este ano do que nos primeiros cinco meses de 2013.

— O último ano é sempre o que tem muito mais viagem. Tudo o que você previu durante o governo inteiro você está entregando, e a legislação eleitoral proíbe tudo quanto é inauguração e entrega de programa nos três meses que antecedem as eleições. Além disso, temos a Copa. Então antecipamos ainda mais as entregas. Isso explica por que este ano é tão mais concentrado do que os outros — justifica Thomas Traumann, ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência.

Pela legislação eleitoral, a partir de 5 de julho, os candidatos — à reeleição ou não — não podem mais participar de inauguração de obras públicas. Quem descumprir a regra está sujeito à cassação do registro da candidatura ou do diploma, após ser eleito.

Sem incluir os compromissos da próxima semana, foram 29 viagens a 16 estados este ano. No mesmo período de 2011, foram 12; em 2012, 17; em 2013, 19. O número deve subir a 32 viagens até o fim da semana. Isso porque nesta segunda-feira Dilma voltará a Minas para assinatura de ordens de serviço da duplicação de trechos da BR-381, em Ipatinga, e irá ao Nordeste terça e sexta-feira, vistoriar as obras de transposição do Rio São Francisco, entregar unidades do Minha Casa Minha Vida e participar de formaturas do Pronatec.

Aécio busca maior exposição na TV com anúncios regionais

• Pré-candidato tucano atribui crescimento nas pesquisas a maior conhecimento após programa do PSDB em abril

• Senador aparecerá em propaganda na Bahia e no Ceará, mas não consegue espaço com Alckmin em São Paulo

Daniela Lima – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Pré-candidato do PSDB à Presidência, o senador Aécio Neves (MG) negociou sua aparição nos programas eleitorais regionais do partido em diversos Estados para explorar ao máximo a exposição de sua imagem antes do início oficial da campanha eleitoral.

Aliados do tucano avaliam que sua aparição no programa nacional exibido pelo partido em abril --quando Aécio protagonizou dez minutos de televisão-- foi decisiva para que ele crescesse os quatro pontos percentuais registrados na última pesquisa do Datafolha, que o mostrou indo de 16% para 20%.

Ele só não terá espaço nos anúncios do PSDB de São Paulo. Segundo o presidente estadual da sigla, deputado Duarte Nogueira, como o partido perdeu parte do tempo de propaganda por decisão da Justiça Eleitoral, Aécio deixou os dirigentes à vontade para dedicar o espaço que restou ao governador Geraldo Alckmin, que concorre à reeleição.

Nesta semana, Aécio aparecerá na propaganda do PSDB na Bahia e no Ceará. No Amazonas, os anúncios do partido foram exibidos em março, e Aécio aproveitou várias inserções. Os tucanos levaram ao ar imagens dele ao lado do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB-AM).

Em um dos comerciais, Aécio aparece dentro de uma fábrica e defende a expansão das atividades da Zona Franca da capital amazonense. "Ela é um patrimônio do Amazonas, mas também é um patrimônio dos brasileiros. O que precisamos é fortalecê-la, para que se transforme também num grande polo exportador", afirma.

Na Bahia, onde as inserções irão ao ar neste mês, Aécio terá 25% do espaço a que o partido tem direito. Numa negociação com os principais tucanos do Estado, ele conseguiu 10 das 40 inserções que o partido poderá veicular.

O objetivo do tucano é prolongar a exposição na TV para se tornar mais conhecido até o início oficial da campanha. Os anúncios também servem para ele se contrapor à exibição constante da presidente Dilma Rousseff (PT) no noticiário dos telejornais.

Na semana passada, Aécio estrelou a propaganda de Minas, seu berço político e segundo maior colégio eleitoral do país. Ele dividiu o espaço com seu candidato ao governo, Pimenta da Veiga.

"A união de Minas é o caminho para o futuro que há muito tempo sonhamos para cada um dos mineiros e que queremos para todos os brasileiros", diz no anúncio.

Há ainda publicidade com críticas diretas a Dilma. Numa peça, uma mulher é filmada num ônibus. O locutor do vídeo pergunta: "Você votou no Lula?" Ela diz que sim. "E depois?", continua o locutor. A mulher afirma que votou em Dilma "para continuar melhorando". "E melhorou de verdade?", indaga o locutor. A mulher não responde.

Como a Folha informou na sexta-feira, na semana em que as inserções do PSDB começaram a ser exibidas em Minas, o governo federal também veiculou anúncios divulgando suas obras no Estado.

Colaborou Paulo Peixoto, de Belo Horizonte

Reunião aproxima José Serra da candidatura Aécio

• Encontro entre os dois tucanos ocorreu em São Paulo na noite de quinta-feira

Adriano Ceolin - Veja

O candidato tucano à Presidência da República, Aécio Neves, reuniu-se na noite de quinta-feira com José Serra. Setores do PSDB trabalham para que o ex-governador paulista seja o candidato a vice na chapa encabeçada pelo mineiro. A operação é difícil, mas os dois sinalizaram que podem chegar a um acordo – apesar de isso ser prematuro ainda. De imediato, a reunião significou uma reaproximação entre os dois. Após a derrota de Serra em 2010, eles passaram a travar um luta de poder dentro do PSDB. Aécio levou a melhor e atualmente é o presidente nacional da sigla. Serra vai disputar o pleito este ano, mas não sabe ainda se será como deputado federal ou senador. A chapa não é mais algo impossível.

O encontro de quinta-feira ocorreu no apartamento de um amigo em comum. Somente os dois participaram. Aécio e Serra fizeram um pacto de não deixar vazar detalhes da conversa. O movimento de aproximação entre os dois partiu, em princípio, por aliados do o ex-governador paulista. O mineiro aproveitou a chance e fez questão de reunir-se com ele tão logo tivesse uma oportunidade. Na quinta-feira, Aécio deu uma palestra na Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, na capital paulista.

A ideia de fazer Serra o vice de Aécio surgiu no Congresso. O deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA) fez pesquisas no interior da Bahia com as chapas completas: Dilma Rousseff-Michel Temer (PT/PMDB), Eduardo Campos-Marina Silva (PSB) e Aécio-Serra. Quando o nome do tucano mineiro era apresentado junto com o do paulista, a chapa melhorava seu desempenho. Há 20 dias, as sondagens foram levadas a Aécio, que deu sinal verde para as negociações. Os dois lados, porém, consideram a formação da chapa apenas uma possibilidade. O Solidariedade, partido aliado a Serra, apoia a ideia.

A conversa entre os dois foi apenas o início das negociações, que podem resultar na verdade no apoio efetivo do PSDB paulista a Aécio. Até então, o mineiro não conta com empenho maciço dos tucanos no maior colégio eleitoral do País. O comprometimento de Serra com a candidatura de Aécio poderá ajudá-lo a vencer na região Sudeste.

Na última pesquisa Datafolha, divulgada nesta sexta-feira, Aécio aparece com 20% e Dilma, com 37% e Eduardo Campos, com 11%. Pela primeira vez, surge a chance de haver segundo turno. O crescimento da candidatura tucana deu-se nas últimas semanas, sobretudo depois que Aécio passou a defender a CPI da Petrobras.

PSB ameaça lançar candidato em Minas para se contrapor a Aécio

• Eduardo Campos vê necessidade de marcar posição depois de declarações de presidenciável tucano

Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO - Como uma forma de marcar posição em relação ao tucano Aécio Neves, o presidenciável do PSB, Eduardo Campos, estuda romper o acordo para apoiar o candidato do PSDB ao governo de Minas, Pimenta da Veiga. Uma chapa própria na disputa mineira também faria parte da estratégia de compensar o cada vez mais provável apoio do partido à reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo.

A ideia de lançar um candidato do PSB no segundo maior colégio eleitoral do país ganhou força na última semana depois das declarações de Aécio de que ele e Campos estão “na mesma trincheira”. O ex-governador de Pernambuco entende que, a partir de agora, passa a haver a necessidade de deixar claro para o eleitor que não é próximo do tucano, encerrando a troca de gentilezas que tem marcado os contatos entre eles.

Os dois presidenciáveis haviam selado um pacto de não agressão em seus territórios, pelo qual o PSDB apoiaria Paulo Câmara, ex-secretário do governo Campos, em Pernambuco, e o PSB, Pimenta da Veiga, escolhido por Aécio, em Minas.

Os aliados do ex-governador de Pernambuco têm evitado tratar do tema publicamente antes de o martelo ser batido.

- Temos que levar em conta o que é melhor para a candidatura de Eduardo e Marina (Silva) - se limitou a dizer o deputado federal Júlio Delgado, presidente do PSB em Minas.

O próprio Delgado é cotado para ser o cabeça da chapa. Além de marcar diferença com Aécio, a candidatura em Minas também poderia agradar a vice do PSB na disputa nacional, Marina Silva. Os aliados da ex-senadora defendiam chapas próprias nos principais estados, mas acabaram aceitando o apoio aos tucanos em Minas com a condição de que houvesse um nome do PSB na disputa em São Paulo.

Mas a possibilidade de ter um nome na eleição paulista praticamente foi sepultada na sexta-feira, quando foi divulgado que prefeitos e candidatos a deputado do PSB no estado estão colhendo assinaturas para um manifesto que pleiteia o apoio a Alckmin e será entregue a Campos. O documento já teria mais de 300 assinaturas.

A inviabilidade de uma chapa própria se deu depois que os integrantes da Rede, o partido que Marina tentou fundar no ano passado, vetaram o nome indicado pelo PSB para encabeçar a chapa: o do deputado federal e presidente da legenda no estado, Márcio França. No processo de escolha, também houve ofensas públicas a França por parte de um dos integrantes da Rede que se apresentava como pré-candidato governador, o que desgastou a relação entre os aliados de Marina e Campos.
No manifesto, os integrantes pedem que a Rede seja liberada para apoiar outro candidato ao governo paulista, como o filósofo Vladimir Safatle, do PSOL.

Um dos pontos que está sendo levado em consideração por Campos antes do anúncio do rompimento em Minas é que, caso haja um candidato do PSB no estado, provavelmente o PSDB irá reagir e lançar uma chapa em Pernambuco.

PSB anuncia pré-candidatura do senador Rodrigo Rollemberg ao governo do DF

• Nome do deputado federal Reguffe também foi apresentado para disputar o Senado na mesma chapa

André de Souza – O Globo

BRASÍLIA — O PSB anunciou neste sábado a pré-candidatura do senador Rodrigo Rollemberg ao governo do Distrito Federal. Em evento realizado em Brasília, também foi apresentado o nome do deputado federal Reguffe (PDT-DF) para disputar o Senado na mesma chapa. No plano nacional, o PDT deve apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff, do PT, e não o presidenciável do PSB, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Mas tudo indica que o PDT de Brasília vai pender para Eduardo e sua vice, a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva.

— Há um conforto total nesta união entre Eduardo, Marina, Cristovam (o senador Cristovam Buarque, do PDT do DF), Reguffe e eu. Estamos todos juntos no mesmo projeto. Questão nacional, cada partido tem que tratar da sua maneira. O que eu sei é que Cristovam já declarou muitas vezes seu apoio a Eduardo Campos. E a gente sabe da ligação do Reguffe com a ex-ministra Marina Silva — afirmou Rollemberg.

Questionado para quem vai pedir votos na eleição presidencial, Reguffe respondeu:

— Meu foco é no Distrito Federal e construir um projeto alternativo para a população do Distrito Federal, que resgate o valor da política e faça com que o Distrito Federal, a capital de todos os brasileiros, seja exemplo para país. Temos que resgatar o valor da política e autoestima da cidade.

Em comum, tanto Rollemberg como Reguffe, assim como seus apoiadores, contam com o peso eleitoral de Marina Silva para ter votos. Em 2010, Marina foi a terceira candidata mais votada para presidente da República, com 19,33% dos votos válidos. O DF foi a única unidade da federação em que ela venceu, alcançando 41,96% dos votos válidos.

— Eu acho que sem dúvida nenhuma ajuda. Marina Silva tem uma força muito grande no DF e isso ajuda — disse Reguffe.

Na eleição deste ano, o governador do DF Agnelo Queiroz vai tentar a re-eleição. O ex-governador José Roberto Arruda, que saiu do cargo em 2010 em meio ao escândalo do mensalão do DEM, articula para voltar ao poder. Enquanto a gestão de Arruda foi marcada por várias obras pela cidade e pela corrupção, o governo de Agnelo é muito mal avaliado. Pesquisa CNI/Ibope divulgada em dezembro do ano passado mostrou que apenas 9% dos eleitores do DF consideravam seu governo ótimo ou bom, enquanto 62% o avaliavam como ruim ou péssimo. Ele estava à frente apenas da governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM).

— Se de um lado tem o rouba mas faz, do outro temos uma apagão de gestão, nós podemos dizer que os nossos princípios são do planejamento, governança e gestão. Nós vamos demonstrar que quem não rouba faz muito mais — afirmou Rollemberg.

Com discurso marcado pela ética, Reguffe foi eleito deputado distrital em 2006. Em 2010, foi candidato a deputado federal proporcionalmente mais bem votado do Brasil, com 18,95% dos votos válidos no DF. Nas duas ocasiões, Reguffe disputou uma eleição proporcional, em que não é preciso superar todos os outros candidatos para ser eleito. A eleição para o Senado é diferente: é majoritária, ou seja, ele precisará conquistar mais votos que todos os seus concorrentes.

O cargo de vice na chapa ainda está vago.

— A partir da semana que vem, vamos começar a conversar com os demais partidos. Tem uma série de partidos com quem já tivemos uma pré-conversa. Agora vamos aprofundar essas conversas — explicou o presidente do PSB do DF, Marcos Dantas.

Presidente da Câmara tem aliança com adversários de Dilma no RN

• Depois de PSDB e PSB, Henrique Eduardo Alves (PMDB) fecha acordo com PSC para sua candidatura ao governo potiguar

Isabel Braga – O Globo

BRASÍLIA — No amplo leque de alianças em torno de sua candidatura ao governo do Rio Grande do Norte, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB) fechou acordo com mais um dos partidos adversários da presidente Dilma Rousseff nas eleições presidenciais deste ano. Depois do PSDB de Aécio Neves e do PSB de Eduardo Campos, Henrique Alves terá na sua coligação o PSC, que tem o Pastor Everaldo como candidato à Presidência da República. A aliança foi selada hoje, durante encontro evangélico da Convenção Estadual das Assembléias de Deus, em um hotel de Natal. No site do PSC, a aliança foi anunciada com alarde e destacando o estado como um palanque para o candidato da legenda.

De acordo com a informação publicada no site, Henrique Alves teria declarado neste sábado que, com a adesão do PSC à sua candidatura ao governo, haveria dois palanques para a eleição presidencial no Rio Grande do Norte: o da presidente Dilma Rousseff e o do Pastor Everaldo. Por meio de sua assessoria, no entanto, Henrique Alves afirmou que respeita todas as candidaturas, mas reafirma que seu apoio, nas eleições para presidente, será dado à presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer (PMDB).

— Teremos o apoio do PSB de Eduardo Campos, do PSDB do Aécio e do PSC do Everaldo. E todos serão importantes na nossa caminhada. E terão também o nosso respeito às candidaturas dos seus partidos. Mas, sabendo todos e o Rio Grande do Norte do nosso compromisso nacional com a presidente Dilma e com o nosso vice Michel Temer. Tudo às claras, ética e politicamente responsável — disse Henrique Alves.

No estado, a candidatura de Henrique Alves tem até agora, segundo a assessoria, o apoio de 18 partidos. Entre eles, no entanto, não está o PT. O presidente da Câmara disse que houve tentativa de entendimento com o partido da presidente Dilma, mas que não foi possível fechar o apoio. A ideia era dar a legenda do Senado à deputada Fátima Bezerra (PT-RN). Peemedebistas afirmam que Fátima Bezerra impôs restrições ao leque amplo de aliança que estava sendo costura por Henrique Alves, o que inviabilizou o acordo.

Ao Senado, na chapa de Henrique Alves, o acordo é para que a ex-governadora do Rio Grande do Norte, Wilma de Faria (PSB). O acordo com o PSC foi fechado nesta sábado, em Natal, durante encontro evangélico da Convenção Estadual das Assembleias de Deus. O PT, com a candidatura de Fátima Bezerra ao Senado, se aliou ao candidato do PSD ao governo, Robinson Faria, atual vice-governador do RN.

Alianças emperram no Rio, e só PMDB consegue formar ‘chapão’

• Partido quer Dilma e Aécio no palanque; PT atrai dois partidos e PR, uma legenda

Cássio Bruno, Letícia Fernandes e Marcelo Remígio – O Globo

RIO — O PMDB fluminense já trabalha com a possibilidade de unir no palanque do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, pré-candidato ao Palácio Guanabara, três nomes que vão concorrer à Presidência da República: Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Pastor Everaldo (PSC). Em reunião recente com prefeitos, Pezão e o ex-governador Sérgio Cabral colocaram em pauta o palanque triplo. A proposta, que impulsionaria a candidatura de Pezão — que já atrai 15 partidos na aliança —, repercutiu entre as legendas adversárias. Petistas do Rio consideraram o assédio do PMDB aos candidatos ao Planalto uma traição por parte da legenda, aliada nacional de Dilma.

A pouco menos de cinco meses das eleições, Pezão ainda não decolou nas pesquisas de intenções de voto. A estratégia do PMDB prevê que, oficialmente, o governador e Cabral ingressem na campanha à reeleição da presidente Dilma. Já os insatisfeitos com o PT trabalharão para eleger o candidato tucano a presidente, senador Aécio Neves (MG). O motivo do descontentamento é a pré-candidatura do senador Lindbergh Farias ao Guanabara. A opção de Pezão e Cabral em respeitar a aliança nacional PMDB-PT foge da unanimidade. Liderado pelo presidente regional, Jorge Picciani, o grupo de descontentes que optou por pedir votos para Aécio quer colocar nas ruas material de campanha associando os dois candidatos. O movimento é chamado “Aezão”, em alusão aos nomes de Aécio e Pezão.

Após reunião do diretório na última quinta-feira, Cabral evitou falar da estratégia de ampliar o palanque de Pezão. Ele se limitou a tentar impulsionar a candidatura. Já o deputado federal Leonardo Picciani disse que foi colocado o desejo de parte da legenda em apoiar Aécio e até Pastor Everaldo:

— Não houve discussão do quadro nacional, foi focado na campanha estadual. Existe, por várias figuras do PMDB, o desejo de apoiar o Aécio, isso está colocado. O PSC faz parte da coligação do Pezão, do governo — disse Picciani, ao confirmar o desejo de uma aliança com os três partidos.

Além do PMDB, somente o PT e o PR de Anthony Garotinho conseguiram fechar apoios. O PT costurou aliança com o PCdoB e o PV, e o PR, com o PTdoB. O PROS, que lançou a pré-candidatura de Miro Teixeira, negocia uma dobradinha com o PSB.

Petistas chamam palanque de “traição”
Petistas criticaram o assédio de peemedebista aos três presidenciáveis. Para o presidente regional do PT, Washington Quaquá, o PMDB está querendo construir no Rio um “palanque da traição” para tentar salvar a candidatura de Pezão. O petista avaliou a proposta peemedebista como “incoerente”:

— Acaba sendo o palanque da traição. Não contempla nenhum dos três aliados. É incoerente. O eleitor é refratário a esse tipo de político.

Para caminhar com o PMDB, a direção regional do PSDB tem de aprovar a decisão em convenção. 

Durante os sete anos do governo Cabral, os tucanos fizeram oposição ao comando do Palácio Guanabara. 

Apesar das articulações, o partido ainda não decidiu se vai andar com Pezão ou com o ex-prefeito e vereador Cesar Maia (DEM), também pré-candidato a governador. Interlocutores do ninho tucano afirmam que a parceria do PSDB com Cesar está a cada dia mais frágil, o que dificultaria um entendimento, mas uma aliança não é descartada. Segundo o ex-prefeito, as direções regionais de DEM e PSDB voltam a se encontrar esta semana.

Os tucanos — que não desistiram da hipótese de lançar candidato próprio — também conversam com o PROS. A legenda tem à disposição a vaga de vice na chapa do deputado federal Miro Teixeira ao governo do estado. Segundo o deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), os tucanos vão costurar no Rio a aliança que for mais estratégica para Aécio. Já o deputado federal Hugo leal, presidente regional do PROS no Estado do Rio, ressalta a forte indefinição nas alianças partidárias. Sua legenda negocia com, pelo menos, seis partidos.

— As alianças hoje são um mosaico incompleto. São muitas as conversas e as ações, mas pouco são os efeitos. Obviamente que as manifestações sobre uma união do PROS com o PSB no estado avançam. Com o PPS, há uma conversa, mas nada oficial. Também não descartamos um entendimento com o próprio PT, que apoiamos nacionalmente, e com o PR. DEM e PSDB também fazem parte deste mosaico — avalia Hugo.

— O fato é que o PSDB do Rio nunca esteve tão cobiçado, é a noiva mais cortejada do altar. Só uma coisa é certa, nós faremos no Rio o que for mais estratégico para a candidatura do Aécio — diz Otavio.

Enquanto isso, o PSC anunciará nos próximos dias a aliança formal com Pezão. O governador procurou Pastor Everaldo para tentar uma aproximação. A sondagem já tinha sido feita em março por Jorge Picciani, e por Sérgio Cabral, antes de deixar o cargo no início de abril.

— Realmente temos conversado bastante. O governador Pezão é uma pessoa que merece a nossa consideração e estamos nos reunindo na semana que vem (nesta semana) para discutir e consolidar isso. Quem falou comigo diretamente foi o governador Pezão. Estamos dentro do prazo para resolver. O coração está dividido, os outros candidatos também nos ofereceram palanque — afirmou Pastor Everaldo.

Elio Gaspari: Aécio, ou Tancredo Neves 2.0

- O Globo

A indicação da pesquisa Datafolha de que hoje Aécio Neves é o candidato com mais probabilidades de chegar a um eventual segundo turno numa disputa com Dilma Rousseff recomenda que seus adversários estudem a campanha que levou seu avô à Presidência em 1985.

Até agora, Aécio jogou parado. Tudo o que ele precisa é chegar ao segundo turno, sem inimigos de morte e com o máximo possível de acordos. Aécio precisa de votos que há quatro, oito ou 12 anos foram para o PT. Em circunstâncias diferentes, Tancredo precisava chegar a uma eleição direta com o apoio de eleitores da bancada do governo.

Indo para uma eleição direta, Aécio ainda não anunciou um programa substantivo. O avô fez melhor, elegeu-se indiretamente sem anunciar programa algum. Essa mágica foi inteiramente eficaz para o avô, mas é duvidoso que o seja nas condições de hoje. Afinal, só 42% dos entrevistados dizem conhecê-lo, e são exatamente os outros 58% que precisam de motivos concretos para votar nele.

Aécio vem sendo beneficiado pela erosão de Dilma, provocada, entre outros fatores, pelo Lula-volta-Lula-não-volta. Tancredo foi beneficiado pela ambiguidade do presidente João Figueiredo, que alimentou a ideia da própria reeleição e não foi a lugar algum.

Tancredo encarnava o fim de um regime de 20 anos. Aécio quer encarnar o fim de um domínio democrático que pretende durar 16. Com uma diferença: tanto na ditadura, que durou 21 anos, como na República Velha, com seus 36, havia uma real rotação dentro do grupo governante. Com o PT no Planalto jamais houve essa rotatividade.

Rodando o programa Tancredo 2.0, Aécio respondeu a um ataque de Marina Silva (“o PSDB sabe que já tem cheiro de derrota”) com um calmante (“não vou cair na armadilha do PT, que é dividir a oposição”). Até agora, deu certo, pois tudo o que pode dar errado com os adversários, errado dá. Contudo, Lula continua no banco de reservas, com 58% dos entrevistados achando que ele deve ser o candidato do PT.

Elio Gaspari é jornalista.

Dora Kramer: Caminho da roça

- O Estado de S. Paulo

Falta um mês para a convenção do PMDB, marcada para 10 de junho. Se nas próximas quatro semanas a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer não conseguirem dar um jeito na situação, a derrota da renovação da aliança com o PT é dada como certa.

Não é coisa que se fale em voz alta no partido onde o clima é de conspiração contra. Das 27 seções regionais só reina a paz em colégios eleitorais de pouco peso, como Alagoas, Maranhão, Rondônia e Amapá. Nos demais há problema, variando apenas a gravidade.

Se a votação fosse hoje, a única dúvida seria se a rejeição seria feita de modo aberto, por aclamação dos representantes dos diretórios regionais, ou se o resultado se expressaria na urna, sob a proteção do voto secreto dos delegados.

Michel Temer tem ciência da perda de apoio crescente da renovação da aliança, certamente divide essa preocupação com o governo e trabalha para que o previsto resultado adverso não se confirme. Há chance? Sempre há, mas são pequenas, porque PT e PMDB não conseguiram se entender nas eleições estaduais e a queda da presidente das pesquisas contribuiu para que a dissidência caminhe para se transformar em maioria.

Junto a isso, há a percepção dos políticos junto às suas bases de que existe um cansaço generalizado com o governo. Não necessariamente com a presidente em particular, mas um ambiente de desagrado com o PT em geral. Ainda assim, há uma avaliação de que, se algumas questões regionais importantes fossem resolvidas, o PMDB poderia continuar na coligação mesmo só formalmente.

Para o governo já seria bom: não perderia cerca de cinco minutos do tempo no horário eleitoral nem teria o desgaste de uma sinalização politicamente muito ruim. Quais seriam as questões regionais capazes de salvar a parceria? Ceará e Rio de Janeiro. Operações difíceis, pois o que o PMDB quer é que no Ceará Dilma abandone os irmãos Ciro e Cid Gomes para apoiar o senador Eunício Oliveira e no Rio retire a candidatura de Lindbergh Farias em favor do governador Luiz Fernando Pezão.

Tal cenário de dificuldades seria inimaginável há um ou dois meses. Não obstante a insatisfação crescente no principal parceiro do governo, que em março explodiu numa crise abafada embora não dizimada no Congresso, mesmo os mais rebeldes não vislumbram a possibilidade de o partido se recusar a renovar a aliança.

No máximo consideravam que o PMDB iria formalmente para a coligação e, na prática, cada seção regional agiria como bem entendesse, apoiando a candidatura Dilma, aliando-se implícita ou explicitamente à oposição ou simplesmente se omitindo quanto à eleição presidencial. Cada Estado cuidaria de suas próprias candidaturas aos governos, ao Senado e à Câmara, a fim de que o PMDB preservasse a força oriunda do poder local, com reflexo direto na cena nacional por meio da influência no Congresso.

Hoje a percepção é a de que o compromisso da aliança teria tudo para favorecer o PT sem render benefícios ao PMDB.

Histórico. Caso venha a romper aliança com Dilma, não seria a primeira vez que o PMDB participaria de um governo sem integrar a coligação eleitoral. Em 1998, o partido ocupava ministérios no governo Fernando Henrique Cardoso e, ainda assim, decidiu por não apoiar formalmente a reeleição. Nem por isso FH perdeu.

Calma no Brasil. O País está violento, intolerante, raivoso, necessitando urgentemente de um poder moderador/pacificador, cuja tarefa se inicia pela retomada de valores como legalidade, compromisso com a verdade, probidade, civilidade e respeito ao contraditório.
O acirramento de ânimos pode ser eficaz na luta política, mas acaba contaminando a sociedade quando a dinâmica do conflito e do vale-tudo sem regras nem limites é incorporada como prática cotidiana no exercício do poder.

Eliane Cantanhêde: Perdas e ganhos

- Folha de S. Paulo

O Datafolha confirma que o pronunciamento na TV, o pré-lançamento pelo PT e o excesso de exposição em solenidades, jantares, no twitter e no Itaquerão conseguiram estancar a queda de Dilma. Mas a coisa não está boa.

Aécio bateu cedo nos 20%, a cinco meses das eleições, e o segundo turno já é praticamente uma realidade no cenário mais real, com os nanicos. Apesar das previsões de Marina Silva, o resultado do segundo turno a Deus pertence. A diferença entre Dilma e Aécio caiu de 27 para 11 pontos. E, entre Dilma e Campos, de 32 para 17.

Dilma, porém, tem mais do que só exposição. Tem estratégia, um cronograma a favor, programa de TV em maio e passa a contar com uma reversão gradual do mau humor com a economia. Caiu a expectativa de inflação, pela primeira vez desde 2012. Muda o humor na economia, mudam os ventos na política.

Tudo indica que Dilma não só estancou a queda na popularidade e nas intenções de voto como deve começar a recuperar parte do capital perdido. A questão é quanto.

Ela não começou a cair só com os protestos de junho de 2013. Todo mundo esquece, mas já tinha perdido oito pontos entre março e o início de junho. Há, aliás, uma simbiose entre a queda da popularidade da presidente e a ida das pessoas às ruas.

O seu pico de popularidade foi de 65%, em março de 2013. O fundo do poço foi com 30%, três meses depois. E agora? Está com 35%. Dos 35 pontos perdidos, só recuperou cinco.

Quanto à oposição: está na fase do cresça e apareça. Aécio, mais conhecido e com um partido mais estruturado e mais identificado como oposição, leva vantagem em relação a Campos. Vem subindo e vai criando a sensação de que tem mais fôlego para chegar ao segundo turno.

Eis o risco: ele passar a apanhar não só de Dilma e do PT, mas de Campos e de Marina --neste caso, sem poder revidar. Ele precisa duplamente de Campos e Marina: para chegar ao segundo turno e para disputá-lo.

Luiz Carlos Azedo: Guerra de posições

• Mudança, pois, é palavra-chave para a oposição, que avança no vácuo deixado por Dilma. Aécio é apontado como o mais preparado para fazer isso por 19% dos eleitores, e Campos, por 10%. A petista tem 15% nesse quesito

- Correio Braziliense

A pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira aponta duas tendências do processo eleitoral. Ambas estão sujeitas a modificações, mas são robustas o suficiente para atravessar o período da Copa do Mundo, que vai de 12 de junho a 13 de julho: a primeira é a inviabilidade de uma eleição de turno único, como sonhara a presidente Dilma Rousseff; a segunda, a polarização PT versus PSDB. Ambas decorrem do crescimento das intenções de voto do pré-candidato tucano, Aécio Neves. A petista teria hoje 37% das intenções de voto, e todos os outros candidatos, somados, 38%.

A avaliação de Dilma, que está com 37%, frustrou o Palácio do Planalto. Esperava-se uma recuperação, devido ao pronunciamento que fizera em cadeia de rádio e televisão no Primeiro de Maio, que foi transformado numa espécie de trampolim eleitoral. Na ocasião, Dilma anunciou a correção do Imposto de Renda da Pessoa Física em 4,5% e um aumento da bolsa família em 10%. Essas medidas, na verdade, serviram para evitar o desastre de mais uma queda abrupta na pesquisa, que faria recrudescer o "Volta, Lula!". A agenda do governo, porém, continua negativa: novos escândalos na Petrobras, quebra-quebras nas manifestações populares, greves selvagens em setores essenciais. Como as projeções são de que a inflação chegará a 7,5% em 2015, possivelmente o programa de tevê do PT marcado para o próximo dia 15 também não reverterá esse cenário eleitoral.

A grande novidade no quadro eleitoral foi mesmo o crescimento de 4 pontos percentuais do presidente do PSDB, Aécio Neves, que saltou de 16% para 20% nas pesquisas. O tucano avançou posições na disputa não só porque manteve uma postura mais ofensiva no Congresso, onde atua intensamente a favor da instalação de uma CPI exclusiva para investigar os escândalos da Petrobras, mas também porque conseguiu unificar o PSDB em torno do seu nome. Essa postura facilita a penetração da candidatura no maior colégio eleitoral do país, São Paulo, onde a polarização já existe e é radicalizada. Como se sabe, o crescimento do tucano no chamado Triângulo das Bermudas, que além de São Paulo, inclui Minas e Rio de Janeiro, é o objetivo estratégico da campanha de Aécio para garantir sua presença no segundo turno.

A pesquisa desmentiu declaração de Marina Silva de que a candidatura de Aécio Neves tem cheiro de derrota. Pelo contrário, quem teve crescimento menor foi o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), o terceiro colocado, que registrou 11% de intenções de votos, um ponto percentual a mais, dentro da margem de erro. O resultado, porém, mostra tendência contínua de crescimento: tinha 9% em fevereiro e 10% em abril. Conhecido por apenas 25% dos eleitores, contra 86% de Dilma e 42% de Aécio, o pessebista enfrenta dificuldades de penetração nos grandes colégios eleitorais, onde chega com atraso, além de ser contingenciado por conflitos de sua coalizão, que inclui a Rede, de Marina Silva; o PPS, de Roberto Freire; e o PPL, o antigo MR-8. O maior problema de Campos é que não conseguiu alavancar o Nordeste em torno de seu nome, por causa da defecção que sofreu no Ceará, com a saída do governador Cid Gomes e o irmão dele, Ciro, do PSB para o Pros. Ambos apoiam a reeleição da presidente Dilma.

Discurso da mudança
Dilma ainda não se livrou do "Volta, Lula!", apesar das afirmações em contrário dele mesmo. Essa possibilidade deixou de ser uma conspiração interna do PT para refletir um desejo de 58% dos eleitores em geral e de 75% dos simpatizantes da legenda. com 35% de bom e ótimo, apenas, a aprovação de seu governo Continua sendo um drogue difícil de arrastar; ou seja, se essa avaliação piorar, estará aberto o caminho para a vitória da oposição, pois está muito próxima do piso necessário para garantir sua reeleição. Segundo os marqueteiros, com essa taxa de aprovação, hoje, essa possibilidade já estaria abaixo de 50%. Os números da pesquisa parecem corroborar essa tese. Com 74% dos eleitores desejosos de mudanças na forma como o país é governado, apenas 15% dos quais veem a presidente Dilma como capaz de representar esse anseio. Essa seria a causa de uma eventual recidiva do "Volta, Lula!", pois o ex-presidente conta com 38% de eleitores que o veem como capaz de promover a mudança.

Mudança, pois, é palavra-chave para a oposição, que avança no vácuo deixado por Dilma. Aécio é apontado como o mais preparado para fazer isso por 19% dos eleitores; Campos, por 10%. O discurso da continuidade em relação ao governo Lula — que levou Dilma ao poder em 2010 — , desta vez, pode estar em contradição com o sentimento do eleitor, que deseja a mudança de rumo. Não é à toa que a estratégia adotada por Dilma para neutralizar a oposição é caracterizar a polarização com o PSDB como um retrocesso, mas falta combinar com os beques, como diria o saudoso Mané Garrincha.

João Bosco Rabello: Oposição competitiva

- O Estado de S. Paulo

Em fase preliminar de campanhas, pesquisas devem ser relativizadas e avaliadas com a cautela adequada que as submete à impossibilidade de prever o futuro. Funcionam nesse período como indispensável termômetro que confere erros e acertos dos candidatos.

Nesse contexto, a consulta mais recente, do instituto Datafolha, indica que a oposição entrou na agenda do eleitor, que começa a direcionar para seus candidatos a insatisfação registrada com o governo, consolidando a perspectiva de segundo turno.

No cenário em que a soma dos candidatos de oposição alcança o mesmo índice da presidente Dilma Rousseff, não surpreendeu a dianteira do senador Aécio Neves (PSDB-MG) em relação ao seu concorrente Eduardo Campos.

O salto de Aécio para 20% nas intenções de voto é, certamente, resultado da maior exposição que obteve pelo protagonismo na luta pela instalação da CPI da Petrobrás e pela veiculação da primeira de 400 inserções na televisão, que caminharam lado a lado, ampliando sua visibilidade.

Campos foi discreto nas manifestações a favor da CPI, quando não as questionou, apesar da sucessão de denúncias justificarem sua instalação. Aécio ocupou a cena tirando legítimo proveito dos erros do governo que trouxeram à tona o que estava nos bastidores da empresa símbolo nacional.

O programa de Aécio na televisão também foi considerado eficiente e serviu ao propósito de dar a partida na estratégia de torná-lo mais conhecido da população. Por ser uma fotografia desse momento as pesquisas não devem desconsiderar o espaço de crescimento de Campos, cuja tendência é ampliar seus índices tão logo se exponha mais ao eleitor, não só pela televisão, mas com uma narrativa crítica ao governo melhor definida.

Aécio também tem menos obstáculos junto a segmentos econômicos produtivos, como o agronegócio, e a empresários, de modo geral, do que Campos, cujo pensamento agrada a esses setores, mas esbarra no ceticismo de que possa executá-lo com desenvoltura em sociedade com a ex-senadora Marina Silva.

O efeito colateral perigoso para ambos é a reação do PSB ao crescimento de Aécio, que pode precipitar o distanciamento entre ambos, quando deixarão de ser concorrentes para se tornarem adversários.

Já a presidente Dilma Rousseff, se não registrou nova queda, parece limitada a comemorar esse fato. A demanda sobre o governo federal, que recai sobre a economia e melhores serviços públicos, não pode ter resposta rápida, o que retira à candidata a perspectiva de gerar fatos novos capazes de reverter o desejo por mudança manifestado pelo eleitor.

Pânico. A quebra de sigilo do ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, do doleiro Alberto Youssef e de empresas próximas a ambos, pelo juiz Sérgio Moro, causou impacto em Brasília. O pânico é geral e ampliou de 47 para além da centena a lista especulativa de políticos com chances de frequentar o noticiário de escândalos.

Trem da Alegria. Há dois anos na geladeira, a emenda constitucional que efetiva sem concurso público, cerca de 5 mil responsáveis por cartórios, pode ser votada semana que vem. Com a oposição do governo, que a vê como um “trem da alegria”, a proposta dá titularidade sem concurso aos que assumiram os cartórios até 20 de novembro de 1994.

Ferreira Gullar: Retrato falado

• Alguém acredita que Lula desconhecia o uso do dinheiro público para a compra de deputados?

- Folha de S. Paulo / Ilustrada

Lula é uma vocação política incontestável, como demonstra sua carreira vitoriosa, que o fez sair da condição de operário e chegar à Presidência da República. É verdade que alguns fatores políticos contribuíram para isso, mas não tivesse ele o tino e a sagacidade que tem, jamais chegaria onde chegou.

Há, porém, um traço de sua personalidade que igualmente contribuiu para essa carreira vitoriosa: a facilidade com que ignora toda e qualquer norma, seja ética, política, jurídica ou administrativa. Para ele, tudo é permitido, desde que favoreça a seus propósitos. Não digo que ele seja o único, dentre nossos políticos, com essas características, mas, nesse particular, indiscutivelmente, ele supera qualquer um.

E tem mais, quando se trata de seu interesse político pessoal, não distingue entre companheiros e adversários. Os exemplos são muitos e o mais notável dentre eles foi o próprio mensalão. José Dirceu, Genoino, Delúbio, todos pagaram pelos delitos cometidos, menos ele, que era o chefe da trupe.

Lembro-me bem da expressão de pânico estampada em seu rosto, quando o escândalo eclodiu. Dava para perceber que se sentia sem saída. Não duvido que, em seguida, tenha mostrado àqueles três que se ele, Lula, fosse incriminado, todos eles e o próprio PT estariam perdidos. Foi então que Delúbio assumiu toda a culpa e o Lula se safou.

Alguém acredita que Lula desconhecia o uso do dinheiro público para a compra de deputados que apoiavam o seu governo? Quer dizer que o chefe da Casa Civil, que despachava com ele todos os dias, armou tudo sem nada lhe contar; o Genoino, presidente do PT, também nada, e Delúbio, que estava todos os domingos fazendo churrasco na Granja do Torto, também guardou segredo.

Isso, embora o mensalão tivesse como beneficiário o seu governo. Pois bem, na hora em que o escândalo estourou, o que disse Lula? "Fui traído!" Passado o susto, porém, afirmou que não houve o mensalão, era tudo uma invenção de seus inimigos e da imprensa. É muita cara de pau, não acha?

Sucede que o Supremo Tribunal Federal julgou o mensalão e condenou os dirigentes do PT por crime de peculato, corrupção e lavagem de dinheiro, num julgamento que durou meses e que foi transmitido pela televisão. Tudo foi dito, exibido, discutido e votado às vistas de todo o país. Acusados foram condenados e estão cumprindo pena. Mesmo assim, recentemente, Lula afirmou numa emissora de rádio em Portugal que aquele julgamento foi 80% político e só 20% jurídico. Ele diz isso baseado em quê, se a maioria dos ministros do STF foi nomeada por ele e pela Dilma? Claro, sabia muito bem estar mentindo, que o que afirmava não tinha qualquer fundamento, mas afirmou.

Mas o que esperar de Lula, diante de uma pergunta como aquela: o que pensa da condenação de dirigentes do PT pelo STF? A resposta honesta seria, no mínimo, "é, pisamos na bola". Só que admitir que ele e sua trupe erraram, jamais admitirá. Por essa razão, sem o menor constrangimento, garantiu que o julgamento foi político e que o futuro revelará a verdade. Sim, o futuro há de revelar que ele, Lula, foi o verdadeiro chefe do golpe do mensalão.

Hoje Lula diz que o julgamento foi político, mas quem, de fato, tentou politizá-lo foi ele, que, como revelou o ministro Gilmar Mendes, do STF, armou um encontro para convencê-lo a votar contra a condenação dos mensaleiros. Como o ministro não topou, tentou dobrá-lo, ameaçando revelar um deslize que ele teria cometido, e que não houve. Isso é chantagem, não?

Convenhamos que não pega bem um ex-presidente da República fazer certas coisas como, por exemplo, tentar desmoralizar o Judiciário, um dos três poderes do Estado democrático brasileiro. Mas o que fazer? Outro dia, eu o vi, num vídeo antigo, afirmar para seus companheiros ter a vida lhe ensinado que o político não deve dizer o que pensa e, sim, o que o eleitor quer ouvir. Ou seja, o político deve enganar o eleitor. Creio não ser preciso dizer mais nada.

Esclareço que nada tenho, de pessoal, contra Lula. Preocupam-me as consequências de sua atuação no Brasil de hoje e no de amanhã.

Poeta, ensaísta e crítico de arte

Gaudêncio Torquato: Social-democracia à brasileira

- O Estado de S. Paulo

De repente, a bola chegou quadrada aos pés de Eduardo Campos: rever ou não rever o manifesto do PSB, datado de 1947, cujo item 7 prega que o objetivo do partido no terreno econômico "é a transformação da estrutura da sociedade, incluída na gradual e progressiva socialização dos meios de produção, que procurará realizar na medida em que as condições do País a exigirem".

O pré-candidato à Presidência da República se vê no meio de uma enroscada. De um lado, empresários do campo privado temerosos de que a pelota seja chutada para os braços de Karl Marx; de outro, correligionários duros, que não admitem tesoura para cortar documento histórico. A par do simbolismo implícito no texto que ainda prega a "manutenção da propriedade privada nos limites da possibilidade de sua utilização pessoal, sem prejuízo do interesse coletivo", o documento suscita a indagação: de que social-democracia o Brasil necessita e que peculiaridades devem ser examinadas nas propostas dos candidatos à Presidência da República? Essa é a questão em jogo, ainda mais quando o tema da concentração de renda e igualdade social ganha o foro mundial, a partir do livro do francês Thomas Piketty, Capital no século XXI. Ao traçar o histórico da concentração de renda nos últimos três séculos, ele mostra que os ricos ficam cada vez mais ricos e a desigualdade fica cada vez pior.

O fato é que nossa social-democracia carece de aperfeiçoamentos. A título de lembrança, tal modelagem começa a tomar corpo a partir da ofensiva liberal conservadora que impacta o País nos anos 70, ganha corpo na onda de organização dos movimentos sociais impulsionados pela Constituição de 1988 e resulta na ampliação dos direitos coletivos, base do Estado do bem-estar.

Não se trata, como alguns podem imaginar, de opor as bandeiras do socialismo clássico às do liberalismo ortodoxo. Trata-se de alinhar o sistema ao espírito do nosso tempo. Ganhando consistência progressiva entre 1919 e 1939, na Europa, sob a égide das identidades regionais e revisões constantes do escopo socialista, a social-democracia ganhou nuances aqui e ali, sem romper os pressupostos econômicos, políticos e sociais do liberalismo. Elege o Estado como regulador da economia, coisa necessária para corrigir desequilíbrios causadores de crises, aliás, na esteira das lições de John M. Keynes.

O modo de produção capitalista, por sua vez, atravessou um longo corredor de mudanças. As organizações foram instadas a ampliar a pletora de direitos dos trabalhadores. A configuração do mundo do trabalho adquiriu novos contornos com a multiplicação de micro e pequenos negócios, abrindo aos trabalhadores acesso ao território dos empreendimentos. Nesse ambiente, a social-democracia incorporou transformações nas esferas organizativas, políticas, econômicas e sociais. Ao perceber a impossibilidade de um só partido juntar mais de 50% dos votos de um país e chegar, sozinho, aos píncaros do poder, passou a agregar alianças. E a coabitar. Na França, pôde-se ver um presidente socialista (François Mitterrand) convivendo com um primeiro-ministro da direita conservadora (Jacques Chirac); ou um presidente direitista (Chirac) ao lado de um primeiro-ministro socialista (Lionel Jospin). A clássica luta de classes abriu vez para a conciliação entre grupos e classes; a esfera dos trabalhadores estendeu seus domínios, agora integrando as classes médias (com profissionais liberais), e não apenas os peões do chão de fábrica. Os partidos de massas substituíram os classistas.

Dito isso, cheguemos ao panorama brasileiro. Que caráter e programas devem ancorar nosso sistema social-democrata? O pressuposto inviolável, intransferível, imutável é o compromisso com o Estado do bem-estar. Em outros termos, o sistema deve desenvolver uma economia viável, ajustada aos parâmetros do território, capaz de beneficiar todas as parcelas da população e endossada por partidos que se juntem em aliança para implantar programas consensuados.

Tal ideário não pode desequilibrar o orçamento público ou ancorar políticas populistas. Esse é o ponto de atenção. Urge enxugar a máquina administrativa usando critérios racionais e dar ao Estado o tamanho adequado para cumprir suas tarefas. Fernando Henrique tentou diminuir a extensão da máquina. Foi acusado de privatista. O ciclo Lula voltou a inchar a máquina com milhares de contratações. Mas não desconstruiu os pressupostos liberais. Na era Dilma, o Estado é considerado "mais intervencionista". Afinal, que instrumentos o Estado deve dispor para preservar seu papel de regulador da economia, promover o bem-estar e orientar a iniciativa privada no caminho do bem comum? Ampliar ou não as Parcerias Público-Privadas (PPPs) a concessão de serviços públicos e impor limites à privatização de bens públicos? O que cabe em nossa social-democracia? Com a palavra, os postulantes à Presidência da República.

É hora de atribuir a cada qual o que lhe pertence. É inegável que o braço assistencialista dos anos PT contribuiu para acelerar a dinâmica social. Da mesma forma, as estacas do Estado atual foram fincadas na era tucana do Plano Real. Outro ajuste seria nos vãos do nosso presidencialismo. A Tríade do Poder parece torta. O sistema presidencialista, com extrema concentração de força, precisa diminuir seu ímpeto legislativo. Tudo passa pela tinta da caneta do mandatário-mor, que mora na fortaleza que distribui verbas, cargos, empregos e favores.

Todo esforço se fará necessário para atenuar aquilo que José Murilo de Carvalho chama de "estadania", contraponto à cidadania. A organicidade social, a constelação de entidades que se transformam em novos polos de poder, as manifestações de rua abrem um amanhã para a democracia participativa, cujo papel é o de fazer pressão sobre a democracia representativa.

Nota de pé de página: não há por que temer o manifesto de 1947 do PSB. O mundo girou, e muito, desde os tensos anos da guerra fria.

*Jornalista, é professor titular da USP

Diário do Poder – Cláudio Humberto

- Jornal do Commercio (PE)

• É só gritar ‘refúgio!’, e haitianos entram no Brasil
A Polícia Federal está proibida de conter a entrada dos haitianos no Brasil, como tem acontecido, sem qualquer controle, nem documentos. Entre os mais de 4 mil que chegaram este ano, pode haver criminosos comuns, fugitivos da Justiça, terroristas procurados etc, mas instruídos pelos “coiotes”, pagos para trazê-los do Haiti, apenas precisam gritar “refúgio!”, e os agentes são obrigados a permitir o ingresso no Brasil.

• Casa de Mãe Joana
Já no Brasil, os haitianos recebem “visto humanitário” de permanência, além de carteiras de trabalho com a identidade que declaram.

• Irresponsabilidade
O Brasil, irresponsável, nem sequer faz gestões junto aos governos da Bolívia e do Peru, por onde chegam os haitianos, para exigir vistos.

• PF marginalizada
O Ministério Público Federal e o governo paulista criaram comissão para examinar o problema dos haitianos. E excluíram a Polícia Federal.

• É só o começo
Com estímulo inconsequente do governo, o problema deve se agravar: estudo recente mostra que 91% dos haitianos querem viver no Brasil.

• Vandalismo contra ônibus gera perda milionária
Têm sido frequentes a depredação e queima de ônibus durante manifestações, em Estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal. Só em 2014, foram 522 casos de vandalismo contra transporte público, quase 17 vezes o número registrado em 2013, que foi de 31 ocorrências, com perdas de mais de R$ 3,9 milhões. Em 14 anos, as empresas contabilizam prejuízo de R$ 120,5 milhões com vandalismo.

• Sem seguro
Ao contrário do que muitos pensam, os ônibus urbanos e rodoviários não possuem seguro, nem tampouco amparo financeiro do Estado.

• População prejudicada
Quando incendiados, as empresas não conseguem repor os ônibus imediatamente, pois só são produzidos por encomenda.

• Na estrada
Após ter sido vaiado em aeroporto, o enrolado André Vargas agora só viaja de carro do Paraná até Brasília. São cerca de 1,2 mil quilômetros.

• Engavetado
O processo contra Rose Noronha, a amiga íntima do ex-presidente Lula, não anda. Apesar das 5 mil páginas, nenhum dos 18 acusados da Operação Porto Seguro foi julgado ou condenado.

• Salão privado
Como Delúbio Soares, outro condenado do mensalão, Jacinto Lamas, também se utiliza de barbeiro em seu local de trabalho, de onde somente pode sair para retornar à cadeia, no começo da noite.

• Sem apoio
Com os dois pés na campanha de Henrique Alves (PMDB) ao governo, o senador José Agripino (DEM-RN) descarta candidatura à reeleição de Rosalba Ciarlini: “Ela nem recorreu ao TSE, continua inelegível”.

• Outro mensalão
Na Câmara, deputados expõem nos bastidores o pânico com eventual delação premiada de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, que revelaria um mensalão, com grana para diversos partidos, que faria aquele do governo Lula parecer brincadeira de crianças.

• A História de cada um
Ascendência italiana e pulso firme unem dois juízes na roda da História: Sérgio Moro, o “xerife” da Operação Lava Jato, e Aldo Moro, cinco vezes premiê da Itália, morto pelas Brigadas Vermelhas.

• Faltou combinar
O governador João Lyra Filho está incomodado com o “abacaxi” que herdou de Eduardo Campos: a promessa de doar terreno ao lado da Arena Pernambuco para a “Cidade da Copa”, megaprojeto imobiliário da Odebrecht. É que, sem autorização da Assembleia, nada feito.

• Pontes partidas
O chanceler Luiz Alberto Figueiredo acalmou os ânimos de movimento, liderado por dois filhos de embaixadores, disposto a “resgatar” o “prestígio perdido” do Itamaraty, numa carta aberta criticando Dilma.

• Briga religiosa
Na tentativa de contrapor bloco comandado por evangélicos no Distrito Federal – PTN, PP, PROS, PSC e PRB –, candidatos católicos se reuniram para lançar dez candidatos a deputado distrital e um a federal.

• Mamãe, mamãe
Os filhos da Dilma, “mãe do PAC”, avisam que, com a disparada da inflação, vão fazer vaquinha para ela ganhar um nariz de Pinóquio.

Painel - Vera Magalhães

- Folha de S. Paulo

Antidepressivo
Dilma Rousseff e o comando de sua campanha à reeleição apostam em dados compilados por Marcelo Neri, da Secretaria de Assuntos Estratégicos, para construir um discurso contra o pessimismo com a economia. De acordo com os números, apresentados à presidente e a vários ministros há uma semana, a renda média do brasileiro voltou a crescer a partir do segundo semestre do ano passado, e a desigualdade social teria caído mais sob Dilma que no governo Lula.

Curva A Pesquisa Mensal do Emprego do IBGE mostra que o rendimento médio real do trabalhador patinou no início de 2013. Em julho, era de R$ 1.937, abaixo do valor de junho de 2012. A partir de agosto, voltou a crescer e chegou a R$ 2.026 em março.

Cilada 1 Coordenadores da campanha de Dilma notaram que Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) engataram discurso "reativo" às ações do governo e vêm sendo cobrados sobre a continuidade ou encerramento de programas lançados pelo PT.

Cilada 2 Para os dilmistas, a continuidade desse cenário garante à presidente o poder de pautar o debate eleitoral nos próximos meses.

Na Copa Depois de discussões internas sobre a data da convenção que oficializará a candidatura de Dilma, o PT marcou o evento para o dia 21 de junho, um sábado, provavelmente em Brasília.

Cipoal O modelo de discussão do programa de governo de Campos e Marina Silva afugentou parte dos especialistas convidados. Um colaborador disse não ter ido à oficina sobre energia porque "centenas" de propostas seriam levantadas.

Brainstorm Mas ao menos um mote surgido no debate deve ir para a campanha: "racionalizar agora para não racionar depois", que alfineta tanto Dilma quanto Aécio, devido ao racionamento do governo FHC, em 2001.

Mudou Antes avessos a uma aliança, deputados do PSD agora defendem abertamente que Gilberto Kassab seja vice de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo. "Se a candidatura Kassab não prosperar, defendo caminharmos com o governador", diz Guilherme Campos.

Canetada 1 O PSDB acionou a presidência do Tribunal de Contas paulista colocando sob suspeição a conduta do conselheiro Roque Citadini, que mandou paralisar o processo licitatório da linha 18-bronze do metrô após pedido de uma empresa alheia ao assunto.

Canetada 2 "Qual seria o incômodo ou interesse do conselheiro no modelo [de licitação] que está sendo realizado?", questiona o deputado estadual tucano Orlando Morando, que assina a representação contra Citadini.

Vacina David Uip, secretário de Saúde de Alckmin, se reúne amanhã com militantes tucanos para orientá-los no debate que será travado com Alexandre Padilha (PT) sobre o tema. Um dos objetivos é fornecer dados para um discurso de tentar desconstruir o Mais Médicos.

Importação O delegado federal Márcio Anselmo, que coordenou a Operação Lava Jato, relatou a colegas que, às vésperas de deflagrar as prisões no Paraná, teve de recrutar agentes em outros Estados, porque detectou tentativa de boicote à ação por parte de policiais locais.

Na mira A corregedoria da PF no Paraná também abriu procedimento para investigar a tentativa de representantes do sindicato local dos policiais federais de entrar na carceragem onde estão presos acusados de envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro.

Tiroteio
"Empresários aplaudiram promessa de ações impopulares. Aécio revela a primeira: acabar com créditos a juros baixos para a indústria."

DA SENADORA GLEISI HOFFMANN (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil, ironizando as críticas feita pelo tucano aos créditos subsidiados do BNDES.

Contraponto
Milagre da popularidade

No início da campanha de Antonio Anastasia (PSDB) ao governo de Minas, em 2010, sua equipe sofreu com a descrença de alguns em sua vitória. Com 4% nas pesquisas, chegou a levar um chá de cadeira de horas quando visitou Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial.

Assim que disparou nas pesquisas, Anastasia foi recebido como rei pelo pastor, e convidado a acompanhar uma sessão de cura. A vontade de agradar era tão grande que tucanos estranharam quando Valdemiro tentou curar uma mulher muda. Sua primeira palavra depois de curada foi:

""A-A-A-Anastasia!

Brasília-DF - Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

Os elefantes petistas
Apesar dos números do Datafolha animarem mais a oposição do que o governo de Dilma Rousseff, os petistas passaram a elencar quatro movimentos que, na visão da cúpula partidária, tendem a estancar o "Volta Lula". O primeiro deles foi a forma como a direção do PT e a bancada na Câmara trataram do caso André Vargas (sem partido-PR). De saída, houve uma reprovação pública a Vargas e o pedido de renúncia, ou seja, o PT não dourou a pílula. Em segundo lugar, veio o pronunciamento da presidente Dilma para marcar o Dia do Trabalho — o mesmo que o PSDB reclamou à Justiça Eleitoral como peça de campanha — anunciando a nova tabela do Imposto de Renda e o reajuste do Bolsa Família.
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Os outros dois movimentos foram a reunião do PT em São Paulo e a decisão da bancada em prol de Arlindo Chinaglia para a vice-presidência da Câmara. Luiz Sérgio, o adversário de Chinaglia, além de ter sido indicado de Vargas, era como a velha história dos dois experientes senhores do interior de Minas Gerais sentados à beira da estrada. De repente, veem um elefante passar voando e, em seguida, outro na mesma direção. "O ninho deles é pra lá", respondem, sem questionar a existência de elefantes voadores. Algo parecido ocorreu com a candidatura de Luiz Sérgio. Ninguém questionou o "Volta Lula". Mas lá estava o ninho do grupo. Pelo que se sabe, Rui Falcão agiu e agirá para sufocá-lo.

A vingança de Cid Gomes
A semana promete. Sem o controle de seu partido, o Pros, o governador do Ceará, Cid Gomes, virá a Brasília para um duelo com o líder na Câmara, Givaldo Carimbão. De quebra, ameaça agora apoiar um candidato do PT à sua sucessão. Assim, calculam seus aliados, evita que o PT apoie a candidatura do senador Eunício Oliveira (PMDB) ao governo estadual.

A vingança de Carimbão
O troco de Givaldo Carimbão será grande, depois que Cid Gomes o chamou de "chantagista" em entrevista no Ceará e ainda classificou o presidente do Pros, Eurípedes Júnior, de "maloqueiro", mandando que fosse a vários lugares impublicáveis na semana passada. Carimbão pretende dizer com todas as letras que uma das empreiteiras responsáveis pelo cinturão das águas, obra de R$ 750 milhões bancada com recursos federais no Ceará, é a PB Construções, da família do secretário de infraestrutura do estado, Otacílio Borges. Diante desse clima, a turma da segurança da Câmara já foi alertada para acompanhar de perto as excelências, caso Cid Gomes decida visitar o líder do partido durante sua estada em Brasília.

CURTIDAS
Agulhadas
Está explicado porque o ministro da Fazenda, Guido Mantega (foto), sempre exibe aquele ar blasé nas entrevistas em que fala das perspectivas econômicas. É a acupuntura. Dia desses, ele estava na sala do chinês Gu Hangu, na Asa Norte.

Tá incomodado com os políticos?
O chamamento de Carlinhos Brown na tevê será direto: "Se não tem ninguém em quem você confie para votar, seja candidato".

Na roda
Desfeito o acordo entre o PMDB e o governador Renato Casagrande (PSB) no Espírito Santo, a deputada peemedebista Rose de Freitas se prepara para concorrer ao Senado, justamente a vaga que o PT deseja para compor a aliança.

Exemplo
O ministro Marco Aurélio Mello foi flagrado sexta-feira, de manhã cedo, num shopping em Brasília. Estava dirigindo um carro particular. Foi comprar o presente de Dia das Mães para a mulher, a desembargadora Sandra de Santis, que, aliás, tem por norma não usar carro oficial. Feliz Dia das Mães a todas!