terça-feira, 15 de janeiro de 2013

OPINIÃO DO DIA - Jürgen Habermas: fatos e valores

A dualidade entre fatos e decisões leva à validação do conhecimento fundado nas ciências da natureza e desta forma elimina-se a práxis vital do âmbito destas ciências. A divisão positivista entre valores e fatos, longe de indicar uma solução, define um problema.

Jürgen Habermas

Manchetes de alguns dos principais jornais do país

O GLOBO
Além das mortes - Rio perde bilhões com acidentes em estradas
Redução de tarifa: Conta de luz menor chega em março
Educação - Sisu: cotistas têm 44% das inscrições
Venezuela em vigília: Vice Maduro tem ação limitada

FOLHA DE S. PAULO
SP e RJ adiam reajuste de ônibus para frear inflação
Caminhões puxam alta nas multas em São Paulo
Cai assessor que recebeu recursos de deputado
Ex-assessora da Presidência pediu favor até a diretor da PF
Grupo islâmico no Mali ameaça retaliar França com atentados

O ESTADO DE S. PAULO
Haddad corta R$ 5,2 bi do orçamento e 'congela' obras
Gasolina deve subir 7% e governo tenta atenuar impacto
Pedetistas usam secretaria para articular novo partido
TSE diz que hora extra será devolvida
Contador de Cachoeira se entrega após 1 ano
Dilma sanciona lei que reduz conta de luz

VALOR ECONÔMICO
Com juro menor, crédito agora atrai até a classe A
GE ganha novo contrato da Petrobras
Cai o interesse por energia de bagaço de cana
Disputa acirrada e indefinida pela OMC
Tesouro dos EUA planeja seus dias de penúria

BRASIL ECONÔMICO
Com pressão da Anvisa, preços de remédios caem 35% em oito anos
OCDE prevê o fim da crise mundial, com Brasil estável
Candidatura “verde” ficará madura?
BB prepara outra ofensiva nos EUA
Companhias têm de recuperar R$ 68 bi

CORREIO BRAZILIENSE
GDF revisa Nota Legal e libera uso de créditos
O homem que sabe demais
Fiscalização sobre "bombas" é falha
Servidores fantasmas assombram Macapá
Custo de vida em alta faz brasileiro cortar alimentos

ESTADO DE MINAS
Oh, my God!
Conta de luz cai no mês que vem
Prefeitura de BH: MP investiga contratos de terceirizados

O TEMPO (MG)
Governo garante a rivalidade
Minas inaugura 1ª prisão feita pela iniciativa privada no país
Clima instável de janeiro deixa hortaliças mais caras
Por fora, Delgado articula votos

GAZETA DO POVO (PR)
Governo subsidiará transporte no interior
Preço do material escolar subiu, mas dá para economizar
Crime expõe fragilidade da Ponte da Amizade
Fruet suspende calçada de granito do Batel
Em ano desanimador, a poupança continuou crescendo
Obama estuda restringir armas por decreto

ZERO HORA (RS)
Assembleia mantém descontrole sobre empréstimo de servidores
Uruguaiana: Sem gás, usina adia retomada de operação

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Apagão provoca prejuízos no Araripe
Aumento da gasolina deve ficar em 7%
Dilma e Eduardo

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais do país

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Entrevista -Roberto Freire: 'Não somos anti-PT "

Em seu sétimo mandato na Câmara, o deputado elogia ainda o desfecho do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), que mudou a cultura política brasileira ao mostrar que "poderosos" não estão acima da lei

Vera Ferraço,

Com o PPS ocupando prefeituras importantes no Espírito Santo, Vitória e Cariacica, o presidente nacional do partido, deputado federal Roberto Freire, diz que o Estado pode virar vitrine da legenda. Crítico ferrenho do governo federal, Freire afirma que o PPS não é contra o PT: "Não somos anti-PT. O PPS é contra o governo incompetente e corrupto de Lula e Dilma". Em seu sétimo mandato na Câmara, o deputado elogia ainda o desfecho do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), que mudou a cultura política brasileira ao mostrar que "poderosos" não estão acima da lei.

Qual a importância para o PPS de ter os prefeitos de Vitória e de Cariacica?

Significou de forma muito concreta mudarmos a avaliação das nossas participações nas eleições de razoável para boa. O Espírito Santo hoje é onde você tem um PPS com maior presença e peso político porque insere um protagonismo concreto na política estadual. Será maior esse protagonismo se as administrações mostrarem a decência e a competência que os dois prefeitos têm como característica pessoal. Se as administrações forem isso, evidentemente será uma grande vitrine.

A vitória da mudança é um desafio para Luciano Rezende?

Diria que desafio serão todas as administrações municipais no Brasil, porque nós estamos começando a enfrentar muito seriamente uma crise econômica e que, por incompetência do governo federal na gestão da economia brasileira, os reflexos nos municípios serão ainda piores. Um exemplo muito concreto é que o governo adotou políticas de incentivos que vão prejudicar diretamente os municípios e não ajudaram em nada para que tivéssemos um melhor desempenho econômico. Basta ver o pífio PIB do governo Dilma, menos de 1%. As transferências constitucionais para as prefeituras vão ter uma diminuição grave e isso vai exigir dos prefeitos muita competência para enfrentar as dificuldades.

Em Cariacica, Juninho não tem experiência. Isso pode ser um complicador para a gestão dele?

Ao contrário. Durante a campanha, Juninho demonstrou um bom conhecimento da realidade de Cariacica, das suas dificuldades. Inclusive, seus discursos após eleito foram de quem está tendo uma boa compreensão dos desafios e de como enfrentá-los.

Qual conselho daria a Luciano e Juninho?

(Risos) Não precisa muito dar conselho. Eles demonstraram que estão preparados. O que posso dizer é que estou à disposição, como acredito que todo o partido, para o que eles precisarem.

O PPS é o partido mais crítico ao PT no cenário nacional. Mas, em Vitória, o prefeito Luciano assumiu trocando elogios a João Coser (PT). Não é contraditório?

Não. A crítica ao PT não é ao partido como instituição, é ao PT como governo. E o governo federal do PT evidentemente seria um desastre se tivesse sido do mesmo tipo em Vitória. Pelo menos é isso que Luciano atestou: que foi um governo que abriu as portas para uma boa transição. Foi esse o elogio que ele fez. Tem que ficar bem claro que não somos um partido anti-PT. Somos contra o governo incompetente e corrupto de Lula e Dilma. Em relação a Coser não temos o mesmo conceito. Foi isso que Luciano demonstrou, que ele teve transparência na transição. O PPS é contra o governo incompetente, corrupto, Lula-Dilma.

Como o PPS fica em 2014, já que o partido tem sido um aliado do PSDB, mas o PSB pode entrar no páreo da disputa presidencial com Eduardo Campos?

O PPS trabalha com vários outros cenários além desses dois. E o partido não vai decidir isso agora. É precipitação imaginar que as coisas serão decididas agora. A situação de Eduardo Campos, por exemplo, ainda não está definida se ele será candidato. É vidente que o PPS só passa a admitir e analisá-lo como candidato se ele efetivamente se apresentar como alternativa ao governo federal que aí está. Um outro cenário é o da candidatura própria do PPS, alguns falam no meu nome. Mas é evidente que estamos no início da discussão. Esse é um dos cenários.

O senhor poderia entrar na disputa?

Sim. Mas como disse, ainda é muito cedo.

O senhor avalia que o senador Aécio Neves precisa assumir uma postura mais crítica ao governo federal e participar mais do debate nacional para entrar na disputa presidencial?

O Aécio foi muito bom governador de Minas Gerais. É um democrata. Tem competência para ser presidente da República. Quanto à atuação neste momento, em geral, o PSDB poderia ser uma oposição mais contundente, até porque a incompetência do governo e os níveis de corrupção são grandes demais para que se faça uma oposição um tanto quanto não aguerrida.

Alguns integrantes do PPS avaliam que o PSDB não faz uma oposição consistente e não tem um projeto alternativo para o país. Qual sua opinião sobre o desempenho dos tucanos?

Há um certo sentimento de indignação muito forte em relação particularmente à corrupção no governo Lula e Dilma que grande parte da opinião pública reclama muito da oposição. É um certo voluntarismo imaginar que a oposição pode fazer muito mais do que está fazendo. Então, há esse sentimento. Mas não é bem verdadeiro. Diria, por exemplo, que o PSDB faz uma boa oposição, mas poderia ser melhor. Poderia ser muito mais contundente, por exemplo, na denúncia da incompetência total do governo na gestão econômica. Isso já vem desde Lula. Piorou agora com Dilma.

Qual é a sua avaliação sobre a postura da oposição nacional hoje, incluindo aí o PPS, ao governo Dilma? Está faltando mais firmeza?

Em alguns aspectos na crítica econômica, o PSDB é um pouco mais crítico. Precisaríamos disso. Do ponto de vista geral, não. Lula, por exemplo, é hoje um cidadão acuado, com medo da imprensa. Tem haver com a atitude também da oposição, que cobra que ele esclareça todas as denúncias em relação a sua participação no mensalão, no Rosegate. A oposição tem cumprido aí o seu papel. Poderia ser melhor, há algumas falhas nessa questão da crítica econômica, mas de maneira geral tem cumprido. Tanto é verdade que o governo e Lula estão sentindo. E repito: Lula tem fugido da imprensa. Por quê? É só por conta do medo da imprensa ou pela atuação da oposição de cobrar. Estamos hoje (quarta-feira), inclusive, cobrando do Ministério Público que a Rosemary (Noronha) seja efetivamente investigada.

Como viu o resultado do julgamento do mensalão e as penas aplicadas a petistas?

O julgamento do Supremo Tribunal Federal já mudou efetivamente a cultura política brasileira, pelo menos no tocante de que poderosos estão acima da lei. Demonstrou que o Brasil avança no processo democrático, apesar de também termos visto, por outro lado, uma reação do PT até um tanto quanto sediciosa de tentativa de desmoralizar as instituições e os poderes da República. Mas houve um avanço. No geral estamos tendo um saldo positivo dessa atitude do Supremo no julgamento do mensalão de Lula, que teve esse aspecto punitivo. Quanto à questão das penas, aí a discussão é infindável, se foi insuficiente se não foi. Mas o importante é que houve a pena e que ela seja cumprida.

Lula deve ser investigado pelas novas denúncias feitas por Marcos Valério, que o acusou de saber do mensalão e ser o chefe do esquema?

Claro. É preciso entender que a denúncia não é a comprovação da culpa ou do dolo. A denúncia é a notícia de que houve um crime e precisa-se investigar para saber quem é o responsável. Quem deveria, inclusive, pedir a investigação é o próprio Lula e não nós da oposição. Aí dizem que ele (Valério) é um desqualificado. Até há bem pouco tempo ele era um homem de confiança e operacional, inclusive, daqueles interesses que o mensalão envolvia e dos interesses do próprio Lula, e ele está denunciando. Não é aceitar a denúncia tal como foi feita e responsabilizar Lula. Mas é investigar para até não responsabilizá-lo. E não é só a denúncia de Valério. Agora há a questão muito grave de Rosemary Noronha. A moça que trabalhou como secretária e que é amiga dele. Há um envolvimento claro, denunciado inclusive por um ex-vice-presidente do Banco do Brasil, de que ela era um pião importante junto à Presidência da República de interesses escusos e ilícitos praticados nesses bancos e em outras instituições e departamentos do governo. Essa moça vivia viajando com ele (Lula), inclusive clandestina. Isso só já basta para mostrar que algo de incorreto existia nessa relação.

Fonte: A Gazeta de Vitória (ES)

Além das mortes - Rio perde bilhões com acidentes em estradas

Firjan diz que só na Via Dutra, Rio-Juiz de Fora e Ponte custo chegará a R$ 2,6 bi

Com o crescimento da frota e a situação precária das rodovias, estudo estima que o número de acidentes vai aumentar 76% nos próximos anos. Economista alerta para perda de competitividade do estado e do país

Acidentes nas principais estradas do Rio, a Via Dutra, a Rio-Juiz de Fora e a Ponte Rio-Niterói, estão prejudicando a economia fluminense. Levantamento da Firjan mostra que o custo de acidentes nos piores trechos dessas rodovias, que não têm obras incluídas no PAC, somará R$ 2,6 bilhões nos próximos nove anos. Com o crescimento da frota e as estradas ruins, a Firjan estima que o número de acidentes vai subir 76% até 2020, se nada for feito por governo e concessionárias. "Os problemas geram alto custo para o estado e o país: os fretes sobem, o transporte fica sem previsibilidade e o Rio perde competitividade" diz Cíisti§no Prado, gerente da Firjan.

Freio na economia do Rio

Acidentes em três gargalos de rodovias fluminenses custarão R$ 2,6 bilhões até 2021

Henrique Gomes Batista

APAGÃO LOGÍSTICO

Embora não estejam previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os principais gargalos da Via Dutra, da Ponte Rio-Niterói e da rodovia Rio-Juiz de Fora provocam cada vez mais acidentes, afetando diretamente a economia fluminense. Levantamento exclusivo da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan) mostra que o custo das ocorrências nos piores trechos destas rodovias somará R$ 2,6 bilhões em nove anos, de 2013 a 2021. Com o crescimento da frota e as estradas precárias, o estudo estima que o número de acidentes nesses locais que carecem de investimento vai subir 76% no período se nada for feito pelo governo e pelas concessionárias. E o número de morte vai praticamente dobrar no período: alta de 96%. Além do drama humano, a economia do estado padece: o Rio fica com acesso mais difícil à maior economia do país, São Paulo, e ao terceiro maior mercado nacional, Minas Gerais. E essas estradas ainda criam dificuldades entre a capital e sua principal região industrial, em Resende e Volta Redonda, e na ligação com a região que mais cresce, no Norte Fluminense.

- Estes problemas geram um alto custo para o estado e para o país, além do drama humano dos acidentes. O estado fica de certa maneira mais isolado, os custos dos fretes sobem, o transporte fica sem previsibilidade de seus prazos e o Rio perde competitividade - afirmou Cristiano Prado, gerente de Competitividade Industrial e Investimentos da Firjan.

Os três principais gargalos rodoviários do estado são mais que conhecidos: a falta da duplicação e modernização da Serra das Araras, na Dutra, e da Serra de Petrópolis, na BR-040, e a ausência de bons acessos nas duas pontas da Ponte Rio-Niterói. Embora sejam estradas concedidas à iniciativa privada, ou estas obras não foram previstas nos programas de concessão ou foram dimensionadas de forma errada. Segundo a Firjan, para resolver estes problemas seriam necessários investimentos de R$ 2,7 bilhões - R$ 200 milhões para a Ponte, R$ 750 milhões para a BR-040 e o restante para a Dutra. Da mesma forma, os impactos econômicos dos acidentes nestes trechos foram calculados pela entidade: passarão de R$ 119,6 milhões, em 2012, para R$ 450,8 milhões em 2020 se nada for feito, ultrapassando os R$ 540 milhões em 2021. O levantamento não considera os prejuízos causados pelos congestionamentos diários e que não são motivados por colisões, mas pelo simples excesso de tráfego e falta de infraestrutura, o que torna o impacto desses gargalos ainda maior que o estimado pela entidade.

- Hoje em dia temos uma média de seis acidentes diários nestes três pequenos trechos, mas que afetam todo o transporte. Se os gargalos continuarem, essa média passará de dez por dia em 2020, o que causará ainda mais congestionamentos e elevação dos valores dos fretes. E temos que lembrar que nos três trechos não há alternativas de transporte tão fáceis - disse.

Nesses três trechos das estradas, segundo o levantamento, ocorreram, em 2012, uma média de seis acidentes por dia - 2.182 em todo ano. Daqui a oito anos serão 3.850 acidentes, ou 10,5 por dia, se essas obras não saírem do papel. O total de mortes por ano passará dos atuais 29 para 57. A expectativa da Firjan é que o total de ocorrências e óbitos cresçam mais que o volume de tráfego, repetindo o que já ocorreu. Na Serra das Araras (Dutra), por exemplo, o tráfego cresceu 21,5% entre 2008 e 2012, enquanto que o número de acidentes no trecho subiu 49%.

Segundo Paulo Fleury, presidente do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), isso ocorre pois, com o aumento do tráfego, ficam mais evidentes os problemas das estradas, muitas delas com traçados antiquados e pensadas para uma outra realidade de volume de carros e caminhões menores. Segundo ele, a solução definitiva para estes gargalos passa pela conscientização dos impactos destes acidentes:

- Não falo apenas da conscientização dos motoristas, mas também dos governos, que precisam investir.

Governo estuda solução alternativa

Apesar de serem consideradas prioritárias, as obras não estão previstas nem pelo governo federal, nem pelas concessionárias das rodovias. Em dezembro, Bernardo Figueiredo, presidente da Empresa de Planejamento em Logística (EPL), afirmara que o governo quer fazer estas três obras e inicia uma negociação com as empresas, mas não quer aumentar as tarifas dos pedágios nem prorrogar contratos. O objetivo é fazer com que as concessionárias façam as obras e sejam ressarcidas depois.

As concessionárias informam que estão dispostas a conversar. O Grupo CCR, que administra a Ponte e a Dutra, afirma que acompanha as discussões na Agência Nacional de Transportes Terrestres e que pode melhorar o serviço, desde que seja mantido o equilíbrio econômico do contrato. A Concer, que já deveria ter duplicado o trecho de serra, lembra que o valor previsto no contrato era muito inferior ao custo real da obra, e que está esperando uma nova adequação do contrato para fazer a nova subida para Petrópolis.

Fonte: O Globo

Dilma pede, e SP e Rio congelam a tarifa de ônibus para conter inflação

As duas maiores capitais do país adiaram reajustes, que poderiam elevar IPCA a 1% em janeiro

Segundo o prefeito carioca, ministro da Fazenda argumentou que começo do ano concentra muitos aumentos

Evandro Spinelli, Pedro Soares

SÃO PAULO, RIO - Diante do temor de que a inflação oficial (IPCA) batesse em 1% em janeiro e alimentasse as expectativas para o ano, o governo decidiu procurar os prefeitos das duas maiores capitais do país e pedir que adiassem os reajustes das tarifas de ônibus.

Se São Paulo e Rio de Janeiro aumentassem as passagens, a taxa prevista, de 0,80%, superaria o 1% e, no acumulado em 12 meses, ficaria muito perto de 6,5%, trazendo receio ao mercado.

Em São Paulo, a prefeitura paulistana informou que o assunto foi tratado "com o governo federal". A Folha apurou que o prefeito Fernando Haddad (PT) falou diretamente com a presidente Dilma Rousseff (PT).

No Rio, o prefeito Eduardo Paes (PMDB), disse que recebeu um pedido do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

São Paulo e Rio

A tarifa na capital paulista está congelada em R$ 3 há dois anos. Desde então, o IPCA, índice usado na correção, já acumula alta de 11,84%. Se fosse integralmente aplicado, a tarifa iria para R$ 3,36.

Haddad disse que a tarifa só será corrigida em maio ou junho. O valor não foi definido, mas não será maior que a inflação acumulada, disse.

Para manter o preço congelado, ele precisa subsidiar o sistema.

O Orçamento da prefeitura paulistana para 2013 prevê R$ 660 milhões de subsídios, mas Haddad já sabe que o valor não será suficiente. Haddad terá de gastar ao menos mais R$ 150 milhões além do valor orçado. Assim, o subsídio em 2013 pode ficar próximo do recorde, de 2012: R$ 960,7 milhões.

Além do congelamento da tarifa, Haddad terá de bancar a criação do Bilhete Único Mensal, sua promessa de campanha, que deve custar cerca R$ 400 milhões ao ano. A ideia é implantar o programa até meados do ano.

Também até o meio do ano a prefeitura tem de licitar a substituição das empresas de transporte. Haddad disse que, se a licitação permitir redução do custo, a tarifa pode subir menos que o previsto.

No Rio, quando Paes reuniu-se com Mantega, no fim de dezembro, a correção (5,5%) e a tarifa (R$ 2,90) já tinham sido anunciadas e entrariam em vigor em 1º de janeiro. O ministro pediu que o prefeito postergasse o reajuste da tarifa porque muitos reajustes e pagamentos de tributos se concentram no começo do ano. Não há nova data prevista.

Outros Estados

As Prefeituras de Belo Horizonte e Recife já aumentaram as passagens de ônibus entre o fim do ano passado e o início de 2013.

Curitiba pretende aumentar o preço da passagem em fevereiro, mas o valor não foi definido. Em Porto Alegre, a prefeitura ainda avalia se haverá mudança.

Salvador já mexeu no preço em junho do ano passado.

As prefeituras não quiseram comentar se receberam pedidos do governo federal em relação às tarifas de transporte urbano, com exceção de Recife, que diz não ter recebido solicitações.

Colaboraram Belo Horizonte, Recife, Curitiba, Porto Alegre e Salvador

Fonte: Folha de S. Paulo

Custo de vida em alta faz brasileiro cortar alimentos

Inflação faz brasileiro cortar até alimentos

Preços em alta não devem dar trégua ao longo do primeiro trimestre deste ano. Consumidores reclamam da calma do governo ante a disparada do custo do vida e já retiram produtos básicos dos carrinhos de supermercados

Vânia Cristino, Priscilla Oliveira

O governo terá que contar com a sorte para que a inflação não fure o teto da meta deste ano, de 6,5%. A maioria dos economistas espera um primeiro trimestre de preços sob pressão, principalmente os dos alimentos. E como ninguém acredita que o Banco Central mexerá na taxa básica de juros (Selic) tão cedo — o indicador deverá permanecer em 7,25% em 2013 — para não prejudicar a retomada do crescimento, qualquer evento extraordinário pode provocar uma disparada no custo de vida.

Na avaliação da economista Tatiana Pinheiro, do Banco Santander, a inflação deste ano ficará em ao menos 6%. Para ela, não haverá alívio no valor dos alimentos a curto prazo, sobretudo porque tudo dependerá de um fator imponderável, o clima, que afetará, além dos produtos agrícolas, o frágil sistema de eletricidade do país. Para piorar, a maior seca dos últimos 50 anos nos Estados Unidos continua a fazer estragos. Ou seja, há a possibilidade de eventos externos e domésticos elevarem os preços dos alimentos para muito além do desejável.

O que Tatiana vê nas projeções dos gráficos do computador, a dona de casa Maria Eunice Oliveira, 32 anos, já está sentido no orçamento doméstico. Com renda familiar mensal de R$ 700 e nove bocas para alimentar, manter o mínimo de bem-estar da família tem sido uma tarefa difícil, tamanha é a carestia nos supermercados. "Tivemos que diminuir a quantidade das compras, porque não temos como pagar tudo. Hoje, com R$ 300, R$ 400, não dá mais para levar nem o necessário. E olha que isso é quase a metade de tudo o que ganhamos", reclamou.

Além do marido, Edilson Santos de Oliveira, 42, que é caseiro, dos três filhos e do irmão, Jail Gonçalves de Brito, 44, que está desempregado, Eunice alimenta cunhadas e sobrinhos, que vêm de longe para trabalhar e estudar. "Está muito difícil dar o que comer para todo mundo. A cada semana que vou ao supermercado, tudo está mais caro", assinalou. Apenas para comprar um pacote de cinco quilos de arroz, um quilo de feijão, um litro de leite, um quilo de tomate, uma lata de óleo e um quilo da carne mais barata, precisa desembolsar mais de R$ 50. O problema é que esses produtos duram, no máximo, quatro dias, assim mesmo, com muito racionamento.

Repasses

Responsável pelo mercado Dona de Casa, no Paranoá, Morais Alves disse que a alta de preços está assustando a todos. "Os alimentos já chegam às distribuidoras com preços bem elevados. Os reajustes vêm desde o meio do ano passado. Está impossível para nós não repassar os aumentos para a clientela", frisou. A faxineira Maria José Rodrigues, 51, notou os reajustes. Ela contou que gasta a maior parte do salário no supermercado, com comida. "Nos últimos meses, só levo para casa o básico", ressaltou.

Além das despesas com alimentação, Maria sente o aumento dos medicamentos. "De uns três meses para cá, deu para ver uma diferença de até R$30 em alguns remédios. Às vezes, abro mão de cuidar da minha saúde para não deixar de comer", afirmou. A situação não é muito diferente na casa da comerciante Irani Oliveira da Silva, 42. "Estou cortando uma série de produtos da minha lista de supermercado. Tomate, por exemplo, não compro mais, pois está custando até R$ 9 o quilo. Iogurte e suco, só das marcas mais baratas. Tudo ficou muito caro de uns três meses para cá: óleo, arroz, carne, feijão. Ela lembrou que, há um ano, gastava cerca de R$ 350 com a compra mensal de alimentos. Hoje, desembolsa, no mínimo, R$ 700.

Diante desse quadro, está difícil para os consumidores entenderem a tranquilidade do governo quando se refere à inflação. Pelos dados oficiais, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 5,84%, com os alimentos subindo quase o dobro. Segundo o Banco Central, apesar de pressionados no primeiro trimestre deste ano, os preços vão ceder ao longo de 2013, fechando em 4,7%. "Sinceramente, não acredito nesses números. Para mim, a inflação real é a que encontro nas gôndolas do supermercado. E ela está muito alta, subindo todos os meses", disse o marceneiro José Antunes, 34.

O economista Eduardo Velho, da Planner Corretora, reconhece o descontentamento dos consumidores. E avisou que, com a carestia dos alimentos e a alta dos preços dos serviços e da educação, a inflação ficará, nos próximos meses, bem acima do centro da meta, de 4,5%, perseguida pelo Banco Central. Nas suas contas, somente na primeira quinzena de janeiro, o reajuste médio dos alimentos foi superior a 2,5%.

Não à toa, Sílvio Campos Neto, economista da Consultoria Tendências, mostra preocupação com os fatores de risco que podem elevar o IPCA nos próximos meses. Além da retomada do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), para 3,2% no ano, haverá reajustes nas tarifas de ônibus urbanos e nos combustíveis, e o retorno do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros e eletrodomésticos, que estavam zerados. "O sinal é de alerta", disse.

Fonte: Correio Braziliense

Governo tenta atenuar impacto do reajuste da gasolina, que deve subir 7%

Primeiro aumento para o consumidor em quase dez anos deve ser anunciado na semana que vem; mistura de etanol deve passar para 25%

João Villaverde e Célia Froufe

BRASÍLIA - A gasolina vai ficar mais cara nos postos pela primeira vez em quase dez anos. O governo federal deve reajustar em 7% o preço do combustível. O óleo diesel também vai subir, mas em nível um pouco menor - entre 4% e 5%. A expectativa é a de que o anúncio seja feito na semana que vem. Para amenizar o impacto desse aumento e evitar uma piora nos índices de inflação, a equipe econômica estuda algumas medidas que poderão ser adotadas nos próximos meses.

Uma delas é o aumento da mistura de álcool anidro (etanol) na gasolina. O governo deve anunciar a elevação do teto da mistura, dos atuais 20% para 25%, com o reajuste dos combustíveis. Mas a elevação só deve ser efetivada quando a colheita de cana-de-açúcar estiver no auge, o que deve ocorrer no fim do primeiro semestre.

Demanda antiga dos usineiros, o aumento da mistura atenuaria o impacto do reajuste que será anunciado. Além disso, a medida alivia a necessidade de importação de gasolina, um dos fortes responsáveis pelo déficit da balança comercial no início deste ano.

Uma sinalização agora de que a demanda pelo biocombustível deve ser maior ao longo de 2013 também pode aumentar o interesse dos produtores em expandir a área de cultivo da cana-de-açúcar. O mais provável é que o aumento do mix ocorra em junho. Mas, se as condições climáticas propiciarem o plantio da cana, a medida pode ser antecipada para março ou abril.

O Brasil diminuiu a quantidade máxima de etanol na gasolina, de 25% para 20%, em outubro de 2011. Na ocasião, havia escassez de biocombustível, o que levou ao aumento de preços. Por isso, o governo decidiu atuar. No ano passado, não houve espaço para a volta do porcentual maior porque, com a quebra de safra de cana na Índia, os usineiros brasileiros direcionaram a produção para a exportação de açúcar em um momento de baixa oferta mundial. Os preços internos continuaram pressionados.

Desejo. O reajuste nos preços da gasolina e do diesel é altamente desejado pela Petrobrás, que condiciona a pesada carga de investimentos previstos no plano de negócios da companhia (US$ 236 bilhões entre 2012 e 2016) a um preço mais alto do combustível vendido no País. Em 2013, a estatal deve investir entre R$ 85 bilhões e R$ 90 bilhões.

Quando o plano de negócios foi fechado, no ano passado, a presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, afirmou que o preço da gasolina estava com uma defasagem de 15%. Parte disso foi recomposta ainda em 2012, com o reajuste de 7,8% dado às refinarias. Esse reajuste não chegou ao consumidor: o governo zerou o principal tributo cobrado do setor, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). Agora sem a Cide, a elevação vai chegar aos postos.

A decisão de conceder o reajuste na gasolina e no óleo diesel já está tomada no Ministério da Fazenda e recebeu o aval do Palácio do Planalto. Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também é o presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, só vai bater o martelo sobre o aumento e a fórmula que será adotada para amenizar esse repasse ao consumidor quando voltar das férias, na semana que vem.

Impostos. Outra decisão que Mantega terá de tomar é quanto à eventual redução da alíquota de tributos que incidem sobre a cadeia produtiva, como o PIS/Cofins. Essa diminuição também contribuiria para aliviar o impacto do reajuste, ainda que o governo só possa alterar a parte do PIS/Cofins que é recolhida pelas distribuidoras, de cerca de R$ 0,07 por litro de um total de R$ 0,12.

Existe resistência por parte de alguns economistas do governo em reduzir o imposto. Primeiro, porque há o receio de conceder mais desonerações num ano em que o ritmo previsto de arrecadação ainda não é otimista. Segundo, porque o governo não tem como garantir que esse alívio tributário chegue, de fato, aos preços finais.

Técnicos do Ministério da Fazenda lembram de vários episódios em que os benefícios concedidos aos setor produtivo não surtiram efeito nos preços. O temor é que isso se repita agora e o governo fique com o pior dos mundos: abra mão de receitas e ainda não atinja o objetivo de atenuar o impacto do reajuste dos combustíveis para o consumidor.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Sem antecipar o debate eleitoral

Governador de Pernambuco encontra-se com a presidente Dilma pela segunda vez este mês e reafirma que não é hora de pensar na disputa de 2014

Paulo de Tarso Lyra, Juliana Braga

Recebido pela presidente Dilma Rousseff pela segunda vez este ano, o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, voltou a insistir ontem que é aliado do governo e que só vai tratar da sucessão presidencial em 2014. “A eleição de 2014 será em 2014. Para chegarmos lá, temos que passar por 2013. Para ajudar o Brasil, nós precisamos ajudar a presidente a fazer um ano positivo, um ano melhor que 2012”, declarou Campos, após audiência no Palácio do Planalto.

Ele e Dilma já haviam conversado durante as férias da presidente na Base Naval de Aratu (BA). Aquele encontro contou com a presença do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que já defendeu ao Correio que o PT abra mão da cabeça de chapa em 2018 em prol da candidatura do colega pernambucano. Habilidoso, Campos escapa do assunto, mas aponta o constante crescimento da legenda que preside. “O PSB cresceu em 2006, cresceu em 2010, cresceu em 2012 e esse crescimento não será barrado. O PSB vem crescendo ao longo das últimas eleições de forma consistente, com qualidade, porque tem feito política exatamente se baseando na pauta da sociedade, não na futrica, no disse-me-disse, pensando só na eleição”, completou.

O socialista acredita que não faz bem para o país a antecipação do debate eleitoral, sobretudo diante da crise internacional que tem afetado o crescimento econômico brasileiro. Em nenhum momento, entretanto, descartou a possibilidade de concorrer a presidente no ano que vem. “Eita, mas que pilha vocês estão botando!”, brincou ele com os jornalistas.

Se por um lado não quer comprar uma briga antecipada com Dilma, Eduardo também tem pouca disposição para atritos com o PT por agora. Por isso, ao contrário do PMDB, não se acotovela com os petistas em busca de mais espaço na Esplanada. No fim do ano passado, a direção partidária chegou a soltar uma nota afirmando que não queria mais ministérios — o PSB comanda a Secretaria dos Portos e o Ministério da Integração Nacional. “Nossa relação com o governo nunca foi por questão de cargo. Nós estamos muito mais preocupados com questão de conteúdo do governo, com debate sobre os rumos da economia”, disse, acrescentando que o encontro com Dilma serviu apenas para tratar de assuntos administrativos e econômicos.

Desconfiança

O discurso de Eduardo não tem convencido boa parte do PT. Os petistas acham que, ao recusar novos ministérios, o PSB prepara um desembarque menos traumático no ano que vem. Seria, em tese, mais fácil sair da coalizão abandonando duas pastas assumidas em 2011 do que outra recebida em 2013. Nem mesmo ministros próximos à presidente acreditam no discurso do dirigente pessebista. “Ele está esticando a corda, esticando ao máximo. Na prática, tem muito pouca coisa a perder se lançar-se candidato no ano que vem”, afirmou um auxiliar da presidente.

Outra prova dessa política do cabo de força é a disputa pela presidência da Câmara. Embora o Palácio do Planalto tenha dado reiterados sinais de que apoiará a candidatura de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Eduardo não parece disposto a pedir que Júlio Delgado (PSB-MG) desista da disputa. “Essa é uma pauta da Câmara, dos deputados, não dos partidos. O Júlio tem prerrogativas, tem méritos, tem capacidade, tem o desejo da bancada do meu partido que ele dispute a eleição, mas é um assunto do parlamento. Nós não tratamos desse assunto aqui”, afirmou o pessebista.

O PSB desistiu, aparentemente, de pleitear a vaga de vice na chapa de 2014. Mesmo com os recentes afagos feitos pela presidente a Eduardo, ela tem dado claras demonstrações de que Temer permanecerá como seu vice-presidente no ano que vem. A dobradinha foi reiterada durante audiência de Dilma com o peemedebista na manhã de ontem.

Mesmo assim, Dilma tenta não manter o aliado PSB muito distante. Ela deve visitar Pernambuco em 18 de fevereiro para acompanhar uma agenda do governo. Eduardo organizou uma série de eventos em cidades do interior que sofrem com a longa estiagem na Região Nordeste.

Fonte: Correio Braziliense

Governador assegura apoio em 2013

Bruno Peres e Yvna Sousa

BRASÍLIA - Após reunir-se com a presidente Dilma Rousseff, o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, assegurou o apoio do partido ao governo ao longo de todo este ano, embora não tenha negado a intenção de um voo solo do partido em 2014.

"Acho que a gente não deve "eleitoralizar" o debate político brasileiro nesse instante. (...) Tudo o que o Brasil não precisa é a gente começar a montar palanque em janeiro de 2013. Nós precisamos olhar para o futuro do país com responsabilidade. O PSB em todo ano de 2013 vai estar ao lado de Dilma para fazer um grande ano de 2013", disse Campos em entrevista após o encontro.

Segundo ele, a sucessão presidencial em 2014 não foi debatida durante a audiência com a presidente Dilma. "Nós não estamos tratando de 2014, até porque não chegou a hora de tratar de 2014. Nós estamos tratamos de ajudar a presidenta Dilma a vencer 2013, com a unidade da nossa base, com a contribuição do PSB, que vem ajudando esse projeto desde o primeiro governo do presidente Lula", afirmou.

Campos afirmou que o encontro foi uma audiência de trabalho, previamente agendada durante o recesso da presidente no início do mês. O governador confirmou, inclusive, uma ida da presidente a Pernambuco nas próximas semanas para uma agenda relacionada à estiagem.

O governador pernambucano disse que, "inevitavelmente", também foram tratadas questões econômicas durante a reunião. Na avaliação dele, o debate federativo demanda "costura política e diálogo", inclusive com partidos de oposição. "Vi a presidente animada com o ano de 2013, animada com a perspectiva de termos um crescimento econômico", disse em entrevista a jornalistas.

O governador negou que tenha reivindicado mais espaços ao partido com cargos no governo federal e evitou manifestar-se sobre a sucessão do comando na Câmara, considerando que cabe aos parlamentares um entendimento sobre o acordo entre os parlamentares.

"O PSB vem crescendo ao longo das últimas eleições de forma consistente, com qualidade, porque tem feito política se baseando na pauta da sociedade, não na futrica no disse-me-disse, pensando só na eleição. A eleição em 2014 é em 2014. Para chegarmos em 14, nós temos que passar pelo 13. E para passar por 13 e ajudar o Brasil, a gente precisa ajudar a presidenta Dilma a fazer esse ano um ano positivo, melhor do que foi em 2012", afirmou.

Fonte: Valor Econômico

Eduardo lança alerta sobre PSB

Após reunião de duas horas com a presidente Dilma, governador afirma que o crescimento da sua legenda "não será barrado"

BRASÍLIA - Sem fugir à postura dúbia que tem mantido em relação ao governo federal, o governador Eduardo Campos (PSB) foi recebido, ontem, pela presidente Dilma Rousseff (PT) no Palácio do Planalto, em Brasília. Após duas horas de conversa, o socialista manteve o discurso de "aliado", evitou comentar seus planos para 2014, mas, segundo informações da Agência Estado, alertou que o crescimento do PSB "não será barrado". A visita também serviu para acertar a vinda da presidente a Pernambuco, no próximo dia 18 de fevereiro.Mesmo evitando comentar a possibilidade de lançar-se candidato a presidente, o governador fez questão de frisar que seu partido, pelo último desempenho eleitoral, terá espaço em "qualquer projeto", seja na base do governo, seja num caminho próprio. "O PSB cresceu. Cresceu em 2006, em 2010, em 2012 e esse crescimento do PSB não será barrado", advertiu.

Para fugir do debate eleitoral, ele afirmou que o "bom aliado" é aquele que debate "o que interessa ao País". No entanto, não abriu mão de pontuar as dificuldades que o governo federal tem enfrentado no campo econômico. "Não chegou a hora de tratar 2014. Estamos tratando de ajudar a presidente a vencer 2013. A disposição do PSB é dar a contribuição para que possamos retomar o crescimento econômico", disse.

Também não deixou de mencionar outros temas indigestos para o Planalto, como a redistribuição dos recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e dos royalities de petróleo, além da crise no setor energético. "Ela está muito segura com relação a essa questão da energia, que esse é um constrangimento que não vamos voltar a ter. Está segura em relação ao crescimento econômico e otimista que as medidas que foram tomadas vão ter repercussão", reforçou.

A visita ao Estado no próximo mês é um sinal de que a presidente quer manter por perto o ainda aliado, mas possível concorrente em 2014. A última vez que Dilma veio a Pernambuco foi em fevereiro do ano passado para vistoriar as obras da Transposição do rio São Francisco e a construção da ferrovia Transnordestina. A agenda que ela cumprirá, desta vez, ainda não foi divulgada, mas o governador adiantou que parte dos compromissos estão relacionados com a seca. "Ela viria no dia 31, mas a gente acordou para o dia 18 para dar tempo para ela participar das atividades que eu gostaria que ela participasse", resumiu.

A reunião entre os dois durou duas horas. Sem entrar em detalhes, o governador relatou ter tratado apenas de parcerias para a execução de projetos no Estado. Essa foi a segunda vez que Eduardo Campos e Dilma se encontraram em menos de 15 dias. No último dia 6, o governador foi a Salvador participar de um almoço reservado com a presidente e o governador da Bahia Jacques Wagner (PT).

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Campos diz que não é hora de eleições

Após reunião com Dilma, governador de Pernambuco garante que PSB segue ao lado da presidente até 2014

Luiza Damé

BRASÍLIA Pela segunda vez este ano, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), reuniu-se com a presidente Dilma Rousseff, ontem, no Palácio do Planalto, por quase duas horas. Depois da longa conversa, Campos deixou o Planalto repetindo o discurso de apoio ao governo federal. Campos, que é apontado como eventual candidato à Presidência já em 2014, disse que antecipar o debate eleitoral não interessa ao desenvolvimento do país, mas deixou claro que o PSB manterá o projeto de crescimento.

O governador disse que boa parte da conversa com Dilma foi sobre assuntos administrativos e parcerias dos governos federal e estadual, especialmente no que diz respeito ao enfrentamento da seca que atinge o Nordeste. Segundo ele, os dois não trataram da ampliação do espaço do PSB na Esplanada dos Ministérios. O partido comanda a Integração Nacional (Fernando Bezerra) e Portos (Leônidas Cristino).

- Eu vejo o que vocês veem. O PSB está crescendo. Cresceu em 2006, 2010 e 2012. E esse crescimento do PSB não será barrado - disse o governador.

Para Campos, em um momento em que o mundo enfrenta uma crise econômica, tanto os partidos aliados como os de oposição têm de ser responsáveis para ajudar o país a crescer, gerar empregos e renda.

- Não se deve eleitoralizar o debate político brasileiro neste instante. O mundo passa por uma severa crise, e tudo o que o Brasil não precisa é a gente montar palanque em janeiro de 2013 - afirmou.

O governador lembrou que o PSB ajudou na reconstrução da democracia brasileira e na preservação da estabilidade econômica. Disse ainda que não há debate no PSB sobre o eventual rompimento com o governo Dilma. Segundo ele, o PSB "vai estar ao lado da presidente Dilma para fazer com que ela faça um grande ano de 2013 e um grande ano de 2014".

- Não existe nenhuma decisão sobre isso (deixar o governo). Pelo contrário, somos um aliado correto, aquele que diz de forma franca o que está achando, faz as observações de forma correta. Aquele que, numa hora como esta, em vez de discutir o eleitoral, está discutindo o que interessa ao país - argumentou.

Apesar do discurso de lealdade ao Planalto, o governador não negou que tenha pretensão de disputar a sucessão de Dilma no próximo ano e desconversou quando perguntado sobre o assunto:

- O PSB vem crescendo ao longo das últimas eleições de forma consistente, com qualidade, porque tem feito política baseada na pauta da sociedade, e não na futrica, pensando só na eleição. A eleição de 14 será em 14. Para chegarmos a 14, temos de passar por 13. Temos de fazer um ano melhor e em 14 tomar a decisão melhor.

Fonte: O Globo

Contabilidade criativa -Aécio Neves

O país vem tendo a oportunidade de conhecer, nestes primeiros dias de 2013, análises e opiniões de especialistas sobre os efeitos das manobras contábeis utilizadas pelo Governo federal para sanar as obrigações fiscais não cumpridas ano passado .

A irresponsabilidade fiscal praticada ganhou um nome irônico: contabilidade criativa.

Elas evidenciam que o governo permanece sofrendo de um mal que, invariavelmente, provoca danos severos à sociedade: gasta muito e gasta mal. As contas simplesmente não fecham!

Há um cardápio variado de truques e de estranhezas contábeis que se repetem desde 2009, como a transformação de dívida em receita primária; a venda de dividendos de estatais mistas para o BNDES, visando a calibrar o Tesouro Nacional, e o uso do processo de capitalização da Petrobras como fonte geradora de receitas artificiais.

A novidade, agora, é a apropriação dos recursos do Fundo Soberano - R$ 12,4 bilhões - para o reforço da formação do superávit e o uso do Tesouro como uma corretora de valores, que recebe ações de empresas privadas de um dos seus bancos (BNDES) e manda para outro (CEF). O Tesouro, mesmo que por alguns momentos, passou a ser acionista de empresas privadas. Acrescentou-se a tais manobras o desconto das despesas do PAC do cálculo do resultado primário - R$ 25 bilhões em 2012.

O conjunto de operações atípicas traz à tona uma questão extremamente relevante. Maquiando sua prestação de contas e manejando margens para conseguir se aproximar dos resultados planejados, o governo fragiliza ainda mais a sua já combalida credibilidade.

As manobras fiscais não são um problema isolado. Governando sob o regime do improviso, o Executivo impõe ao país decisões estruturais sem qualquer diálogo, muitas vezes ignorando a sua própria base congressual e importantes atores da área produtiva. Empresta a essas medidas a força da legalidade, através de instrumentos provisórios, como as MPs, e espanta o mercado de investidores..

A mudança do marco regulatório do sistema elétrico é o exemplo mais recente, assim como a insegurança sobre o desempenho do setor. Lembro que dias atrás o Governo federal taxou como "ridícula" a hipótese de racionamento de energia. Mas, como palavras não enchem reservatórios, sob as sombras do constrangimento, reuniu-se essa semana uma preocupada equipe de governo para estudar como evitar justamente o problema que afirmavam não existir.

A questão de fundo é que credibilidade é um ativo importante nos governos democráticos - tem valor simbólico, mas também objetivo. Ela se manifesta através da confiança dos investidores e da sociedade em regras estáveis, o que permite segurança para planejar investimentos e o futuro.

Por isso é temerário que as posições oficiais sejam sistematicamente desmentidas pela realidade, como ocorreu na projeção de 4% de crescimento do PIB previsto para 2012. Fechamos o ano com o minúsculo 1%.

São ações que colocam em risco fundamentos que legaram aos governos do PT a herança bendita da estabilidade econômica, marco inicial imprescindível para o processo de redução da pobreza e para a construção de um novo patamar de desenvolvimento no país.

Fonte: O Globo

Campos quer unificar discurso para colocar PSB como opção na Câmara

Caio Junqueira

BRASÍLIA - O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, pretende fazer um rearranjo na atuação de sua bancada na Câmara dos Deputados com o objetivo de harmonizar o discurso dos parlamentares com o que tem feito desde o término das eleições de 2012. Basicamente, aproximar-se do debate federativo e de reaquecimento da economia e colocar-se como alternativa à dupla PT e PMDB.

Para tanto, convocou para a Câmara dois correligionários de sua confiança que assumiram funções nos governos estaduais e retornaram para cumprir esse papel. Um deles é Márcio França, que foi secretário de Turismo de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo; o outro é Beto Albuquerque, até dezembro secretário de Infraestrutura de Tarso Genro (RS) no Rio Grande do Sul.

O gaúcho, inclusive, já foi eleito líder por unanimidade e assume o posto com a volta dos trabalhos da Casa, em 4 de fevereiro. Desde a última semana, passa férias em Pernambuco a convite de Campos justamente para que ambos afinem o discurso.

"Estamos definindo algumas temáticas importantes. A questão do pacto federativo é urgente, assim como a retomada da economia. Ajudar Dilma a melhorar o ambiente econômico. É preciso uma agenda econômica que efetivamente toque fundo nas questões gerais", diz Albuquerque, crítico da dupla opção do governo de fazer desonerações seletivas a certos setores produtivos que acarretam perda de recursos para Estados e municípios. "As desonerações não podem ser apenas setoriais, de PIS e Cofins de um ou outro setor. Tem que ser generalizado. Do jeito que está sendo não tem resolvido o problema", disse.

Para ele, é preciso um "esforço nacional para que os entes federados convirjam". "Achamos que as desonerações têm que ser mais amplas para atingir todos os entes federados, não apenas Estados e municípios. Tem que chegar na União também e o Congresso Nacional tem que entrar nesse debate. O que mais tem havido é algumas desonerações setoriais que tomam recursos dos Estados e municípios."

Albuquerque defende ainda que o governo se coloque como mediador no debate sobre outras questões federativas que devem ocorrer neste ano. "O governo brasileiro tem que sair da retranca. Essa discussão de royalties e do Fundo de Participação dos Estados (FPE) depende da mediação do governo, senão é difícil chegar a uma acordo".

Diante desses cenários, ele estende as críticas à condução dos trabalhos no Congresso. "O Congresso deveria fazer uma comissão geral para debater a agenda econômica e federativa. Nem entro no mérito, mas tem coisas muito importantes que não foram tratadas. Não adianta ficar discutindo com o Supremo Tribunal Federal (STF). Não é essa a agenda que queremos."

Ele relata que pediu à assessoria do PSB um levantamento sobre todos os projetos relacionados à economia que foram "esquecidos" pelos parlamentares e que o partido quer adotar como bandeira. "Há muitos marcos legais adormecidos. Não podemos ter esse ambiente de desconfiança em relação a concessões, a parcerias público-privadas (PPP)."

Mas não é só em relação à economia que Albuquerque jé pediu aos assessores do PSB centrar os olhos. Ele também solicitou dados sobre a centralização de poder na Câmara nas mãos de PT e PMDB, que concluiu que 95% das relatorias ficaram nas mãos de parlamentares dos dois partidos. "A Câmara não pode ficar dominada por PT e PMDB. As relatorias estão todas com eles. Isso é uma anomalia. Vamos conquistar aliados para enfrentar isso", diz. Ele ressalta, contudo, que a candidatura de Júlio Delgado (PSB-MG) a presidente "deve tratar" desses temas, apesar de não ser uma candidatura colocada pelo partido, mas sim pela bancada.

A preocupação de Campos com a bancada na Câmara cresceu a partir da eleição de sua mãe, então deputada e líder Ana Arraes, para ministra do Tribunal de Contas da União (TCU), em setembro de 2011. Desde então, a bancada perdeu o controle e enfrenta constantes disputas internas. Teve, por exemplo, três líderes no período.

Fonte: Valor Econômico

Campos evita falar de 2014 após encontro com Dilma

Governador de Pernambuco diz que não chegou a hora de discutir eleição

Depois de reunião com presidente, possível candidato do PSB se limita a reafirmar apoio ao governo em 2013

Fernanda Odilla

BRASÍLIA - Depois de se reunir por mais de uma hora com a presidente Dilma Rousseff ontem à tarde, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, foi enfático ao reafirmar que o PSB permanece na base aliada do governo em 2013, mas evitou falar de 2014.

"Nós não estamos tratando de 2014 até porque não chegou a hora de tratar de 2014. Estamos tratando de ajudar a presidenta Dilma a vencer o ano de 2013 com a unidade da nossa base", disse, desconversando também sobre a possibilidade de o PSB desembarcar da base aliada governista em 2014.

A candidatura de Campos a presidente da República tem ganhado força nos últimos meses dentro do PSB.

O apoio dele também é cobiçado por partidos de oposição ao governo Dilma.

Ontem, o governador se esquivou de diversas perguntas a respeito do assunto.

Questionado sobre se ele se considerava preparado e dono de características adequadas para ser presidente da República, Campos afirmou que essa era uma pergunta ruim para responder.

"Fica um negócio muito complicado você se fazer uma autoanálise nesse momento", disse. "O que interessa ao país nesse momento não é criar dificuldade para a presidenta Dilma, é ajudar a presidenta a vencer as dificuldades que a conjuntura internacional adversa impõe ao mundo e que ela com muita coragem tem enfrentado."

Segundo o governador, a reunião com Dilma tratou de uma agenda administrativa e também de economia.

Campos convidou a presidente para participar de eventos em Pernambuco no próximo mês. Ele não vai, contudo, acompanhar Dilma no périplo dela pelo Nordeste.

No fim desta semana, a presidente vai ao Piauí. Ainda neste mês ela tem viagem prevista para outros Estados da região, como Ceará, Paraíba e Alagoas.

Fonte: Folha de S. Paulo

Camaradagem - Eliane Cantanhêde

O Itamaraty não se meteu onde devia, só onde não devia.

Dilma destacou para o caso Venezuela seu assessor internacional, Marco Aurélio Garcia, há décadas guru do PT na área externa. Restou aos diplomatas produzir "papers".

Desde que Garcia passou o dia e a noite de 31/12 em Havana, confabulando sobre a Venezuela com o vice Nicolás Maduro e os irmãos Fidel e Raul Castro, ficou claro que o Brasil trataria a questão com viés partidário-ideológico, não diplomático.

Foi o que também fez no caso do Paraguai, mas em sentido oposto. Aos amigos Hugo Chávez e Fernando Lugo, tudo. Às Constituições dos dois países, nem tanto.

No caso paraguaio, a Corte Suprema -como a Câmara, o Senado, a igreja e a opinião pública- confirmou a decisão (ou conveniência) interna quando Lugo foi deposto. Mas o Brasil não respeitou a decisão da Justiça e liderou a suspensão do país do Mercosul e da Unasul. A Corte referendou, mas era muito anti-Lugo...

No caso da Venezuela, Maduro nem foi eleito vice -foi ungido por Chávez-, mas a Corte Suprema ratificou sua "posse" e, assim, legitimou, ou "lavou", a posição brasileira: já que a Corte referendou... Se é muito chavista? É só um detalhe.

Se o Itamaraty deixou a bola Chávez com Dilma e Garcia, agora faz gol contra ao conceder passaporte diplomático para os criadores e líderes de uma tal Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro e Franciléia de Oliveira. Qual o sentido?

Na era Lula, o Planalto definia os passaportes para o Itamaraty assinar. Com Dilma não é assim e ela não deve ter nada a ver com o mimo para Valdemiro, que anda na mira do Ministério Público por enriquecimento, digamos, mal explicado.

O Itamaraty tem razões que a própria razão desconhece (a regalia vale para todas as igrejas?), mas acertaria mais se invertesse, assumindo a questão venezuelana e dizendo "não" para pastor investigado.

Fonte: Folha de S. Paulo

Cristovam critica 'submissão' ao Executivo

Raquel Ulhôa

BRASÍLIA - Diante do fracasso das tentativas de lançar um concorrente politicamente viável ao líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), na eleição para a presidência do Senado, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) está enviando carta aos colegas com duras críticas à "falta de transparência", "desvios éticos", "submissão" ao Poder Executivo e "inoperância" da gestão nos últimos anos. Para ele, o resultado é um Legislativo "incompetente e inconsequente".

Cristovam, que já enviou o documento para mais da metade dos senadores e tem recebido sugestões, busca apoio para a divulgação de um documento cobrando do próximo presidente compromisso com medidas para "recuperar a eficiência e a credibilidade" da Casa. Entre as sugestões - que recebeu de João Capiberibe (PSB-AP) -, está a criação de uma comissão de parlamentares para acompanhar e fiscalizar a administração do biênio 2013-2014.

"Nos últimos anos o Senado tem acumulado posicionamentos que desgastaram sua imagem perante o povo brasileiro, especialmente pela falta de transparência, pela edição de atos secretos, pela não punição exemplar de desvios éticos e pela perda da capacidade de agir com independência", afirma.

Além de "submissão" ao Executivo, aceitando as medidas provisórias os requisitos previstos na Constituição, o senador aponta "inoperância" do Congresso, citando como exemplo a não apreciação de 3.060 vetos presidenciais acumulados por quase 20 anos. Nesse tema, classifica como "ridícula" a tentativa de votar esses atos pendentes em uma tarde - numa estratégia comandada pelo presidente, José Sarney (PMDB-AP), e líderes partidários com o objetivo de apreciar o veto da presidente Dilma Rousseff à nova repartição da receita do petróleo.

Cristovam integra o grupo suprapartidário de senadores que pretendia lançar uma alternativa viável à sucessão de Sarney, mas fracassou. Embora Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) ainda admitam a colegas que podem se disputar, as chances de vitória são consideradas nulas, por falta de articulação.

O senador do PDT questiona o lançamento de um candidato sem chance, apenas para marcar posição. Prefere coletar apoios para um documento cobrando compromissos do próximo presidente com uma profunda reforma na administração, que dê à Casa um "novo rumo".

Na carta aos colegas, Cristovam compara o processo eleitoral da próxima Mesa Diretora, a ser escolhida em 1º de fevereiro, às eleições do passado, comandadas por "coronéis" da política.

"Voltaremos [do recesso] apenas para ratificar o nome, nomeado sem apresentar qualquer proposta que mude o nosso funcionamento. Votaremos como os eleitores que iam às urnas na Primeira República, levando a cédula sem conhecer o nome do candidato escrito nela pelos antigos coronéis de interior", afirma.

A condição de Renan como o candidato do PMDB - partido que tem o direito ao cargo por ter a maior bancada - é conhecida, mas o líder adia a oficialização de sua candidatura, para reduzir o desgaste com a lembrança de processos por quebra de decoro que sofreu e exposição a novas críticas. É exatamente o que está acontecendo com o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (RN). Candidato a presidente daquela Casa, está sofrendo denúncias na mídia.

No documento que está enviando aos senadores, o representante do DF lembra recentes motivos de desgaste da Casa, como a não votação do Orçamento para 2013 e a não definição de novos critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados até 31 de dezembro de 2012, descumprindo determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). O Legislativo jogou "as finanças dos Estados em um abismo", avalia.

Acrescenta o fim "vergonhoso" da CPI do Cachoeira e o "equívoco" cometido pela administração do Senado por não descontar Imposto de Renda de parte do salário dos senadores. Para o representante do DF, a consultoria jurídica do Senado tem feito "análises frágeis" e precisa de uma reforma.

"Tudo isso exige que a eleição de um novo presidente seja feita com debates entre nós senadores para, antes da eleição, sabermos quais as propostas para recuperar a eficiência e a credibilidade do Senado, ajudando a recuperar a de todo o Parlamento", diz Cristovam na carta. Critica a falta de debate de ideias entre os parlamentares, o plenário vazio e os discursos feitos "para a televisão".

A primeira sugestão apresentada por Cristovam é a realização de reuniões ordinárias de segunda a sexta, para limpar a pauta de assuntos importantes como os vetos presidenciais, a reforma política, o Código Civil, as reformas no regimento e na estrutura do Senado, as relações com os demais poderes (inclusive como tratar as MPs e como evitar a judicialização da política), o novo Plano Nacional de Educação e a revisão dos critérios de distribuição do Fundo de Participação dos Estados.

Também pede um mecanismo que "impeça o rolo compressor nas votações", reforma da consultoria legislativa para impedir os "erros recentes", manifestação explícita dos votos em comissões e plenário, cumprimento dos prazos regimentais, redução do número de comissões, escolha de relatores por "critérios republicanos pré-definidos", com rodízio entre todos os senadores e criação de um comitê de senadores para acompanhar e fiscalizar as decisões tomadas pelos servidores e pela mesa diretora.

"Este comitê asseguraria total transparência aos processos licitatórios, inclusive com divulgação ampla pela internet de todas as receitas e gastos do Senado, mantendo os senadores permanentemente informados sobre a gestão da Casa", propõe.
Cristovam defende que o próximo presidente garanta o "papel fiscalizador" do Senado, instalando automaticamente todo pedido de comissão parlamentar de inquérito feito pelo número mínimo de senadores, exigido pela Constituição. Essa ideia foi apresentada por Randolfe.

O senador do PDT termina a carta, cujo título é "Uma nova presidência e um novo rumo para o Senado", pedindo sugestões aos colegas para "ajudar a reorientar os rumos" do Legislativo.

Fonte: Valor Econômico

Sem Chávez, Maduro enfrenta restrições para governar

Vice-presidente não pode nomear ministros, generais ou embaixadores, decretar leis ou regular organismos

Mariana Timóteo da Costa

CARACAS - "Estamos sem presidente". É a frase que mais se ouve entre opositores do chavismo nas ruas de Caracas. Ou entre partidários moderados do presidente como Manuel, motorista de táxi. Ele diz que gostaria de ver a Constituição cumprida e, portanto, o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello - e não o vice e chanceler, Nicolás Maduro -, na chefia do governo enquanto Hugo Chávez estiver fora do país. Para ele, a Venezuela vive num "limbo":

- Se alguém nos invadir, quem comandará nossas Forças Armadas? Tenho certeza de que Chávez não iria gostar do que está vendo aqui.

Exageros à parte, constitucionalistas afirmam que o cenário é insustentável a longo prazo. Desde que o Tribunal Superior Eleitoral (TSJ) entendeu que Chávez não está ausente e optou por dar continuidade a seu governo sem cerimônia de posse, acabou limitando as atribuições de Maduro. Como vice, ele não é comandante em chefe das Forças Armadas. Não pode nomear ministros, embaixadores e generais, nem conceder indultos ou declarar Estado de exceção. Não pode decretar leis ou regular organismos e não pode assinar documentos internacionais como chefe de Estado.

- A Venezuela só poderia ter representante em reuniões do Mercosul se fossem em nível de chancelaria. Se um papel precisar ser assinado em nível presidencial, será um problema - avalia Enrique Sánchez Falcón, professor de Direito Constitucional da Universidade Central da Venezuela (UCV). - Estão tentando estender ao máximo este prazo por conta de divergências internas do chavismo.

Ninguém se arrisca a prever até quando o país pode ser governado assim, mas "o cenário traz riscos", na avaliação de Jesús María Casal, da Universidade Católica Andrés Bello (Ucab). Ele alerta que as finanças públicas poderiam ser afetadas porque "o presidente precisa assumir dívidas e contratos em nome da República". Somente organismos de forma descentralizada, como a Petróleos de Venezuela (PDVSA), podem pedir créditos ao exterior.

- Quem assina dívidas e contratos internacionais em nome da Venezuela é Chávez. Como os países vão proceder? Aceitar que Maduro assine? Em princípio acho que sim, a política petrolífera é poderosa - salienta Falcón.

Manifestações contra e a favor do chavismo

A gestão interna é simples: um decreto assinado por Chávez em 8 de dezembro, antes de ir a Cuba, define que Maduro pode tomar decisões como conceder crédito público, fazer ajustes orçamentários, determinar expropriações ou exonerações e modificar as leis de impostos sobre importação e renda. Além disso, pode nomear vice-ministros e os presidentes e membros das juntas diretivas de entidades governamentais. Mas um relatório do banco Credit Suisse publicado pelo jornal "El Nacional" diz que o governo "pode estar adiando qualquer medida significativa impopular até que ocorram novas eleições". Analistas financeiros esperavam que o governo desvalorizasse o bolívar, modificasse o regime cambial e aumentasse o preço das tarifas elétricas e da gasolina, como forma de aumentar divisas. Segundo especialistas, a atual situação pode se sustentar até maio.

- Mais cedo ou mais tarde, terão que decretar a ausência temporária - diz Casal, que vê o fato de a oposição recorrer à OEA como algo favorável.

Os partidos opositores convocaram manifestação para o dia 23 contra a crise constitucional. Ontem, o presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Jorge Rodríguez, prometeu grande mobilização em prol do governo na mesma data.

Fonte: O Globo

Túnel do tempo - Merval Pereira

A romaria de líderes venezuelanos e de outros países latino-americanos a Havana para se informarem e prestarem solidariedade a Hugo Chávez é demonstração clara da hegemonia ideológica cubana na região, um exemplo raro de supremacia política sobre a econômica. E também uma constatação de que o "comandante da revolução bolivariana" transformou-se no verdadeiro líder político da região, seja por proximidades ideológicas, seja pela sustentação financeira à custa do petróleo venezuelano.

Cuba depende do apoio financeiro de Caracas para sobreviver, mas os irmãos Castro dão as diretrizes políticas na ausência física do líder bolivariano. Foi lá que se firmou o já chamado "Pacto de Havana", em que as facções políticas do chavismo, representadas pelo vice Nicolas Maduro e pelo presidente da Assembleia Geral, Diosdado Cabello, fecharam um acordo de boa convivência para garantir o prosseguimento da experiência chavista na Venezuela mesmo na ausência do Grande Comandante.

No fim de semana passado, a alta cúpula do governo venezuelano reuniu-se com eles para analisar a recente reunião Alba-Petrocaribe, e aspectos da aliança entre a ilha e a Venezuela, segundo a imprensa oficial cubana. Estavam lá o poder político e o financeiro: Maduro, a procuradora-geral da Venezuela, Cilia Flores (que acumula a função com a de mulher de Maduro), Diosdado Cabello e o ministro de Mineração e Petróleo, Rafael Ramírez. Tudo indica que ganham tempo para sair desse impasse e estabelecer as bases do chavismo sem Chávez, mas para isso é preciso atingir um mínimo de ordem interna entre os diversos grupos. Diz-se que o governo brasileiro pressiona por novas eleições nos bastidores, maneira usual de nossa diplomacia trabalhar com as ditaduras amigas, mas o fato é que nenhuma solução existirá enquanto não for possível mostrar Chávez ao mundo, vivo ou morto.

A oposição venezuelana se queixa de que Havana se transformou no "centro político" da Venezuela, mas, na verdade, o fato de ter abrigado Chávez transformou a ilha dos Castro no centro político da América Latina. Do que está acontecendo lá em Havana, entre as paredes do Centro de Investigações Médico-Cirúrgicas, depende o futuro do projeto socialista na região.

A presidente argentina, Cristina Kirchner, esteve com Raul e Fidel, mas não pôde ver Chávez. Mesma sorte teve o presidente do Peru, Humala Olanta. Outros presidentes já estiveram lá. E noticia-se que o ex-presidente Lula se prepara para mais uma viagem à ilha.

Tratar de Chávez sob o mais rigoroso sigilo foi o que deu a Cuba essa inesperada ressurreição política, não sua medicina supostamente avançada. Cuba detém não só as informações sobre o real estado de saúde do venezuelano como o paciente está literalmente nas mãos de seus dirigentes, que manobram os acordos políticos pós-Chávez e ganham tempo para montar um esquema que dê sustentação à continuidade do projeto, muito dificultado sem a presença do líder.

Os últimos boletins médicos, após dias sem informações oficiais, indicam que Chávez estaria se recuperando, embora em situação ainda delicada. Não se sabe que tipo de verdade dizem esses boletins, mas parece improvável que o quase-ditador tenha condições físicas de se manter à frente do governo caso se recupere. Nessa probabilidade remota, restaria a ele o papel de símbolo vivo do movimento bolivariano. Caso faleça, certamente seu corpo será embalsamado e levado de volta a Caracas, para comoção popular. Pode ser que seja enterrado ao lado de seu ídolo Simon Bolívar, e a mobilização garantirá vitória tranquila do chavismo nas urnas e a permanência do movimento durante certo tempo, não se sabe quanto.

Os problemas econômicos tendem a criar um clima difícil de ser superado sem a presença carismática do "pai dos pobres". Mas todo esse clima de realismo fantástico que cerca a doença de Chávez, e o uso de sua imagem como catalisador de apoios populares mesmo na sua ausência, obedece a uma estratégia política organizada a partir de Cuba para que o socialismo do século XXI continue prevalecendo na região.

Fonte: O Globo

Disputa no PMDB põe Dilma em alerta

Presidente convoca caciques para evitar que a briga pela liderança da legenda na Câmara afete a definição do novo comando da Casa

Paulo de Tarso Lyra e Juliana Braga

"Eu quero o melhor para o PMDB, por isso apoio o Eduardo. Mas não sou de fogo amigo. Quando quero atacar, uso artilharia direta e pública" Geddel Vieira Lima, ex-deputado do PMDB baiano e vice-presidente da Caixa Econômica Federal

BRASÍLIA – A disputa acirrada pela liderança do PMDB na Câmara tornou-se a principal ameaça à candidatura de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para a Presidência da Câmara. A cúpula partidária avaliou que as denúncias veiculadas no fim de semana apontando irregularidades de Henrique no uso das emendas parlamentares e de recursos do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) surgiram porque o peemedebista empenhou-se na candidatura à presidência e se esqueceu de acertar a própria sucessão na bancada. "Ele viu a casca de banana e mesmo assim caminhou em direção a ela", disse um interlocutor do partido.

A presidente Dilma Rousseff indagou ontem a dois caciques do PMDB como estavam as sucessões da Câmara e do Senado. No final da manhã, a presidente encontrou-se com o vice-presidente Michel Temer. No meio da tarde, ela recebeu o presidente do Senado, José Sarney (AP). Ao fim do dia, ambos se encontraram no Planalto para uma avaliação da crise no partido. Todos buscaram acalmar a presidente.

O gabinete de Temer virou alvo da peregrinação dos candidatos à liderança do PMDB. Na semana passada, foram pedir bênção os deputados Eduardo Cunha (RJ), Sandro Mabel (GO) e Osmar Terra. Nenhum deles é de total confiança do governo ou da direção partidária. Mabel é "cristão-novo", proveniente do PR; Terra fez campanha para José Serra (PSDB) nas eleições presidenciais de 2010; e Eduardo Cunha tem um longo histórico de problemas para o governo.

Reside nisso as críticas a Henrique. "Ele sabia que seria candidato há muito tempo. Poderia ter negociado o sucessor e evitado essa confusão", disse um aliado. Partidários de Eduardo Cunha, por exemplo, reclamam que Henrique Alves abandonou o deputado no momento em que ele cogitou lançar-se líder. "Você diz que é amigo e na hora que precisam você some? É claro que isso está errado", disse um aliado do parlamentar fluminense.

Ausente da bancada mas acompanhando atentamente os desdobramentos da eleição interna, o vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Geddel Vieira Lima, coloca mais lenha no debate. "Eu quero o melhor para o PMDB, por isso apoio o Eduardo. Mas não sou de fogo amigo. Quando quero atacar, uso artilharia direta e pública", declarou ao Estado de Minas.

O Planalto, contudo, ainda banca o apoio a Henrique. A eleição está muito próxima – será em 4 de fevereiro – e uma mudança brusca agora poderia provocar o surgimento de um novo Severino (Severino Cavalcanti, do PP-PE, eleito presidente da Câmara em 2005 após um racha no PT). Além disso, na avaliação de interlocutores da presidente, não valeria a pena comprar uma briga e tornar o "PMDB indomável". Além disso, o PR deverá ser liderado por Anthony Garotinho (RJ) e o PDT continua com André Figueiredo (CE), alinhado ao ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, sinalizando problemas futuros.

A dúvida é quanto tempo Henrique ainda precisará sangrar. "Qualquer um que fosse candidato a presidente passaria por isso", disse o ex-líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Para Eduardo Cunha, o maior risco é a necessidade de se explicar constantemente. "Não vejo problemas para a candidatura do Henrique. Mas para a imagem dele sim", declarou ele.

No Senado, para evitar uma divisão interna na bancada, o atual presidente da Casa, José Sarney, agiu como bombeiro. Seu grupo vai despejar todos os votos na eleição de Eunício Oliveira (PMDB-CE) para a liderança da bancada. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) terá dois caminhos à disposição, como adiantou o Estado de Minas no final do ano: a segunda vice-presidência do Senado ou a liderança do bloco da maioria composto por PMDB-PP-PV.

Fonte: Estado de Minas

Fogo alto - Tereza Cruvinel

Os disparos contra o candidato do PMDB a presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, trouxeram a incerteza para uma disputa que até aqui seguia amena. Embora chamuscado, ele tem, ainda, as melhores condições para vencê-la, mas precisa responder às denúncias, pelo menos em consideração ao conforto político de seus potenciais eleitores. E, depois de ter subestimado o problema que deu origem a tudo, terá que administrá-lo corretamente: a disputa na bancada pelo seu cargo de líder, que colocou em lados opostos atores que manejam bem a artilharia pesada na política. Mais chumbo é esperado para hoje.

Em momento recente, Henrique Alves recebeu o aviso, registrado por esta coluna, de que a presidente Dilma Rousseff não aceitaria o deputado Eduardo Cunha como líder da bancada. Além de não gostar de seu estilo trator de esteira, ela e Lula não o perdoam por ter sabotado, como relator, a tramitação da emenda que prorrogava a CPMF, contribuindo decisivamente para sua derrota. Henrique, que sempre teve Cunha como aliado, lavou as mãos, dizendo que não apoiaria nem um nem outro dos candidatos. Mas, na prática, isso passou a significar apoio ao postulante goiano, Sandro Mabel. Osmar Terra continuou correndo por fora. Cunha buscou o apoio do ex-deputado e hoje diretor da Caixa Econômica Federal Geddel Vieira Lima.

Diz um chiste entre os políticos baianos que é Geddel, e não o novo prefeito de Salvador, ACM Neto, do DEM, quem melhor encarna o estilo do falecido ACM em sua versão “Toninho Malvadeza”, anterior ao “Toninho Ternura”, como ele se definiu ao romper com o regime militar e apoiar a eleição de Tancredo Neves, em 1985. Geddel, como o antigo adversário, bate pesado. Embora ele negue, dentro e fora do PMDB, sua participação na difusão de denúncias contra Henrique Alves é dada como certa.

Mas por que teria ele entrado na briga, ajudando Cunha na tentativa de detonação a candidatura de Henrique Alves a presidente da Câmara? Um dos melhores conhecedores do psiquismo interno do PMDB garantia ontem: Geddel, que sempre foi um queridinho do vice-presidente Michel Temer, enciumou-se com o apoio do vice à candidatura de Henrique Alves. Embora, como diz este peemedebista, deva a Michel o cargo que tem na CEF, não tendo mandato e sendo oposição ao governador Jaques Wagner (PT) na Bahia. As emendas de Alves para obras municipais que foram executadas por empreiteira de um colaborador passam pelo ministério que ele ocupou no governo Lula. O importante, nessa denúncia, é saber se o empreiteiro ganhou as obras, de valores pouco expressivos, em licitação correta e sem vícios.

Ontem Alves estava no Rio e deve ter tido contato, direto ou indireto, com outra turma do armamento pesado. É composto pelo governador Sérgio Cabral, o vice-governador Pezão e o prefeito Eduardo Paes. Deles teria partido um aviso: ou ele faz Eduardo Cunha líder ou levará mais tiros.

Se eles vieram, resta saber se Henrique resistirá.

Os concorrentes Júlio Delgado (PSB) e Rose de Freitas (PMDB) naturalmente estão salivando ante a possibilidade de ver o principal adversário abatido na decolagem. Se isso acontecer, tudo pode ocorrer. Setores do PT já se assanhavam ontem pregando o rompimento do acordo de revezamento e o lançamento da candidatura de Arlindo Chinaglia.

Tucanos no galho

Júlio Delgado, que é de Minas, saiu satisfeito do encontro que teve ontem com o governador mineiro Antonio Anastasia (PSDB) e a bancada federal do estado. Anastasia prometeu até fazer um telefonema de apresentação a seu colega paraense, Simão Jatene, que esta semana recebe Delgado. Mas amanhã, recebe o peemedebista Henrique Alves. O deputado Marcus Pestana resume a objetividade tucana no caso. “Temos muita simpatia pelo Delgado, mas o que nos favorece é a observância da regra da proporcionalidade, não a luta campal. A regra nos garantirá, por direito, a primeira-secretaria.”

O cargo é cobiçado pelo PSD, que tem o tamanho, mas não a antiguidade do PDSB. O atual presidente, Marco Maia, baterá o martelo, mas isso também ainda pode parar no STF.

Missão

A primeira parte do despacho de ontem entre Dilma e seu vice, Michel Temer, foi diplomática. Ele relatou suas viagens internacionais e acertaram a atuação dele no esforço para derrubar o embargo russo à carne brasileira. O premiê Dmitri Medvedev está chegando. No fim, tangenciaram o formigueiro político no PMDB.

Destino de Lobão

O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, tem conversado com seus pares do PMDB sobre a possibilidade de deixar o cargo quando a presidente Dilma deflagrar sua mini-reforma ministerial. Estaria precisando começar a preparar o terreno para a candidatura a governador do Maranhão. Para Dilma, seria mamão com açúcar. Ela poderia colocar um técnico de seus sonhos na pasta que foi dela para enfrentar a questão energética e compensar o PMDB com outro ministério.

Fonte: Correio Braziliense