segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Opinião do dia – Sérgio Moro

A investigação e a persecução não têm cores partidárias.

A reação institucional, observado o devido processo, incluindo os direitos do acusado, não é uma questão de política, mas de Justiça na forma da lei.

O processo também não se dirige contra a Petrobrás. A empresa estatal é vítima dos crimes. A investigação e a revelação dos malfeitos, embora possam acarretar ônus momentâneos, trarão benefícios muito maiores no futuro a ela.

Não há alternativa além da prevenção e da repressão à cultura da corrupção, fatal a qualquer empresa, privada ou pública, e à própria democracia.

Sérgio Moro, juiz federal, no despacho na sexta feira, 12

Petrobras assinou contrato em branco

Como um cheque em branco

• Contrato de construção da plataforma P-57, firmado pela estatal com a holandesa SBM, não continha "informação expressa sobre seu valor"

José Casado, Ramona Ordoñez, Bruno Rosa, Karla Mendes, Antonio Werneck e Thiago Herdy – O Globo

Bruno Chabas resolveu atualizar a correspondência quando viu um recado de Zoe Taylor-Jones, advogado da SBM, empresa holandesa que possui US$ 27,6 bilhões em contratos de navios e plataformas marítimas com a Petrobras. Eles lideravam a equipe que há meses revolvia os arquivos da diretoria recém-demitida. Rastreavam pagamentos de US$ 102,2 milhões em propinas a dirigentes da Petrobras, intermediados pelo agente da companhia no Brasil Julio Faerman.

"Cavalheiros, sinto muito, mas esta é a última cereja do bolo", ele escreveu a Chabas, presidente da SBM, e a mais quatro diretores, acrescentando: "Nós pagamos também a conta de telefone e de internet de Faerman". Anexou uma fatura pendente de R$ 1.207,00 da operadora Sky.

Era 1h35m da madrugada de terça-feira, 17 de abril de 2012. Com a agenda da manhã seguinte sobrecarregada pela auditoria, Chabas mandou uma resposta irônica antes de dormir: "Essa relação nunca pára de me surpreender".

Mais surpreendidos ficaram, dias atrás, os auditores e advogados do Tribunal de Contas da União, da Receita Federal e do Banco Central que analisaram para o Congresso a documentação dos negócios da Petrobras com a SBM.

Comprovaram, por exemplo, que a diretoria da estatal subscreveu um contrato em branco para a construção do navio-plataforma P-57. Isso aconteceu na sexta-feira 1º de janeiro de 2008.

O contrato de construção da P-57 (nº 0801.0000032.07.2) não contém "informação expressa sobre seu valor", relataram os técnicos, por escrito, à Comissão Parlamentar de Inquérito.

Na cláusula específica ("Quinta - Preço e Valor"), os campos simplesmente não foram preenchidos. Ficou assim:

"5.1 O valor total estimado do presente CONTRATO é de R$ xxxxx (xxxx), compreendendo as seguintes parcelas:

5.1.1 R$ xxxxx (xxxx), correspondente aos serviços objeto do presente CONTRATO, sendo R$ _____ ( ) referente a serviços com mão-de-obra nacional e R$ _____ ( ), referente a serviços com mão de obra não residente;

5.1.2 R$ xxxxx (xxxx), correspondente aos reembolsos contratualmente previstos".
quase um ano depois

Somente 207 dias depois - ou seja, passados sete meses - é que "esses valores foram "preenchidos"", registraram os assessores da CPMI.

O "Aditivo nº 1" foi assinado na terça-feira, 26 de agosto de 2008, mas ainda sem especificar os valores completos de valores da prestação de serviços nacionais e estrangeiros.

A plataforma P-57 foi vendida por US$ 1,2 bilhão à Petrobras. Por esse negócio, a SBM pagou US$ 36,3 milhões em propinas - o maior valor entre seus casos de corrupção no Brasil, como admitiu, em acordo de leniência com a promotoria da Holanda e o Departamento de Justiça dos EUA.

A empresa holandesa confessou ter distribuído US$ 102,2 milhões em subornos a dirigentes da Petrobras, entre 2005 e 2011. Assim, obteve 13 contratos de fornecimento de sistemas e serviços à estatal. Foram suas operações mais relevantes no país, durante os últimos cinco anos da administração Lula e no primeiro ano do governo Dilma Rousseff.

As propinas foram "para funcionários do governo brasileiro", constataram a Receita e o Ministério Público da Holanda. Os pagamentos, segundo eles, fluíram a partir de empresas criadas pelo agente da SBM no Rio, Julio Faerman, no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Faerman controlava três (Jandell Investiments Ltd., Journey Advisors Co. Ltd. e Bien Faire Inc.) e partilhava outra (Hades Production Inc.) com o sócio carioca Luis Eduardo Barbosa da Silva.

Quem assinou o contrato da P-57 foi Pedro José Barusco Filho, que na época era gerente-executivo da Diretoria de Engenharia e Serviços, comandada por Renato de Souza Duque.

Mês passado, Barusco se apresentou à procuradoria federal. Entregou arquivos, contas bancárias e se comprometeu a fazer uma confissão completa em troca da atenuação de penalidades. Informou possuir US$ 97 milhões guardados no exterior, dos quais US$ 20 milhões na Suíça - já bloqueados. Duque foi preso, depois liberado, e agora enfrenta acusações de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência com políticos do Partido dos Trabalhadores. Ele nega tudo.

A comissão parlamentar de inquérito identificou outros sete funcionários da Petrobras envolvidos no processo de compra da P-57. Eles são: Márcio Félix Carvalho de Bezerra; Luiz Robério Silva Ramos; Cornelius Franciscus Jozef Looman; Samir Passos Awad; Roberto Moro; José Luiz Marcusso e Osvaldo Kawakami.

Um ano depois da assinatura do contrato, a P-57 entrou no projeto de propaganda eleitoral do governo. Foi em outubro de 2009, quando Lula preparava Dilma Roussef, chefe da Casa Civil, para disputar a eleição presidencial de 2010.

O então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que é filiado ao PT, formatou um calendário de eventos. Escolheu o período entre o primeiro e o segundo turnos, em outubro de 2010, para o "batismo" da plataforma, sob a justificativa do 57º aniversário da estatal.

Era preciso, no entanto, garantir a entrega antecipada do equipamento. O diretor Duque e seu gerente Barusco recorreram ao agente da SBM no Rio. Faerman informou ser possível, mas a custos extras. Seguiu-se uma negociação com os funcionários Mario Nigri Klein, Ricardo Amador Serro, Antonio Francisco Fernandes Filho e Carlos José do Nascimento Travassos.

Em abril de 2010, Duque aprovou a despesa extraordinária pela antecipação da entrega da plataforma, apoiado por Barusco e outro gerente, José Antônio de Figueiredo.

Lula comandou o "batismo" da plataforma em comício em Angra dos Reis (RJ), na quinta-feira 7 de outubro. A antecipação da entrega para o evento, em meio à disputa presidencial, custou à Petrobras um extra de US$ 25 milhões. A SBM enviou US$ 750 mil líquidos para empresas de Faerman nas Ilhas Virgens Britânicas.

Tendo trabalhado por seis anos na estatal, nos anos 60, o agente da SBM no Rio conhecia como poucos os chefes, suas carreiras e as áreas de decisão na sede da avenida Chile, no Centro. Mantinha encontros semanais com alguns.

Havia um padrão de abordagem, relata um engenheiro da Petrobras, evitando citar nomes. Iniciante na estatal, nos anos 90, passou a receber sucessivos elogios de um executivo da SBM no Rio, pelo seu desempenho nas avaliações dos projetos de afretamento de sondas e plataformas, etapa decisiva na rotina pré-contratual.

- Fiquei empolgado. Afinal, era um simples funcionário, estava começando e já recebia elogios de executivo de empresa de porte - contou. Um dia foi convidado para um jantar na Zona Sul.

A conversa suave, regada a vinho, derivou para seu trabalho na seção de custos de afretamentos. Depois de escolher o prato, o funcionário da Petrobras escutou uma proposta do representante, conhecido como o "homem forte" da SBM:

- Quero compartilhar com você parte da minha comissão - disse-lhe, apontando o dedo indicador para o alto, em alusão a eventuais lucros.

O incômodo à mesa é inesquecível: - Não dormi naquela noite. Depois me convidaram várias vezes para trabalhar, até que desistiram.

No início de 2012, quando rastreava propinas pagas no Brasil, o advogado da empresa holandesa Zoe Taylor-Jones perguntou a Julio Faerman sobre sua rotina de contatos, presentes e propinas a funcionários da Petrobras. Ele negou, dizendo que se limitava a "enviar cartões de Natal".

É certo que o agente da SBM no Rio mantinha uma rede de informantes no centro de decisões da estatal. Em junho de 2009, enviou a um dos chefes da companhia holandesa o projeto da Petrobras para criação de estações de liquefação de gás em alto-mar. "É informação muito confidencial nesse estágio e tem implicações muito sérias se alguma coisa vazar", advertiu.

A cúpula em Amsterdã recebeu, também, uma cópia do "Plano Diretor do Pré-Sal", classificado como "confidencial", um mês antes de sua aprovação pela diretoria-executiva da Petrobras. O documento foi copiado com a senha "SG9W" pertencente a Jorge Zelada, diretor Internacional. Ele admitiu, em audiência no Congresso, a propriedade, mas negou o repasse do plano do pré-sal.

- A senha é como uma assinatura digital - lembrou o gerente de segurança da estatal, Pedro Aramis, em outra audiência.

Ontem, a Petrobras divulgou nota lembrando que, há dez meses, "tem se empenhado em apurar todas as relações entre representantes da empresa e representantes da SBM Offshore, buscando evidenciar eventuais desvios de conduta". Acrescentou que, nesse período, "uma Comissão Interna investigou todos os empregados que tiveram participação direta ou indireta nos processos de contratação com a SBM, independente da posição gerencial ou técnica, passada ou presente, na companhia".

"Mesmo sem encontrar evidências de suborno" - prossegue - recomendou-se a continuidade da apuração "de indícios de atos impróprios". As informações obtidas "foram encaminhadas às autoridades", conclui a Petrobras.

Delator diz que trocou ‘crédito’ de propina com tesoureiro do PT

• Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobrás, diz que procurou João Vaccari para que ele recebesse valores da Schahin; em troca ele ficaria com propina que petista tinha a receber de outra empresa

Ricardo Brandt, Fausto Macedo – O Estado de S. Paulo

CURITIBA - O ex-gerente executivo de Engenharia da Petrobrás Pedro Barusco Filho disse em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato que fez uma “troca de propinas” com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto.

Barusco afirmou que possuía um “crédito” da empreiteira Schahin Engenharia, gigante que atua também nas áreas de petróleo e gás, mas estava encontrando dificuldades em receber o dinheiro, segundo ele, relativo ao empreendimento de reforma e ampliação do Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), no Rio de Janeiro, complexo de laboratórios na Ilha do Fundão.

O ex-gerente disse que procurou Vaccari porque, conforme diz, o petista “tem uma boa relação com a Schahin”. A diretoria de Serviços da Petrobrás, unidade estratégica da estatal, era cota do PT. Por ela passam todos os procedimentos de licitações e contratação da estatal.

Vaccari, segundo afirmou Barusco, também era credor de uma propina de uma outra empresa, que atua no ramo de óleo e gás , de módulos para o Pré- Sal. e que participou da montagem de Angra I e Angra II. O delator não citou valores.

Barusco e o tesoureiro do partido teriam feito, então, uma permuta. Segundo o ex-gerente, Vaccari também era credor de uma outra empresa. No cruzamento de propinas, o “crédito” do petista ficou para Barusco e Vaccari “herdou” a propina da Schahin.

A delação de Barusco foi homologada pela Justiça Federal no Paraná há uma semana. Em uma cláusula do contrato que firmou com a força tarefa do Ministério Público Federal, o ex-gerente comprometeu-se a devolver ao Tesouro US$ 97 milhões que mantêm no exterior e mais R$ 6 milhões no Brasil. Ele confessou que essa fortuna teve origem em atos “ilícitos”.

O grau de colaboração do ex-gerente impressiona os investigadores. Ele demonstrou grande senso de organização e disciplina ao fazer uma metódica contabilidade dos repasses de propinas, apontando todos os negócios onde correu dinheiro por fora. Tudo registrava em um arquivo pessoal.

Barusco passou números de contas bancárias e nomes de beneficiários de comissões. Afirmou que ele e Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal petrolífera, dividiram propinas em “mais de 70 contratos” da Petrobrás entre 2005 e 201o.

Ele declarou que fornecedores e empreiteiros não desembolsavam recursos por “exigência”, mas porque o pagamento de propinas na Petrobrás era “algo endêmico, institucionalizado”.

Antes de atuar na gerência, subordinado a Duque, ele ocupou os cargos de gerente de tecnologia na Diretoria de Exploração e Produção e de diretor de Operações da empresa Sete Brasil, que tem na Petrobrás um de seus investidores.

Pedro Barusco afirmou que “na divisão de propinas” Duque ficava “com a maior parte”, na margem de 60% para o ex-diretor de Serviços e de 40% para ele.

Entregou uma planilha de contratos onde teria corrido suborno e os valores que o esquema girou. Os contratos são de praticamente todas as áreas estratégicas da Petrobrás. Ele citou Gás e Energia, Exploração e Produção e Serviços. Revelou outros operadores da trama de corrupção na Petrobrás. Além do doleiro Alberto Youssef e do lobista do PMDB, Fernando Soares, o Fernando Baiano, Barusco apontou outros nomes.

Falou sobre o suposto pagamento de propinas envolvendo a Schahin no âmbito do Cenps/RJ e a troca que teria realizado com o tesoureiro do PT.

A Schahin não está entre as empreiteiras acusadas no primeiro lote de denúncias que o Ministério Público Federal apresentou à Justiça Federal na semana passada.

Mas a Schahin já havia sido citada em interceptações telefônicas da Polícia Federal. A máquina de grampos da Operação Lava Jato interceptou telefonemas do doleiro Youssef em que ele e um empresário que fornece materiais para a Petrobrás conversam sobre quem “pagou em dia” e “quem estava atrasado” no repasse de dinheiro.

Com a palavra, a defesa
João Vaccari Neto
A Secretaria Nacional de Finanças do PT informou em nota que João Vaccari Neto “desconhece a suposta operação citada em delação premiada pelo sr. (Pedro) Barusco”. O partido reafirmou que “todas as doações recebidas pelo PT são feitas na forma da lei e declaradas aos órgãos competentes”. O partido tem rechaçado categoricamente todas as suspeitas lançadas sobre a origem de valores em seu caixa, desde que a Operação Lava Jato foi desencadeada.

Schahin Engenharia
A Schahin Engenharia, citada na delação de Pedro Barusco, refutou veementemente o que classificou de “fantasiosa afirmação”. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa destacou que “não tem qualquer vínculo com a Operação Lava Jato”.

Renato Duque
O ex-diretor da Petrobrás Renato Duque nega atos ilícitos e recebimento de propinas.

Petrobrás
A Petrobrás não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre quantos contratos mantém com a Schahin e quais os valores globais de pagamentos realizados. Também não se manifestou sobre o critério adotado para contratação do consórcio do qual fez parte a Schahin para as obras do Cenpes e se o ex-gerente Pedro Barusco teve alguma participação efetiva nesse empreendimento.

Pedro Barusco
A criminalista Beatriz Catta Preta, constituída por Pedro Barusco, não se manifestou sobre os termos da delação do ex-gerente da Petrobrás.

Auditoria interna vê cartel e descontrole em refinaria

• Apuração endossa Lava Jato e aponta irregularidades graves em Abreu e Lima

• Segundo relatório, há licitações com base em projetos precários; problemas deixaram obras R$ 4 bi mais caras

Flávio Ferreira - Folha de S. Paulo

CURITIBA - Auditoria interna da Petrobras indica descontrole nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, investigada na Operação Lava Jato. A apuração da própria estatal revela licitações feitas com base em projetos precários e concorrências repletas de irregularidades graves.

A investigação interna também apontou indícios de formação de cartel por empreiteiras acusadas na Lava Jato.

Entre as empreiteiras participantes das licitações consideradas irregulares no relatório estão OAS, Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, Engevix e Iesa.

A auditoria foi determinada em abril, após o surgimento do escândalo, concluída em novembro e anexada à Lava Jato na sexta-feira (12).

Em entrevista à Folha em abril, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, hoje delator, afirmou que o custo inicial de Abreu e Lima foi calculado numa "conta de padeiro", sem projeto definido.

O relatório mostra que o mesmo ocorreu em fases avançadas da obra. Licitações da refinaria entre julho de 2007 e maio de 2011 ocorreram "com baixo grau de definição do projeto básico", diz.

"Uma vez que os projetos não estavam suficientemente desenvolvidos, ocorreram questionamentos de licitantes quanto ao escopo dos objetos a serem contratados, necessidade de ajustes de quantitativos e de especificações".

Essas deficiências levaram a problemas na execução até julho de 2014, encarecendo a obra em cerca de R$ 4 bilhões, diz o texto, que aponta que empresas foram favorecidas com reajustes indevidos.

"Historicamente, a Petrobras utiliza o percentual de 55% referente à composição de mão de obra nas fórmulas de reajuste", segundo a auditoria. Porém, em quatro licitações o percentual subiu para 80%, "o que onerou em cerca de R$ 353 milhões o valor desembolsado, sem que isso representasse [...] o custo real".

Outra irregularidade encontrada foi a de que "dentre os 23 processos licitatórios analisados, em quatro deles houve fragilidade na seleção das empresas, devido à inclusão, durante os certames, de 13 licitantes que não atendiam aos critérios definidos".

Em contratos de serviços de construção e montagem, licitações foram refeitas após as firmas apresentarem propostas com preços excessivos.

"Tais contratos totalizaram R$ 10,8 bilhões. A comissão identificou, analisando o comportamento dos resultados [...], que o valor das propostas aproximou-se do teto' [valor de referência mais 20%] das estimativas elaboradas pela engenharia."

"Estes fatos, associados às declarações do Sr. Paulo Roberto Costa, indicam a possibilidade da existência de um processo de cartelização relativo às empresas indicadas nos processos", diz o texto.

Foram responsabilizados pelas irregularidades Costa e os também ex-diretores Renato Duque e Pedro Barusco.

Procurada, a Petrobras informou que a estatal não iria se manifestar sobre o teor dos relatórios internos. A Folha não localizou as defesas de Costa, Duque e Barusco.

Mais empreiteiras serão denunciadas

MP denunciará outros nove fornecedores da Petrobras

• Grupo também faria parte do cartel investigado na Lava-Jato

Eduardo Bresciani – O Globo

BRASÍLIA - Depois de denunciar o primeiro grupo de dirigentes de empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato, na semana passada, o Ministério Público Federal prepara denúncia contra outros nove fornecedores da Petrobras. Eles também são acusados de participar do cartel formado para fraudar concorrências da companhia. Os procuradores pedirão a abertura de processos na esfera penal contra os executivos e ações de improbidade administrativa contra as empresas.

Serão denunciadas: Odebrecht, Andrade Gutierrez, Techint, Promon, MPE, Skansa, Iesa, Setal e GDK. A informação sobre os novos alvos está em nota de rodapé das denúncias apresentadas contra representantes de Camargo Corrêa, UTC, Mendes Júnior, Engevix, OAS, Queiroz Galvão e Galvão Engenharia.

Dirigentes da Setal, Julio Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto firmaram acordos de delação premiada e colaboram com as investigações.

Os procuradores afirmam que tanto as construtoras já denunciadas como as que ainda serão alvo do MP fariam parte do "clube", nome dado ao cartel, e "promoveram, constituíram e integraram" junto com os outros representantes uma "organização criminosa". Após citar as empresas, os procuradores fazem o registro:

"As condutas dos agentes ligados às demais empreiteiras serão denunciadas em ações próprias, na forma do art. 80 do Código de Processo Penal, muito embora façam todos parte de um único esquema criminoso", afirmam.

O artigo a que se referem permite a separação de processos por diferentes critérios, desde a prática do crime em lugares e momentos diferentes até "outro motivo relevante".

O MPF afirma que os executivos das empresas se voltavam "à prática de crimes de cartel e licitatórios contra a Petrobras, de corrupção de seus agentes e de lavagem dos ativos havidos com a prática destes crimes". Associadas, as empresas teriam como vantagem a fixação de contratos por valores superiores aos que resultariam de concorrências efetivas, a possibilidade de escolher as obras que fossem de sua conveniência e a eliminação de concorrência por meio de restrições e obstáculos à participação de empresas alheias ao cartel.

Empresas negam
Procurada, a Promon Engenharia afirmou ontem que "todos os seus negócios, operações e relacionamentos são pautados pelo respeito à legislação e compromisso com a ética." A Odebrecht disse que "não participou ou participa de qualquer cartel - todos os contratos que conquistou, ao longo das últimas décadas, junto a Petrobras, foram resultado de processos de seleção e concorrência como estipula a lei vigente". A assessoria da Andrade Gutierrez não retornou ontem. No sábado, a empresa disse que "nega veementemente qualquer ilação ou acusação de participação em cartel (...)"". As demais fornecedoras da Petrobras não responderam.

Corrupção é fatal para empresas e democracia, diz juiz da Lava Jato

• Sérgio Moro afirma que investigação sobre escândalo na Petrobrás não é questão de política, mas de Justiça

Ricardo Brandt, Fausto Macedo – O Estado de S. Paulo

CURITIBA - “A investigação e a persecução não têm cores partidárias”, afirmou o juiz federal Sérgio Moro no despacho em que aceitou na sexta feira, 12, a primeira denúncia criminal da Operação Lava Jato contra o braço empresarial do esquema de corrupção e propina na Petrobrás, comandado pelo PT, PMDB e PP.

Neste primeiro processo nove são os acusados, entre eles executivos da Engevix Engenharia – uma das 16 empresas do cartel alvo dos investigadores. No esquema, por meio de diretores indicados pelos partidos políticos, cobrava-se propinas de 1% a 3% sobre o valor dos grandes contratos da estatal petrolífera.

“A reação institucional, observado o devido processo, incluindo os direitos do acusado, não é uma questão de política, mas de Justiça na forma da lei”, alertou Sérgio Moro, ao defender as apurações da Lava Jato.

Segundo o juiz federal, o caso trará benefícios maiores que o “ônus momentâneos” podem trazer para a imagem da Petrobrás. ”O processo também não se dirige contra a Petrobrás. A empresa estatal é vítima dos crimes. A investigação e a revelação dos malfeitos, embora possam acarretar ônus momentâneos, trarão benefícios muito maiores no futuro a ela”, avalia o juiz federal.

“Não há alternativa além da prevenção e da repressão à cultura da corrupção, fatal a qualquer empresa, privada ou pública, e à própria democracia”, assinalou o juiz Sérgio Moro.

O juiz da Lava Jato mandou um recado direto aos que tentam enfraquecer as investigações. “Reitero que o processo seguirá independentemente de considerações de outra natureza, como há de ser.”

Ao tratar dos motivos que o levaram a liberar o acesso ao processo, Moro lembrou que os dois candidatos às eleições presidenciais em 2014, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) defenderam a importância da investigação sobre os escândalos que abalaram a Petrobrás.

“A investigação e a persecução na assim denominada Operação Lava Jato, como já apontei anteriormente, inclusive receberam apoios expressos de elevadas autoridades políticas de partidos opostos, como da Exma. Sra. Presidenta da República, Dilma Roussef, e do Exmo. Sr. senador da República Aécio Neves.”

Moro citou ainda o senador Pedro Simon. “Mais recentemente, (a Lava Jato) foi elogiada em discurso memorável do honrado Senador da República Pedro Simon, homem público respeitado por todas as agremiações políticas e por toda a sociedade civil.”

Segundo o juiz, “a prevenção e a repressão à corrupção, ao crime organizado e à lavagem de dinheiro são necessárias para o fortalecimento das instituições democráticas dentro de um governo de leis”.

Juiz federal se diz perplexo

- Zero Hora (RS)

A planilha de Alberto Youssef deixou o juiz federal Sergio Moro "perplexo", na definição dele próprio. Isso em decorrência dos indícios de que os crimes transcenderam a Petrobras e outras estatais. O magistrado está convencido de que o doleiro pode ter criado esquema semelhante ao da petrolífera – distribuição de propinas e reforço das finanças de partidos políticos.

"Embora a investigação deva ser aprofundada quanto a este fato, é perturbadora a apreensão dessa tabela, sugerindo que o esquema criminoso de fraude à licitação, sobrepreço e propina vai muito além da Petrobras. Afinal, a única especialidade conhecida de Alberto Youssef é lavagem de dinheiro", alertou Moro, em despacho do dia 4.

O juiz se baseia na interpretação da Polícia Federal (PF) ao apreender a planilha. O policial encarregado de analisar o material é categórico.

"É claro o envolvimento de Youssef e seu grupo com grandes empreiteiras, e por meio da planilha apreendida, pode-se deduzir que Youssef tinha interesse especial nos contratos, onde de alguma forma atuava na intermediação", acrescentou Moro.

Ouvidos, alguns diretores de empresas confirmaram ter repassado quantias entre 3% e 15% dos contratos para Youssef, mas não como propina e sim como "comissão".

"Era dito no setor que ele tinha tráfego bom junto às construtoras", justificou Márcio Bonilho, diretor da Sanko-Sider, em depoimento.

E não só para empreendimentos da Petrobras. Conforme Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal que virou delator na Lava-Jato, a cartelização funcionava em todas as grandes obras do país.

"Deve ter ocorrido em Angra 3, nas grandes hidrelétricas no norte do país... em rodovias, ferrovias, aeroportos, portos, saneamento básico", declarou Costa à Justiça Federal em 22 de outubro.

Youssef, também à Justiça, admitiu que 1% de cada contrato se destinava ao PP e, em alguns casos, 2% a outros partidos. Do total da propina, ele cobrava 5% como comissão para "lavar" o dinheiro.

Quase 60% da lista tem obras da Petrobras
Na planilha do doleiro, Petrobras e suas subsidiárias aparecem como cliente final em cerca de 400 projetos. É 59% do total. As demais são obras da infraestrutura brasileira, não relacionadas a petróleo. Mostra que Youssef era multitentacular.

A planilha também ressalta obras no Exterior. É o caso da instalação de uma usina de etanol na Colômbia, em 2010. A unidade recebeu o aval do Banco do Brasil, com empréstimo de US$ 223 milhões para um grupo israelense, com o compromisso de a empresa comprar tecnologia de indústria brasileira. Na tabela do doleiro, a OAS-Exportação aparece como cliente dele no projeto. No quadro com valores há o registro de R$ 4,5 milhões, supostamente, quantia que Youssef pensava ganhar no negócio.

Os percentuais médios de propina admitidos pelos delatores, em alguns casos, coincidem com o valor mencionado na planilha de Youssef. O suborno chegou a ser pago? Isso os policiais ainda querem descobrir.

Petrobras ignorou alertas sobre desvios de 'traders'

Juliano Basile – Valor Econômico

BRASÍLIA - Documentos internos da Petrobras e mensagens encaminhadas por Venina Velosa da Fonseca, a geóloga que denunciou irregularidades, revelam que a diretoria atual não impediu um esquema de desvio de milhões de reais da companhia.

Relatórios mostram que negociadores de óleo combustível de navio que atuam em Cingapura e em outros escritórios da estatal no exterior cobram comissões extras elevando os preços à Petrobras. Apesar das denúncias, esses "traders" não foram descredenciados até hoje. No entanto, a estatal afastou Venina do cargo e cortou o seu salário em aproximadamente 40% de seus vencimentos.

Documentos aos quais o Valor teve acesso mostram que foi constatada a existência de um esquema de desvios envolvendo negociadores de óleo combustível de navio que atuam em Cingapura e em outros escritórios da estatal no exterior. Os "traders" detêm privilégios na estatal e, mesmo quando constatadas as irregularidades, não sofreram as penalidades aplicadas pelas demais empresas do mercado. Em vez de serem descredenciados para não mais negociarem com a empresa, eles receberam suspensões por curtos períodos e voltaram a trabalhar.

Venina deverá depor nos próximos dias, em Curitiba, a autoridades que conduzem a Operação Lava-Jato, quando deverá apresentar detalhes dessas denúncias.

Em nota à imprensa enviada na noite de sexta-feira, a companhia informou que "após resultado do grupo de trabalho constituído em 2012, a Petrobras aprimorou os procedimentos de compra e venda de bunker (combustível de navio), com a implementação de controles e registros adicionais". "Com base no relatório final", continua a nota, "a companhia adotou as providências administrativas e negociais cabíveis". "A Petrobras possui uma área corporativa responsável pelo controle de movimentações e auditoria de perdas de óleo combustível, que não constatou nenhuma não conformidade no período de 2012 a 2014", concluiu a estatal.

Mas relatórios internos concluídos recentemente mostram que a companhia sofre perdas nas negociações em preços de combustível de navio, na contratação de afretamentos e até no momento de descarregamento de petróleo. No segmento de produtos escuros - jargão do setor para bunkers e óleo combustível - foram verificados desde descontos anormais a apenas alguns clientes privilegiados até venda abaixo do preço de mercado e recompra a preço acima do mercado, no mesmo dia.

A apuração dessas práticas foi feita por Venina no período em que ela comandou a unidade de Cingapura, entre fevereiro e novembro deste ano. A geóloga determinou a contratação de um escritório de advocacia naquele país que obteve cópias de mensagens trocadas entre os "traders". O objetivo era romper com o esquema.

Numa dessas mensagens, um negociador de uma grande trading, sob o codinome de "Coco Prontissimo", diz a outro negociador credenciado da Petrobras que só ele poderia "proteger o negócio". Em outra mensagem, esse representante da trading internacional admite que terá que pagar comissão extra ao "trader" da Petrobras, identificado como Daniel Filho. Os diálogos foram considerados pelo escritório contratado por Venina como forte evidência ("strong evidence") de que a Petrobras estava sendo prejudicada pelos "traders".

A geóloga criou comissões de apuração do esquema, chamadas de grupos de trabalho, e encaminhou relatórios sobre o assunto a seus superiores. Mesmo assim, a Petrobras manteve a atuação dos "traders" suspeitos. Ela recorreu, então, ao novo gerente executivo da área, Abílio Paulo Pinheiro Ramos. Ele é subordinado imediato de José Carlos Cosenza, o diretor de Abastecimento que preside a comissão de apuração de irregularidades e que declarou na CPI mista da Petrobras, em outubro, que nunca ouviu falar de desvios na estatal.

Em 26 de abril de 2014, a geóloga encaminhou um longo e-mail a Abílio descrevendo as irregularidades com que se deparou na companhia, a começar pelas dificuldades durante a gestão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento, que foi preso na Operação Lava-Jato e resolveu delatar o esquema de desvio de dinheiro da estatal. Costa era o chefe imediato de Venina e as denúncias que ela fez de desvios na área de comunicação daquela diretoria e nos aditivos para a construção da Refinaria de Abreu e Lima fizeram com que fosse enviada para Cingapura, em fevereiro de 2010, onde pediram que não trabalhasse. Ao voltar, dois anos depois, a geóloga ficou cinco meses "numa sala sem nenhuma atribuição". Mandada novamente para Cingapura, Venina disse a Abílio que encontrou um "escritório inchado, totalmente desorganizado e sem controle".

No e-mail, a geóloga contou que havia problemas no segmento de "escuros". "Enviei parte do material em caráter confidencial e pedi uma reunião na primeira hora." Ao chegar para a reunião, Venina disse que havia mais gente do que o previsto, inclusive potenciais envolvidos nas práticas suspeitas. "Estavam presentes todos os gerentes, coordenadores e consultores da área. Um público grande para tratar do assunto", escreveu. Ela disse que o objetivo da reunião foi o de convencê-la que estava errada. "Em vão. As evidências eram inegáveis", afirmou Venina.

A primeira comissão de apuração, em Cingapura, ouviu empregados brasileiros e locais. A geóloga percebeu que o objetivo não era solucionar os problemas apontados por ela. "Fui procurada por um dos empregados locais que se dizia constrangido pelo seu depoimento não estar formalizado e que isso o exporia perante a legislação de Cingapura", disse. As leis daquele país equiparam a pessoa que sabe de um caso de corrupção à mesma situação do criminoso responsável pelo desvio de dinheiro.

Em seguida, foi feita uma auditoria e outra comissão de apuração, sem resultados práticos. Ela contou a Abílio: "Recebemos vários e-mails nos orientando a continuar negociando com as empresas envolvidas nas fraudes. Confesso que prontamente recusei a orientação. A partir daí passei a ser chamada de inflexível".

Após ser convocada para depor nas comissões de apuração de irregularidades de Abreu e Lima, a geóloga descobriu que pessoas informadas por ela de irregularidades, no passado, faziam parte dessas comissões. Em 19 de novembro, ela foi comunicada por Abílio que seria destituída de sua função no comando da unidade de Cingapura. Venina telefonou a Cosenza e enviou um e-mail para Graça Foster, a presidente da Petrobras. Graça respondeu que o caso dela seria tratado por Cosenza e Nilton Maia, chefe do Departamento Jurídico. A geóloga não recebeu o relatório sobre as causas de sua destituição e encaminhou uma notificação para a direção da estatal.

A Petrobras disse, em nota enviada na sexta-feira, que Venina "foi destituída da função de diretora presidente da empresa Petrobras Singapore Private Limited em 19 de novembro de 2014, após o que ameaçou seus superiores de divulgar supostas irregularidades caso não fosse mantida na função gerencial".

Na verdade, o que Venina fez, segundo demonstram documentos, foi pedir para voltar ao Brasil, pois estava em licença médica e precisava fazer exames no INSS para receber salário. Um DIP - Documento Interno da Petrobras - assinado por Abílio, em 3 de novembro de 2014, diz que a geóloga encontra-se "em missão de longa duração na Petrobras Singapore", onde exercia a função de gerente-geral. "Recentemente, a empregada manifestou interesse em antecipar o término de sua missão", continua o DIP, sublinhando que a missão estava prevista para terminar apenas em 30 de junho de 2015.

Após verificar que os problemas que apontou não seriam resolvidos, a geóloga foi diagnosticada com "transtorno de ansiedade" por uma clínica médica, em Cingapura. "Estou com meus ganhos reduzidos, meu retorno ao país impossibilitado e sofrendo claro assédio comprovado pelos atos e comunicados a mim enviados", disse a geóloga, num e-mail enviado, em 9 de dezembro de 2014, a Cosenza e a diretores da Petrobras Cingapura. "O descumprimento dos procedimentos de meu retorno demonstram que estou sendo mantida doente no exterior por negativa dos meios de retorno ao Brasil. Se mantida essa posição, não só informarei o fato ao Ministério Público do Trabalho, ao sindicato e ao Judiciário, mas também à mídia", alertou a geóloga, que teve um corte de 40% em seu salário.

"Nova CPMI será inevitável", diz Cunha

Marcos de Moura e Souza – Valor Econômico

BELO HORIZONTE - Em campanha para a presidência da Câmara Federal, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) reuniu-se na manhã de sexta-feira com o governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). Foi, segundo o parlamentar, apenas um encontro de caráter pessoal, já que o PT resiste a sua candidatura na Câmara e articula um candidato próprio.

"Eu fiz uma visita de cortesia [a Pimentel], como tenho feito a todos os lugares que eu vou. Visito o atual governador e se houver um governador eleito, visito também. Foi uma visita que eu não quis dar uma conotação política, de caráter pessoal mesmo, até porque a posição dele em relação ao partido dele, a gente entende a situação", disse Cunha, após a reunião, ao chegar a um hotel de Belo Horizonte onde se encontrou com deputados que o apoiam.

Além da conversa com governador eleito, Cunha também esteve pela manhã com o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB) e, depois, com o atual governador de Minas, Alberto Pinto Coelho (PP).

O deputado, que oficialmente teve sua candidatura lançada no início de novembro, já percorreu quase todos os Estados do país para angariar apoio de governadores e das bancadas e para, conforme diz, construir propostas consensuais com os governos estaduais. Depois de Minas, ele segue para Vitória (ES) e na semana que vem planeja ir a São Paulo.

Cunha liderou posições contrárias aos interesses do Palácio do Planalto durante este primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), mas conta agora, conforme disse, com o apoio do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP).

"Ele está apoiando. Na medida que o Michel constatou que não é uma candidatura de oposição ao governo, e não o é, ele ficou com a candidatura do PMDB", disse.

Na visita a Minas Gerais, Cunha repisou seu discurso de que não é um candidato de oposição. "Não sou candidato da oposição, nem pretendo exercer a presidência como oposição", disse ele, acrescentando depois que, eleito, defenderá a independência dos parlamentares em relação ao Planalto.

O próximo presidente da Câmara terá de lidar com ao menos dois temas espinhosos para o Planalto: um eventual pedido de impeachment que possa surgir contra Dilma em função das denúncias de corrupção na Petrobras e a abertura de uma nova comissão mista parlamentar de inquérito também sobre o tema.

Sobre o impeachment, Cunha disse, a jornalistas: "Não existe isso. Isso é utopia. Não dá para falar uma coisas dessas sobre quem acabou de se eleger legitimamente pelo voto da maioria da população". Sobre uma CPMI, afirmou que desde o começo acreditava que CPMI morreria no momento que houver delações premiadas. E acrescentou: "Conhecidas as delações, acharei inevitável ter uma outra CPMI".

Perguntado sobre a postura que espera de Dilma em relação à disputa da Câmara, o deputado disse esperar que "ela entenda" que essa é um assunto do Parlamento, não do governo. "Não é uma questão de governo. Acho que não tem de haver de ninguém qualquer tipo de intromissão que não seja dos parlamentares".

Cunha preferiu não listar os partidos que com os quais ele conta para se eleger, mas mencionou o Solidariedade e o PSC. No grupo do parlamentar, a expectativa é que o DEM anuncie apoio a ele na próxima semana. Ele disse não ao ser perguntado se o senador por Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) - candidato derrotado à Presidência da República - havia oferecido seu apoio a ele.

Na reunião com deputados e lideranças políticas mineiras - a maioria deles do PMDB -, Cunha recebeu o apoio do vice-governador eleito de Minas, Antonio Andrade (PMDB) e do ex-deputado federal Virgílio Guimarães (PT). Para o petista, Cunha "sabe dialogar" e "sabe fazer a grande política". E criticou seu partido ao dizer que uma parcela de petistas "cria alguns moinhos de vento para sair esgrimindo contra aqueles que não representam guerra". Guimarães não tem mais cargo eletivo. Seu filho, Gabriel Guimarães, que estava com ele, foi eleito este ano para mais um mandato como deputado federal.

Para Marina, Dilma 'ganhou perdendo' ao utilizar 'calúnia'

• PT venceu disputa com base em calúnias e difamações, afirma ex-senadora

• Declaração foi dada em entrevista à GloboNews; 3ª colocada na disputa à Presidência criticou medidas do governo

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A ex-senadora Marina Silva, terceira colocada na disputa pela Presidência, disse que prefere "perder ganhando do que ganhar perdendo", referindo-se à campanha da presidente Dilma Rousseff (PT). A declaração foi dada à GloboNews no sábado (13).

"Ganhar perdendo é usar o marketing político, a calúnia, a difamação --o jogo do poder pelo poder", afirmou ela.

Marina criticou Dilma por medidas que o PT atacou durante a campanha. "Não queremos fazer um discurso na hora de ganhar e [falar] uma outra coisa na hora de governar."

Marina diz que 'é preciso' mudar diretoria da Petrobrás

• 'Essa diretoria foi mantida durante todos esses anos e não teve a competência para evitar o que foi feito', afirmou a ex-ministra

Carla Araújo – O Estado de S. Paulo

A ex-ministra e candidata derrotada à Presidência, Marina Silva, afirmou ser a favor de uma mudança na diretoria da Petrobrás, após escândalos deflagrados pela operação Lava Jato mostrarem esquema de corrupção na estatal. "É preciso mudar a diretoria da Petrobrás. Essa diretoria foi nomeada, foi mantida durante todos esses anos e não teve a competência e o compromisso para evitar o que foi feito", disse, em entrevista a Roberto D'ávila, exibida na Globo News na madrugada deste domingo, 14. "É preciso e de uma forma urgente que seja feita essa mudança. Em nome do interesse público", afirmou.

Durante a entrevista, Marina ressaltou o fato de a empresa ter perdido valor no mercado nos últimos anos e disse que algumas pessoas assumiram cargos na diretoria "para se servir e não servir aos brasileiros". "É isso que precisa acabar", completou.

A ex-ministra disse que o processo eleitoral vivido este ano foi difícil, mas ao mesmo tempo gratificante e que o fato de ter escolhido debater a verdade "custou um preço muito alto", que foi a sua "desconstrução". "Mesmo assim me sinto agradecida pelos mais de 22 milhões de brasileiros terem acreditado que é possível fazer política de forma diferente", afirmou.

Marina disse que, diferente da presidente Dilma Rousseff, ela fez a campanha falando a verdade. "Muitas das coisas que nós defendíamos agora estão sendo feitas. A questão é fizemos uma escolha: não queremos fazer um discurso na hora de ganhar e uma outra coisa na hora de governar."

A ex-ministra preferiu não comentar as declarações do tucano Aécio Neves, que disse ter sido derrotado por uma organização criminosa, mas afirmou que há um processo de rebaixamento nas campanhas eleitorais. "As pessoas não querem mais discutir propostas, ideias, são apenas estratégias de como se faz para manter o poder ou para ganhar o poder."

Segundo a ex-candidata, esse processo enfraquece a democracia. "Na democracia é preciso que a gente se disponha a estabelecer alguns limites, não vale tudo para se alcançar os objetivos", afirmou. Marina disse que o país saiu da eleição dividido, mas ponderou que é preciso aceitar o resultado das urnas. "Eu vou sempre respeitar a presidente eleita pelo povo brasileiro. É uma decisão da democracia, tomada pela sociedade brasileira."

Tragédia. Durante a entrevista, Marina lembrou a morte do então candidato de sua chapa Eduardo Campos, em um acidente aéreo, e disse que foi um momento muito difícil. "Quando eu fui ao encontro do Eduardo para apoiá-lo, eu sabia que estava indo não para compartilhar o palanque, mas para compartilhar um legado", disse.
Marina lembrou a sua relação com Chico Mendes e o fato de Campos ser neto de Miguel Arraes para justificar o que chamou de "encontro de legados" e comparou a perda de Campos com a de Mendes. "Ver o Eduardo perder sua vida tão precocemente mais uma vez me colocou diante de uma tragédia, foi muito difícil para mim quando o Chico Mendes morreu. Eu era muito jovem, de repente fiquei novamente sozinha com o peso de ter que assumir aquele lugar, de algo que eu já tinha me desvencilhado", disse. "Ninguém pode estar preparado para uma coisa dessas, é o inesperado do inesperado. Tudo isso ainda é um peso muito grande dentro de mim."

Rede. Marina Silva disse que a Rede Sustentabilidade sofreu um boicote dentro dos cartórios fruto de uma ação política. "Houve uma ação política sim", afirmou. Ela lembrou que antes da negativa de criação da Rede três partidos haviam sido formados e logo depois a lei mudou. "A legislação eleitoral mudou em seguida exatamente, no meu entendimento, para prejudicar a Rede."

A ex-ministra preferiu não falar de seus planos para o futuro e repetiu que não fica "na cadeira cativa de candidata". "Em 2010 não fiquei, não vou ficar agora, vou continuar fazendo o que eu acho que é correto, com os meios que disponho."

Rede Sustentabilidade define novos nomes para a cúpula

• "Houve uma recomposição, mas sem grandes mudanças de rumo", resumiu Brazileu Margarido, eleito novo porta-voz da sigla

Beatriz Bulla - O Estado de S. Paulo

Mudanças foram motivadas pela saída de Walter Feldman, então porta-voz da sigla.
Em reunião realizada no final de semana em Brasília, o diretório nacional da Rede Sustentabilidade definiu novos nomes para a cúpula do grupo, que tenta viabilizar sua formação como partido político. As mudanças na Executiva Nacional foram motivadas pela saída de Walter Feldman, então porta-voz da sigla, e de outros quatro integrantes do grupo que tem como principal expoente a ex-ministra Marina Silva.

Quem assume o posto de porta-voz é Bazileu Margarido, que já fazia parte da Executiva, ao lado de Gabriela Batista. Feldman, um dos principais operadores políticos da Rede, deixou o grupo para assumir cargo na Federação Paulista de Futebol. No próximo ano, ele deve ainda assumir um lugar na Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

"Houve uma recomposição, mas sem grandes mudanças de rumo", resumiu Margarido sobre o novo grupo.

Além de Feldman, outras quatro baixas foram oficializadas na reunião deste final de semana. Haldor Omar, Cassio Martinho, Thiago Rocha e Martiniano Cavalcante pediram para deixar a Executiva Nacional. Uma das cinco vagas abertas com a mudança na Rede será preenchida pela vereadora de Maceió, Heloísa Helena - eleita pelo PSOL.

De acordo com Pedro Ivo Batista, integrante da executiva, os quatro que pediram para deixar a cúpula terão outras tarefas no partido. "Na nota que cada um enviou individualmente, não se fala em divergência política. Apenas informam que irão continuar na Rede, mas não mais em funções da Executiva."

Apoio
Nos bastidores, a saída de parte dos integrantes da executiva é vista como consequência de divergências políticas internas, intensificadas pelo apoio dado por Marina ao tucano Aécio Neves no segundo turno presidencial.

A "readequação de tarefas" na Rede é vista como uma forma de fortalecer o processo de coleta de assinaturas para viabilizar a formação do partido. A intenção, de acordo com o grupo, é contar com integrantes com mais disponibilidade de tempo.

A militância precisa de 32 mil assinaturas validadas pela Justiça Eleitoral para conseguir o registro. Até março, a sigla espera coletar 100 mil fichas de apoio para chegar com folga ao Tribunal Superior Eleitoral e se firmar como partido político em abril.

"O próximo ano será importante para a Rede. A partir da obtenção do registro devemos ter convenções estaduais em maio e junho e um congresso nacional em agosto", afirmou Margarido.
Novo governo, ideias velhas. Além das questões internas, o grupo realizou neste final de semana uma avaliação da conjuntura com a posse de um novo governo. "Um novo governo com ideias velhas", critica.

Pedro Ivo destaca que o grupo se recoloca com um projeto em busca do desenvolvimento sustentável, "independente ao atual governo". Sobre a relação com partidos, ele afirma que a Rede não terá uma "postura linear com a oposição constituída pelo PSDB", mas estará junto dos tucanos no que for benéfico para o País. "E separados no que não for coerente com nossa proposta", afirmou.

A intenção é manter a união com o PSB, o PPS e "os partidos que estiveram na coligação Unidos pelo Brasil", que levou Marina Silva ao terceiro lugar na disputa pela Presidência neste ano.

PSB lidera formação de um novo bloco partidário

• Inclusão da Rede, que prepara sua legitimação, não será automática; ideia é ampliar força para as eleições de 2016

Catarina Alencastro – O Globo

BRASÍLIA - Enquanto a Rede de Marina Silva dá os primeiros passos rumo à sua legitimação como partido político, o PSB já discute a estratégia das próximas eleições com outros aliados. Junto com o PPS, o PV e o Solidariedade, o partido que abrigou Marina para que ela concorresse à Presidência este ano lançará na próxima semana um bloco - o Federação Partidária - que se compromete a atuar como uma única força política nas eleições municipais de 2016 e nas gerais de 2018.

A nova união de partidos já tem até estatuto e contará com coordenações municipais, estaduais e federal, com dirigentes das quatro legendas. Embora não estejam se fundindo, para efeitos de eleições as legendas do bloco atuarão como um partido só. Juntos, somam cerca de três minutos e meio de rádio e TV. Na vida parlamentar, também tomarão decisões conjuntas. Na construção do bloco, o grupo se baseou em algumas falhas da experiência nas eleições presidenciais deste ano para corrigi-las.

- Nós sofremos muito na eleição porque só tínhamos um minuto para rebater as acusações e apresentar nosso programa. Não havia tempo suficiente. Acho que muitos dos motivos que nos impediram de ir para o segundo turno passam por aí. Estamos definindo um item fundamental para ir à guerra - diz o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), que foi vice na chapa de Marina à Presidência.

A integração da Rede, de Marina, a esta nova força política não será automática. Cada adesão terá de ser levada à deliberação dos dirigentes do bloco.

- Naturalmente a Rede pode estar conosco ou não. Primeiro a Rede tem que passar a existir. Se a Rede quiser integrar o bloco, vamos levar à deliberação. Não vemos problemas, poderemos estar juntos. Não há antagonismo de ideias, mas estamos falando de quatro partidos que já têm vida parlamentar e resolveram se unir - afirma Carlos Siqueira, presidente do PSB.

Casados em torno do projeto interrompido tragicamente pela morte de Eduardo Campos, o PSB e a Rede Sustentabilidade se posicionaram de forma ligeiramente diferente no pós-eleitoral. Os dois tentam se impor como principal alternativa, em meio à polarização entre PT e PSDB. Mas enquanto os socialistas dialogam com maior frequência com os tucanos e traçam alianças no trabalho parlamentar, os marineiros são mais distantes dos integrantes da oposição tradicional.

- Estamos construindo esse campo de oposição independente. Nos assuntos referentes ao meio ambiente e à sustentabilidade, vamos exercer a oposição com firmeza. As propostas encampadas por Marina na campanha são as que darão respostas aos problemas do país, como crise hídrica, mobilidade urbana - diz Bazileu Margarido, coordenador executivo da Rede.

Integrantes da Rede continuam sua saga em busca das 32 mil assinaturas que faltam para que a ideia de ser um partido se transforme em realidade. Segundo as regras eleitorais, são necessárias 484.546 assinaturas de brasileiros que apoiem o projeto. Em outubro de 2013, a Rede teve o registro de criação do partido negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por não ter obtido o mínimo de assinaturas para sua constituição.

Prévia do PIB cai 0,26% em outubro e aponta retração da economia de 0,09% no ano

• IBC-Br, do Banco Central, mostrou uma retração da economia em outubro acima do recuo esperado por analistas

Victor Martins - Agência Estado

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB) do País, caiu 0,26% em outubro ante o mês anterior, na série com ajuste sazonal. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central, o número passou de 146,79 pontos em setembro, na série dessazonalizada, para 146,41 pontos em outubro.

O resultado do IBC-Br ficou abaixo da mediana das estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pela Agência Estado (alta de 0,28%) e fora do intervalo das estimativas (zero a alta de 0,53%).

A série com ajuste sazonal aponta ainda uma queda de 0,09% na atividade no acumulado do ano. Em 12 meses, houve crescimento de 0,26%. Na comparação entre outubro de 2014 e outubro de 2013 houve queda de 0,87%.

O IBC-Br serve como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. Entre os componentes do indicador estão a Pesquisa Industrial Mensal e a Pesquisa Mensal de Comércio. A projeção do Banco Central para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano é de 0,7%, segundo o último Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado em setembro.

Série observada. Na série sem ajuste sazonal, é possível observar um crescimento de 0,22% nos 12 meses encerrados em outubro de 2014. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o indicador ficou negativo em 0,12% (sem ajuste). Até setembro, por esse critério, era verificada uma ligeira alta de 0,01%.

Na comparação entre os meses de outubro de 2014 e de 2013, houve retração de 1,18% também na série sem ajustes sazonais. Na série classificada como observada, outubro terminou com IBC-Br em 149,86 pontos. O indicador de outubro de 2014 ante o mesmo mês de 2013 mostrou uma variação pior do que a apontada pela mediana (-0,38%) e ficou um pouco abaixo do piso das previsões (-0,80% a +0,25%) dos analistas do mercado financeiro.

Ricardo Noblat - Por uma cabeça!

- O Globo

"No nosso governo (a Petrobras) é uma caixa branca e transparente" LULA, em 2010

O que o PT tem a dizer sobre a roubalheira na Petrobras? Afinal, ele sempre disse que a Petrobras seria privatizada se o PSDB, um dia, conseguisse voltar ao poder. Pois a empresa foi corrompida pelo PT, desmoralizada pelo PT e empurrada buraco abaixo pelo PT. Hoje, o PT é uma camiseta puída com cheiro de suor, uma estrela guardada no fundo de uma gaveta, uma bandeira vermelha coberta de vergonha.

NA PETROBRAS, É FATO, o roubo existe desde meados do governo José Sarney. Passou pelos governos Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique. Mas foi no governo Luiz Inácio Lula da Silva que alcançou escala gigantesca, segundo investigação da Polícia Federal. Surpreso com a herança maldita, caberia ao governo Dilma livrar-se dela. Certo? Errado.

VOCÊ É INGÊNUO o bastante a ponto de acreditar que Dilma ignorasse o que se passava com a Petrobras? Dilma foi ministra das Minas e Energia. A Petrobras era subordinada a ela. Foi chefe da Casa Civil da Presidência da República, o segundo posto mais importante do governo. Acumulou o cargo com a presidência do Conselho Administrativo da Petrobras.

NADA SE FEZ ou se faz na Petrobras sem a aprovação do Conselho. Da compra de uma refinaria, como a de Pasadena, por exemplo, a aditivos a contratos bilionários. A Petrobras é a empresa campeã no Brasil em contratos firmados sem licitação. Comprada de um grupo belga, Pasadena representou um prejuízo enorme para a Petrobras. Para os belgas, foi o "negócio do século".

UMA VEZ ELEITA para suceder a Lula, Dilma nomeou para o Ministério das Minas e Energia um nome indicado por Sarney — o do senador Edison Lobão. E para a presidência da Petrobras uma de suas amigas de fé, irmãs, camaradas, Graça Foster. Lobão foi ministro de faz de conta — quem mandava no ministério era Dilma. Quanto a Graça... Mandou na Petrobras consultando Dilma para tudo.

EM DEPOIMENTO à CPI da Petrobras em junho último, Graça afirmou que jamais ouvira falar antes de corrupção na empresa. "Só com a suspeita, nós ficamos muito envergonhados", disse, e em seguida choramingou. Comovente! Mas pura lorota como se sabe hoje. Graça ouvira falar de corrupção, sim. E, no mínimo, três vezes. Vamos a elas.

POUCO ANTES de comparecer à CPI, Graça fora informada pelo Ministério Público holandês sobre propinas pagas pela empresa holandesa SBM na venda à Petrobras de um navio-plataforma. A SBM ainda recebeu US$ 25 milhões extras pela antecipação da entrega do navio Lula queria inaugurá-lo às vésperas da possível eleição de Dilma a presidente em 2010. E assim foi.

NO FINAL DE 2009, em e-mail enviado a Graça, Venina Fonseca, então gerente da Petrobras, alertou-a sobre o aumento de gastos com a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. De US$ 4 bilhões, o negócio passara a custar US$ 18 bilhões. Em outro email, de 2011, Venina confessou a Graça que o "imenso orgulho" que tinha de trabalhar na Petrobras dera lugar à "vergonha". Ofereceu-se para lhe contar o que sabia. Não obteve resposta.

DEMITIR OU não demitir Graça? Eis a questão que tira o sono de Dilma desde que o Procurador Geral da República cobrou a demissão da diretoria da Petrobras. Graça serve de escudo a Dilma contra o mar de lama que se acumula ao pé da rampa do Palácio do Planalto. Lula entregou a cabeça de José Dirceu e salvou a sua, ameaçada pelo escândalo do mensalão. Dilma acabará entregando a de Graça. Resta ver se será o suficiente.

José Roberto de Toledo - Poço flamejante

- O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff (PT) sobreviveu à primeira onda oposicionista para tirá-la do cargo ao qual foi reconduzida pelas urnas. A conjugação do seu sobrenome com a palavra impeachment entrou em baixa nas redes sociais e, principalmente, nas buscas via Google. O binômio Bolsonaro-estupro, por exemplo, provocou muito mais interesse dos internautas na semana passada.

Talvez o Natal seja menos turbulento para Dilma do que foram as semanas subsequentes à sua reeleição, mas o ano novo promete um céu escuro como fumaça de óleo diesel. O escândalo da Petrobrás é um poço de petróleo em chamas, como aqueles que se via ardendo na primeira guerra dos EUA contra o Iraque. Sem meios para estancar os vazamentos, continuará queimando por meses a fio. É impossível saber quantos vão se chamuscar. Não serão poucos.

A semana passada confirmou o novo comportamento dos deputados quando têm que votar a cassação de um dos seus pares. Agora que o voto é nominal e às claras, raros têm coragem de absolver quem foi pego com batom no colarinho. André Vargas, o cassado, estava em fim de mandato e havia se desfiliado do PT. Foram 359 votos pela cassação, um contra e seis abstenções. A lavada era esperada por seu isolamento e pelo histórico.

Primeiro a ser julgado em votação aberta na Câmara, Natan Donadon foi cassado em fevereiro com o voto de 467 dos 513 deputados. O placar foi mais dilatado porque ele não estava apenas isolado, estava preso - embaraçando a Câmara havia oito meses. O vexame era maior porque em agosto de 2013, quando a votação ainda era secreta, só 233 deputados haviam votado pela cassação de Donadon - 24 a menos do necessário para cassá-lo.

Instituído o voto aberto para casos de pedido de cassação, o comportamento corporativista dos deputados perdeu força. Entre a preservação de sua imagem pública e a camaradagem, prevaleceu o instinto de sobrevivência. No que depender do escândalo da Petrobrás, esse instinto será novamente colocado à prova, mas de maneira e intensidade inéditas, na próxima legislatura.

É possível e até esperado que não apenas meia dúzia, mas dezenas de parlamentares sejam implicados e, eventualmente, denunciados por crimes ligados à Petrobrás. Essa é a primeira diferença em relação aos casos de Donadon e Vargas: os réus não estarão isolados, serão quase uma multidão. Também relevante, não devem ser de um partido só, mas de vários. Além do PP, os vazamentos seletivos envolvem PT e PMDB - as duas maiores bancadas.

Isso significa que as estruturas de poder no Congresso estarão em risco em 2015. Não se deve esperar, portanto, o mesmo desprendimento que os deputados demonstraram nos casos de Vargas e de Donadon quando eventualmente vierem a apreciar pedidos de cassação em massa na próxima legislatura. Basta lembrar que a primeira CPI que tratou do caso Petrobrás deu em nada.

As empreiteiras denunciadas até agora no escândalo ajudaram a financiar mais de 200 deputados que tomarão posse no próximo ano. São parlamentares dos partidos mais importantes, tanto governistas quanto da oposição. Claro que isso não significa que todos os que receberam essas contribuições estão comprometidos. Mas ajuda a entender por que a CPI não indiciou ninguém.

Com ou sem cassações em 2015, o poço flamejante da Petrobrás continuará atrapalhando Dilma no Congresso. Ela terminará 2014 com uma taxa de apoio de apenas 67% entre os deputados - segundo o Basômetro, do Estadão Dados. Lula saiu com 88% de apoio.

Mesmo quando comparada a si própria, Dilma enfrenta uma Câmara muito mais rebelde agora do que nos anos anteriores. Ela terminou 2011 com 82% de apoio e fechou o tumultuado ano de 2013 com 78% de governismo. Vai precisar melhorar muito a relação com os parlamentares para voltar a esse patamar - e afastar, assim, a conjugação do seu nome com a palavra impeachment.

Valdo Cruz - Lições do caos

Folha de S. Paulo

A capital do país está um caos. O mato toma conta do centro da cidade, e o lixo se acumula em algumas ruas. Servidores em greve fecham avenidas e causam enormes engarrafamentos. Falta medicamento em hospitais, e alunos perdem aulas em dias de prova.

Tudo por causa de um final melancólico de administração do petista Agnelo Queiroz. Sem dinheiro em caixa, o governador atrasou salários, interrompeu serviços e deixou de pagar seus fornecedores.

É, de longe, uma das piores fases de Brasília. Ruas esburacadas, obras paradas, greve de ônibus tornando a vida de quem depende de transporte público um inferno.

O motivo do caos é básico. O petista gastou mais do que arrecada. Até outubro, o buraco era de R$ 3,2 bilhões. Ficou sem grana para pagar as contas, enquanto um lindo estádio decora o centro da cidade a um custo de R$ 1,8 bilhão.

Sei que a responsabilidade pela situação caótica da capital é intransferível, pertence àquele que a (des)governou e não se reelegeu. Mas ele copiou o exemplo que veio de cima. O governo Dilma também gastou mais do que recebe. E estimulou os governadores a seguirem sua receita na busca de fazer a economia crescer --sem sucesso.

Só que Dilma pôde fazer suas manobras fiscais e se endividar para fechar na marra suas contas, enquanto o governador não tem a mesma liberdade e autorização para buscar dinheiro no mercado a fim de bancar sua gastança.

Por sinal, esta será uma das missões de Joaquim Levy na Fazenda. Barrar o desejo dos novos governadores de aproveitarem lei aprovada no Congresso, sob inspiração dilmista, para aumentar suas dívidas.

Levy terá de fazer o mesmo no governo. Sua nova chefe abriu os cofres para se reeleger, semeando inflação alta e colhendo crescimento medíocre. Agora, precisa apertar o cinto para evitar que o país viva caos semelhante ao de Brasília.

Renato Janine Ribeiro - Principais ministérios (3): Meio Ambiente

• Meio ambiente é um trunfo, não um ônus

- Valor Econômico

Concluo a série de artigos sobre os ministérios do futuro. Hoje, seus titulares se sentam no fundão, durante as reuniões do governo. Mas em poucos anos essas pastas deverão, no Brasil e no mundo, se tornar as mais relevantes, pois que tratam de fins e metas da vida. Ainda vivemos num período tão marcado pela carência que ora salientamos as pastas econômicas coma as que melhor enfrentarão os gargalos na produção, ora os ministérios sociais como os melhores para resolver as falhas de nossa vida social: aqui, Fazenda, Planejamento, Indústria, Agricultura; ali, Justiça, Direitos Humanos, Igualdades. Mas se torna viável, pela primeira vez na história, extinguir a miséria e até a pobreza, bem como atingir a justiça. Podemos chegar aí em uma ou duas gerações. E depois?

Este futuro foi percebido pelo escritor Antonio Callado quando criticou a nomeação de Rubens Ricupero como ministro da Fazenda, em 1994. Ele foi o único a considerar a suposta promoção de Ricupero como um rebaixamento:

"Para mim, a notícia é melancólica. Volto com ela, a uma orfandade crônica, incurável, a floresta amazônica. Na opinião geral, Ricupero é uma espécie de homem público capaz de assumir com competência e trabalho sério qualquer função. O fato de um "cadre" dessa qualidade ter sido colocado num ministério feito para ele, sob medida, e intitulado da Amazônia e Meio-Ambiente era extremamente promissor. Nesta nossa trêfega República a existência da maior floresta do mundo não passa de um aborrecido problema: que se há de fazer de um matagal infindável, todo cortado de rios exagerados, pululante de índios, seringueiros, garimpeiros que lutam pela mesma terra, a qual, no fundo, já pertence à Supergasbrás, Bradesco, Matsubara, Lunardelli? O embaixador Ricupero dava a impressão de já haver mergulhado na tarefa difícil mas fascinante de tornar a Amazônia um problema compreensível. Talvez até solúvel. Em princípio me parece mais fácil, muito mais fácil, encontrar no Brasil um bom ministro da Fazenda -isto é, um bom administrador da inflação nacional- do que alguém capaz de afinal franquear aos brasileiros a verdadeira posse e fruição do esplêndido patrimônio que comoveu Humboldt e Euclides da Cunha e que temos tratado até agora como se fosse uma praga, uma enxaqueca." (Folha de S. Paulo, 2/4/1994).

Nesse artigo, só envelheceu a referência à inflação. Porque Callado constitui a Amazônia como mais do que um patrimônio estático, ou uma grande reserva a ser deixada intocada. Ela simboliza uma nova civilização. Pois há duas maneiras de considerar o meio-ambiente, uma defensiva, outra prospectiva. Uma coisa é defendê-lo, preservá-lo, protegê-lo - uma série de verbos que colocam a natureza como frágil, vulnerável, e nós, como seus tutores, seus guardiões. Outra é inverter os sinais: frágeis somos nós. Não sobreviveremos, seguindo o caminho atual. Jamais conseguiremos destruir a natureza. Mesmo que a temperatura do planeta suba vários graus, os prejudicados seremos nós, com cidades destruídas, com insumos essenciais à vida humana perturbados. Mas a natureza seguirá, mesmo modificada. Então, lembrando John Donne, os sinos não dobram por ela, mas por nós. Depois de destruirmos tantas espécies, é a nossa que está em risco.

Ainda melhor: a natureza é pródiga em recursos que ainda mal conhecemos. Precisa ser objeto de intensa pesquisa científica. O homem pode continuar a enriquecer, mas desde que saia da predação e entre num aprendizado que começa pela ciência. Daí, etapa seguinte, deveremos rever extração de minerais, agricultura, criação de animais, indústria, para não dizer comércio e serviços. Todo o modo como, em cinco milênios ou mais, a humanidade construiu a si mesma, num desrespeito crescente ao mundo natural, precisa ser revisto. O princípio de sustentabilidade é só uma parcela desta necessária autocrítica. Não é só respeitar a natureza: há também que conhecer suas riquezas. Isso significa mudar as matrizes de produção.

Estes anos, uma série de informações, algumas novas, outras já conhecidas dos cientistas, vieram a público, que estão mudando tudo. Uma nova concepção de ciência se fortalece, anti-predatória, avessa à separação radical de sujeito e objeto que data de Descartes e marcada por uma proximidade inédita entre ciências biológicas e humanas. E, com isso, uma revisão dos custos de produtos. O exemplo óbvio, que já lembrei aqui, é incluir a agressão à natureza no preço das mercadorias, o que há de encarecer o que gasta carbono (como carne e viagens aéreas) e baratear o que ofende menos a natureza. Tal mudança afetará nossos valores, modo de vida e economia.

A questão não é se estas mudanças acontecerão ou não. Vão acontecer. Causarão choro e ranger de dentes, mas a questão não é sim ou não: é como. Atrasos neste rumo só encarecerão o resultado final - que será positivo. O meio ambiente não é uma "liability", mas um "asset". Imaginemos uma nova civilização, talvez o "novo Renascimento" de que falava FHC (mas, no caso dele, pensando sobretudo na Internet) - quando a matriz produtiva for mais "nature-friendly", o lazer se tornar criativo com a ampliação do papel da cultura e nossa saúde melhorar com uma alimentação saudável e mais atividade física. Esta é a síntese de nossas três últimas colunas. É o que explica que a pasta do Meio Ambiente deva se tornar mais importante que as econômicas- porque a economia também dependerá deste projeto anti-Koyanisqattsi de um mundo em maior equilíbrio. Repito: o caminho é este. Recusá-lo é só retardá-lo.

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo.

Ricardo Balthazar - O recibo, por favor

- Folha de S. Paulo

As descobertas da Operação Lava Jato tendem a reforçar o coro dos que defendem o fim das contribuições de empresas para campanhas políticas. A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal já se manifestou contra as doações, e muita gente acredita que a proibição tornaria o sistema político brasileiro mais decente.

Será mesmo? As investigações mostram que, na hora de distribuir propina, nunca faltou criatividade às empresas que participaram do esquema de corrupção na Petrobras. O dinheiro viajou em aviões comerciais, jatinhos particulares e carros-fortes, dentro de malas, caixas e envelopes. Algumas remessas foram enviadas em maços de dinheiro afixados aos corpos dos entregadores, escondidos embaixo de suas roupas.

Uma das empreiteiras sob investigação diz que suas doações eram parte da propina. Mas proibir as empresas de contribuir com os partidos políticos em nada ajudaria a interromper o fluxo clandestino de recursos. O mais provável é que a restrição faria o problema aumentar, ao incentivar os empresários a continuar fazendo por baixo dos panos as contribuições que hoje podem fazer com recibo, à luz do dia.

A Operação Lava Jato não vai acabar com a corrupção no Brasil. Empresas como as seis empreiteiras denunciadas pelo Ministério Público à Justiça na semana passada sempre farão o que estiver a seu alcance para buscar influência política e conquistar aliados para seus interesses. Sempre haverá gente disposta a negociar do outro lado do balcão.

O que pode ser feito é aperfeiçoar os mecanismos de controle existentes e criar outros, para inibir a corrupção e os abusos do poder econômico, e aumentar a transparência nos negócios do setor público com essas empresas. Ao permitir as doações e obrigar os partidos a divulgá-las, o sistema atual abre uma fresta que ajuda a conhecer melhor a teia de interesses que une as empresas aos políticos que elas financiam.

Governo precisa sair da defensiva na Petrobras – Valor Econômico / Editorial

O Ministério Público Federal apresentou, na última semana, denúncia contra 36 pessoas acusadas de participação no esquema de corrupção que havia dez anos operava na Petrobras. É apenas a primeira de uma série esperada de denúncias, entre elas a que deve relacionar os políticos envolvidos, estimado em dezenas, que deve ficar para o final.

A denúncia foi o ponto alto, mas não a única má notícia para a Petrobras e seus acionistas. Na sexta-feira também se ficou sabendo que a presidente da estatal, Graça Foster, teve informações sobre as irregularidades muito antes da revelação do escândalo pela Operação Lava-Jato e não tomou qualquer providência para apurar denúncias feitas por uma funcionária.

Faz dez meses que a Petrobras não sai do noticiário, sempre negativo, desde que a presidente da República, Dilma Rousseff, em nota, disse que não aprovaria a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, quando presidia o conselho da estatal, se tivesse conhecimento de todas as informações pertinentes à operação.

Desde então, a diretoria da Petrobras demonstra que está fora do controle da situação. De um lado, a companhia é assediada pelas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, internamente, e da Securities and Exchange Commission (SEC), órgão que regula o mercado financeiro americano, externamente. Nos Estados Unidos a empresa já é objeto de processos abertos em nome dos acionistas minoritários que se sentem lesados pela roubalheira, e que ao fim também vai sangrar os cofres da empresa.

Joia da coroa das estatais brasileiras, a Petrobras é um gigante, mas não é indestrutível. A dívida da companhia, de mais de US$ 110 bilhões, já representa um terço das reservas cambiais do país. E o futuro à frente está mais nublado com a queda do preço internacional do petróleo, o que lança incertezas sobre a exploração da camada pré-sal, sobretudo num modelo em que a empresa tem a exclusividade de operação dos contratos de exploração.

Na denúncia apresentada contra os 36 suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção, os procuradores federais pediram o ressarcimento de R$ 1,186 bilhão desviado por empresas e funcionários. Perto do "petrolão", como foi batizado o escândalo, o mensalão, o esquema de compra de votos no Congresso parece brincadeira pueril. E ainda assim há cálculos segundo os quais a roubalheira foi muito, mas muito maior.

Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o que se passou na Petrobras foi uma aula de crime. "Essas pessoas roubaram o orgulho dos brasileiros", afirmou. Numa manifestação anterior, Janot resumiu, com rara felicidade, as expectativas da sociedade brasileira em relação ao caso: "Esperam-se as reformulações cabíveis, inclusive, sem expiar ou imputar previamente culpa, a eventual substituição de sua diretoria".

É inegável a constatação de que a atual diretoria da empresa perdeu o controle das ações e a capacidade de reagir à crise. A cada dia a posição da maior empresa estatal brasileira fica mais insustentável. A empresa logo deve ter problema de financiamento, seus fornecedores já sofrem com atrasos de pagamentos e encontram dificuldades para pegar crédito na praça. É um processo que já contamina a economia.

Nesse quadro de horror, causa perplexidade a posição do governo, o maior acionista da Petrobras. Até agora, o Palácio do Planalto agiu mais no sentido de manter um cordão de isolamento em torno da presidente e do PT do que propriamente para devolver à Petrobras a iniciativa perdida. A começar da nota em que a presidente Dilma tenta se esquivar de responsabilidades na compra da refinaria de Pasadena.

No Congresso, a maioria governista na CPI da Petrobras conseguiu produzir um relatório que considera que a compra da refinaria de Pasadena não teve nada demais, quando a própria Petrobras já deu baixa de US$ 500 milhões em seu balanço, por conta do prejuízo, e um ex-diretor da estatal confessou haver recebido uma bolada de US$ 1,5 milhão para não atrapalhar o negócio.

É passada a hora de o Palácio do Planalto deixar de tratar o escândalo da Petrobras no âmbito da disputa governo e oposição, nomear uma diretoria capaz de retomar o controle e devolver a tranquilidade à empresa.