Em entrevista à ISTOÉ, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz que o apoio do PSDB ao presidente Temer não significa acordo com o PMDB para 2018. Para ele, a crise é do sistema político e o pior para o País seria o surgimento de um salvador da Pátria
Germano Oliveira, IstoÉ
Comemorando 86 anos neste domingo 18, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2003), considerado o “príncipe” dos sociólogos, classifica a decisão do PSDB de continuar apoiando o governo de Michel Temer como acertada e diz que a medida foi tomada “no limite da responsabilidade”. Ou seja, sem os tucanos, o peemedebista poderia ter seu governo inviabilizado e as reformas ameaçadas. Em entrevista à ISTOÉ na tarde da última quinta-feira 15, em seu apartamento no sofisticado bairro de Higienópolis, FH, como gosta de ser chamado, afirma que se Temer for denunciado pelo procurador-geral da República e o Congresso aprovar a abertura da ação, o governo perde a legitimidade e, ai sim, o PSDB desembarca do governo. “Não só o PSDB, mas a sociedade vai exigir mudanças”. Para ele, se o governo perder a legitimidade, poderia até haver uma antecipação das eleições, mas ele acha melhor que Temer fique até o final. FH, no entanto, pede que haja uma “trégua” da classe política para que o País volte a ter estabilidade social.
O PSDB decidiu permanecer apoiando o governo Temer. O senhor acha que foi a medida mais acertada?
Foi no limite da responsabilidade. Eu vi várias interpretações sobre a decisão. E a verdade é a seguinte: dizem que o PSDB quer fazer um acordo com o PMDB, pensando nas eleições futuras. Isso tudo é fantasia. Porque daqui até as eleições vai passar muita coisa.
O senhor acha que a governabilidade falou mais alto?
Eu prefiro pensar que sim.
Sem o PSDB, o governo se inviabiliza? O PSDB passa a ser o fiel da balança?
Não sei se seria o fiel da balança. As dificuldades do governo são com a Nação, não são com o sistema partidário. O governo para se viabilizar precisa explicar ao País, primeiro, qual é o rumo. Segundo, as acusações que existem, que procedência têm? Precisa haver um ajuste de verdades. O povo está inconformado, irritado, achando que tudo é corrupção. Então, o governo precisa se explicar perante a Nação.