O Globo
A pesquisa Datafolha que mostra um quadro
de estabilidade no cenário eleitoral foi recebida quase com comemoração no QG
de Jair Bolsonaro.
A maré de más notícias — que incluiu, nas
últimas semanas, o assassinato duplo no Vale do Javari, de ampla repercussão
interna e internacional, o descontrole no preço dos combustíveis combinado à
intensa intervenção na Petrobrás e, nos últimos dois dias, o prende-solta do
ex-ministro da Educação Milton Ribeiro — sugeria a opositores e aliados de
Bolsonaro uma distância ainda maior entre ele e o ex-presidente Lula.
Nada mais expressivo desse alívio que os
ministros que, em maio, denunciavam fraude na pesquisa, descascavam o instituto
nas redes sociais e propunham até enquetes sobre quem era mais confiável, o
Datafolha ou figuras mitológicas, desta vez terem respirado aliviados.
Não será essa a única reação aos números.
Vem aí uma licença para gastar até o último centavo para tentar reverter a
distância e evitar que se acentue a possibilidade, confirmada nos dados do
último levantamento, de que Lula obtenha uma vitória em primeiro turno, algo
que não acontece no Brasil desde 1998.
No calor do pânico causado pela prisão de Milton Ribeiro e dos pastores lobistas amigos de Bolsonaro que, segundo a Polícia Federal, operavam um esquema de favorecimento mediante propina para destinar verbas do MEC, surgiu a ideia de turbinar o Auxílio Brasil para R$ 600, mesmo valor pago no auge da pandemia, em caráter emergencial, para desgosto do governo e graças a uma articulação que, na época, nasceu na Câmara, sob Rodrigo Maia.