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Um governo que se alimenta de crises
Fazer o quê com Onyx? Transferi-lo para outro ministério? Seria a mesma coisa que transferir a crise – argumentou, ontem, com um dos seus auxiliares, o presidente Jair Bolsonaro.
Onyx Lorenzonni é o chefe da Casa Civil. Perdeu para o general Luiz Eduardo Ramos a coordenação política do governo. Para Paulo Guedes, o Programa de Parcerias de Investimentos.
Perdeu seu número 2 demitido, readmitido e demitido outra vez por Bolsonaro em menos de 48 horas. E perdeu seu assessor de imprensa, também demitido por Bolsonaro.
Sem ser convidado, o ministro com a cabeça a prêmio foi ao Palácio da Alvorada com outros colegas para uma reunião onde se discutiu o risco para o Brasil da epidemia do coronavírus chinês.
Bolsonaro cumprimentou-o friamente. Mas os dois não conversaram a sós. Ficou para hoje. Onyx não pedirá demissão. Bolsonaro não decidiu se o demitirá. Talvez sim, talvez não.
Onyx fará o que Bolsonaro quiser – desde que não fique ao sol e à chuva. O presidente é um homem imprevisível. Pode não decidir nada, ou decidir e mudar de opinião no momento seguinte.
Demitiu e humilhou Gustavo Bebbiano, ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, um advogado que chegou a dormir no chão da casa dele quando Bolsonaro era candidato.
Quando Bebbiano estava prestes a deixar o Palácio do Planalto, Bolsonaro ofereceu-lhe uma das diretorias da hidroelétrica de Itaipu. Bebbiano recusou. Hoje, os dois são inimigos jurados.