O Poder Legislativo – com destaque para a
cúpula da Câmara dos Deputados e seus aliados políticos – pratica um fisiologismo
paroquial que, sendo precificado e naturalizado, comete abusos corporativos desafiadores
da paciência dos eleitores. O Poder Executivo reorganiza-se,
institucionalmente, depois de um desmonte, mas o seu timoneiro é conivente com
o fisiologismo, além de ser dado a flertes populistas. E o Poder Judiciário,
esse parece ter umbigo de mel. Ocupa, agora, a sua mais alta posição, alguém
que se julga legítimo representante da sociedade para liderar um pacto
pacificador, exatamente porque não é político e garante não ter aspirações
políticas. Em geral, quem não critica a ideia, duvida.
A juízos negativos de senso comum correspondem contrassensos positivos, fabricados com o mesmo imoderado descuido. O Legislativo, bunker do pragmatismo político, seria fiador natural da governabilidade democrática do país; o presidente Lula seria o estadista do social, encarnação da causa da igualdade, cuja missão é usar sua energia descomunal para fazer contraponto à mesquinha política “das elites deste país”; e o Judiciário seria o zagueiro do estado de direito, ao mesmo tempo o artilheiro que castiga fascistas e emancipa minorias oprimidas.