O Estado de S. Paulo
Extensa e complexa, a agenda de
normalização do País deve ser enfrentada com serenidade, mas com firmeza
Levará tempo para dissipar o veneno que
impregnou a atmosfera política brasileira nos últimos anos. A boa gestão da
economia pelo futuro governo é condição necessária para que isso ocorra. Mas
não é condição suficiente.
A impregnação vem de longe, ao menos desde
2014, quando se fez “o diabo” para reeleger Dilma e, em seguida, para apeá-la
do poder. O processo ganhou intensidade e escala sem precedentes nos últimos
quatro anos e atingiu seu ponto de saturação máximo nesta campanha eleitoral.
As cenas vistas nos últimos dias mostram aonde chegou o delírio promovido pelo
autoritarismo bolsonarista.
O ovo da serpente começou a ser chocado quando a disputa normal entre as forças democráticas se tornou uma luta destrutiva entre “nós” e “eles” e se acirrou a competição por mais recursos privados para o financiamento da atividade política, com as consequências conhecidas. A Lava Jato saiu dos trilhos, mas os esquemas de corrupção eram reais. A dura travessia do mandato presidencial que agora se encerra deve servir de lição definitiva para que o erro e o pecado não se repitam.