- O Globo
Novo ministro deu esperanças de que não se fará uma mudança brusca, se é que haverá mudança a curto prazo
O presidente Jair Bolsonaro parecia estar ouvindo o panelaço que se espalhou por diversas cidades do país quando anunciou a demissão do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Tenso, com o olhar paralisado, Bolsonaro demonstrou saber o passo que estava dando, talvez maior que sua perna, ao mudar, em meio à pandemia da Covid-19, um ministro que tem 75% de aprovação popular, e apoio dos presidentes da Câmara e do Senado.
Trocado por ciúmes de sua popularidade, e por uma insistência sem base séria para que o distanciamento social seja flexibilizado o mais rápido possível.
Mais tarde, chegando ao Palácio da Alvorada depois de um dos dias mais intensos de seu mandato, Bolsonaro respondeu algumas perguntas ainda com o mesmo olhar arregalado que denotava o temor pela decisão que tomara.
Tossiu, como já tossira durante seu pronunciamento, o que pode ser consequência do nervosismo da ocasião, e respirou fundo como se quisesse extrair força de dentro de si para enfrentar o problema que ele mesmo criara.
Afinal de contas, a retórica do novo ministro Nelson Teich não mudou tanto em relação à de Mandetta, embora tenha dado ênfase à retomada gradual das atividades econômicas. Mas, na prática, não parece próximo esse dia, pois Teich ressalvou que antes de tomar novas medidas, é preciso fazer testes, muitos testes, e entender melhor como o novo coronavírus atua na sua transmissão.
Como não temos dinheiro suficiente para fazer testes na maioria da população, como fez a Coréia do Sul, e nem mesmo acesso a compras no exterior desses testes, que estão em falta no mercado, a situação propícia para a reabertura não acontecerá tão cedo.