quinta-feira, 13 de julho de 2023

Merval Pereira - Novos tempos

O Globo

ABL dará apoio ao programa de implantar bibliotecas para uso dos moradores do Minha Casa, Minha Vida

Certa ocasião, o ex-presidente Bolsonaro disse que, se eleito, Lula transformaria os estandes de tiro em bibliotecas. O atual presidente ainda não chegou a tanto, mas o governo federal decidiu que o programa Minha Casa, Minha Vida terá obrigatoriamente uma biblioteca para uso dos moradores. A Academia Brasileira de Letras (ABL) dará apoio institucional e incluirá o projeto do Ministério das Cidades no programa da ABL de doações já em atividade, que leva livros a comunidades carentes, presídios, quilombos e aldeias indígenas. O próprio presidente Lula anunciará hoje o programa.

Ontem, a cultura brasileira teve um dia de celebração. Foi uma cerimônia de reparação, assim definida pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, reparação tanto pessoal, de cientistas que foram prejudicados durante o governo Bolsonaro, como da própria ciência, relegada a plano secundário por decisões como a negação das vacinas contra a Covid-19, e também no Orçamento federal.

Míriam Leitão - O bom cenário e as perspectivas

O Globo

A queda forte dos preços no atacado é parte da caminhada para a meta de inflação e da garantia de um bom segundo semestre

A inflação vai subir nos próximos três meses, mas isso não vai alterar as projeções de queda no médio prazo. A pequena deflação de junho não surpreendeu, mas consolida outro cenário para a conjuntura, totalmente diferente de há um ano, com uma série de efeitos positivos e melhora nas perspectivas da economia. É em parte resultado da política monetária, mas não só. Tem também os vários acertos da política econômica que, aliás, provocaram uma reviravolta na perspectiva do mercado financeiro. E, além disso, houve a safra agrícola. O economista José Roberto Mendonça de Barros avisa que há boas indicações para frente, com o derretimento dos preços no atacado.

— No nosso acompanhamento diário das cotações no atacado, a gente vê o quanto é importante mesmo essa evolução recente. Só para você ter uma ideia, a variação até 10 de julho no atacado deste ano contra o ano passado mostra os seguintes números de queda de preços: algodão caiu 36%, café 22%, milho, 20%, trigo, 17%, boi gordo, 17% e bezerro, 21%. De relevante só o que subiu foi o arroz, 21% por causa da safra ruim no Rio Grande do Sul e o suíno que havia caído demais no ano passado. É impressionante a força da queda no atacado agrícola e é isso que está chegando no varejo e tem mais para chegar — me disse ele.

Luiz Carlos Azedo - Toda CPMI é uma caixa de surpresas, inclusive a do 8/1

Correio Braziliense

Empenhado na aprovação de sua agenda econômica pelo Congresso, o governo puxou o freio de mão na comissão de inquérito. A radicalização atrapalha a aliança com o Centrão

Há um jargão no Congresso sobre as comissões de inquérito, sem exceção à regra: todos sabem como começa, mas ninguém sabe como vai acabar. Há casos de CPI que tiveram grande repercussão política, inclusive com cassação de mandatos de parlamentares, como a dos Correios, que revelou o chamado mensalão; há outras que viraram pizza, como a do Banestado, que não aprovou seu relatório e pretendia indiciar 91 pessoas que fizeram transferências de recursos para o exterior por aquele banco estadual. A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro está no limbo das incertezas quanto ao seu final, mas não deve ser subestimada. Há muita água para passar sob a ponte.

Maria Hermínia Tavares* - Pior seria sem o que se tem

Folha de S. Paulo

Basta imaginar a passagem do ex-capitão por Brasília se ele tivesse um partido majoritário no Congresso

sistema político brasileiro não é visto com bons olhos pela imensa maioria dos acadêmicos e dos jornalistas. Uns e outros buscam persuadir os leigos de que nada ou muito pouco presta no presidencialismo de coalizão, corolário de um sistema partidário notoriamente fragmentado. Em especial, investem contra a partilha de ministérios e cargos de primeiro escalão, vital para a formação da base governista no Congresso, e a política de liberação de recursos para emendas parlamentares, que azeita a aprovação de projetos de interesse do governo.

Muitos julgam ainda excessivo o poder dos governadores em assuntos nacionais. E se dizem preocupados com a judicialização das disputas políticas e o protagonismo das instituições judiciais, particularmente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Bruno Boghossian - A crise de identidade da oposição

Folha de S. Paulo

Fiasco de Bolsonaro na reforma tributária acelera formação de cordão sanitário em partidos que abraçaram a direita

Quando ainda vivia sua reabilitação eleitoral nos EUA, Jair Bolsonaro não sonhava apenas em liderar a direita. Ele pretendia ser o operador de uma oposição a Lula. Em entrevista ao Wall Street Journal, o ex-presidente avisou que trabalharia para aprovar no Congresso uma pauta liberal na economia e barrar uma agenda de esquerda nos costumes.

A articulação contra a reforma tributária foi o fiasco inaugural de Bolsonaro. Além de expor uma fratura na oposição, a derrota do capitão acelerou a formação de um cordão sanitário nos partidos de direita.

Ruy Castro - O que está acontecendo conosco?

Folha de S. Paulo

É o nós contra todos. O outro é uma ameaça. Saímos à rua vestidos para matar

Nas últimas semanas, escrevi duas colunas (23 e 29/6) sobre o fato de que, por qualquer motivo, brasileiros sacam facas, pistolas e barras de ferro, e partem com fúria assassina para cima uns dos outros. Crianças sofrem violência fatal por pais ou tutores. Mulheres são agredidas ou mortas por maridos ou namorados. E o futebol se tornou uma catarse do mal, em que massas de torcedores alvejam adversários com rojões, trocam garrafadas, depredam patrimônio e juram terror a seus próprios jogadores.

Vinicius Torres Freire - Inflação nos EUA e juros no Brasil

Folha de S. Paulo

Evolução de preços e juros americanos podem dizer algo sobre dólar e juros por aqui

Quem quer que preste alguma atenção a notícias de economia deve ter notado a variação grande do dólar. A moeda americana era vendida a R$ 5,40 em 5 de janeiro. Baixou a R$ 4,99 em 2 de fevereiro. Saltou para R$ 5,30 em 15 de março e murchou até R$ 4,91 em 13 de abril. O último suspiro de alta foi no final de maio, a R$ 5,10. Nesta quarta-feira, fechou perto de R$ 4,81.

Os solavancos não têm sido exclusividade do real, embora a moeda brasileira costume ser líder em matéria de exagero. Dúvidas a respeito do que seria feito da dívida pública e da inflação contribuíram para a instabilidade na finança. Mas tem ficado mais claro que as idas e vindas de expectativas de inflação e taxas de juros nos Estados Unidos têm tido influência determinante por aqui, como era de esperar.

Fernando Exman - Presença feminina na Esplanada está em risco

Valor Econômico

Aproximação entre governo e o Centrão já fez a sua primeira vítima: a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, será sucedida pelo deputado Celso Sabino

A recente aproximação entre governo e Centrão criou um dilema para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Após seis meses e meio de mandato, o petista precisa decidir se acelera a entrada do bloco na base aliada, acolhendo as demandas que lhe foram apresentadas, ou permanece irredutível na preservação da presença feminina na Esplanada dos Ministérios.

A situação exige uma reflexão sobre o bônus de ter mais apoio na Câmara dos Deputados para a agenda legislativa do Executivo e o potencial ônus de fragilizar uma bandeira cara ao PT, e que neste caso converge com as melhores práticas de governança. Perseguir o equilíbrio de gênero, a diversidade e a inclusão no local de trabalho deve ser prioridade de qualquer empresa. E, claro, do Estado.

Especialistas são unânimes em dizer que uma mistura de habilidades, competências, pontos de vista, experiências e origens tem tudo para melhorar a eficiência - e a eficácia - dos serviços prestados à população.

Jorge Arbache* - Quem vai liderar a manufatura verde?

Valor Econômico

ALC pode entrar pela porta da frente e não apenas como fornecedor de commodities verdes

À medida que o mundo considera formas mais sustentáveis de crescimento econômico, países e empresas estão se posicionando para a emergente economia verde desde diferentes perspectivas. Uma delas é a manufatura. Para se cumprir o compromisso do net-zero em 2050, será necessário implementar a mais profunda e rápida mudança de estrutura econômica da história para converter a produção de aço em aço verde, a de plástico em plástico verde e por aí vai. Estima-se que serão necessários investimentos anuais até 2050 de pelo menos US$ 3,3 trilhões para se promover aquela conversão. Para esverdear a manufatura, vários fatores habilitadores deverão estar postos, sendo o mais crucial a disponibilidade de energia verde, segura, barata e abundante para uso nas cadeias de produção.

José Graziano da Silva* - A fome continuou a aumentar em 2022, segundo a FAO

Valor Econômico

Insegurança alimentar grave ou moderada afetou praticamente um de cada três brasileiros

O relatório “O Estado da segurança alimentar e nutricional no mundo” (SOFI, pela sigla em inglês), uma produção conjunta da FAO, Fida, PMA, OMS e Unicef, traz informações preocupantes. A proporção da população brasileira em insegurança alimentar grave ou moderada atingiu o recorde 32,8% no triênio da pandemia 2020/22, afetando um contingente estimado em mais de 70 milhões de pessoas, praticamente um de cada três brasileiros. Isso representou um aumento de quase 60% em relação ao triênio pré-pandemia de 2017-19, quando a insegurança alimentar grave e moderada já afetava mais de 20% da população - ou seja, um de cada cinco brasileiros. Ou ainda um aumento de 13% em relação ao triênio anterior 2019-2021.

O SOFI-2023 traz os dados anuais apenas para as regiões e para cada país, apenas a média trienal, o que é uma forma de atenuar possíveis distorções de uma amostra pequena. Mesmo assim, a proporção da população brasileira em insegurança alimentar grave ou moderada atingiu o recorde 32,8% no triênio 2020/22, afetando um contingente estimado pela FAO em mais de 70 milhões de pessoas, praticamente um de cada três brasileiros. Isso representou um aumento de quase 60% em relação ao triênio pré-pandemia de 2017-19, quando a insegurança alimentar grave e moderada já afetava mais de 20% da população - ou seja, um de cada cinco brasileiros no triênio 2017/19.

Fernando de la Cuadra* - Brasil: La reforma tributaria y el retorno de la política

La contundente aprobación de la reforma tributaria en la Cámara de diputados dejó a las fuerzas bolsonaristas más debilitadas, inclusive divididas entre las diversas fracciones que aparecieron a partir de esa misma derrota. Quizás este sea un momento singular para pensar en el comienzo del declinio de la extrema derecha brasileña. En rigor, la necesidad de esta reforma tributaria estaba siendo discutida desde hace mucho tiempo, prácticamente junto con la promulgación de la Constitución de 1988, es decir, hace 35 años.

Sin entrar en el detalle del complejo articulado de esta reforma, la mayoría de los especialistas apuntan al hecho de que el sistema de tributación se tornará menos engorroso para todos los contribuyentes luego de la integración de los múltiples impuestos que existen en la actualidad, a nivel Federal, Estadual y Municipal.

Se estima que ello permitirá un repunte de la economía nacional a mediano plazo, según las previsiones de los economistas. La reforma también incluye -en una segunda etapa- un aumento de la tasación de las grandes fortunas y las herencias, con lo cual el Estado espera recaudar más recursos que podría destinar a las políticas sociales que son indispensables para incluir a vastos sectores de la población y también para mejorar la situación laboral y salarial de los trabajadores y trabajadoras.

En un intento desesperado por rechazar la reforma, Bolsonaro y sus seguidores trataron de asociar su puesta en discusión con una perspectiva ideológica de izquierda y petista, ignorando al conjunto de actores políticos, sociales y empresariales que abogaban por su aprobación. Bolsonaro y la mayoría de sus correligionarios del Partido Liberal optaron por hacer una oposición al proyecto de reforma motivados casi exclusivamente por su animadversión al gobierno, restándose del debate político y técnico de la propuesta a ser votada.

Perdieron desastrosamente y ahora tienen que reponerse de la derrota a través de la negociación política, algo impensable hace algunos pocos meses atrás cuando confiaban en la mera descalificación del adversario (o enemigo) para imponer su agenda ultra liberal en lo económico, autoritaria en lo político y conservadora en el ámbito cultural y comportamental.

William Waack - Reforma tributária e ilusão

O Estado de S. Paulo

O sistema político impede soluções realmente abrangentes

A aprovação da reforma tributária é uma aula magna sobre política brasileira. As coisas só se movem quando surge um consenso social por sua vez provocado por uma espécie de esgotamento da paciência coletiva.

Por mais que o peso da questão tributária fosse conhecido e debatido, e atravessasse diversos períodos políticos e de governos, no fim vira tudo uma corrida desesperada contra o relógio. Sem que soluções “definitivas” sejam adotadas.

O alívio do primeiro momento já cede lugar a uma série de dúvidas, algumas delas de ordem técnica (como as regras de transição e redução progressiva de alguns impostos). Mas as principais são bastante amplas, envolvendo aspectos “institucionais” e “setoriais”, e são o retrato das dificuldades do próprio sistema político.

Celso Ming - Certa melhora na economia

O Estado de S. Paulo

O ambiente da economia dá sinais de melhora. Mas ainda sobram dúvidas se trata-se apenas de novo voo de galinha ou se, finalmente, o que estava empacado vai dar voo de cruzeiro.

A inflação, que há um ano chegou em 11,8% em 12 meses, caiu para 3,16%, graças à evolução negativa dos preços (de 0,08%) em junho deste ano. E aumentam os observadores que já apostam em inflação na meta no fim de 2023, ou seja, em 4,75%, incluída aí a margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para além do olho da meta (3,25%). A renitente inflação de serviços é obstáculo para que se projete um corte de mais de 0,25 ponto porcentual nos juros básicos, hoje em 13,75% ao ano, na decisão do Copom no próximo dia 2 de agosto. Mas pode ser o início de novo ciclo de queda dos juros.

O Banco Central já vinha repetindo nos seus comunicados que a elevada inflação nos países líderes atuava contra uma flexibilização maior da política monetária. Mas, nesta quarta-feira, a inflação nos Estados Unidos veio abaixo do esperado, o que afastou os temores de um reforço nos juros pelo Fed, o banco central dos Estados Unidos. A trajetória do dólar pode ser de queda – o que também ajuda a conter os preços dos importados no Brasil.

José Serra - Fantasias de uma reforma tributária

O Estado de S. Paulo

Até aqui tem-se, unicamente, um amontoado de lugares comuns sobre tributação e assustadoras ameaças federativas e operacionais

A Emenda Constitucional da reforma tributária institui um Imposto sobre Valor Agregado, o IVA, com regime dual: um na competência da União, a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que substituirá as atuais Cofins e PIS; e o outro atribuído aos Estados e municípios, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substituirá o ICMS (estadual) e o ISS (municipal). Propõese, ainda, a instituição de um imposto federal seletivo (monofásico), com finalidade extrafiscal para gravar bens ou serviços com externalidade negativa.

Festeja-se, finalmente, a solução mágica para todos os problemas tributários do País. O novo modelo supostamente atenderá a todos os princípios que devem nortear um bom sistema de tributação do consumo: simplicidade, não cumulatividade, neutralidade, justiça fiscal, segurança jurídica, etc. Tudo isso, prometem, sem aumento de carga tributária e com ganhos de arrecadação de todos os entes federados.

Eugênio Bucci* - A profanação da Kombi

O Estado de S. Paulo

Comercial da marca alemã é um descalabro ofensivo à arte, à música brasileira, à memória de quem já partiu desta para a desconhecida

Na segunda-feira, dia 10 de julho, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu representação para avaliar uma campanha que a Volkswagen lançou para comemorar seus 70 anos de Brasil. Isso quer dizer que há um problema ético na peça publicitária. Ficou chato para todo mundo. O que mais incomodou as audiências menos insensíveis foi a trucagem por meio da qual a cantora Elis Regina, morta há 41 anos, foi posta para interpretar uma canção de Belchior enquanto pilota uma Kombi na contramão. Você deve ter visto isso aí na TV ou na internet. Não é algo agradável aos olhos. Nem aos ouvidos. Com todo o respeito aos escapamentos dos automóveis, o comercial da marca alemã é um descalabro ofensivo à arte, à música brasileira, à memória de quem já partiu desta para a desconhecida e, sobretudo, às pessoas que, por ainda não terem falecido, tiveram de ser expostas a tamanha atrocidade.

Morre Milan Kundera, autor de 'A Insustentável Leveza do Ser', aos 94 anos

Valor Econômico

Seu livro de contos "Risíveis Amores" também alcançou status de best-seller no Brasil

Milan Kundera, o renomado e recluso escritor tcheco, cujas obras dissidentes o transformaram em um exilado satírico do totalitarismo e explorador da identidade e da condição humana, morreu em Paris. Ele tinha 94 anos.

Kundera, autor de “A Insustentável Leveza do Ser” (1984) faleceu na tarde de terça-feira, informou ontem a editora Gallimard em um comunicado de uma frase, sem fornecer mais informações.

Ele ganhou elogios pela maneira como retratava temas e personagens que flutuavam entre a realidade mundana da vida cotidiana e o mundo elevado das ideias.

“Milan Kundera foi um escritor que alcançou gerações inteiras de leitores em todos os continentes e atingiu fama global”, disse o premiê tcheco, Petr Fiala. “Ele deixa para trás não apenas ficção notável, mas também um trabalho de dissertação significativo.”

Kundera nasceu na cidade tcheca de Brno, mas emigrou para a França depois de ficar no ostracismo por criticar a invasão soviética da Tchecoslováquia para reprimir o movimento de reforma liberal da Primavera de Praga em 1968.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Desastres climáticos tendem a ampliar efeitos e frequência

Valor Econômico

Ao lado da indiferença humana, o clima se tornará cada vez mais hostil

Os primeiros dias do mês registraram uma sequência de quatro dias de recordes históricos de temperaturas - no mais quente deles, 17,23 C, acima dos 16,92 C de agosto de 2016. O aquecimento global, como previsto, está se acentuando, e junho foi o mês mais quente da história, segundo o Copernicus Climate Change Service, agência europeia. As temperaturas subiram 0,5 C acima da média de três décadas, 1991-2020. A ocorrência do El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico, contribuiu para a elevação, porém agiu sobre um ambiente já mais quente, sem perspectiva de inversões decisivas enquanto a curva de emissão de CO2 na atmosfera se tornar negativa - e ela cresce até hoje. Os cientistas advertem que os efeitos dos gases-estufa podem estar diminuindo a distância entre um El Niño e outro.

Os estudos científicos indicam que os cataclismas previsíveis começam a se repetir com velocidade assustadora, espalhando mortes - foram 62,67 mil apenas na Europa nas ondas de calor de 2022 -, destruição de lavouras e perdas de patrimônio inestimáveis em várias partes do globo. Enquanto os dias de recordes de calor de julho transcorriam, temperaturas tórridas assolavam a China, onde o governo proibiu trabalho em áreas externas, e em vastas regiões do sul dos Estados Unidos, Canadá e Espanha. No México, mais de 100 pessoas morreram entre 12 e 25 de junho devido ao clima excessivamente quente no norte do país. No norte da África, as temperaturas têm chegado próximo dos 50°C (O Globo, 5-7).

Poesia | Carlos Drummond de Andrade - Consolo na praia

 

Música | Leila Pinheiro - Todo azul do mar