segunda-feira, 27 de março de 2023

Fernando Gabeira - Segurança no topo da agenda

O Globo

Não acredito no fim do tráfico de drogas. Mas creio que chegou o momento de uma política nacional mais articulada

O Rio é uma cidade parcialmente ocupada pelo crime. Isso acontece há tanto tempo que às vezes se transforma num fato natural. Não se percebe a evolução do problema, muito menos sua tendência a se espalhar pelo país.

Tive a oportunidade de mostrar como o Nordeste está vivendo um processo semelhante. Fiz documentários em algumas de suas capitais. O caso que me pareceu mais grave, na época, foi o Ceará.

As coisas não aconteceram de forma espontânea. Passa pela região uma nova rota do tráfico de cocaína, vinda de Colômbia e Bolívia e, ao que tudo indica, seguindo para Cabo Verde, de onde se irradia para outros pontos do mundo.

As grandes facções do Sudeste se instalaram lá. Como a droga é abundante, houve espaço também para organizações locais, tanto no Norte (Família do Norte) como no Ceará (Defensores do Estado) e no Rio Grande do Norte (Sindicato).

Miguel de Almeida - As dissimuladas flores do mal

O Globo

Ao final da ditadura militar brasileira, os colaboradores civis do regime se fizeram de democratas, sem nenhuma autocrítica, e foram perdoados em nome da conciliação

Com os meus botões, me pergunto: será que eu compraria um carro usado do general Hamilton Mourão? Ou do ex-juiz Sergio Moro? Como vice-presidente, Mourão não deu um pio sequer sobre as investidas de Bolsonaro contra as vacinas e as urnas eletrônicas. Pelo contrário. Calou-se. Vai ver receava virar jacaré. Ou tatupeba. Sergio Moro, escorraçado do cargo de ministro, ensaiou ser oposição, mas logo voltou a ser ventríloquo bolsonarista. Nunca titubeou em ganhar um cargo e ficar de joelhos.

Ambos, agora no papel de senadores, ensaiam um discurso civilizatório, como se não tivessem sujado as mãos para alcançar seus postos. Confiam na falta de memória da política brasileira. Sobre as joias das arábias, nada; sobre o assassinato dos ianomâmis, quase um esgar de desconfiança. E o 8 de Janeiro? Só formalidades protocolares, qual um sujeito que limpa a boca na toalha da mesa. Escarnecem.

Foi assim logo depois da derrubada da ditadura. Acossados por uma inflação monstruosa e uma carestia desumana, com o país à beira da guerra civil (o general Figueiredo quase tomou uns tapas em Florianópolis), os militares saíram pela porta dos fundos. Ao menos tiveram a dignidade de simular uma retirada. Mas não os civis que colaboraram com o regime de tortura e de falta de liberdades. Apoiados pela máquina do governo em ocaso e por um eleitorado de ocasião — o gado de sempre —, conseguiram mandatos de senadores, deputados e até governadores. Como agora.

Irapuã Santana - O desafio da reconstrução

O Globo

Estamos nos colocando para discutir sem ao menos definir o quê. Falamos para nós mesmos, xingamos e excluímos quem está de fora

Ninguém se entende, seja no grupo de zap, seja no Facebook ou noutra rede. Por sorte, ainda resta alguma zona segura nos barzinhos pelas ruas país afora.

Mas algumas coisas chamam a atenção em todas essas discussões, como a ausência de presunção de boa-fé da pessoa com quem a gente conversa, bem como uma delimitação rígida e evidente do tema em questão. Por fim, mas não menos importante, nem sequer existe um consenso sobre o significado do assunto. Os exemplos podem ser muitos: desde se a Terra é redonda, passando pelos elementos sociais que geram discriminação, até se é possível contestar a ciência.

Quando falamos de política, então, ninguém se entende. O estudo “Realities of Socialism”, do Fraser Institute — produzido em conjunto com think tanks nos Estados Unidos, na Austrália e no Reino Unido — mostrou que em torno de metade dos jovens desses países entre 18 e 24 anos se declara socialista. Mas, quando se pergunta o que entendem por socialismo, o índice despenca. Apenas 25% desse grupo define como o modelo classicamente estabelecido. Todo o restante acha que socialismo é o governo oferecer mais serviços à população mais carente e garantir renda mínima a quem precisa. O interessante é que, por esse entendimento, até o liberalismo tem similaridades com esse modelo de atuação do Estado.

Ricardo Henriques - Gasto social de qualidade é investimento

O Globo

Democracias precisam entregar serviços públicos de qualidade, economias sustentáveis e condições para mobilidade social

 “Investimento social não pode ser considerado gasto”. Essa têm sido uma afirmação frequente do presidente Lula, quando confrontado com o discurso de que determinada política fundamental para o bem-estar da população poderia gerar descontrole nas contas públicas.

De fato, o investimento em áreas como saúde, educação e combate à pobreza precisa ser considerado prioritário, tanto pelo retorno de longo prazo quanto pela garantia imediata de direitos básicos, especialmente dos mais vulneráveis.

Por vezes esta fala é interpretada como defesa de uma irresponsabilidade fiscal, mas os sinais dados pelos ministérios das áreas econômica e de planejamento mostram que há um compromisso do governo federal em preservar a saúde financeira, mantendo espaço para os investimentos tão necessários na área social.

Angela Alonso* - Política e violência

Folha de S. Paulo

Facções usam estratégias típicas de movimentos sociais para contestar governos

Fogo em montanhas de lixo, carros virados, vitrines quebradas, barricadas. Sem contar pichações, saques e incêndios. O Le Monde resumiu a quinta como dia de cólera, que escorreu semana afora. A ignição foi a reforma da Previdência. Mas mobilizações similares vêm se sucedendo na terra de Macron, basta lembrar os coletes amarelos. O assunto era outro, o formato, o mesmo: um coquetel de violência e política.

A mistura é frequente, a nomeação, variável. Os eventos franceses, nos quais correram soltos a tática black bloc e a repressão policial, foram classificados como protestos. Ninguém morreu. Se tivesse havido letalidades, mudaria o nome? Na França, a política violenta nem seria novidade, lá se inventou a guilhotina.

Marcus André Melo* - Tiranias imaginárias

Folha de S. Paulo

Reformas institucionais nas democracias focaram na governabilidade

Macron tem sido acusado de aprovar a reforma da Previdência à margem do Parlamento recorrendo a um dispositivo tirânico. A despeito da diferença de regime, os objetivos que levaram a França a introduzir tal dispositivo —artigo 49.3 da Constituição— são similares aos que levaram o Brasil a fazer o mesmo em 1988, quando foram adotadas as medidas provisórias.

Ele faz parte das inovações que "racionalizaram" o parlamentarismo francês, para roubar o título do clássico de John Huber sobre o tema. A Constituição francesa de 1958 foi a resposta de De Gaulle à ingovernabilidade da 4ª República, na qual a duração média dos gabinetes no período foi de seis meses —foram 24 gabinetes distintos sob 16 primeiros-ministros. E isso quando o país enfrentava a crise da Argélia.

Ana Cristina Rosa - Ignorância e crueldade juntas

Folha de S. Paulo

Por aqui, não é de hoje que a história vem sendo contada sob a perspectiva do agressor

– Peço desculpas por ligar para isso, mas gostaria de sugerir que você escreva sobre a perda de perspectiva das pessoas. O que está acontecendo é desumano, disse o jornalista Jorge Duarte.

– Nada a desculpar. Pode falar.

Em tom de desabafo, ele apresentou seu ponto de vista sobre o quanto a sociedade brasileira tem se valido de "rótulos formais" para mascarar situações gravíssimas. E como a ignorância a respeito de fatos históricos pode ser danosa à democracia.

Lembrei do livro da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, "O perigo de uma história única", onde ela destaca que contar histórias envolve poder, ou seja, habilidade para fazer com que a sua versão seja a definitiva.

Ricardo Mendonça - Eleição de 2024 retarda federação PDT-PSB-SD

Valor Econômico

Dirigentes partidários não demonstram pressa para acordo

As eleições para prefeito no ano que vem devem impedir a formação imediata de uma federação entre PDT, PSB e Solidariedade (SD) - partidos com bancadas declinantes na Câmara dos Deputados. O caminho mais provável é o da consolidação de um bloco para atuação no Congresso, com a montagem da federação só após as eleições municipais.

É difícil encontrar representante de alguma das três agremiações que se oponha frontalmente ao acordo. Mas para os potenciais futuros federados, a ordem é não dar urgência ao tema.

Lideranças das siglas envolvidas nas conversas afirmam que ambições conflitantes em diversas localidades concorrem para impedir a consumação da federação antes de 2025.

Felipe Moura Brasil - O monopólio da condição de vítima

O Estado de S. Paulo

Lula acusou Moro daquilo que ele próprio sempre fez

“O político Lula, depois que se tornou presidente, sempre que esteve em situação de vítima saiu lucrando.”

Foi o que declarou o então marqueteiro dele, João Santana, em 2006, à Folha de S.Paulo, ao explicar a conquista do segundo mandato do petista com a teoria da figura dupla que ele encarna: o “fortão” humilde que virou poderoso e o “fraquinho” sob ataque das elites: “Quando Lula é atacado, o povão pensa que é um ato das elites para derrubar o homem do povo que está lá. ‘Só porque ele é pobre’, pensam. Nesse caso, vira o bom e frágil ‘fraquinho’ que precisa ser amparado e protegido”.

Denis Lerrer Rosenfield* - A questão democrática

O Estado de S. Paulo

O PT e o presidente Lula deveriam escolher entre o que entendem por autodeterminação dos povos e o princípio dos direitos humanos

Uma atitude ou concepção democrática não se caracteriza apenas pela negação de um caso particular de autoritarismo, como ocorreu com a frente democrática apoiada pelo então candidato Lula e o PT. O fato de o hoje presidente e de seu partido criticarem – com razão, aliás – as posições de Bolsonaro, que claramente afrontou o regime democrático com a contestação das urnas eletrônicas, o enfrentamento com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as tentativas golpistas não os torna democratas por si sós. Razões eleitorais são insuficientes, se não vierem acompanhadas de esclarecimentos necessários sobre o que bem entendem por democracia.

O presidente Lula e parte de seu partido, pois há outras que começam a se demarcar, sempre tiveram uma afinidade eletiva com ditaduras de esquerda, compactuando com seu desrespeito aos direitos humanos, às regras democráticas e o uso sistemático da violência. Condenações, se as há, são sempre fracas, se não coniventes, como se observa recentemente com o ditador Ortega, da Nicarágua, cujo poder é exercido sem nenhuma limitação. Nem a Igreja Católica é mais respeitada, e é objeto de perseguição. A Venezuela de Maduro e, antes, de Chávez, levada por eles à miséria, à emigração e à riqueza de poucos, foi e é sempre tratada com tolerância e compreensão. Isso para não falar da já longeva ditadura cubana. O que isso significa? O direito de a esquerda no poder oprimir seu próprio povo em nome do socialismo ou do comunismo?

Bruno Carazza* - A lenda do Rei Arthur

Valor Econômico

Nunca confrontado, não se sabe se poder de Arthur Lira é real ou fantasia

Reza a lenda que Arthur governou a Grã-Bretanha na passagem dos séculos V e VI, após herdar o reinado de seu pai, Uther Pendragon, o “cabeça de dragão”. Naquela época viviam-se os estertores do Império Romano, a ilha estava dividida entre diversas tribos e ameaçada por invasões estrangeiras.

Há muitas histórias envolvendo o rei Arthur. Protegeu os ingleses de ataques de povos sanguinários e derrotou forças sobrenaturais, como gigantes, monstros e bruxas, graças à sua coragem e também a poderes fantásticos.

Ao cumprir a profecia e retirar da pedra a lendária espada Excalibur, Arthur foi reconhecido como legítimo rei da Inglaterra e tornou-se imbatível. Famoso por sua sabedoria, o soberano também contava com os conselhos de Merlin, um misterioso mago que tinha ligações com o além.

Acompanhado dos Cavaleiros da Távola Redonda, um grupo de guerreiros que se destacavam pela bravura e pela honra, Arthur teria conquistado o Santo Graal, cálice sagrado usado por Jesus na Santa Ceia e que concedia a juventude eterna, a abundância e até mesmo a imortalidade.

A mística do rei Arthur alimenta inúmeras versões que atravessam os tempos, desde a Idade Média. Nos últimos anos, contudo, uma nova fábula vem sendo escrita na política brasileira: a mística dos superpoderes de um outro Arthur, o novo rei do Congresso Nacional.

Alex Ribeiro - Galípolo faz indicações para a diretoria do BC

Valor Econômico

A informação de que vários nomes cogitados têm vínculo próximo com o secretário criou preocupações entre analistas do mercado

Quase todos os nomes que apareceram ultimamente como fortes candidatos a sucessor do diretor de política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, têm algo comum: são próximos, ou até amigos, do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo. A escolha, a ser feita nos próximos dias, poderá moldar as relações entre a Fazenda e o BC. É vista, também, como uma peça no xadrez na escolha do substituto do presidente do BC, Roberto Campos Neto, cujo mandato termina no fim de 2024.

Rodolfo Fróes foi diretor da corretora do Fator, cujo conglomerado financeiro era presidido por Galípolo. Foi por indicação do atual secretário-executivo da Fazenda que se tornou membro do conselho do Fator. Na semana passada, chegou a ser considerado o favorito, e sua indicação foi tornada pública. Sua vantagem na disputa era justamente ter alguma experiência no mercado financeiro, ainda que não tenha comandado uma grande tesouraria nem tenha construído uma reputação de grande operador no mercado. Mas perdeu força depois de ficar exposto ao sereno, recebendo ataques de setores petistas por ter criticado a ex-presidente Dilma nas mídias sociais, por ter dado declarações e apoiado candidato do Partido Novo e por suas relações com a JBS.

Marcello Negro, que comandou a tesouraria do Fator e, mais recentemente, era diretor da administradora de recursos do banco, é outro cotado com experiência no mercado financeiro. Apesar de comentários de que ele não está mais no páreo, depois de assumir o cargo de assessor especial de Galípolo, algumas fontes insistem em dizer que ele é uma hipótese na mesa.

Gustavo Loyola* - As muitas razões do Banco Central

Valor Econômico

Críticas vazias do presidente Lula e seus auxiliares politizam uma decisão que deve ser orientada pela técnica

Em meio a um forte tiroteio, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu corretamente manter a taxa Selic em 13,75% em sua última reunião. A decisão tem sido bastante criticada, principalmente nos meios políticos e empresariais, mas a cautela da autoridade monetária me parece ancorada em sólidas razões técnicas.

Inicialmente, é necessário lembrar que as decisões de política econômica não se baseiam em certezas matemáticas como, por exemplo, na engenharia, se bem que esta também está sujeita a erros de execução, muitas vezes com trágicas consequências. Questões de política monetária não são resolvidas com régua e compasso e, por isso, alguns analistas a consideram ao mesmo tempo ciência e arte. Mesmo se a considerássemos como ciência absoluta, ainda assim estaria sujeita a controvérsias, pois a literatura econômica costuma oferecer várias soluções para um mesmo problema.

Maria Cristina Fernandes - Adiamento da viagem trouxe mais prejuízos políticos que diplomáticos

Valor Econômico

Lula apostava no eventual sucesso da viagem para destravar impasses internos

O adiamento da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva lhe trouxe mais prejuízos políticos que diplomáticos. O Itamaraty agora aguarda que a China sinalize com uma data mais conveniente, mas não se duvida do interesse do presidente Xi Jinping em remarcar o encontro com brevidade. No novo formato, será uma visita de Estado sem comitiva empresarial, que, em grande parte, já havia viajado para o seminário desta segunda-feira em Pequim. Em abril, Lula já tem visitas a Portugal e Espanha marcadas, o que torna mais provável uma data a partir de maio.

Antes da posse, diplomatas chineses disseram ao assessor especial da Presidência, Celso Amorim, que gostariam que o país fosse o primeiro a ser visitado por Lula. Ante o argumento de que isso feria a tradição de uma visita inaugural à Argentina, insistiram para que fosse o primeiro fora da América. Ante as evidências de que a visita aos Estados Unidos já estava prevista desde o fim do segundo turno, marcou-se, então, a data que acabaria por ser adiada em função da pneumonia de Lula.

Bolsa Família deve elevar o PIB em 2023 e tirar três milhões da miséria

Economistas projetam aumento da renda total das famílias de 3,5% neste ano, principalmente devido ao programa social, que a partir deste mês paga R$ 150 por crianças de até seis anos

Por Fernanda Trisotto e Vitor da Costa / O Globo

Depois de 15 anos trabalhando com carteira assinada, Edivânia de Jesus dos Anjos, de 38 anos, perdeu o emprego no começo da pandemia, em 2020. Como a empresa demorou a dar baixa no seu registro profissional, ela ficou sem a renda do trabalho e sem acesso ao Cadastro Único, porta de entrada para benefícios sociais do governo. Há seis meses, conseguiu regularizar a situação e começou a receber o Auxílio Brasil de R$ 600.

No governo Lula, o benefício voltou a ter o nome de Bolsa Família e foi acrescido de novos valores de acordo com a composição familiar. Com ele, Edivânia sustenta a casa com dois filhos enquanto tenta empreender em Santa Luzia, região de ocupação irregular em Brasília, onde mora. Neste mês, passou a receber mais R$ 150 por causa do filho de 10 meses, Roni:

— Esse dinheiro extra ajuda, mas é para fralda. Meu sonho é não precisar mais (do Bolsa Família). Nunca recebi nada, mas quando me vi sem opções, fui atrás da assistência social — conta.

É por esse adicional de R$ 150 pago a famílias com crianças de até seis anos que economistas projetam um forte impacto positivo do Bolsa Família sobre uma das principais bandeiras de campanha do presidente Lula, a redução da pobreza. E também estimam um aumento maior que o anteriormente previsto na renda, elevando o consumo e evitando uma desaceleração maior da economia em 2023.

O economista Daniel Duque, do Ibre/FGV, explica que, no terceiro trimestre de 2022, último dado disponível pelo IBGE, o Brasil tinha 12,47 milhões de brasileiros na pobreza extrema (renda de até R$ 208 mensais por pessoa do domicílio).

Se o novo o Bolsa Família já estivesse em vigor, pelas suas contas, haveria 3 milhões a menos nessa condição. Por isso, ele estima que, neste ano, esse contingente vai recuar para 9,46 milhões de pessoas.

— Com o desenho atual, de R$ 600 por família e R$ 150 por criança, dá para esperar bastante melhora (na redução da pobreza) — diz.

A XP estima que o Bolsa Família terá uma forte influência sobre a massa de renda disponível às famílias. Em relatório da corretora antecipado ao GLOBO com exclusividade, os economistas Rodolfo Margato e Tiago Sbardelotto projetam crescimento de 3,5% do indicador neste ano. Desses 3,5%, 1,4 ponto percentual corresponde à ampliação das transferências com proteção social, no caso o Bolsa Família.

Marco Antonio Villa - O presidente e a China

IstoÉ (24/03/2023)

Como já aconteceu antes, deverá haver um período de transição até que os EUA criem consciência de que o seu tempo como “mandão mundial” já passou

Um dos grandes desafios diplomáticos do Brasil é se reposicionar na nova ordem mundial que, especialmente, está sendo criada após o início da guerra da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.

A configuração geopolítica edificada após a final da Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria, terminou quando da queda do Muro de Berlim (nove de novembro de 1989) ou, se preferir, com o fim da União Soviética (Natal de 1991). Desde então, os Estados Unidos ocuparam a cena política mundial de forma inconteste; fez e desfez como se a autoridade mundial tivesse sido concedida ao governo de Washington. E os outros países e as organizações internacionais não passassem de meras representações coadjuvantes das vontades da superpotência norte-americana. Caberia ao restante do mundo sempre dizer sim ou, no máximo, emitir algum protesto sem resultado prático.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Integração nacional de polícias é crucial para conter facções

O Globo

Bases unificadas de inteligência são essenciais para impedir criminosos de encontrar refúgio noutros estados

A Polícia Federal foi informada em janeiro sobre a existência de um plano para promover atentados contra autoridades, entre elas o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR). Na última quarta-feira, a PF prendeu em vários estados nove suspeitos do grupo que planejava os crimes. No dia seguinte, agentes das polícias Civil e Militar fluminenses, em cooperação com policiais do Pará e com apoio de blindados e helicópteros, realizaram ações contra líderes do narcotráfico. No Complexo do Salgueiro, Região Metropolitana do Rio, a operação resultou na morte de Leonardo Costa Araújo, o Leo 41, chefe do tráfico no Pará, além de 12 outras pessoas. Pouco antes fora preso na favela Nova Holanda, Complexo da Maré, Breno Vinícius Garção Martins, o Matuto, líder do tráfico em Sergipe.

Tanto Matuto como Leo 41 estavam no Rio há tempos. Matuto deixou a cadeia em 2020. Leo 41 era foragido da Justiça paraense desde 2019. Puderam retomar o ofício de traficante no Rio, onde Leo 41 comandou à distância ataques que provocaram a morte de 40 agentes de segurança do Pará e ainda participou do assalto a uma joalheria em que foi assassinado um vigilante.

A rapidez com que a PF agiu na prisão dos acusados de tramar contra autoridades contrasta com o tempo que os traficantes do Norte e do Nordeste tiveram para se articular com a criminalidade carioca. Tal contraste demonstra a necessidade urgente de um sistema nacional ágil para troca de informações entre as 27 secretarias estaduais de Segurança. A falta de informações e de um trabalho mais eficaz de inteligência leva a mais violência.

Poesia | Eterno (Carlos Drummond de Andrade)

 

Música - Roberta Sá - Água da minha sede(Zeca Pagodinho)