quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

OPINIÃO DO DIA – José Serra

Estamos vivendo o fim de um ciclo que eu chamaria, sem entrar em polêmica política, do ciclo lulista de desenvolvimento. Mas o grande problema do Brasil não é só o fim do ciclo, é que não há nada em gestação. Falta um novo projeto. Pior do que terminar o ciclo tem sido a falta de movimento na direção de um novo ciclo que seja mais benigno que o anterior.

José Serra, “Serra: PSDB deve formalizar nome de Aécio ‘sem demora’”, O Globo, 17 de dezembro de 2013.

Com gasto social turbinado e mais verba para partidos, Orçamento de 2014 é aprovado

Verba do fundo partidário aumenta em R$ 100 milhões em ano de eleições

Acordo permitiu bônus de R$ 2 milhões em emendas para integrantes da CMO, líderes, vice-líderes e presidentes de comissões

Cristiane Jungblut

BRASÍLIA – Depois de uma dia inteiro de discussões e do acordo para o governo liberar um bônus extra aos parlamentares em emendas individuais, o Congresso aprovou, já na madrugada desta quarta-feira, o Orçamento da União de 2014. Com isso, o governo obteve a vitória de ter um Orçamento do ano eleitoral aprovado no prazo, que encerraria dia 22 de dezembro, último dia do trabalhos do Legislativo antes do recesso. O Orçamento foi fixado em R$ 2,48 trilhões e uma previsão de salário mínimo de R$ 724,00 - cujo valor final quem define é a presidente da República, Dilma Rousseff, com base em cálculo definido em lei (a proposta do governo era de R$ 722,90).

Para iniciar a votação, o governo federal cedeu às pressões de última hora de deputados e senadores e aceitou nesta terça-feira dar um bônus extra de R$ 2 milhões em emendas parlamentares para os integrantes da Comissão Mista de Orçamento (CMO), líderes partidários, vice-líderes e presidentes de comissões temáticas da Câmara e do Senado. Com o bônus, a maioria dos parlamentares terá sua cota de emendas individuais em 2014 elevada de R$ 10 milhões para R$ 12 milhões.

No orçamento do ano eleitoral foram reforçadas as ações de ministérios da área social — Educação, Saúde e Desenvolvimento Social, que tiveram os maiores aumentos de verbas —, além do incremento do total de investimentos, pelo Congresso, em quase R$ 15 bilhões.

A votação do Orçamento já estava acertada desde a semana passada, quando o Planalto fechou acordo com sua base aliada. Porém, na reta final das discussões, novas pressões surgiram, o que levou a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, a ir para o Congresso fazer novas reuniões.

Fundo partidário: R$ 100 milhões a mais
Além de um bônus extra de R$ 2 milhões para cada parlamentar em emendas este ano, os partidos ainda conseguiram aumentar a verba do fundo partidário em R$ 100 milhões, passando dos R$ 264,3 milhões propostos inicialmente para R$ 364,3 milhões. Agora, o Orçamento da União vai à sanção da presidente Dilma Rousseff.

O fundo partidário é fundamental para os partidos em ano eleitoral. O valor é ainda maior do que o de 2013, que ficou em R$ 332,7 milhões. O montante foi fechado nas negociações da noite e incluído pelo relator-geral do Orçamento, deputado Miguel Corrêa (PT-MG), como adendo, na votação do parecer ainda na Comissão Mista de Orçamento (CMO).

A mudança do valor do salário mínimo feita em cima da proposta do governo, a um custo de R$ 250 milhões, ocorreu porque houve uma revisão para cima do PIB de 2012, que é usado no cálculo do mínimo. Mas o valor final só será conhecido no final do mês, quando a presidente Dilma Rousseff assinar o decreto a respeito.

Orçamento impositivo
Outra novidade é a adoção, pela primeira vez, das regras do Orçamento Impositivo. Com isso, as emendas individuais dos parlamentares terão que ser, obrigatoriamente, pagas pelo governo, no valor equivalente a 1,2% da receita líquida da União.

Tendo o Orçamento Impositivo como bandeira política, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), fez questão de deixar um jantar com deputados e estar em Plenário, no momento da votação da proposta na sessão do Congresso.

Nos acordos finais, o relator ainda fez uma recomposição de cerca de R$ 200 milhões no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), fechando em R$ 62 bilhões. Mas o PAC encolheu, porque a proposta original era de R$ 63,2 bilhões.

Em ano eleitoral, o Orçamento foi inflado em R$ 21,2 bilhões nas discussões dentro do Congresso. Os gastos dos ministérios aumentaram em R$ 8,5 bilhões, dentro das chamadas despesas correntes, e os investimentos foram inchados em R$ 14,5 bilhões, um acréscimo de 21,6% em relação à proposta original. Os Ministérios da Saúde, Educação e Desenvolvimento Social têm os maiores orçamentos.

Duas obras suspensas
Pela manhã, a CMO aprovou, em definitivo, o parecer que reduz para apenas duas as obras consideradas com indícios graves de irregularidade e terão suspensos os repasses: o Sistema Público de Esgotamento em Alagoas, com contratos que somam R$ 4 milhões ; e o Projeto para Prevenção de Enchentes no Rio Poty (PI), no valor de R$ 37,6 milhões. Nos dois casos, foi constatado sobrepreço nos contratos. O Tribunal de Contas da União havia feita uma lista de seis obras.

Saíram da lista de obras paralisadas as seguintes ações e terão recursos garantidos as seguintes ações: BR 448/RS; a Construção de Ponte sobre o Rio Araguaia, na BR 153-TO; a Construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste; e a Construção da Vila Olímpica no Piauí. Nestes casos, as explicações técnicas foram consideradas satisfatórias.

As negociações na CMO levaram o dia inteiro. Mas, fechados os acordos lá, a votação no Plenário do Congresso foi tranquila.

Fonte: O Globo

Eleições 2014 - Campanha aberta: Dilma e Campos

Afagos e recados

Dilma e o governador Eduardo Campos trocaram elogios e recados. Ele disse que talvez seja a última vez que a recebe; Dilma, diante das críticas ao baixo crescimento, afirmou: "O Brasil é do tamanho que quisermos."

Dilma e Campos trocam afagos e indiretas em novo encontro

Letícia Lins

IPOJUCA (PE)- A cerimônia era oficial, mas não houve como evitar o clima de campanha, A presidente Dilma Rousseff esteve em Pernambuco para vistoriar as obras da refinaria Abreu e Lima, e participar da cerimônia de conclusão de uma plataforma de petróleo no Estaleiro Atlântico Sul, ambos em Ipojuca, a 51 quilômetros de Recife. Também anunciou recursos para intervenções em mobilidade urbana na Região Metropolitana. Candidata à reeleição, ela passou mais de meia hora entre os operários das duas empresas, distribuindo abraços, beijos e autógrafos. Pré candidato à sucessão presidencial — e provável adversário da petista em 2014 —, o governador Eduardo Campos (PSB) acompanhou discretamente a movimentação da petista, mas chegou ao local da cerimônia acenando efusivamente para os operários e fazendo o V da vitória, normalmente utilizando no fervor dos comícios e das caminhadas na caça ao voto. Dilma e Campos até trocaram elogios, mas não deixaram de dar os seus recados, nas entrelinhas dos discursos.

Logo ao chegar à Refinaria Abreu e Lima, a presidente caminhou pelo canteiro de obras, guardando certa distância do socialista, que nos últimos meses vem endurecendo o discurso contra a política econômica do governo. No final da manhã, ela deu um recado para o socialista, sem citar o nome dele.

— Quero dizer para vocês que nosso país é do tamanho que quisermos para ele. E vocês quiseram, ao construir essa refinaria, um país imenso, um país que vai cumprir todo o seu potencial — afirmou Dilma, anunciando que desceria do palanque para "autografar as camisetas de vocês" A presidente não só assinou nas roupas dos operários, como permitiu que eles o fizessem, também, na sua, um uniforme da Petrobras. Ao chegar ao estaleiro, em sua segunda visita, fez novo corpo a corpo com os trabalhadores e foi saudada pelo governador, que não disfarçou a intenção de disputar o pleito em 2014.

— Talvez seja essa a última vez que tenho a satisfação de recebê-la como governador em território pernambucano. Quero trazer aqui nossas palavras que sempre foram de boas-vindas. Construímos uma relação aq, longo da caminhada, que não foi fácil. Uma caminhada para ajudar a melhorar a vida do povo brasileiro. Temos consciência de que para alguns, esse seria um momento que poderia ser entendido como um encontro de quadros políticos que amanhã poderão, legitimamente, viver uma disputa democrática — disse Campos, referindo-se à sucessão presidencial do ano que vem.

O socialista ressaltou, no entanto, que era outro o significado do encontro de ontem.

— Esse é um encontro entre uma presidente democraticamente eleita e um governador que foi reeleito pelo seu povo, e que sabe separar o interesse público da disputa política — afirmou Campos.

O governador não deixou de citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ajudou "a construir o Brasil de hoje" Mesmo sem estar presente, foi Lula quem colheu os aplausos mais calorosos dos operários, a cada citação do seu nome.

Ao falar, Dilma elogiou a postura de Campos, com quem viveu um clima tenso em sua visita anterior a Pernambuco, ainda no primeiro semestre, em Serra Talhada, a 418 quilômetros de Recife. Na ocasião, o socialista ensaiava os primeiros passos para sua pré-candidatura. Ontem, foi a primeira vez que Dilma se encontrou com ele, após o PSB ter desembarcado do governo federal. Mesmo assim, ambos trocaram amabilidades.

— Queria agradecer a relação fraterna e o alto nível das relações que sempre pautaram a nossa convivência — disse Dilma, referindo-se a Campos.

Mas a presidente reservou elogios públicos para os seus grandes aliados do momento no estado, os senadores Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB). Em cerimônias anteriores, era sempre o governador que colhia esse tipo de comentário, tanto nos tempos de Lula quanto nos primeiros anos da gestão Dilma.

Fonte: O Globo

Eduardo agradece investimentos, mas alfineta presidente Dilma

O discurso do governador Eduardo Campos, na entrega da plataforma P-62 no Estaleiro Atlântico Sul, no Complexo de Suape, foi cheio de recados à presidente Dilma Rousseff. No estilo "morde e assopra", Eduardo Campos agradeceu os investimentos feitos pelo governo federal no estado, mas ressaltou que o Nordeste ainda é tratado com diferenças e representa apenas 13,5% das riquezas do país, apesar de 28% da população do país viverem na região.

Eduardo reconheceu que havia muita expectativa para o encontro dos dois potenciais candidatos à Presidência da República em 2014 - ele próprio e a presidente Dilma. "Este momento poderia ser entendido como o encontro de quadros políticos que amanhã poderiam viver uma disputa legitimamente democrática, mas não. Este é o encontro de uma presidente eleita pelo povo brasileiro e por um governador. Mas somos dois representantes do povo têm consciência de saber separar o governo da disputa política", discursou o governador. Em seguida, Eduardo ressaltou ter um respeito muito grande por Dilma.

O governador agradeceu as parcerias realizadas entre os governos federal e estadual. Disse que os agradecimentos deveriam ser estendidos aos pernambucanos e à equipe da gestão socialista. Foi então que Eduardo destacou que os nordestinos ainda são vítimas da concentração de renda e de investimentos do país, que privilegia o Sudeste e o Sul. "Parece que a porta que nos leva ao trabalho e a cidadania está sempre fechada, que a gente tem que ser mais capaz, tem que trabalhar mais que os outros, ter mais fé do que os outros", frisou.

Então, o governador falou sobre a paternidade de obras realizadas no estado. Nas últimas semanas, o governo federal e lideranças petistas têm destacado que o crescimento de Pernambuco é fruto, principalmente, dos investimentos federais. Eduardo voltou a dizer que o "dinheiro é do povo brasileiro", um discurso que tem sido repetido por seus auxiliares nas inaugurações e em entrevistas a veículos de comunicação. "Temos consciência que os recursos públicos não pertencem a prefeituras, estados ou União, mas ao povo e a ele devem voltar em obras para fazer com que a vida melhore", afirmou.

Fonte: Diário de Pernambuco

Eleições 2014 - Campanha aberta: Aécio

Sem a sombra de Serra, Aécio assume protagonismo no PSDB e eleva o tom do discurso contra o governo, enquanto Dilma e Campos, ex-aliados, delimitam terreno em ato oficial que os colocou juntos perante faixa importante do eleitorado: a classe operária

Aécio ataca PT e apresenta proposta de governo

Júnia Gama e Fernanda Krakovics

BRASÍLIA- Livre do obstáculo interno que era a disputa contra o ex-govemador José Serra, e com um discurso mais agressivo de candidato de oposição, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) atacou o que chamou de "governismo de cooptação" do PT, afirmando que o PSDB é o verdadeiro partido da mudança.

No lançamento, ontem, do documento que baseará as discussões do PSDB sobre projeto de governo, evento moldado para que brilhasse sozinho, Aécio endureceu as críticas sobre a gestão petista.

— Não podemos ver a apropriação do Estado brasileiro por um grupo. É no momento em que percebo uma encruzilhada clara pela frente que o PSDB vem dizer a todos os brasileiros que encarnaremos a mudança de verdade de que o Brasil precisa, nos seus valores. Ética e política não devem ser divorciadas como estão hoje — discursou Aécio, antes de apresentar os 12 tópicos da proposta de um futuro programa de governo.

Apesar de criticar duramente o PT, o presidenciável tucano afirmou que não fará do debate um vale-tudo e que seu interesse é discutir propostas para o Brasil. Ao contrário do que esperavam alguns tucanos, o senador evitou citar diretamente o julgamento do mensalão.

— O PT, que nasceu com proposta transformadora e já teve nosso respeito, abdicou disso. Hoje tem um projeto de poder. Aí é vale-tudo, é o diabo. Para nós, a cada ataque mais violento, vamos olhar para frente e dizer que nossa responsabilidade é com o Brasil. Queremos ganhar a eleição não para o PSDB, não para nossos companheiros ocuparem cargos públicos, mas porque acreditamos na política como instrumento de transformação da vida das pessoas — afirmou.

Aécio ressaltou que o PSDB foi o responsável pela estabilização da economia e pela Lei de Responsabilidade Fiscal, e criticou a gestão petista na condução do tema. Aproveitou para alfinetar um dos programas mais caros ao governo Dilma Rousseff, o Mais Médicos, que deve ser usado como vitrine nas eleições do ano que vem.

— Nós criamos a Lei de Rèsponsabili-dade Fiscal; nossos adversários, a contabilidade criativa. Hoje, há manipulação dos dados e incompetência para tratar a inflação. E, quando perguntam sé os médicos cubanos poderão continuar trabalhando no Brasil, eu respondo que sim, eles continuarão, mas receberão os R$ 10 mil a que têm direito, porque nós não financiaremos uma ditadura com o dinheiro do Mais Médicos.

As críticas de Aécio não ficaram sem resposta de petistas. Deputados e senadores do PT afirmaram que o PSDB não está em condições de dar liçõés depois do mensalão mineiro e do suposto esquema de cobrança de propina e formação de cartel nas licitações do metrô dos governos tucanos de São Paulo.

— O PSDB não tem condições de dar lição de moral ou de ética ao PT. Ele (o PSDB) é responsável pelo mensalão original (em Minas). E o esquema de São Paulo é, sem dúvida, o maior de que se tem notícia de suspeição de desvio de dinheiro público — afirmou o senador Jorge Viana (PT-AC).

Além dos ataques ao PT, Aécio assumiu a defesa das privatizações feitas pelo governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, nos anos 1990, afirmando que o PSDB modernizou o Brasil.

Apesar de ter ocorrido em um auditório com quase todos os assentos ocupados, o evento foi esvaziado de grandes nomes do PSDB. Além do ex-govemador José Serra, outros ausentes foram o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, consultados para a formulação do documento apresentado ontem. A ideia era que Aécio brilhasse sozinho mesmo, mas para evitar o esvaziamento do evento foram enviados na semana passada e-mails de convocação de comparecimento a dezenas de assessores do PSDB na Câmara e no Senado.

Em clima de pré-campanha, Aécio voltou a atacar o PT em entrevista após o evento e afirmou que, durante o período eleitoral, é esperado que o partido recorra a "baixarias":

— A arma daqueles que estão desesperados é a baixaria, inclusive na história do PT, haja vista os dossiês que aparecem a cada época de eleições.

Fonte: O Globo

Cúpula do PSDB comemora gesto de Serra de retirar candidatura

Para lideranças do partido, decisão do ex-governador de apoiar Aécio para 2014 foi \"sóbria\" e mostra a união da legenda

Erich Decat

BRASÍLIA - Recebida como surpresa por parte de integrantes da Executiva do PSDB, a antecipação da retirada da candidatura à Presidência da República por parte do ex-governador José Serra (SP) foi comemorada na manhã desta terça-feira, 17, por membros da cúpula tucana. Para lideranças, foi um gesto "sóbrio" e que mostra a união da legenda.

A decisão de Serra foi anunciada na noite dessa segunda, 16, por meio de um texto postado em seu perfil no Facebook. "Como a maioria dos dirigentes do partido acha conveniente formalizar o quanto antes o nome de Aécio Neves para concorrer à Presidência da República, devem fazê-lo sem demora. Agradeço a todos aqueles que têm manifestado o desejo, pessoalmente ou por intermédio de pesquisas, de que eu concorra novamente", escreveu Serra.

Após participarem de encontro em Brasília nesta terça, integrantes da Executiva do PSDB comentaram a decisão. "Achei excelente as declarações de Serra. Ele é um homem público, experiente, é natural que ele desejasse ser candidato a presidente. Já foi candidato do partido por duas vezes, mas desta vez não era o caso. É uma declaração muito sóbria da parte dele", afirmou o presidente do Instituto Teotônio Vilela, deputado Sérgio Guerra (PE). "Mostra que o PSDB não está dividido. Agora não há divisão, como o próprio Serra colocou", acrescentou.

"Serra agiu em consonância com o sentimento do partido no âmbito nacional e de cada diretório regional. Mostrou nobreza de seus propósitos e preocupação com a unidade partidária e tira o discurso daqueles que apostavam numa discórdia", afirmou o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP).

Após o encontro, o deputado Vanderlei Macris (SP) chegou a defender que se faça nos próximo dias um "ato nacional" do partido com a participação de Serra ao lado de Aécio. "O clima da reunião estava muito bom por conta da iniciativa de Serra. Na minha opinião, temos que fazer um ato nacional consolidando esse gesto", afirmou Macris.

Fonte: O Estado de S. Paulo

'Aécio já é o candidato', diz Alckmin

Um dia após Serra anunciar seu apoio ao senador mineiro nas redes sociais, governador de São Paulo afirmou que partido deve formalizar o candidato à Presidência a qualquer momento

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta terça-feira, 17, que o senador Aécio Neves "já é o candidato" do PSDB à Presidência da República para o ano que vem. Alckmin fez a declaração um dia depois de o ex-governador José Serra ter anunciado via redes sociais sua desistência de disputar o cargo nas eleições de 2014.

"À medida que o Serra não é candidato, o Aécio já é candidato. Mas isso (anúncio), formalmente, pode ser feito a qualquer momento", afirmou Alckmin, depois de inaugurar uma ciclovia na zona oeste da capital. "Acho que a atitude do Serra foi de desprendimento, uma atitude importante para unir o partido".

Nesta segunda, Serra publicou na internet uma mensagem na qual afirmava que os defensores da confirmação da candidatura de Aécio à presidência deveriam formalizar a indicação "sem demora". As palavras de Serra foram interpretadas até por seus aliados como uma desistência do ex-governador em disputar a vaga dentro do partido.

Serra concorreu o Planalto por duas vezes: em 2002 e 2010, quando foi quando foi derrotado respectivamente pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela presidente Dilma Rousseff. Com a desistência, sobram duas opções a serem avaliadas pelo ex-governador: disputar ao Senado, ou a deputado federal.

Para Alckmin, uma eventual candidatura de Serra ao Senado em sua chapa "seria muito importante e honrosa", mas afirmou que a decisão é do ex-governador.

"Serra é preparado para disputar qualquer cargo. Uma pessoa com a experiência que ele de tem, de prefeito, governador, ministro da área econômica, da área social, da saúde, que tem espírito público. Ele é extremamente preparado", afirmou Alckmin.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Para Alckmin, seria ‘muito honroso’ que Serra disputasse o Senado

Segundo governador de São Paulo, Aécio Neves já é o candidato do PSDB à sucessão presidencial

Em mais de uma conversa telefônica, nas últimas semanas, Geraldo Alckmin chegou a pedir a José Serra que definisse logo se disputaria ou não contra Aécio Neves o posto de candidato tucano no ano que vem.

Gustavo Uribe

SÃO PAULO – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, considerou nesta segunda-feira que seria “muito honroso” e “importante para São Paulo” que o ex-governador José Serra disputasse uma vaga ao Senado Federal nas eleições do ano que vem. Segundo o líder tucano, com a decisão de José Serra de abrir mão do posto de candidato à sucessão presidencial, o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, “já é o candidato” da sigla ao Palácio do Planalto.

Na avaliação do governador de São Paulo, a atitude de José Serra, que fez o anúncio na noite de segunda-feira por meio das redes sociais, foi de “desprendimento” e ajuda a unir o partido para a sucessão presidencial.

— Primeiro, eu acho que a atitude do José Serra foi uma atitude de desprendimento, uma atitude importante para unir o partido. Eu acho que, à medida que o José Serra não é candidato, o Aécio neves já é o candidato. Mas isso formalmente pode ser feito a qualquer momento. O José Serra é preparado para disputar qualquer cargo. Uma pessoa com experiencia de prefeito, governador, ministro da área social, econômica, da saúde. Extremamente preparado — afirmou o tucano.

Ao lado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo foi uma das lideranças que atuou para uma definição rápida da candidatura do PSDB à sucessão presidencial. Nas últimas semanas, em mais de uma conversa telefônica, Geraldo Alckmin chegou a pedir a José Serra que definisse logo se disputaria ou não contra Aécio Neves o posto de candidato tucano no ano que vem.

No início de novembro, diante da indefinição de José Serra, o governador de São Paulo chegou a se reunir com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para reanalisar o cronograma de lançamento da candidatura do partido.

— O José Serra que vai definir (se será candidato ao Senado Federal). Mas seria muito honroso, muito importante para São Paulo — observou o tucano, que inaugurou nesta terça-feira uma ponte e uma ciclovia na Zona Sul da capital paulista.

Segundo aliados de José Serra, desde o início de dezembro o tucano já vinha falando da possibilidade de desistir da disputa pela candidatura do PSDB ao Palácio do Planalto em 2014. A decisão do tucano, de acordo com eles, foi tomada em face do atual cenário eleitoral.

— Ele chegou a aventar isso e não sabia quando faria. Não havia clareza se ele faria agora ou em outro momento — afirmou ao GLOBO o vice-presidente nacional do PSDB, Alberto Goldman, um dos maiores aliados de José Serra.

Em outubro, em evento na Bahia, o tucano criticou a antecipação da campanha eleitoral, mas admitiu que "gostaria" de ser presidente. A última pesquisa de intenções de voto, divulgada pelo Datafolha no final de novembro, mostrou que em um cenário com José Serra e Marina Silva, a presidente Dilma Rousseff não venceria a disputa eleitoral no primeiro turno, diferente dos demais cenários eleitorais realizados pela pesquisa.

— Ele (José Serra) vinha discutindo isso com os amigos mais próximos já faz uns quinze dias diante do atual cenário eleitoral — disse um aliado próximo do tucano.

Fonte: O Globo

Aécio elogia Serra, mas diz que candidatura ainda não está definida

Tucano mineiro diz que conversa com o paulista “mais que muitos imaginam”

Serra disse na segunda-feira que o PSDB deve lançar Aécio “sem demora”

Junia Gama, Fernanda Krakovics

BRASÍLIA. O senador e presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou nesta terça-feira que a atitude do ex-governador José Serra na noite de ontem, quando postou mensagem no Facebook dizendo que o partido deveria lançar o nome de Aécio a candidato “sem demora”, foi um um gesto de “desprendimento”, “na direção da unidade partidária”.

Aécio elogiou o tucano paulista no evento realizado hoje na Câmara para o lançamento do documento que será base para as discussões do PSDB em torno ao projeto de governo. O senador também tentou minimizar as especulações de que a decisão teria sido tomada sem aviso prévio, após as pressões que Serra sofria ultimamente para abdicar da disputa.

- Há uma ideia disseminada de que nós não conversamos. Ao contrário, conversamos muito mais que muitos imaginam. É um gesto na direção da unidade partidária, só que o PSDB tem uma agenda e vai definir o momento de lançamento a partir da sua direção partidária, ouvindo cada um dos estados brasileiros. Não deixo de reconhecer que é um gesto importante na direção da unidade partidária, que eu diria, de desprendimento do ex-governador, que não nos surpreende, principalmente nós que temos conversado com ele ultimamente - afirmou Aécio.

O senador apontou, no entanto, que, apesar do sinal verde dado por Serra, o PSDB pode não lançar imediatamente seu nome para o Palácio do Planalto. O momento em que isso será feito dependerá de uma decisão mais ampla do partido, afirmou Aécio, que negou que sua candidatura esteja desde já definida.

- O tempo será dado pelo conjunto das pessoas que têm a responsabilidade de formular esse projeto alternativo. Não está definida a candidatura do PSDB. O que posso dizer é que, se for eu o candidato do PSDB, eu serei intérprete do sentimento de muitos, não só do meu. Quanto ao tempo e ao conteúdo daquilo que vamos defender e a estratégia para que isso ocorra, eu terei que ouvir os companheiros - disse o senador.

Aécio usou o recuo de Serra como trunfo em relação ao adversários, afirmando que a unidade do PSDB existe de fato, ao contrário dos sinais que vinham sendo emitidos nos últimos meses por causa do racha entre os dois tucanos.

- A nossa unidade é real. Para dissabor, desalento de muitos dos nossos adversários, o PSDB vai estar unido nas próximas eleições, vai apresentar projeto claro de alternância de eficiência na gestão pública, ético e ousado e, por isso, vai para o segundo turno e vai vencer as eleições - afirmou.

Fonte: O Globo

Aécio diz que mensagem de Serra foi ato de "desprendimento"

Mariana Haubert

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) classificou como um "gesto importante" e de "desprendimento" a mensagem do ex-governador de São Paulo José Serra, que foi interpretada como um sinal de desistência da candidatura à Presidência da República.

"Não deixo de reconhecer que é um gesto importante na direção da unidade partidária e é um gesto que eu chamaria de desprendimento do ex-governador e não nos surpreende, principalmente aqueles com quem ele tem conversado ultimamente", afirmou o senador após evento do partido na Câmara dos Deputados.

Ontem, Serra disse em sua página no Facebook que os dirigentes do PSDB devem formalizar "sem demora" o nome do senador Aécio Neves (MG), presidente da sigla, como candidato ao Planalto. "Como a maioria dos dirigentes do partido acha conveniente formalizar o quanto antes o nome de Aécio Neves para concorrer à Presidência da República, devem fazê-lo sem demora. Agradeço a todos aqueles que têm manifestado o desejo, pessoalmente ou por intermédio de pesquisas, de que eu concorra novamente", escreveu Serra.

Apesar de não assumir a candidatura, Aécio disse estar preparado para o debate que será feito no ano que vem. "Estou ansioso para encontrar com cada brasileiro deste país para dizer: 'estou pronto para o debate'", afirmou durante o lançamento de um conjunto de 12 propostas para uma nova agenda do partido em 2014.

"Não está definida a candidatura do PSDB. O que eu posso dizer é que se eu for candidato do PSDB, eu serei o intérprete do sentimento de muitos e não de um sentimento meu. Tanto no conteúdo daquilo que vamos defender quanto no timing da estratégia para que isso ocorra terei que ouvir os companheiros", disse Aécio.

No início da tarde, de ontem, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que Aécio "já é o candidato" do partido à Presidência.

Fonte: Folha de S. Paulo

Aécio: ‘Ética e política não podem ser divorciadas como estão hoje’

Ao lançar diretrizes do programa do PSDB, tucano critica aparelhamento do Estado

Fernanda Krakovics, Junia Gama

O senador Aécio Neves discursa durante o lançamento das diretrizes do programa de governo do PSDB 

André Coelho 

BRASÍLIA - Em evento de lançamento das diretrizes do programa de governo do PSDB, o pré-candidato do partido à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG), fez um contraponto à gestão petista. O tucano criticou o suposto aparelhamento do Estado brasileiro, o “governismo de cooptação”, e afirmou que o PSDB é o verdadeiro partido da mudança.

- Não podemos ver a apropriação do Estado brasileiro por um grupo. É no momento em que percebo uma encruzilhada clara pela frente que o PSDB vem dizer a todos os brasileiros que encarnaremos a mudança de verdade que o Brasil precisa, nos seus valores. Ética e política não devem ser divorciadas como estão hoje - discursou Aécio, antes de apresentar os tópicos da proposta de programa de governo.

Apesar de criticar duramente o PT, o presidenciável do PSDB afirmou que não fará do debate um vale tudo e que seu interesse é discutir propostas para o Brasil:

- O PT, que nasceu com proposta transformadora e já teve nosso respeito, abdicou disso. Hoje tem um projeto de poder. Aí é vale tudo, é o diabo. Para nós, a cada ataque mais violento, vamos olhar para frente e dizer que nossa responsabilidade é com o Brasil. Queremos ganhar a eleição não para o PSDB, para nossos companheiros ocuparem cargos públicos, mas porque acreditamos na política como instrumento de transformação da vida das pessoas.

Aécio ressaltou que o PSDB foi o responsável pela estabilização da economia e pela Lei de Responsabilidade Fiscal e criticou a gestão petista:

- Nós criamos a Lei de Responsabilidade Fiscal, eles a contabilidade criativa.

Fonte: O Globo

Campos mantém pontes com Dilma; Aécio defende ‘mudança de verdade’

Rafael Moraes

Futuros desafiantes da presidente Dilma Rousseff na eleição de 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), indicaram ontem que deverão mesmo adotar posturas diferentes no espectro da oposição.

No evento em que lançou, em Brasília, cartilha com 12 diretrizes que vão nortear o programa do partido na próxima disputa pelo Planalto, o tucano destacou que o "PSDB é a oposição em adj etivos" ao governo do PT.

Campos, por sua vez, aproveitou a visita de Dilma a Ipojuca, na região metropolitana do Recife, para dar ênfase à estratégia de se colocar como alternativa eleitoral sem quebrar as pontes com o lulismo. Ele fez afagos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à petista, na primeira visita dela ao Estado desde que o PSB entregou os cargos no governo federal, em setembro.

Aécio e Campos têm feito gestos públicos de aproximação - recentemente jantaramjuntos em um tradicional restaurante do Rio - e de apoio mútuo em um eventual 2.0 turno da eleição presidencial. Mas enquanto o governador de Pernambuco alimenta a proposta de uma terceira via, o senador mineiro prega "clara divergência" com a gestão petista.

Ontem, ele repetiu críticas ao PT, acusou a presidente de praticar "gestão perdulária" e de fazer "um vale-tudo e o diabo" no governo. Durante o evento no auditório da Câmara dos Deputados disse ainda que o PT quer "ser o dono do País". "O Brasil não é vermelho, nem é do PT. Tampouco azul, nem é do PSDB. O Brasil é verde e amarelo, e é dos brasileiros."

Na véspera do lançamento da cartilha tucana, o ex-governador José Serra divulgou em redes sociais mensagem na qual indica que desistiu de disputar a indicação de candidato tucano ao Planalto com Aécio. O documento que direcionará a campanha tucana - batizado de "Para Mudar de Verdade o Brasil - confiança, cidadania e prosperidade" - foi modificado até uma hora antes de ser apresentado. Já no primeiro de seus 12 itens, fala em busca pela ética, pela intransigência à corrupção e radicalização da democracia e respeito a instituições como a imprensa.

"O PSDB é a oposição em adj e-tivos. Queremos encerrar esse ciclo, que tão mal vem fazendo ao Brasil, e iniciar um outro, onde eficiência e ética possam caminhar juntos", afirmou Aécio depois em entrevista.

A última viagem de Dilma a Pernambuco ocorreu em maio e o clima entre ela e Campos foi frio. Mas ontem o pernambucano fez afagos públicos à presidente e ao ex-presidente Lula. "Nossa relação foi construída ao longo de uma caminhada que não foi nada fácil. Tenho por vossa excelência um respeito muito grande. A senhora é uma brasileira honrada que ajudou na construção do Brasil que vemos hoje", afirmou.
O discurso foi feito diante de uma platéia de funcionários da Petrobrás no Complexo Industrial Portuário de Suape, onde foi anunciada a conclusão das obras da plataforma p-62 de extração de petróleo. "Tenho consciência de que para alguns esse seria um momento diferente do que está sendo. Poderia servisto como um encontro entre quadros políticos que amanhã poderão viver uma disputa democrática", reconheceu o governador. Lula, que levou Campos para seu ministério no primeiro mandato, foi citado como "um grande brasileiro".

Apesar dos afagos, ele usou em sua fala uma expressão típica da ex-ministra Marina Silva, sua aliada no projeto presidencial. "Nova política nos obriga a olhar para a frente. Recursos não pertencem a um partido ou a um governo, pertencem ao povo."

Na ocasião, Dilma anunciou um pacote de investimentos de R$ 2,9 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em obras de mobilidade urbana no Estado. Ela, contudo, não mostrou o mesmo entusiasmo para agradar o adversário. Em seu discurso, ela citou o governador apenas uma vez. "Queria agradecer a recepção fraterna e o alto nível das relações que sempre pautaram a nossa convivência", afirmou.

Pouco depois de participar de evento ao lado de Campos, Dilma postou em sua conta no Twitter que "Pernambuco merece mais". O comentário remete ao slogan de Campos: "É possível fazer mais e bem feito". "Pernambuco merece mais. Merece mais emprego. Mais mobilidade urbana. Hoje anunciei investimento de mais R$ 1,9 bilhão", escreveu Dilma. / colaborou

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio fala em 'mudança de verdade' e lança plano vago

Ao apresentar esboço genérico de programa, tucano ataca gestão petista

Insistência no discurso de polarização com o PT explica o rompimento com o marqueteiro Renato Pereira

BRASÍLIA - Diante de um auditório lotado na Câmara, o senador Aécio Neves (MG), provável candidato do PSDB à Presidência, lançou ontem uma plataforma genérica de seu programa de governo e disse representar a "mudança de verdade" para o país.

Principal nome da oposição a Dilma Rousseff (PT), o tucano tem o governador Eduardo Campos (PSB-PE) em seu encalço nas pesquisas --19% a 11% das intenções de voto, respectivamente, segundo o último Datafolha.

"Nós encarnaremos a mudança de verdade que o Brasil precisa", discursou. "Ética e política não devem ser divorciadas como estão na mente de tantos brasileiros."

No evento, Aécio apresentou um conjunto de 12 diretrizes que constituirão os pilares de sua campanha. Intitulado "Para mudar de verdade o Brasil", o documento faz acenos ao agronegócio, defende compromissos com a ética, melhorias na gestão e mais autonomia para Estados e municípios, entre outros pontos. O tom geral das colocações é sempre genérico;

Se dizendo "preparado para o debate", Aécio prega que educação, saúde e segurança serão prioridades do PSDB. E, com fortes ataques ao governo, aposta na tradicional polarização "nós contra eles" em relação ao PT.

A insistência nessa estratégia, além da decisão sobre o formato do evento de ontem, foram o estopim do divórcio do tucano com o marqueteiro Renato Pereira, conforme aFolha revelou ontem.

Ambos vinham discordando sobre a melhor mensagem para encerrar o ano. Além de reprovar o que o debate eleitoral seja centrado no "nós (tucanos) contra eles (petistas)", Pereira queria que o evento de ontem fosse algo menos genérico e mais voltado para o eleitor real.

Interlocutores do senador disseram que, ao ver suas sugestões pouco ou raramente acatadas, o marqueteiro decidiu se afastar. Partiu de Pereira, e não do senador, a formalização do rompimento, no último 5 de dezembro.

Ontem, tucanos ligados ao senador reagiram. "O contrato já tinha sido feito até dezembro porque ele estava no estágio probatório e, na visão da Executiva do partido, ele não foi aprovado", disse o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), aliado de Aécio.

Desprendimento
No evento de ontem, Aécio destacou comparações entre as gestões do PT (2003-2013) e do PSDB (1995-2002), defendendo o legado de Fernando Henrique Cardoso.

"Não podemos assistir passivamente à tentativa de alguns de reescrever a história ou tentar convencer os mais jovens de que o Brasil foi descoberto em 2013", disse.

O senador criticou ainda política econômica de Dilma, dizendo que enquanto o PSDB "criou a responsabilidade fiscal", o PT criou a "contabilidade criativa", em referência às manobras fiscais usadas para fechar as contas do governo.

Em outro ponto, Aécio afirmou que o Poder Legislativo está "de cócoras" em relação ao "poder absoluto do governo central".

O evento ocorreu um dia após o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), sempre visto como alternativa do partido para a eleição presidencial, postar numa rede social mensagem interpretada pela sigla como uma sinalização de apoio à candidatura do mineiro.

"Não deixo de reconhecer que é um gesto importante na direção da unidade partidária e é um gesto que eu chamaria de desprendimento do ex-governador", disse Aécio.

Fonte: Folha de S. Paulo

Diferença de tom marca documentos do PSDB e do PSB

Cartilha de Aécio adota postura de oposição ao governo do PT, enquanto Campos fala em avançar nas atuais conquistas

Isadora Peron

Os dois prováveis desafiantes da presidente Dilma Rousseff nas eleições de 2014 - o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o governador Eduardo Campos (PSB) - adotaram a mesma ideia de "mudança" nos documentos com as diretrizes que devem nortear os programas de governo dos seus respectivos partidos na disputa do ano que vem. Cientistas políticos ouvidos pelo Estado ressaltam, porém, a diferença no tom das críticas ao governo federal.

O documento lançado ontem pelo PSDB foi chamado de "Para Mudar de Verdade o Brasil".

O nome escolhido pela coligação PSB-Rede para sua plataforma foi "Mudando o Brasil".

Mas enquanto a cartilha tuca-na adotou a postura de oposição ao governo do PT, a do PSB destacou o fato de que pretende manter e avançar nas conquistas das últimas décadas.

"Ao ler o documento do PSDB, a sensação que dá é que, desde 2003 (quanto 0 PT assumiu 0 governo) nada de bom aconteceu no Brasil", disse o professor da Universidade Federal do ABC Sérgio Praça.

O primeiro item da cartilha tucana fala em "compromisso com a ética" e "combate intransigente à corrupção", bandeira que vem sendo levanta-da pelo PSDB desde 2005, quando o escândalo do mensa-lão veio à tona e envolveu nomes da alta cúpula petista.

Os dois termos - "ética" e "corrupção" -, no entanto, nem sequer são mencionados no documento PSB-Rede. O grupo liderado por Campos e pela ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva preferiu centralizar a sua crítica ao PT na necessidade de adoção de um "outro modelo de governabilidade", "sem a lógica da distribuição de feudos dentro do Estado".

O cientista político Rudá Ricci aponta ainda que enquanto o PSDB enfatiza questões ligadas à economia e à melhoria da gestão do Estado, a aliança PSB-Rede abordou mais temas como desenvolvimento sustentável e participação política.

Na avaliação do professor da FGV Marco Antonio Carvalho Teixeira, o fato de a cartilha de Aécio ter considerado o meio ambiente "a urgente agenda do agora" foi uma maneira de não deixar Marina, que tem uma antiga ligação com o setor, "falar sozinha" sobre o tema.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Proposta tucana mantém 'Mais Médicos'

Por Raquel Ulhôa

BRASÍLIA - Com sua condição de pré-candidato à Presidência da República em 2014 reforçada por manifestações do ex-governador José Serra em sua conta no Facebook, sinalizando desistência da disputa interna pela vaga, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do PSDB, lançou ontem a agenda com 12 pontos que devem nortear o programa de governo dos tucanos. O senador reforçou o tom de enfrentamento ao PT e do discurso da "mudança" do país.

No fim do evento, que lotou um auditório da Câmara dos Deputados, em Brasília, Aécio disse, em entrevista, que a declaração de Serra foi "um gesto importante de desprendimento" e "na direção da unidade partidária". Afirmou que "a unidade do PSDB é real", para "dissabor" dos adversários. Mas negou-se a confirmar sua candidatura, dizendo que o PSDB tem um calendário.

No momento em que foi mais aplaudido, o presidenciável, ao falar sobre a situação dos serviços públicos de saúde no país, afirmou que um governo do PSDB permitirá o trabalho de médicos cubanos no país, "mas eles receberão os R$ 10 mil, porque não financiaremos uma ditadura a partir de um projeto de saúde". Pelo programa Mais Médicos, adotado no governo Dilma Rousseff, a maior parte da remuneração dos médicos cubanos que atuam no Brasil fica com o governo de Cuba.

"Estou pronto para o debate. Querem debater economia? É até covardia", disse Aécio no discurso, lembrando que a participação do governo Fernando Henrique Cardoso na estabilidade da moeda e na aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal. Classificou o governo do PT como "perdulário" e criticou a perda de credibilidade no país, a inflação alta, o crescimento baixo e o déficit das contas externas ascendente.

"Querem discutir o Bolsa Família? Para nós, o programa é apenas o ponto de partida", afirmou, reforçando o compromisso do PSDB em manter o programa e defendendo a adoção de "ações de inclusão social".

"Nós encarnaremos a mudança [em 2014]", disse o presidente do PSDB ao apresentar o documento "Para Mudar de Verdade o Brasil". Os 12 pontos que os tucanos lançam para debate - ainda não é o programa de governo - são divididos em três temas: Confiança, Cidadania e Prosperidade.

Ao longo do documento, o PSDB buscar pontuar as diferenças com o PT, principalmente em relação ao papel do Estado. A agenda dos tucanos prega um Estado que atue na proteção e na garantia dos direitos de cada cidadão, mas assegure melhor ambiente para o investimento e estimule a livre iniciativa e o empreendedorismo.

Na economia, após criticar a perda de credibilidade, inflação alta, crescimento baixo, déficit das contas externas, o partido assume compromisso com a política de inflação, trazendo-a para o centro da meta, combatendo-a com tolerância zero.

Na gestão das políticas públicas, defende um novo modelo de gestão, com profissionalização, planejamento, resultados e metas. Para aumentar a qualidade da oferta de serviços públicos, defende uma reforma administrativa, com redução do número de ministérios pela metade.

Na educação, prega a implementação do Plano Nacional da Educação (PNE) e a implantação de uma Lei de Responsabilidade Educacional, para que o poder público seja cobrado pelos resultados dos investimentos e não apenas pela aplicação dos recursos.

Na segurança pública, defende ação integrada de prevenção, repressão e punição ao crime. Prega a transformação do Ministério da Justiça em Ministério da Justiça e Segurança Pública, ampliando a responsabilidade da União nessa área. Defende uma política nacional de segurança pública e a proibição de contingenciamento de recursos orçamentários para a área.

Na saúde, defende mais recursos e mais gestão. Reverter a declinante participação federal no financiamento da despesa pública em saúde. Mas não aponta valores, metas.

Mereceu atenção especial, no documento lançado por Aécio, a questão federativa. A agenda prega que o governo central abandone o "centralismo despótico, descentralizando corajosamente atribuições e poderes".

Uma nova política ambiental é defendida pelo PSDB, estabelecendo a sustentabilidade como um fundamento da política econômica, o que significa considerá-la na concepção das políticas tributária, fiscal e creditícia, levando em conta a competitividade do setor produtivo e sua inserção na economia internacional.

O décimo ponto é uma agenda da produtividade. O documento defende a implantação de uma nova política industrial, com foco no atendimento das pequenas e médias empresas. O empreendedorismo deve ser estimulado, de acordo com os tucanos, com fomento da inovação para aumentar a competitividade das empresas. São defendidos a desburocratização de procedimentos, a simplificação da estrutura tributária, a redução da carga e melhor distribuição de receitas para Estados e municípios.

A agenda também prevê a superação dos "gargalos da infraestrutura", com sua expansão e modernização e incentivo ao investimento privado.

O agronegócio merece um ponto específico. Na agenda do PSDB, o setor ganha elogios, por sua importância no Produto Interno Bruto (PIB) do país, mas diz que o produtor rural no país é vítima de preconceitos. O documento dos tucanos defende segurança jurídica no campo. "É preciso pôr fim à omissão do poder público federal na regularização fundiária, na demarcação das terras indígenas, nas comunidades quilombolas."

O PSDB diz que a política do agronegócio será coordenada diretamente pelo presidente da República e executada por um Ministério da Agricultura livre do aparelhamento político-partidário em que se encontra. A agenda se compromete em priorizar hidrovias e ferrovias que interligarão o Centro-Oeste ao Nordeste e abrirão caminhos de escolamento para o Norte e para o Pacífico.

O último ponto é dedicado à política externa. Segundo o documento do PSDB, "o viés ideológico imposto à nossa política externa nos últimos anos está isolando o Brasil do mundo". De acordo com a agenda, os governos do PT deram as costas para nações democráticas e abraçaram regimes de "clara inclinação totalitária".

"É necessário abandonar a política externa de alinhamento ideológico adotada nos últimos anos e resgatar a tradição de competência e a atuação independente da diplomacia brasileira". Com relação ao Mercosul, é defendido o retorno à concepção inicial do bloco, como área voltada à liberalização do comércio e à abertura de mercados.

Fonte: Valor Econômico

Indiretas e afagos no terreno de Campos

RECIFE — Na primeira visita feita a Pernambuco depois que o PSB entregou os cargos que ocupava no governo federal, a presidente Dilma Rousseff e o governador do estado, Eduardo Campos, trocaram indiretas e afagos em dois atos realizados ontem — na Refinaria Abreu e Lima e no Estaleiro Atlântico Sul, no Complexo Portuário de Suape.

Eduardo foi mais enfático no afago. "Tenho por Vossa Excelência um respeito muito grande, que é uma brasileira honrada, que ajudou na construção do Brasil que temos hoje", disse ele, em discurso, na cerimônia no estaleiro. Já a resposta da presidente Dilma ao elogio, no mesmo ato, teve pouca ênfase e foi protocolar: "Queria cumprimentar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Agradecer a recepção fraterna, o alto nível das relações que sempre pautaram a nossa convivência".

Depois disso, ela não fez mais referências nominais ao governador, mas deu duas declarações simpáticas aos senadores Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB) — este, pré-candidato a governador, que tem feito críticas a Eduardo Campos como as que o governador faz ao governo de Dilma. "Esses senadores de Pernambuco têm sido grandes parceiros do governo federal, para que nós possamos aprovar, no Senado da República, todos os projetos de transformação e de transferência de renda para a população brasileira", declarou a presidente.

No primeiro evento em Pernambuco, na refinaria, Eduardo não teve direito à palavra. A presidente pegou o microfone, falou rapidamente para os trabalhadores reunidos na empresa, depois passou a palavra para a presidente da Petrobras, Maria Graça Foster, e para o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Em seguida, sem passar o microfone ao governador, desceu do palanque para, em suas próprias palavras, "dar uns abraços e assinar algumas camisas".

Fonte: Correio Braziliense

Aécio eleva tom contra o PT

Um dia depois do anúncio do ex-governador José Serra (PSDB-SP) de que não disputará internamente a candidatura tucana ao Palácio do Planalto, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi ontem à tribuna do auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, para lançar uma série de propostas da legenda com vistas às eleições do ano que vem (veja quadro). "É um conjunto de ideias colhidas a partir de debates e conversas em todo o país. Propostas do Brasil real, que se contrapõem ao Brasil virtual da propaganda oficial", disse Aécio, alfinetando o governo do PT.

Incorporando cada vez mais o figurino de candidato, Aécio disse que é o momento de "o país começar um novo ciclo". Ele elogiou a postura do ex-governador Serra, que, em sua conta em uma rede social, na segunda-feira, deixou claro que o candidato do PSDB ao Planalto é o senador mineiro. "Não deixo de reconhecer que é um gesto importante na direção da unidade partidária, um gesto que chamaria de desprendimento do ex-governador", declarou.

Aécio desconversou, contudo, sobre o conselho de Serra e de outras lideranças tucanas de que é preciso lançar logo a candidatura presidencial. "Não é momento para isso. Se eu for candidato, serei candidato fruto do desejo de um conjunto de forças do partido, não de um desejo pessoal meu", completou.

Mais Médicos
A exemplo do que fez em relação ao Bolsa Família, quando assegurou que o PSDB não extinguirá o benefício caso vença a disputa presidencial de 2014, Aécio incluiu o Programa Mais Médicos na lista de programas que vão ser mantidos em um eventual governo tucano. E garantiu apoio aos médicos cubanos que estão no país. "Os médicos cubanos continuarão no Brasil. Mas vamos pagar para eles o salário de R$ 10 mil porque o governo brasileiro não pode financiar ditaduras de companheiros a partir de programas eleitorais", declarou. Pelo contrato firmado entre o governo brasileiro e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), os profissionais cubanos só recebem R$ 4 mil dos R$ 10 mil referentes ao contrato do Programa Mais Médicos. A defasagem seria uma exigência do convênio, com base em acordo com o governo cubano.

Aécio lembrou que, em junho, os brasileiros foram às ruas avisar que não se sentem representados pela classe política. E defendeu que o PSDB assuma esse papel de catalisador dos anseios da população. "Nós encarnamos a mudança de verdade que o Brasil precisa neste momento. Nós estabilizamos a economia com o Plano Real, criamos a Lei de Responsabilidade Fiscal e universalizamos o ensino básico", enumerou. "Temos de acabar com essa divisão entre eles e nós, criada pelo PT", finalizou o presidenciável do PSDB.

Líder da conciliação
O deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA) é o novo líder da bancada tucana na Câmara. A decisão foi tomada na noite de ontem, por aclamação, para evitar a disputa entre parlamentares mineiros e paulistas pelo cargo. A escolha de Imbassahy foi influenciada diretamente pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, que não queria ver uma queda de braço que prejudicasse a campanha eleitoral do ano que vem.

Cartilha tucana
Os 12 pontos que o PSDB propõe para o debate eleitoral

Confiança
1) Compromisso com a ética, o combate à corrupção, a radicalização da democracia e o respeito às instituições
2) Recuperação da credibilidade e construção de um ambiente
adequado para o investimento e o desenvolvimento do país
Cidadania
3) Estado eficiente, a serviço dos cidadãos
4) Educação de qualidade
5) Superação da pobreza e construção de novas oportunidades
6) Segurança pública como responsabilidade nacional
7) Mais saúde para os brasileiros
Prosperidade
8) Mais autonomia para estados e municípios
9) Meio ambiente e sustentabilidade
10) Agenda da produtividade: infraestrutura, inovação e competitividade
11) Apoio à agropecuária
12) Política externa para reintegrar o Brasil ao mundo

Fonte: Correio Braziliense

São Paulo decisivo - Merval Pereira

Em nenhuma das últimas três eleições presidenciais que perdeu para o PT, o PSDB conseguiu uma unidade formal tão antes do pleito quanto agora. A mensagem do ex-governador José Serra no Facebook representa não apenas a explicitação da sua desistência da disputa pela indicação do partido, mas, sobretudo, a liberação de políticos ligados a ele.

Assim o senador Aloysio Nunes Ferreira pode atuar com mais desembaraço para se colocar como vice em uma provável chapa café com leite (São Paulo e Minas juntos) e, mais que isso, o governador Geraldo Alckmin pode dizer o que disse ontem sem ferir suscetibilidades: Aécio Neves já é o candidato do PSDB a presidente da República.

Isso não quer dizer que estejam dadas todas as condições para a atuação unida no principal colégio eleitoral do país, fundamental para qualquer eleição presidencial. A tal ponto que Aécio costuma dizer que, se vencer em São Paulo por uma diferença mínima que seja, terá praticamente garantida a vitória final.

A recíproca, no entanto, também é verdadeira: se Dilma conseguir vencer em São Paulo, e o PT fizer o governador do estado após mais de 20 anos, o partido estará consolidando sua hegemonia na política brasileira.

A união em São Paulo é fundamental para o projeto de Aécio, e por isso ele finge que não viu a atuação de Alckmin junto a seus aliados para levar o PPS para os braços de Eduardo Campos. O presidente do ex-partido comunista deve seu mandato a Serra, que o levou para São Paulo dando legenda e apoio político. E é pernambucano, o que o aproxima de Campos.

A esses dois fatores juntaram-se os interesses imediatos do governador Alckmin, que quer ter o PSB a seu lado, quem sabe até com nome a vice na chapa, na campanha para o governo de São Paulo. Aécio sabe que numa campanha como esta os interesses regionais muitas vezes assumem caráter prioritário.

Ele mesmo é acusado de ter relegado a segundo plano as eleições presidenciais de Alckmin e Serra para tratar da sua eleição em Minas, aceitando a prática do voto Lulécio (Lula e Aécio) e mais adiante o Dilmasia (Dilma e Anastasia). Por isso, faz vista grossa às composições regionais que eventualmente possam prejudicar sua candidatura, mas trata de montar alianças na política paulista que impeçam sua "cristianização".

A seu favor estão sua capacidade de aglutinação e a necessidade de o governador Alckmin ter um palanque forte em São Paulo para combater a tentativa do PT de invadir seu território político com a candidatura do ministro Alexandre Padilha. Há também a possibilidade de Eduardo Campos ser impedido por acordos com o grupo de Marina Silva de fazer alianças em São Paulo, no Rio e em Brasília, estados onde a ex-senadora teve votações marcantes na eleição de 2010 e quer manter sua influência política.

Estaria em curso um acordo para que a Rede Sustentabilidade lance candidatos com o apoio do PSB nesses estados, o que impediria Campos de participar do mesmo palanque que o PSDB em São Paulo. Há ainda outra condição primordial para a criação de um ambiente propício à atuação competitiva da oposição: a união entre Campos e Aécio para uma eventual disputa do segundo turno.

Por isso, Aécio também não reage publicamente ao assédio que Campos vem fazendo não apenas ao PPS, mas também ao DEM, tentando especialmente o apoio do prefeito de Salvador, ACM Neto. Nesses casos, o trabalho tem que ser feito nos bastidores, como está sendo feito, garantindo até o momento a fidelidade do baiano.

Os dois mais relevantes candidatos oposicionistas trabalham nas mesmas áreas no mundo empresarial e financeiro, setores insatisfeitos com a atuação do governo Dilma, e também no mundo político, explorando as insatisfações de pequenos partidos com o relacionamento com o PT e com a própria presidente Dilma.

Inevitável que volta e meia tenham interesses semelhantes, e esses desencontros terão que ser bem administrados para que o trunfo de uma oposição unida, até então inexistente nas disputas presidenciais, não seja perdido.

Os pontos-chave
Em nenhuma das últimas três eleições presidenciais que perdeu para o PT, o PSDB conseguiu uma unidade formal tão antes do pleito quanto agora. Mas não quer dizer que estejam dadas todas as condições para a atuação unida em São Paulo

A favor de Aécio Neves estão sua capacidade de aglutinação e a necessidade de Alckmin ter palanque forte em SP para combater a tentativa do PT de invadir seu território político

Desencontros terão que ser bem administrados pelos dois mais relevantes candidatos oposicionistas

Fonte: O Globo

Dos três na disputa, um saiu-se melhor - Rosângela Bittar

Em 2013, candidato tornou-se irreversível e competitivo

Campanha antecipada, todos fazem. Quem está montado na máquina do governo faz mais fácil, mais forte, mais em tempo integral, com mais apoio e adesão automática, com mais dinheiro, inclusive público. O esforço é mínimo, e a transgressão legal permitida por multas irrisórias. Estão em campanha aberta à sucessão presidencial Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).

Dilma postula a reeleição e tem todas as condições expostas acima porque está no exercício do cargo, o apoio reforçado do ex-presidente hiper popular que a elegeu na primeira vez e está muito à frente dos demais nas pesquisas. Curioso, porém, como numa medição de resultados da corrida, em 2013, em ensaio de políticos sobre quem foi melhor ou pior durante o ano, as vantagens do cargo não foram capazes de dar-lhe o diploma antecipado de campeã.

A presidente Dilma fez campanha em período integral, visitou todas as regiões, entregou benefícios, inaugurou obras, diplomou alunos, foi a personagem do programa de TV do seu partido, convocou redes obrigatórias de emissoras de televisão para falar como presidente em várias oportunidades. Sempre com sua campanha reforçada pelo padrinho e alavancando outras candidaturas, como a do postulante do PT ao governo de São Paulo, ministro do seu time em duplo palanque, na máquina federal e nos eventos do Estado onde disputará. Campanha em 2013 como se a eleição fosse amanhã.

Sofreu um forte revés em junho, quando as manifestações populares contra a deficiência de serviços a identificaram com os problemas de má gestão dos programas e verbas públicos. Sua queda nas pesquisas de opinião foi vertiginosa, mas à época o seu publicitário, João Santana, anunciou que até dezembro ela teria recuperado os pontos perdidos. Não recuperou tudo, mas está acima de 40% na pesquisa induzida, o que é considerado ótimo para quem caiu tanto há tão pouco tempo.

O nó de sua candidatura, entretanto, continua sendo a sua vantagem: estar no cargo e fazer um mau governo, não conseguir superar os graves problemas da Saúde, da Educação e da Segurança, ainda em primeiro lugar nas queixas da população sobre os serviços públicos, agravados pelos dramas dos transportes coletivos que viraram símbolo das manifestações. Temor dos temores: a ação de vândalos acabar criando um clima negativo na Copa do Mundo, a ponto de dificultar a realização dos jogos.

A candidata reverteu a queda na intenção de voto, apesar da gestão, e ajudou seus ministros candidatos, como o que administra o setor pior avaliado, pela força da propaganda. Interessante será observar se só com tal recurso vai sustentar o crescimento de sua popularidade a ponto de vencer no primeiro turno. A última pesquisa Ibope, feita para a CNI aponta mais um contrassenso, o reflexo positivo da (má) gestão do governo sobre as intenções de voto na presidente, um efeito que ainda carece de investigação tendo em vista a insatisfação declarada com serviços cruciais para as famílias. Dilma fez um ano de discursos e de consolidação da aliança que lhe dá tempo recorde de propaganda gratuita na TV.

Aécio Neves demorou a entrar na disputa e, portanto, a reagir, mas não ficou de todo estacionado. Sua candidatura apareceu e assumiu lugar privilegiado no PSDB depois de patinar alguns meses enredado no ser ou não ser da indefinição interna, provocada pela pressão da candidatura do ex-governador José Serra. Muitos gostaram de seus programas partidários de TV, embora tenha demitido o marqueteiro no fim do ano. Visitou os Estados e recebeu o apoio do economista e ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, terminando o ano com a candidatura consolidada e com um provável chefe da economia, já com lançamento de diretrizes que sinalizam por que quer a Presidência.

Não é pouca coisa, inclusive porque é o único candidato que já apontou, neste ano, para quem precisa ver com segurança o que será da economia brasileira, quem vai comandá-la. No finalzinho de 2013 ainda pode comemorar o afastamento de Serra da disputa e a unidade partidária em torno do seu nome.

Faz-se obrigatório o registro: foi a candidatura Eduardo Campos que mais evoluiu politicamente em 2013. Desde a ação das bancadas do PSB no Senado e na Câmara nas votações às filiações mais importantes do ano, o partido de Campos atuou bem.

Logo no início a bancada de senadores votou unida contra Renan Calheiros para a presidência da Casa, marcando posição a favor da candidatura de Pedro Taques (PDT) e indicando que sua atuação política seria firme e clara.

Houve o enfrentamento da questão do projeto de lei que procurava atrapalhar o partido de Marina Silva, quando o senador Rodrigo Rollemberg entrou com mandato de segurança no Supremo Tribunal Federal. Foi derrotado juridicamente mas obteve vitória política que impediu o projeto de ser votado até o prazo final das filiações.

Eduardo passou um período terrível tendo que enfrentar o duríssimo assédio da máquina do governo federal e da cúpula do PT sobre os governadores do PSB, para que desistisse. A avaliação que se faz hoje é que as manifestações de junho demonstraram aos governadores que a avaliação de Eduardo estava certa, o que fortaleceu a candidatura própria. Nesse processo apenas o governador Cid Gomes (CE) desertou, mas sem causar nem sofrer traumas. Campos conduziu a saída do PSB do governo e promoveu o rompimento com o PT, com críticas à administração da qual participou, também sem conflitos.

As duas principais filiações do ano foram feitas pelo PSB, a da ex-senadora e ex-ministra Marina Silva, e, agora, na próxima quinta, a filiação da ex-corregedora de Justiça e ministra do STJ, Eliana Calmon, uma filiação expressiva que vai viabilizar um palanque importante na Bahia.

Dos partidos que não estavam previamente definidos, o que se posicionou formalmente em apoio a uma candidatura foi o PPS a Eduardo Campos.

O candidato do PSB chega ao fim do ano com 11, 13 ou 15 pontos, dependendo da pesquisa e da forma como se pergunta a preferência do eleitor, mas partiu de um patamar muito baixo: partido pequeno, desconhecido do Brasil, pressionado pelo lado mais forte da política, o governo, para desistir do projeto. Avançou, tornando-se um candidato competitivo e irreversível.

Fonte: Valor Econômico

Com jeito vai - Dora Kramer

Não adianta nada o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, tomar-se porta-voz do clima animoso no Congresso contra o Supremo Tribunal Federal dizendo que o STF extrapola suas atribuições ao se pronunciar sobre as doações de empresas para campanhas eleitorais.

Primeiro, porque se os votos dados até agora fossem em outra direção ele não diria isso. Na sua maioria oé parlamentares querem manter esse tipo de financiamento. Portanto, a tensão agora tem menos a ver com o conceito de usurpação de poder que com uma contestação ao mérito dos votos dos ministros.

Em segundo lugar, esse bate-boca é inútil porque o Supremo está apenas cumprindo seu papel. Se bem ou mal é outra história. O tribunal age quando provocado. Assim o foi pela Ordem dos Advogados do Brasil sobre a constitucionalidade de uma regra ique, ao juízo da entidade, fere o princípio da gualdade entre os cidadãos, cláusula pétrea da Carta.

O Congresso queria que o Supremo fizesse o quê? Dissesse que o exame de ações diretas de inconstitucionalidade não está entre as atribuições do tribunal encarregado do controle constitucional? Estaria no mínimo abrindo mão de suas prerrogativas.

Como, de resto, cansa cie fazer o Legislativo. Nesse ponto das doações, entretanto, ainda há tempo para se corrigir e desarmar no lugar de armar ainda mais os espíritos.

Há desde agosto na comissão especial da Câmara para examinar a reforma política proposta elaborada pelo deputado Alfredo Sirkis. Compacta, mas bastante capaz de construir o tão necessário meio-termo entre radicalismos.

A ideia é contemplar a média do pensamento da maioria no Parlamento. Dizia à época o deputado: "Nenhum partido tem força para emplacar nada. E preciso um grau de acomodação".

Tal composição seria nos seguintes termos: voto distrital misto; financiamento por pessoas físicas e jurídicas com limites estabelecidos pela Justiça Eleitoral; permissão para entidades civis organizarem comitês de arrecadação, com obrigação de divulgar valores e doadores em 72 horas após o recebimento.

Na propaganda eleitoral, o barateamento das campanhas: proíbam-se as grandes produções, afrouxem-se as regras dos debates para tomá-los mais interessantes e os candidatos que invistam no conteúdo para atrair o eleitor.

Como ponto de partida, um bom "programa mínimo", mas o Congresso precisa se mexer.

Abre-alas. Na nota em que José Serra defende a formalização da candidatura de Aécio Neves não há uma palavra sobre desistência ou persistência dele na candidatura presidencial.

Pelo jeito a intenção foi calar os que o apontam como o culpado de plantão pelas dificuldades do partido e desmentir a versão de que para ficar no PSDB teria exigido de Aécio um prazo até março.

Pedras de toque. O documento que o senador Aécio Neves apresentou ontem como esboço de um programa de governo aborda três questões especialmente problemáticas para o PT. Nelas, o tucano explicita o contraponto em relação ao governo.

1. A condenação aos ataques dos petistas ao STF atrairia a maioria da população que, consultada nas pesquisas, considera o julgamento do mensalão justo e apoia o rigor do ministro Joaquim Barbosa.

2. A posição contrária a leis que visem a regular o conteúdo produzido pelos meios de comunicação bate de frente com o chamado controle social da mídia e semeia simpatia entre os que repudiam tal proposta; imprensa, sobretudo.

3- Sobre a política econômica, "fala" a linguagem do empresariado ao criticar o excesso de intervenção estatal na economia, um traço ideológico da presidente Dil-ma com o qual o capital privado tem convivido mal.

Fonte: O Estado de S. Paulo

O jovem velho - Fernando Rodrigues

Aécio Neves pode até ser eleito presidente da República em outubro de 2014. Tudo pode. Mas sua campanha parece bem desconectada do momento pelo qual passa o eleitorado brasileiro.

Política é forma e conteúdo. O tucano tratou ontem de conteúdo. Listou 12 diretrizes do seu eventual programa de governo. Ética, meritocracia, educação, saúde, segurança pública, meio ambiente, credibilidade na economia e por aí vai. Nada ficou de fora, inclusive o desejo irrefreável de ocupar espaço no noticiário televisivo --o que os marqueteiros chamam de mídia espontânea.

Mas quantos votos o tucano ganhou com esse evento? Esse é o ponto. Em junho deste ano abriu-se uma espécie de "porta da esperança" para quem desejava desafiar as forças no poder. Os brasileiros foram às ruas. Protestaram mostrando uma insatisfação difusa, embora com um recorte muito claro: ninguém aguenta mais assistir a políticos engravatados falando sobre saúde e educação a partir de uma sala com ar-condicionado em Brasília.

Na política do século 21, a necessidade mais primária é conectar-se diretamente aos eleitores. Aparecer no "Jornal Nacional" é importante. Para chegar à Presidência da República pode ser pouco.

Também é postiço criar perfis pessoais em redes sociais e mandar assessores no seu lugar para dialogar com os internautas. Os milhares de eleitores conectados percebem. Quem não interage se isola.

Ontem, Aécio falou de suas 12 diretrizes para 2014 a partir de um palco cenográfico num auditório no Congresso. Nas cadeiras, apenas jornalistas, assessores e políticos. Em frente a um fundo de tom azul, ele foi fotografado em várias posições. Numa delas, abria os braços para a plateia. Manjada, ortodoxa (e antiga), a imagem até tem sua plasticidade. Só que talvez seja insuficiente para conectar o tucano aos votos que hoje não tem.

Fonte: Folha de S. Paulo

Breve história do caixa dois – Luiz Carlos Azedo

Desde o restabelecimento das eleições diretas para a Presidência da República, o caixa dois de campanha eleitoral é um fantasma que assombra a política nacional, pois sempre foi uma prática dos nossos políticos, cuja honestidade era medida pelo fato ou não de destinarem o dinheiro exclusivamente para a campanha e se aproveitarem dele para aumentar o patrimônio familiar. A origem do dinheiro muitas vezes era o superfaturamento de contratos ou o desvio de verbas públicas, num conluio entre agentes públicos e empresários. Não por acaso, nossos empreiteiros se tornaram os maiores financiadores de campanha do país.

Era a tradição, mas não havia vala comum entre políticos honestos e desonestos. Ulysses Guimarães, por exemplo, o líder da oposição, era um homem honesto. Dependia dos amigos para ter algumas mordomias, como viajar de helicóptero. Morreu num voo para Angra dos Reis, em companhia do amigo Severo Gomes, o político e empresário que mais o ajudava nas campanhas. Já o governador paulista Ademar de Barros notabilizou-se por meter a mão no dinheiro público com a maior cara de pau, a ponto de adotar o slogan "Rouba, mas faz!". Durante o regime militar, militantes da Var-Palmares, organização à qual pertenceu a presidente Dilma Rousseff, assaltaram a casa da amante de Ademar, em 18 de julho de 1969, e roubaram US$ 2,5 milhões para financiar a luta armada.

Com a volta das eleições diretas, as campanhas presidenciais se tornaram um negócio milionário. A campanha de Fernando Collor de Mello, em 1989 — no segundo turno, principalmente —, arrecadou milhões de empresários assustados com a possibilidade de o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser eleito. Foi nesse ambiente que o pequeno empresário alagoano Paulo Cesar Farias emergiu da campanha como o todo-poderoso dos negócios envolvendo o governo. Até que um irmão enciumado, Pedro Collor de Mello, pôs a boca no trombone. O resultado foi a CPI mista do PC Farias e a campanha de impeachment de Collor de Mello.

Assim, partiu do Congresso, e não de outra instituição, a iniciativa de pôr ordem nas campanhas eleitorais. O relatório da CPI mista dizia: "Abandonemos a hipocrisia, não contudo para permitir o domínio indiscriminado do poder econômico na formação da vontade política. Devemos impor parâmetros realistas, porém controle severo, para os que infringirem a lei. Assim estaremos não acabando a corrupção eleitoral, mas contribuindo para que a sociedade e a Justiça possam combatê-la". A inspiração veio do ex-presidente socialista francês François Mitterrand, autor do projeto de lei que regulamentou, na França, em 1988, o financiamento dos partidos e das campanhas eleitorais.

É que a Lei Eleitoral herdada do regime militar proibia a doação de empresas às campanhas eleitorais. O Congresso, porém, mudou as regras e tornou obrigatória a "publicização" das doações. A Lei Eleitoral de 1997 estabeleceu também limites para as doações de pessoas físicas (10% da renda no ano anterior) e de pessoa jurídica (2% do faturamento no ano anterior). Não se chegou a uma situação perfeita, mas a legislação atual tornou mais transparentes as relações entre os candidatos e os principais doadores: bancos, empreiteiras, siderúrgicas, empresas do setor elétrico, etc.

A celeuma sobre a Ação Penal 470, o chamado processo do mensalão, levou à pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) a ação direta de inconstitucionalidade (Adin) apresentada pela OAB que questiona as doações feitas por pessoas jurídicas às campanhas eleitorais. A tese vai ao encontro dos advogados de defesa dos réus, que negam a existência de desvios de recursos públicos no escândalo e atribuem a origem do dinheiro a empréstimos privados. Ou seja, o crime seria a existência de caixa dois, uma prática que seria ainda corriqueira. A tese foi rejeitada pela maioria dos ministros do STF, mas permanece no ar.

Eis que o presidente do STF, Joaquim Barbosa, decide pôr o assunto em pauta e a Corte ameaça jogar a criança fora com a água da bacia. O julgamento já está 4 a 0 a favor de acabar com doações de pessoas jurídicas, quiçá até de pessoas físicas, com adoção do financiamento público exclusivo, velha bandeira do PT. O problema, porém, não é apenas de mérito. Como estrila o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), segundo a Constituição (artigo 22, I), o Congresso tem "competência privativa" — indelegável, portanto — para legislar sobre direito eleitoral. Essa competência obedece ao princípio da anualidade, pelo qual a lei que alterar a regra do jogo da eleição deve estar em vigor um ano antes do pleito. Isso se aplicaria também ao Judiciário quando "invade" a competência legislativa do Congresso? Segundo o ex-presidente do STF Sepúlveda Pertence, "o princípio da anualidade deve proteger o sistema eleitoral — os partidos, os candidatos e principalmente o cidadão, eleitor — de "viradas jurisprudenciais", que alteram a regra do jogo da eleição a menos de um ano do pleito."

Fonte: Correio Braziliense