sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Opinião do dia: Aécio Neves

O PT ultrapassou todos os limites na utilização do Estado brasileiro em benefício ao seu projeto de poder. É inaceitável. Primeiro, foi a Petrobras, agora os Correios, onde vamos parar?

Aécio Neves, senador(MG) e candidato a presidente da República, em entrevista no Rio de Janeiro, 2 de setembro de 2014.

Aécio empata com Marina na briga para enfrentar Dilma no 2º turno

• Petista é líder isolada com 40% das intenções de voto e venceria qualquer adversário num embate final, diz Datafolha

• Levantamento do Ibope divulgado nesta quinta indica a possibilidade de vitória da petista já no primeiro turno

Ricardo Mendonça – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A disputa pela Presidência da República deverá chegar à fase final do primeiro turno com uma briga extremamente acirrada entre Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB).

O senador tucano conseguiu empatar com a ex-ministra do Meio Ambiente na disputa pelo segundo lugar.

Pesquisa Datafolha concluída nesta quinta (2) mostra Marina com 24% das intenções totais de voto e Aécio, com 21%. Como a margem de erro do estudo é de dois pontos para mais ou para menos, a situação é de empate técnico entre os dois postulantes.

A presidente Dilma Rousseff (PT) lidera isolada o primeiro turno com 40% --o mesmo patamar dos dois últimos levantamentos.

Atacada pelos rivais, com menos tempo de TV, dificuldades para explicar mudanças em seu programa e declarações contraditórias sobre a CPMF (o imposto do cheque), Marina cai ou oscila para baixo pesquisa após pesquisa desde o início de setembro.

No mesmo período, ocorreu o oposto com Aécio. Embora também tenha cometido erros e tenha sido atacado, ele variou positivamente pela quinta vez consecutiva.

A vantagem de Marina sobre o tucano chegou a ser de 20 pontos. Hoje é de 3 pontos.

Juntos, os outros candidatos somam 4% das intenções de voto. Brancos e nulos são 5%, indecisos são outros 5%.

Em votos válidos (conta que descarta brancos e nulos), o placar do primeiro turno na pesquisa Datafolha é Dilma com 45%, Marina com 27% e Aécio com 24%.

Nos testes de segundo turno, a presidente vence tanto Marina quanto Aécio com o mesmo resultado: 48% a 41%.

O levantamento mostra Dilma líder nas cinco regiões do país. No Sudeste, área com a maior concentração de eleitores, ela tem 32% (dois pontos a mais que no levantamento anterior), contra 28% de Marina e 26% de Aécio.

No Nordeste e no Norte, sua vantagem é folgada: 55% e 48%, respectivamente.

No Sul, Dilma alcança 38%, 10 pontos a mais que Aécio, 21 a mais que Marina. No Centro-oeste, a dianteira é um pouco mais apertada: 35% contra 28% da pessebista e 26% do tucano.

O Datafolha ouviu 12.022 eleitores na quarta e na quinta por encomenda da Folha em parceria com a TV Globo.

Com pequenas diferenças em relação aos dados do Datafolha --todas coerentes com as margens de erro--, um levantamento do Ibope também divulgado nesta quinta sugere outra grande indefinição nessa reta final da campanha: a possibilidade de Dilma vencer no primeiro turno.

Para isso, ela precisa ter mais de 50% do votos válidos.

Conforme o Ibope, a petista tem 40% dos votos totais; Marina tem 24%; Aécio, 19%.

O campo foi entre 29 de setembro e 1º de outubro, a margem de erro é de dois pontos.

Como o Ibope detecta totais ligeiramente maiores de branco ou nulo e indecisos (8% e 5%), Dilma alcança 47% dos votos válidos na simulação do instituto. Estaria, portanto, a 3 pontos de concluir a eleição no domingo.

Bolsa
A Bolsa conseguiu recuperar parte das perdas registradas após três sessões seguidas de queda e subir nesta quinta-feira. O Ibovespa subiu 1,25%, a 53.518 pontos ""após alternar vários momentos de alta e baixa no dia.

No mercado cambial, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o dia com queda de 0,14%, a R$ 2,484. O dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 0,28%, a R$ 2,492.

Desde o início da campanha eleitoral, o mercado financeiro tem reagido aos resultados das pesquisas eleitorais, subindo quando a oposição tem bom desempenho e caindo quando Dilma aparece melhor.

Analistas afirmam que investidores e operadores do mercado enxergam com bons olhos a possibilidade de mudança de gestão nas estatais, pois consideram a atual administração excessivamente intervencionista.

Ibope: Dilma, 40%, Marina, 24% e Aécio, 18%

• Candidata à reeleição é a escolhida por 40% dos entrevistados; Marina oscila 1 ponto para baixo e Aécio mantém os 19%

Daniel Bramatti e José Roberto de Toledo - O Estado de S. Paulo

Na reta final da campanha, Marina Silva (PSB) voltou a oscilar para baixo e reduziu sua vantagem em relação a Aécio Neves (PSDB), com quem disputa uma vaga no segundo turno. Já a presidente Dilma Rousseff (PT) ampliou sua vantagem em relação à principal adversária e chegou a 47% dos votos válidos, de acordo com levantamento do Ibope divulgado nesta quinta-feira, 2.

Em dois dias, segundo o Ibope, Dilma oscilou positivamente dois pontos porcentuais no universo dos votos válidos - quando se excluem os brancos e nulos e os eleitores indecisos. Marina variou de 29% para 28%, e Aécio permaneceu com os 22% da pesquisa anterior. Nos votos totais, incluindo brancos, nulos e indecisos, o placar é de 40%, 24% e 19%, respectivamente.

Em um eventual confronto entre Dilma e Marina no 2.º turno, a petista venceria por 43% a 36%. Com esses sete pontos porcentuais de vantagem, a presidente conseguiu sair do empate técnico com a adversária - o resultado anterior do Ibope era de 42% a 38%. Em um 2.º turno contra Aécio, Dilma teria vitória folgada se a eleição fosse hoje: 46% a 33%.

Desde 15 de setembro, a taxa de votos válidos em Dilma subiu a cada pesquisa Ibope (42%, 43%, 45% e agora 47%), o que reabre a possibilidade de uma vitória no 1.º turno. Para que isso ocorra, ela precisará de pelo menos 50% dos votos válidos (maioria absoluta) no domingo. Em 2010, quando concorreu pela primeira vez, a petista não passou dos 47% na 1.ª votação.

Queda geral. A tendência de queda de Marina se verifica em todos os setores. Até o início da semana, ela liderava isoladamente em um único segmento, o dos evangélicos. A pesquisa desta quinta mostrou que Dilma a alcançou nesse eleitorado - as duas estão empatadas na faixa dos 33%.

Considerando-se os votos totais, Dilma subiu cinco pontos porcentuais no Nordeste, seu principal reduto. Lá, ela tem 54% das intenções de voto. Marina vem a seguir, com 24%, e Aécio aparece com apenas 7%.
No Sudeste, região que concentra quatro em cada dez eleitores, a presidente apenas oscilou para cima, de 30% para 32%, mas saiu do empate técnico com a candidata do PSB, que passou de 27% para 25%. Aécio, por sua vez, manteve-se com 23%, apesar de ter concentrado os eventos de campanha em São Paulo e Minas.

A única região em que o tucano está à frente da candidata do PSB é a Sul (27% a 17%). No Nordeste, Aécio patina: tinha 10% na pesquisa anterior, mas agora voltou a um único dígito: 7%.

O Ibope ouviu 3.010 eleitores entre os dias 29 de setembro e 1º de outubro. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. Isso significa que, em 100 pesquisas feitas com a mesma metodologia, 95 terão resultados dentro da margem de erro prevista pelo instituto.

O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-00942/2014.

Adversário de Dilma no 2º turno está indefinido

Aécio se aproxima de Marina

• Datafolha indica empate técnico; no Ibope, vantagem da ex-senadora é de 5 pontos. Dilma lidera

Silvia Amorim e Tiago Dantas – O Globo

SÃO PAULO - Uma nova rodada de pesquisas de intenção de votos divulgada ontem mostrou que a diferença entre os presidenciáveis Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) caiu ainda mais esta semana. No levantamento do Instituto Datafolha, o intervalo entre os dois passou de cinco para três pontos percentuais desde terça-feira. No Ibope, a diferença era de seis pontos e passou para cinco no mesmo período. A presidente Dilma Rousseff (PT) segue na liderança em ambas as sondagens eleitorais, com 40%. Na soma dos votos válidos, ela tem 45% e 47%, respectivamente, no Datafolha e no Ibope. Para uma vitória no primeiro turno, é preciso que o candidato tenha mais de 50% dos votos válidos.

No Datafolha, Marina oscilou negativamente de 25% para 24% em comparação ao levantamento de terça-feira passada, enquanto Aécio oscilou positivamente de 20% para 21%. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, os dois estão empatados tecnicamente. É a segunda vez, depois da primeira pesquisa realizada após a morte do então presidenciável Eduardo Campos (PSB), que Aécio e Marina aparecem empatados. Na outra vez, em 16 de agosto, Marina aparecia com 21% e o tucano com 20%.

Dilma manteve os 40%, e os demais candidatos somaram 4%. Votos em branco e nulos continuaram em 5%, mesmo patamar dos indecisos.

Presidente vence também no segundo turno
Na simulação de segundo turno, Dilma vence os dois oponentes pelo mesmo placar: 48% a 41%. Em comparação com a pesquisa anterior, a presidente oscilou para baixo, enquanto o tucano e a ex-senadora não tiveram alteração nas intenções de voto. Com Marina, Dilma tinha 49% contra 41%. Com Aécio, ela havia registrado 50% contra 41%.

No Ibope, Dilma oscilou um ponto para cima - de 39% para 40% - , Marina oscilou um ponto para baixo - de 25% para 24% - e Aécio manteve a intenção de voto de 19%. Luciana Genro (PSOL) e Pastor Everaldo (PSC) aparecem com 1%. Somados, os candidatos Eduardo Jorge (PV), Zé Maria (PSTU), Rui Costa Pimenta (PCO), Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB) e Mauro Iasi (PCB) têm 1%. Votos brancos e nulos somaram 8%. Os eleitores que não sabem ou não responderam representaram 7%.

No segundo turno, o Ibope mostra um descolamento entre Dilma e Marina. Na terça-feira passada, elas estavam empatadas tecnicamente, com Dilma numericamente à frente - 42% a 38%. A margem de erro da pesquisa também é de dois pontos. Agora, a vantagem para a presidente subiu para sete pontos, tirando-a do empate - 43% a 36%. Com Aécio, o cenário era de 45% a 35% no levantamento anterior e agora é de 46% a 33%. Em uma simulação entre Marina e Aécio, a ex-ministra do Meio Ambiente venceria por 38% a 33%.

O Ibope mostrou que Dilma subiu cinco pontos no Nordeste, de 49% para 54% das intenções de voto. Na região, Marina foi de 25% para 24% e Aécio perdeu três pontos, de 10% para 7%.

No Sudeste, Dilma oscilou de 30% para 32%, dentro da margem de erro de dois pontos, enquanto Marina foi de 27% para 25%. Aécio se manteve com 23% na região que tem o maior número de eleitores no país.

No Sul, Dilma caiu três pontos, e agora tem 37%. Marina subiu de 16% para 25%, recuperando patamar que tinha na pesquisa divulgada semana passada. Aécio oscilou dois pontos negativamente entre os eleitores de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, indo de 25% para 23% das intenções de voto.

Nos estados do Norte e do Centro-Oeste do país, a presidente caiu de 44 para 41, enquanto Marina manteve-se estável em 27% e o tucano recuou de 21% para 16%.

O Ibope ouviu 3.010 eleitores entre os dias 29 de setembro e 1º de outubro em pesquisa encomendada pelo jornal "O Estado de S.Paulo". A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, e o nível de confiança é de 95%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-00942/2014.

A pesquisa Datafolha foi contratada pelo jornal "Folha de S.Paulo" e pela TV Globo e foi registrada no TSE com o número BR-00933/2014. Foram 12.148 entrevistados entre 1 e 2 de setembro.

Escândalo na Petrobras domina útimo debate antes do 1º turno

Aécio e Marina questionam Dilma sobre desempenho da economia e desvios na estatal. Petista diz que 'todo mundo pode cometer corrupção', e rebate ataques citando privatizações no governo tucano e corrupção no Ibama quando a candidata do PSB era ministra. Levy Fidelix protagoniza bate-boca com Eduardo Jorge e Luciana Genro

Corrupção na Petrobras e condução da política econômica esquentam debate 'olho no olho'

• Dilma foi alvo de rivais por conta dos escândalos em série na estatal; polêmica sobre união homoafetiva voltou à tona

O Globo

RIO - No último e decisivo debate presidencial do primeiro turno da campanha, exibido nesta quinta-feira à noite pela TV Globo, a presidente do PT, Dilma Rousseff, candidata à reeleição, entrou na mira dos adversários. A munição: corrupção envolvendo seu governo e a suposta utilização dos Correios em sua campanha eleitoral. Logo no primeiro bloco, com tema livre, a candidata Luciana Genro (PSOL) perguntou se as denúncias envolvendo o ex-diretor Paulo Roberto Costa, solto na quarta-feira, depois de beneficiado pelo instituto da delação premiada, não seriam resultado das alianças de seu governo. A presidente retrucou, em alguns momentos lendo números na pasta que carregava, destacando as medidas contra corrupção que tomou em sua gestão. E voltou a dizer que demitiu Paulo Roberto.

- Não acho que sejam alianças que definam corruptos, corruptos há em todo lugar. A abertura a todas as atividades de investigação é característica do meu governo. Não acredito que ninguém esteja acima de corrupção. Acho que todo mundo pode cometer corrupção - disse a presidente, que, na primeira fala, disse que, se dependesse dela, o debate seria propositivo.

O tema voltou em seguida, na pergunta que o Pastor Everaldo escolheu fazer ao tucano Aécio Neves, com quem tentou criar uma espécie de dobradinha contra a candidata do PT. Foi de Everaldo a pergunta sobre o uso dos Correios na campanha petista, estatal que foi “a origem do mensalão”. Aécio atacou a adversária.

— É vergonhoso o que vem acontecendo nas nossas empresas públicas. A Petrobras deixou há muito tempo as páginas de economia para, diariamente, nos surpreender nas páginas policiais. Agora, os centenários Correios estão a serviço de uma candidatura e de um partido político em Minas Gerais. Quem diz isso não sou eu. É uma gravação de uma das principais lideranças do PT em Minas, que diz: se o PT hoje apresenta determinados índices nas pesquisas eleitorais, isso se deve ao dedo do PT nos Correios. Fomos descobrir que grande parte das correspondências enviada por nós não chegou aos destinatários. Por isso, tenho defendido a candidatura de Pimenta da Veiga porque não quero que as empresas públicas de Minas, como de todas do Brasil, não caiam nas mãos daqueles que as utilizam para fazer negócios — disse o tucano, afirmando sentir “indignação”, ao ver o estado brasileiro “a serviço de um projeto de poder”.

A questão da corrupção voltou no início do segundo bloco: o tema foi sorteado pelo apresentador William Bonner. O candidato Eduardo Jorge (PV), sorteado para perguntar a Dilma, tentou mudar o assunto para o posicionamento da presidente em relação ao aborto. A candidata do PT preferiu voltar ao tema sorteado. E leu o depoimento de Paulo Roberto Costa, de 10 de junho deste ano. Em que ele diz que foi ao gabinete do ministro de Minas e Energia (Edison Lobão), que teria pedido a ele a carta de demissão. A candidata disse que é “má -fé” dizer que o governo nada fez para que o ex-diretor fosse demitido.

- Tem gente que usa o discurso do combate à corrupção para fortalecer a Petrobras, outras para enfraquecer e querer sua privatização.

Privatização de estatais
Privatização foi o tema escolhido por Dilma, ao ser sorteada para perguntar sobre as políticas públicas para as estatais. A presidente afirmou que o tucano defendera políticas de privatização. E perguntou se ele iria privatizar a Petrobras e os bancos públicos.

- Não é a melhor forma de tratar um grupo que assaltou a nossa maior empresa pública (a Petrobras). ( Paulo Roberto) Foi com esse documento (uma ata) para casa e depois para a cadeia. E nós (o PSDB) privatizamos setores que precisavam ser privatizados. Imagina a Embraer nas mãos do PT. Fizemos privatização dos setores importantes porque eram necessárias. No meu governo, a Petrobras será devolvida ao Brasil e com uma gestão que a engrandeça. Os bancos públicos não serão cabides de empregos para aliados - devolveu Aécio.

A candidata do PT afirmou que os tucanos entregaram a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil em “situação precária”:

- Acho estranho que o senhor trate com tanta leveza a questão da privatização. Foi num governo do senhor que um funcionário disse que estavam tratando (a questão das privatizações) no limite da irresponsabilidade - disse ela.

O debate esquentou, quando Aécio, na réplica, afirmou que “o povo está indignado com o que seu partido (de Dilma) fez com nossa empresa. Entregaram a estatal (Petrobras) a uma quadrilha. Esse é o lado perverso do aparelhamento, que é a pior marca do governo do PT.

O tucano chegou a demonstrar uma rara solidariedade a Marina Silva — a quem atacaria em seguida — dizendo que há um “vale tudo de acusações sem sentido e absurdas, como a que vem recebendo a candidata Marina todos os dias”. Nas contas do tucano, os desvios da Petrobras dariam para financiar 420 mil bolsas família.

Ainda no primeiro bloco, o clima do debate também refletiu o momento acirrado da disputa, em que Marina e Aécio disputam ponto a ponto quem chegará ao segundo turno contra Dilma. O tucano fez referência à ação que a adversária ajuizou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a exploração do fato de que Marina, a despeito de defender a “nova política” estava no PT na época do mensalão.

- Vossa Excelência também estava no partido quando houve o mensalão. Pessoas que cometem erros, como é o caso do mensalão do PT e do PSDB, existem. Saí do PT para manter a minha coerência. Não vi o senhor sair do PSDB - e completou:

- O senhor disse que fui atacado pelo PT. Também fui atacado pelo senhor, que pela primeira vez na história do país se une ao PT para me atacar. Se alguns de seus aliados perderem eleição o senhor vai chamá-los de velha política?

A autonomia do Banco Central, tema discutido com frequência na campanha, foi tema de embate entre Dilma e Marina Silva. A candidata do PSB disse que, em 2010, Dilma defendia a autonomia do Banco Central. E que mudou sua posição na eleição deste ano — uma estratégia para devolver à candidata do PT a pecha de que muda de opinião conforme as circunstâncias.

- Qual Dilma que está falando agora? A que está usando o discurso da eleição ou a que tem uma convicção?

Dilma afirmou que Marina confunde autonomia com independência.

- Independência só são para os poderes. Independência (do BC) é dar um quarto poder para os bancos. Sempre defendi autonomia, sempre me acusam de não respeitá-la. Eu respeito. A autonomia tem que ser opção que os governos fazem em defesa de uma política de combate à inflação. Sugiro que a senhora leia o que escreveram sobre seu programa.

Dilma e Aécio protagonizaram vários confrontos, muitas vezes discutindo o legado dos governos de Fernando Henrique Cardoso - presente na plateia e aplaudido ao ser citado por Aécio - e Lula. Inflação e Bolsa Família foram citados várias vezes. Ficou clara a disputa sobre a paternidade do Bolsa Família. Dilma lembrou que, em seu governo, o programa beneficia 56 milhões de pessoas, e no governo tucano eram 5 milhões. Marina prometeu dar 13º salário aos beneficiários do programa, sem dizer quanto isso custaria ao Estado. Dilma criticou a política econômica do governo tucano e a taxa de desemprego no período. Aécio afirmou que Dilma falou “uma pérola" ao dizer que a inflação está sob controle.

Corrupção toma conta de último debate na TV

• Os três candidatos mais bem colocados trocam críticas e acusações em questões sobre irregularidades na Petrobrás, mensalão federal e mineiro, aprovação da reeleição, além de privatizações, autonomia do Banco Central e políticas econômicas e sociais

Eduardo Kattah, Luciana Nunes Leal, Felipe Werneck, Clarissa Thomé e Mariana Sallowicz-
O Estado de S. Paulo

O último debate entre presidenciáveis antes da votação do 1.º turno, na TV Globo, foi marcado pela predominância do tema corrupção. Nesta quinta-feira, os principais candidatos - Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) - protagonizaram embates diretos e ríspidos.

O formato do debate, mediado pelo jornalista William Bonner, favorecia o confronto direto entre os candidatos, que no momento das perguntas ou respostas ficavam de pé, frente a frente. Já no primeiro bloco, Marina e Aécio deram indicação do grau de acirramento da campanha e fizeram um duro duelo.

O tucano escolheu a adversária do PSB e lembrou de sua ligação no passado com o PT. “A senhora era desse partido”, destacou o candidato do PSDB.

A ex-ministra do governo Lula foi categórica na resposta, citando a denúncia de compra de votos para a aprovação da emenda da reeleição no Congresso durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cabo eleitoral de Aécio. “A nova política estava na postura de que mesmo estando em um partido, nunca se rendeu aquilo que é ilícito e ilegal, como é o caso de mensalão. Você também esteve no partido que começou o mensalão, que foi a compra da reeleição. E você mesmo continuou no partido. Pessoas boas existem em todos partidos, e pessoas que cometem erros, como nos mensalões do PT e do PSDB, também existem”, afirmou.

Aécio também instigou Marina ao citar sua proposta de governar com quadros e não com partidos. 

“Tenho dúvida sobre seu conceitos de bons”, disse o tucano, relacionando, sem citar nomes, indicações de Marina para o Ministério do Meio Ambiente. Segundo ele, cargos importantes na estrutura da pasta foram ocupados por petistas derrotados nas urnas. “Nada mais velho na política do que nomear para cargos públicos aqueles que perderam nas urnas”, concluiu Aécio.

“Em primeiro lugar, você falou que eu fui atacada injustamente pelo PT, e também fui atacada injustamente por seu partido. Pela primeira vez na história desse País os dois se juntaram para atacar uma pessoa. Existem pessoas honradas e sérias em todos os partidos, inclusive no seu, e você vai chamar de velha política?”, reagiu Marina.

Petrobrás e Correios. Antes, respondendo à pergunta de Luciana Genro (PSOL) sobre corrupção, que abriu o debate, Dilma voltou a sustentar que demitiu o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa.

Pastor Everaldo, que manteve uma espécie de tática de “dobradinha” com o candidato do PSDB, questionou Aécio sobre suspeitas de uso eleitoral dos Correios e as denúncias envolvendo a Petrobrás. 

“É vergonhoso o que vem acontecendo no governo, a Petrobrás deixou as páginas de economia para as páginas policiais. Os Correios, centenário, está a serviço da candidatura do PT em Minas Gerais, quem disse isso foi uma liderança do Partido dos Trabalhadores. 

Boa parte da correspondência enviada por nós não chegou aos destinatários”, aproveitou o tucano, que manteve a artilharia contra a adversária do PT: “Dilma disse que demitiu o diretor Paulo Roberto da Costa, mas a ata da Petrobrás disse que ele renunciou. Além disso, ele recebeu elogios por sua atuação. Este senhor está sendo obrigado a devolver R$ 70 milhões roubados da Petrobrás.”

Privatizações. Em três oportunidades, Dilma escolheu Aécio para responder suas perguntas. No segundo bloco, a petista optou pelo tucano antes mesmo de o mediador sortear o tema da pergunta. O mediador se desculpou pela confusão e pegou o papel sobre as estatais. A petista questionou o tucano sobre discursos dele, como líder do PSDB no Senado, a respeito da hipótese de se privatizar a Petrobrás. Aécio preferiu retomar a discussão sobre a demissão do ex-diretor da petrolífera.

“Fizemos privatizações em setores que eram necessários. No nosso governo, a Petrobrás vai ser devolvida aos brasileiros”, disse o tucano, que depois, ao debater com Eduardo Jorge, agradeceu a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na plateia e foi aplaudido.

Quando estiveram frente a frente, Dilma e Marina trocaram ironias mesmo após o tempo previsto para a discussão entre as duas já ter se esgotado.

A candidata do PSB questionou a petista sobre o fato de ela não ter entregue o programa de governo.

 A petista levantou dúvidas sobre a capacidade da adversária de governar o País. Marina, então, voltou ao tema corrupção, dizendo que houve uma “demissão premiada” de Paulo Roberto Costa. Dilma rebateu: “O seu diretor, nomeado por você, de fiscalização do Ibama, foi afastado pelo meu governo por desvio de recursos. E nem por isso eu saio por aí dizendo que você sabia da corrupção. Sejamos honestas.”

No momento mais tenso do debate, Luciana Genro questionou Aécio sobre o mensalão mineiro, “a origem do mensalão” e disse que “a privataria tucana foi o início da privatização”. O tucano acusou a adversária de fazer um “ espetáculo sem a menor conexão com a realidade”.

“Quem não tem conexão com a realidade é você”, respondeu a candidata do PSOL. “Tu é tão fanático das privatizações e corrupção que você chegou a ponto de fazer um aeroporto com dinheiro público e entregou as chaves para o seu tio.”. Os candidatos reagiram com dedos em riste. “Não seja leviana”, acusou Aécio.

Bolsa Família. Marina, na sua primeira oportunidade de perguntar, tratou de programas sociais e reafirmou o compromisso de manter o Bolsa Família. Ela também prometeu criar o 13.º salário para o programa - algo que não consta de seu plano de governo. “A minha proposta em relação aos programas sociais é que eles devem ser estendidos para alcançar a maior parte da população que não foi alcançada. Propomos dar o 13.º salário para aquelas pessoas que vivem do Bolsa Família.”

Blindagem falha, e candidatos se expõem em último debate

• Indefinição sobre rumos da eleição aumentou o nervosismo entre os presidenciáveis; houve mais erros, mais naturalidade e mais humor

Julia Duailibi – O Estado de S. Paulo

A incerteza a respeito da eleição de domingo deixou os nervos à flor da pele no debate entre os presidenciáveis, ontem, na Globo. Diferentemente dos anos anteriores, quando o confronto se dava com um segundo turno quase definido, o encontro de ontem valia pontos na corrida para se manter na próxima etapa da eleição. Tensos, os candidatos mostraram a cara, e o controle dos marqueteiros sobre seus personagens não foi tão eficaz. Houve mais erros, mais naturalidade e mais humor – o novo formato, no qual os adversários ficavam sentados e tinham que levantar nas perguntas e respostas, também deixou o jogo mais maleável.

Dos três principais colocados, Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) foram as que mais se expuseram. Num momento raro de exaltação em cadeia nacional, protagonizaram um bate boca acalorado para além do tempo previsto de suas respostas. William Bonner teve de intervir. Na luta por um lugar no segundo turno, Marina e Aécio foram para o embate e conseguiram colocar no ringue a candidata à reeleição, que deveria ter tido uma participação mais serena, típica de quem lidera o jogo.

Não adiantou Dilma vestir um rosa claro, que tentava suavizar sua expressão e seu andar grave. O tom pastel contrastava com o mau humor e contrariedade diante dos ataques dos adversários. Parecia que a qualquer momento ela levantaria da poltroninha para dar uma bronca nos adversários e em Bonner, que não a concedeu um direito de resposta merecido quando foi acusada de defender grupos terroristas.

O amarelo forte do terno de Marina também não diminuiu a imagem apática da candidata, que já havia sido fraca no debate da Record, no domingo passado. Mais uma vez Marina parecia acuada, impressão agravada pela rouquidão da voz. Ela errou (chegou a dizer que o governo Dilma teve o “melhor” índice de demarcação de terras indígenas) e quase perdeu o controle no embate com a candidata à reeleição.

Aécio também teve momentos de leve exaltação e chegou a levar uma bronca de Luciana Genro (PSOL), que mandou o tucano baixar o dedo para falar com ela. Mas, no geral, o tucano foi o mais disciplinado. Fugiu pouco do script que tinha que seguir: o de antipetista experiente e firme nas colocações. Demonstrou certa frieza, o que foi bom diante da exaltação no campo adversário. Curiosamente, foi o único a elogiar o padrinho político, FHC, que estava na plateia. Jogou para o eleitor tucano, que flertou com Marina nessas eleições.

Dos nanicos, Luciana Genro e Eduardo Jorge (PV) foram eficientes ao expor para o seu público bandeiras de seus partidos. Já o Pastor Everaldo fez uma dobradinha constrangedora com Aécio. Faltou ensaiar a abordagem de assuntos para além do interesse da pauta tucana – quando instado a fazer uma pergunta sobre previdência não soube o que formular.

Ruim mesmo foi Levy Fidelix (PRTB), que perdeu a chance de pedir desculpas pelas declarações homofóbicas, intolerantes e grosseiras do debate da Record. De um partido que serve muitas vezes de trampolim para outras candidaturas e que vive de recursos do erário, ele já não era um candidato para ser levado a sério. Agora nem as piadas têm mais graça.

Dilma, Marina e Aécio fazem debate mais tenso da campanha

• Tucano usou corrupção na Petrobras e suspeitas de uso eleitoral dos Correios para atacar presidente, que reagiu associando adversário às privatizações do governo FHC

• Após menção a sua ligação com o PT, candidata do PSB disse que mensalão começou com PSDB em Minas

Andréia Sadi, Catia Seabra, Daniela Lima, Marina Dias e Ranier Bragon – Folha de S. Paulo

RIO e BRASÍLIA - Os três candidatos que lideram a corrida presidencial se atacaram mutuamente em todos os blocos do quinto e último debate antes do primeiro turno das eleições, realizado na noite desta quinta-feira (2) pela TV Globo.

O evento, o mais acirrado e tenso da atual disputa, durou duas horas e meia e foi realizado horas após o Datafolha apontar o acirramento da busca por uma vaga no segundo turno entre Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB).

Um dos principais momentos de tensão ocorreu quando a presidente Dilma Rousseff (PT), que concorre à reeleição, prolongou uma discussão sobre corrupção com Marina. As duas trocaram acusações depois que os microfones já estavam desligados e o tempo, esgotado.

Empatado com Marina na disputa pelo segundo lugar, Aécio Neves (PSDB) explorou o escândalo de corrupção na Petrobras e mirou tanto em Dilma quanto em Marina.

A candidata do PSB, que por um longo tempo esteve bem a frente de Aécio nas pesquisas, anunciou uma nova promessa, a três dias da eleição, a de pagar um 13º aos beneficiários do Bolsa Família.

Acusada pelo PT de representar uma ameaça à continuidade do programa, que é o carro-chefe da política social do governo, Marina repetiu a mesma estratégia adotada quatro anos antes, também em um debate, pelo então presidenciável tucano José Serra.

A candidata do PSB resistia a apresentar essa proposta agora, às vésperas do primeiro turno, segundo apurou a Folha. Mas ficou sem opção devido à ameaça de perder a vaga no segundo turno para Aécio, segundo assessores.

"Não tem coisa pior que chegar no Natal sem ter como sequer dar uma ceia para o seu filho", disse Marina.

Mensalão
Já no primeiro bloco do evento Aécio e Marina se confrontaram diretamente. O tucano lembrou que Marina era do PT durante o escândalo do mensalão e que em sua gestão no governo Lula empregou derrotados nas urnas.

Marina rebateu dizendo que o mensalão começou a ser gestado em Minas Gerais, durante campanha do PSDB.

E arrematou: "Você falou que eu fui atacada injustamente pelo PT. Eu também fui atacada injustamente por Vossa Excelência, que pela primeira vez na história desse país se uniu com o PT para tentar me desconstituir".

Marina usava broche com o número de sua candidatura, 40. Segundo o Datafolha, seus eleitores são os que menos conhecem seu número.

Dilma foi questionada pelos adversários principalmente sobre suspeitas de corrupção na Petrobras. Preso, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa acusou uma dúzia de políticos de receberem propina de empresas com negócios na Petrobras.

"Acho que corruptos há em todos os lugares, o que é necessário é que as instituições sejam capazes de investigar. [...] E quero dizer uma coisa, não acredito que tenha alguém acima de corrupção. Acho que todo mundo pode cometer corrupção, as instituições é que têm que ser virtuosas e impedirem que isso ocorra", disse a presidente.

Aécio foi o que mais tempo dedicou ao assunto, afirmando que Dilma tratou com leniência Costa, que recebeu elogios na ata da Petrobras que registra sua saída do cargo. Dilma rebateu afirmando que o próprio Costa reconheceu, em depoimento no Congresso, que foi instado pelo governo a pedir demissão.

"Vocês entregaram a nossa maior empresa, e isso quem diz é a Polícia Federal, a uma quadrilha, a uma organização criminosa que lá se instalou. O diretor está preso. Esse é o lado perverso do aparelhamento da máquina pública, a pior marca do governo do PT", disse o tucano.

Marina afirmou que Dilma patrocinou uma "demissão premiada" ao ex-diretor, em referência à delação premiada que ele negociou com o o Ministério Público.

Aécio também explorou a acusação de que a campanha de Dilma tem usado os Correios de forma irregular em sua campanha, na distribuição de material de propaganda. A estatal nega, afirmando que faz o serviço para políticos de vários partidos.

No primeiro momento em que partiu para a ofensiva contra um dos adversários, Dilma escolheu Aécio e falou sobre o tema das privatizações, que os petistas usaram contra os tucanos em campanhas eleitorais anteriores.

Aécio defendeu as privatizações do governo FHC (1995-2002) e puxou aplausos para o ex-presidente, que estava presente na plateia da Globo.

Na campanha deste ano, Aécio abandonou a tática adotada pelos tucanos nas eleições presidenciais de 2002, 2006 e 2010, quando os candidatos do partido deram a FHC e seu governo papel secundário por temer desgaste.

Marina e Aécio se atacam em debate na Globo

César Felício - Valor Econômico

SÃO PAULO - No último debate antes da realização do primeiro turno no domingo, os candidatos à Presidência Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) trocaram ataques logo no primeiro bloco do encontro promovido, ontem à noite, pela Rede Globo. Conforme apontado por pesquisas Ibope e Datafolha, Marina e Aécio disputam voto a voto, na reta final, a vaga em um provável segundo turno contra a presidente Dilma Rousseff (PT), que lidera a corrida ao Planalto.

A corrupção foi o primeiro tema a ser tratado no debate. Confrontada pela candidata Luciana Genro (PSOL) sobre os casos de irregularidades na Petrobras, a presidente Dilma Rousseff afirmou que demitiu o ex-diretor de abastecimento, Paulo Roberto Costa. "Corruptos estão em todos os lugares, eu propus leis para coibir a corrupção. As instituições é que têm que ser virtuosas", disse a presidente. O tema voltou a ser mencionado pelo tucano Aécio Neves, que, ao responder a uma pergunta do Pastor Everaldo (PSC), afirmou que Paulo Roberto não teria sido demitido, mas pediu demissão "e foi elogiado pelos seus serviços prestados", frisou.

Aécio foi atacado pelo mesmo flanco pela candidata do PSB, a ex-senadora Marina Silva, que afirmou que o PSDB teria dado origem ao mensalão "com a compra de votos da reeleição", em referência à aprovação da emenda constitucional aprovada em 1997. "Me surpreende esta sua defesa do mensalão do PT, ao se referir a denúncias que nunca foram comprovadas", respondeu Aécio.

Durante o debate, Marina acusou Aécio de ter estabelecido com Dilma um pacto tácito para enfraquecê-la durante a campanha. "Pela primeira vez em sua história, PT e PSDB [se unem] para tentar me desconstituir como política", disse. Marina reagia a uma provocação do tucano, que a questionou sobre o fato de ter nomeado para a sua equipe no ministério políticos do PT que haviam sido derrotados em eleições em 2002 e 2006. "Existe algo mais velho na política do que nomear para cargos públicos políticos que foram derrotados nas urnas?", indagou o tucano.

Marina procurou ainda garantir que, caso eleita, irá manter os programas sociais do governo. "Os programas sociais devem ser estendidos para alcançar a maior parte da população e que não foi alcançada. No caso do Bolsa Família, faltam 4 milhões de famílias", disse, prometendo em seguida conceder um benefício equivalente ao 13º salário em programas de transferência de renda.

Entre os nanicos, o momento de maior tensão se deu entre Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB). O candidato do PV exigiu que Fidelix pedisse desculpas por declarações tidas como homofóbicas, feitas no debate entre os presidenciáveis na TV Record. Levy acusou Eduardo Jorge por apologia ao crime, por advogar a liberalização do aborto e da venda de maconha. "Vamos nos encontrar na Justiça. O senhor envergonhou o Brasil". "Quem envergonha é você, cara!", disse Fidelix.

Em sua vez de questionar, o candidato do PRTB escolheu Luciana Genro (PSOL), com quem protagonizou a polêmica na Record. Fidelix cobrou a adversária por ter desrespeitado um suposto acordo de bastidores, pelo qual a pergunta seria sobre economia. Luciana negou tal acordo e criticou as declarações do concorrente. "O senhor apavorou, chocou o país. Fez o mesmo discurso que nazistas fizeram com os judeus, e que os racistas fazem contra os negros. Deveria ter saído algemado direto [do debate] para a prisão", afirmou.

Aécio e Marina têm de se aliar, diz FHC

Entrevista. Fernando Henrique Cardoso

• Ex-presidente vê cenário eleitoral ‘instável’ e já fala em união de PSDB e PSB contra Dilma em um eventual 2º turno

• Para FHC, eleitores se juntarão independentemente das decisões da cúpula

Débora Bergamasco – O Estado de S. Paulo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou nesta quinta-feira, 2, que o cenário eleitoral no momento está “muito instável” e com “possibilidade real” de o candidato tucano Aécio Neves ir para o 2.º turno. E, segundo ele, havendo 2.º turno Aécio e a candidata do PSB, Marina Silva, têm que estar juntos para derrotar a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT). Em entrevista ao Estado, FHC comentou o enfraquecimento de Marina na disputa: quando ela entrou, parecia um tufão avançando. Agora, virou uma “ventania com cara de vento”.

Como o senhor avalia hoje o cenário eleitoral?

Muito instável. Estamos vendo uma flutuação de opinião que leva a crer na possibilidade real de Aécio ir para o segundo turno. Isso em consequência de uma campanha desleal que foi feita pelo PT em cima da Marina que, de alguma maneira, a afetou. E o Aécio teve a virtude de se manter com muita energia, nos piores momentos. Quando começou (a onda Marina) eu disse: precisa avaliar se isso é vento, ventania ou tufão. Se for um tufão, acabou. Se for ventania, pode ser que vire vento.

Às vésperas da eleição, Marina é vento, ventania ou tufão?

Neste momento, é ventania com cara de vento. Temos de ser prudentes com esse movimento de opinião pública, porque ele muda muito rapidamente. Eu não quero dizer que está escrito que Marina vai virar vento. Pode ser que não. Mas está parecendo que vai.

Marina e Aécio vão se juntar em um 2.º turno?

Se houver 2.º turno, e acho que vai haver, necessariamente os que estão na oposição terão de apoiar uns aos outros. E quem mais necessitaria seria Marina, para mostrar que tem capacidade de, juntado-se a outros, governar. O Aécio não precisa mostrar isso, o partido dele já governou.

Mas o PSDB precisa dos votos.

Acho que os eleitorados dos dois lados se juntarão independentemente das decisões da cúpula. Mas, para poder dar mais firmeza e mostrar que governa, aí precisa de decisão da cúpula também. O PSDB, como partido, tem de dizer de que lado está. Estamos elegendo governadores, uma bancada, essa gente toda vai ter de se pronunciar. E o PSDB é um partido que sempre assumiu sua responsabilidade.

Quando Aécio começou a cair nas pesquisas e Marina subir, a campanha do PSDB passou a associá-la ao PT. O sr. concorda?

Eu não sou favorável a insistir que a Marina é PT porque ela não é mais. Dizer isso é dar crédito ao PT. Essa ideia não partiu de mim. Eu valorizo mais o fato de ela ter deixado de ser do que ter sido. Mas a desconstrução da Marina foi muito mais a questão de banco, (de dizerem) que ela vai servir aos ricos e não aos pobres, que é a tecla do PT. O que é uma infâmia gritante. Por que a Marina, o que é? É pobre, negra, vem da floresta e sempre foi uma lutadora, só mesmo com muita propaganda para estigmatizá-la como agente do capital financeiro. Não cabe.

Há chance de o PSDB não ir ao 2.º turno, após mais de 20 anos. O que significaria para o partido?

Nos tira dessa condição de polarização do debate político de ideias neste momento e, eventualmente, pode ser mais difícil a reeleição dos nossos governadores que forem para o 2.º turno. A eleição atual está mostrando uma independência curiosa do eleitorado que vota diferentemente para deputado, para governador e presidente. O que mostra que o sistema político partidário eleitoral fracassou, está falido. Se quisermos ter maior consistência no sistema político, medidas terão de ser tomadas.

Mas esse não seria um momento de avaliar internamente o papel do PSDB em termos de representatividade, de bandeiras?

Sem dúvida. Mas estamos falando do PSDB e dos demais partidos. Houve uma perda de confiabilidade no sistema partidário que afeta a todos. O PT não é mais a mesma coisa. Tenho propagado que sejam mudadas algumas regras no sistema eleitoral, como voto distrital e etc. Mas mesmo sem isso, só com o financiamento eleitoral do jeito que é hoje, por exemplo, a eleição em si já fica corrompida.

Por quê?

Veja a lista de quem dá dinheiro: empreiteiras, bancos e algumas grandes empresas. Para quem? Para todos. Cabe isso? Ao dar para todos, está claro o que está querendo. Teve uma empresa que deu R$ 90 milhões, algo assim. Cabe em algum lugar do mundo uma empresa dar R$ 90 milhões? Alguma coisa está por trás disso. Também é preciso votar uma lei de barreira. Ninguém aguenta mais falsos partidos, que se organizam só para ter um pedaço do Orçamento. Tem que ter um limite para se ter acesso ao Fundo Partidário

Marina sugere que Dilma mentiu ao dizer que demitiu ex-diretor

• "Quem mente na campanha? confira aqui", diz candidata, com link para reportagem do Globo

- O Globo

A candidata do PSB, Marina Silva, usou as redes sociais ontem para sugerir que a presidente Dilma Rousseff mentiu ao afirmar que demitiu o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. A campanha de Marina publicou no Twitter e no Facebook mensagem citando reportagem publicada ontem pelo GLOBO.

"Quem mente na campanha eleitoral? Confira aqui", diz a mensagem de Marina, indicando um link para a reportagem.

O GLOBO revelou que a ata da reunião feita pelo Conselho de Administração da estatal para determinar a substituição de Costa elogia o então diretor de Abastecimento e diz que ele estava sendo substituído por ter renunciado ao cargo.

A campanha de Dilma reiterou, porém, que a decisão partiu da presidente, e foi comunicada a Costa pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, como consta no depoimento do próprio ex-diretor à CPI da Petrobras no Senado.

A oposição criticou Dilma. O deputado Fernando Francischini, líder na Câmara do Solidariedade - partido que apoia o tucano Aécio Neves - disse que a presidente mentiu:

- É a conduta do PT. Varrer a corrupção para debaixo do tapete e mentir à população. Ele (Costa) saiu em clima de festa, sendo chamado de Paulinho. É um absurdo vê-la mentindo descaradamente.

O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), disse achar acho "uma sandice" Dilma afirmar que demitiu Costa:

- A ata da reunião registra que ele pediu renúncia. E a inda foi louvado pela administração como grande dirigente.

Na base aliada, porém, o discurso é de que não há contradição entre o que Dilma diz e o que aconteceu em 2012.

- Não vejo contradição. A decisão de mudar a diretoria foi dela. Até então, Paulo Roberto era considerado um funcionário competente. Não se tinha conhecimento de algo que desabonasse o trabalho dele. Agora, a presidenta queria fazer a mudança. Havia quem quisesse manter a diretoria, mas ela preferiu mudar - disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).
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Aparelhos atuam nas eleições e na corrupção: O Globo - Editorial

• Usam-se fundos de pensão de estatais em altas negociatas, mas não se ouvem reclamações das vítimas, talvez por uma estranha solidariedade ideológica

Prestes a completar 12 anos de Planalto, o PT, ou facções dele, vê-se envolvido em alguns casos emblemáticos de uma característica relevante desse longo período no poder, a montagem de aparelhos do partido na máquina pública.

A invejável disciplina e empenho petistas na defesa da visão de mundo do partido se reflete no exercício do perigoso princípio de que "os fins justificam os meios". Com este pano de fundo é que foi engendrado o mensalão, abastecido com dinheiro público desviado sem pudores para comprar apoio político-parlamentar ao primeiro governo Lula.

Os últimos meses têm sido férteis em casos nada abonadores derivados da atuação de aparelhos petistas. O que operou desde o primeiro governo Lula na Petrobras, num conluio entre sindicalistas, políticos e empreiteiros, apenas começa a ser conhecido com vazamentos de partes de longos depoimentos prestados sob acordo de delação premiada pelo ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa.

O doleiro desse e outros esquemas, Alberto Youssef, fez o mesmo acordo com a Justiça e deve contribuir com informações também esclarecedoras deste que talvez seja o maior escândalo, em cifras, dos últimos tempos.

Soube-se há pouco da atuação enviesada dos Correios, em Minas, para privilegiar as candidaturas de Dilma e de Fernando Pimentel, esta ao governo do estado, na distribuição de peças de propaganda eleitoral.

Desvendada pelo jornal "O Estado de S.Paulo", a história também é exemplar da atuação de aparelhos petistas, cujo resultado é a "privatização" dessas estatais por interesses partidários. E como a eleição presidencial tem sido a mais dura enfrentada pelo PT desde a vitória de Lula em 2002, todo este aparato de militantes instalados dentro da máquina do Estado — funcionários concursados ou não — trabalha nestes dias com empenho extra. Há muita coisa em jogo nas urnas — além do poder em si, empregos e dinheiro.

Na mesma linha dos golpes dados na Petrobras, há o uso criminoso de fundos de pensão de funcionários de empresas públicas, em altas negociatas, diante do silêncio do braço sindical petista e, por tabela, dos funcionários.

O próprio Youssef e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, são citados em investigações sobre malfeitos com dinheiro da Petros, fundo dos empregados da Petrobras, e Postalis, não por acaso o fundo dos Correios. Há várias operações de que resultam prejuízos para os fundos e, claro, lucros para os operadores.

Pouco ou nada se sabe de reclamações contra esses virtuais assaltos aos fundos. Talvez o silêncio se explique por alguma estranha solidariedade ideológica. Na Petrobras, há quem não critique a gestão no mínimo temerária de José Sérgio Gabrielli, em cuja administração Paulo Roberto fez a festa, por considerá-lo um "nacionalista". Mais uma vez, fins justificam meios.

Dilma e a Polícia Federal: O Estado de S. Paulo - Editorial

Para tentar impedir que o escândalo do mensalão e as denúncias de corrupção contra o governo respinguem sobre sua campanha pela reeleição, a presidente Dilma Rousseff vem alegando que concedeu à Polícia Federal (PF) total liberdade para investigar as denúncias de corrupção na Petrobrás, inclusive orientando-a a instaurar inquéritos criminais e a adotar medidas para acabar com o uso de caixa 2 pelos partidos políticos e esquemas de lavagem de dinheiro para financiar campanhas eleitorais.

O argumento foi usado por ela em um dos últimos debates entre os presidenciáveis. "Eu dei autonomia à PF para prender o senhor Paulo Roberto e os doleiros todos", afirmou na ocasião. O mesmo argumento também foi repetido nos programas do PT durante o horário eleitoral, que deram a entender ter sido Dilma a primeira inquilina do Palácio do Planalto a ter colocado a PF a serviço do combate à corrupção e dos ilícitos cometidos em empresas estatais.

A propaganda do PT é enganosa e a fala de Dilma carece de consistência técnico-jurídica, deixando claro o quanto ela desconhece a Constituição que há quatro anos jurou cumprir. Em palestra para cerca de 200 estudantes e professores de direito de uma universidade de Brasília, quando discorreu por mais de uma hora sobre reforma política, financiamento de campanha eleitoral, compra de votos, corrupção e fortalecimento do regime democrático, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa enfatizou esse ponto.

"Não é a presidente da República que manda prender. Ela tem, no máximo, poderes para não interferir na atuação do órgão", disse Joaquim Barbosa, confessando-se "surpreso" com o desconhecimento generalizado de direito constitucional por parte dos políticos - inclusive Dilma.

Essa foi uma crítica sutil às afirmações não só da presidente da República, mas também a recentes declarações do vice-presidente, Michel Temer, e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Eles haviam protestado contra a vistoria, por agentes da PF, de um avião da campanha do senador Edison Lobão Filho, candidato ao governo do Maranhão e filho do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, acusando a corporação de ter sido "instrumentalizada para atingir candidaturas legitimamente constituídas".

Na ocasião, Dilma - que hoje elogia as ações da PF - criticou a corporação. "Qualquer órgão integrado por pessoas pode cometer um erro. Mas autonomia não significa autonomia para cometer coisas incorretas. Uma das coisas que a gente tem que garantir, principalmente em processos eleitorais, é que órgãos governamentais não sejam usados em proveito de um ou outro candidato", afirmou Dilma, com sua maneira tortuosa de se expressar, e de certo modo endossando a tese de que a ação de busca e apreensão executada pela PF teria tido o objetivo de "constranger" e "intimidar" políticos peemedebistas maranhenses.

Na realidade, como afirma o ex-ministro Joaquim Barbosa, a Polícia Federal é um órgão de Estado e não precisa de qualquer autorização presidencial para exercer suas atribuições funcionais. Pela Constituição, ela tem competência para promover investigações independentes, mesmo quando os investigados sejam políticos da base do governo ou mesmo integrantes da administração direta e indireta. Em outras palavras, a autonomia da Polícia Federal não é administrativa nem financeira. É uma autonomia funcional. E se seus delegados e agentes deixarem de agir, em casos de denúncias de algum ilícito, incorrem em crime de responsabilidade.

Por isso, quando a presidente da República alegou no debate entre os presidenciáveis que estimulou a PF a investigar as denúncias de corrupção na Petrobrás, "o que não acontecia nos governos anteriores", ela contrariou a verdade.

Seu comitê eleitoral ainda tentou refutar as críticas de Barbosa, distribuindo uma nota em que alega que as palavras de Dilma acerca dos "atos de atuação legal da PF" estariam sofrendo "interpretações maliciosas e inverídicas". Maliciosa é, mais uma vez, a insistência da assessoria de Dilma em desmentir as bobagens que ela fala.

Após debate, Aécio afirma ter ficado mais confiante na vitória

Elisa Soares e Renata Batista – Valor Econômico

RIO - O candidato a Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, disse que sai do debate mais confiante do que chegou. Em entrevista coletiva após o debate na TV Globo, no Rio, encerrado na madrugada desta sexta-feira, Aécio afirmou que está preparado para vencer e dar novo rumo ao país.

Ele afirmou que o eleitor precisa olhar para quem está assessorando e apoiando os candidatos. "Temos projeto para o Brasil, e não é de continuidade do governo que nos trouxe o mais pífio crescimento, com denúncias de corrupção que não cessam nunca. Estou pronto para encerrar o ciclo do PT", disse. E afirmou que tem coragem para conduzir reforma.

Aécio voltou a dizer que o PT não inspira confiança na condução econômica. E acrescentou que o partido não tem capacidade de gestão afugenta o capital privado e não permite que se avance nos indicadores sociais.

As últimas pesquisas de intenção de voto mostram, segundo o presidenciável do PSDB, "possibilidade cada vez maior e concreta" de sua presença no segundo turno. O Datafolha divulgado nesta quinta-feira mostra Aécio tecnicamente empatado com Marina Silva, do PSB.

Após encontro, Marina evita falar em alianças e eventual apoio a Aécio

Elisa Soares e Renata Batista – Valor Econômico

RIO - A candidata à Presidência da República pelo PSB, Marina Silva, evitou comentar sobre possíveis alianças e apoio ao candidato pelo PSDB Aécio Neves, caso ela não passe para o segundo turno. Em entrevista coletiva após o debate na TV Globo, no Rio, encerrado na madrugada desta sexta-feira, ela disse que o segundo turno se discute no segundo turno. "Até lá vamos continuar apostando no [nosso] projeto de governo", disse.

Marina afirmou, ainda, que a proposta do 13º salário do Bolsa Família já estava em estudo desde Eduardo Campos, candidato à presidência pelo PSB morto em acidente aéreo em agosto. "Proposta já vinha em estudo desde que Eduardo era vivo, e ele ia apresentar esta proposta no Jornal Nacional, em sua última entrevista. Mas preferiu que fizéssemos todos os cálculos antes, fizemos e é perfeitamente possível.”

Ela defendeu seu programa, e disse que vai combater o problema do baixo crescimento econômico, que, segundo ela, "ameaça o emprego e as conquistas dos trabalhadores".

"Nosso programa lida com falta de recursos da sociedade, como moradia, educação, transporte público. A sociedade quer ter governo que amplie conquistas da porta para fora, depois de ter feito faculdade, de ver filho trabalhar, agora quer serviço que merece pelo imposto que paga. Com isto vamos para o segundo turno", disse a presidenciável do PSB.

Ela afirmou ainda que, indo para o segundo turno, terá vitória. "O povo que nos trouxe até aqui, com guerra desigual em tempo de campanha, nos levará a uma vitória", disse Marina.

Sobre politica externa, Marina afirmou que seu governo será orientada por direitos humanos e com proximidade com países vizinhos.

Aécio garante estar confiante em chegar ao segundo turno

• Sem citar as adversárias Dilma e Marina, tucano afirma que representa o melhor projeto para o Brasil

Marco Grillo – O Globo

RIO - O senador Aécio Neves, candidato à Presidência pelo PSDB, demonstrou confiança na ida ao segundo turno, em entrevista coletiva após o debate da TV Globo, na noite desta quinta-feira.

— As pesquisas apontam na possibilidade concreta e cada vez maior de estarmos no segundo turno. 

Curva da nossa candidatura é ascendente. Sempre acreditei na consistência da nossa proposta. Sou desde sempre oposição a tudo isso que vem acontecendo no Brasil nós últimos anos. As informações que tenho de tracking já mostram um empate numérico (entre ele e Marina).

Sem citar as principais adversárias, a presidente Dilma Rousseff (PT) e a candidata do PSB, Marina Silva, Aécio afirmou que representa "o melhor projeto para o Brasil".

— Temos o melhor projeto para o Brasil. Não foi construído no improviso e nem significa a continuidade desse modelo que nos trouxe a mais perversa das heranças: crescimento pífio, recessão técnica na economia, inflação alta, perda de credibilidade e denúncias de corrupção que não cessam nunca.

Ao ser questionado sobre "a possibilidade pequena" de ficar fora do segundo turno, Aécio brincou e lembrou as adversidades enfrentadas ao longo da campanha:

— Essa possibilidade pequena a que você (repórter) se refere é música para os meus ouvidos, depois do que nós andamos passando por aí. Não penso em nova eleição, penso nessa eleição.

Marina diz acreditar na chegada ao segundo turno e ter certeza da vitória

• Após o último debate na TV, candidata do PSB desconversou se procuraria apoio de Aécio Neves

Alexandre Rodrigues – O Globo

RIO - A candidata do PSB à presidência, Marina Silva, disse, em entrevista coletiva após o debate da TV Globo, que acredita na chegada ao segundo turno e que tem certeza da vitoria, mesmo com o que chamou de disputa desigual contra a máquina de propaganda de Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição.

Perguntada se procuraria apoio do candidato do PSDB, Aécio Neves, numa eventual participação dela no segundo turno, desconversou. Os dois tiveram um áspero embate em que Marina o acusou de atacá-la injustamente do mesmo jeito que diz ser vítima do PT.

— Segundo turno a gente discute no segundo turno. Até o dia 5 de outubro vamos continuar apostando no projeto que representamos para o Brasil. Apresentamos um programa de governo que trata das questões maus importantes para o nosso pais, como o crescimento econômico, que hoje é pífio, de 0,9%, ameacando o emprego e as conquistas que os trabalhadores já alcançaram.

Marina afirmou que, após a conquista de avanços sociais que mudaram a vida das famílias, o pais precisa de melhores serviços públicos para melhorar o bem-estar das pessoas fora de casa.

— Temos a clareza de que a sociedade brasileira, que conquistou a duras penas alguns ganhos dentro da sua casa, agora quer ter um governo que amplie esses ganhos da porta pra fora — disse.

Marina acrescentou que o brasileiro quer receber do Estado serviços de qualidade em áreas como saúde, educação e habitação na proporção dos impostos que paga.

— Com certeza, é com esse programa de governo que nós vamos para o segundo turno.

A candidata disse ainda que será levada pelo povo ao segundo turno e que sua vitória significará uma renovação da política e melhoria na gestão pública para o combate da corrupção, da ineficiência e da incompetência. Em apenas cinco minutos de entrevista, ela não avaliou o debate.

Marina disse que a nova proposta que fez durante o debate de instituir um décimo-terceiro salário para o Bolsa Família não foi planejada agora, a três dias da eleição. Segundo ela, a ideia era de Eduardo Campos, mas ela só apresentou agora porque sua equipe estava calculando a viabilidade orçamentária da proposta.

Após a entrevista, Marina foi direto para o Hotel Mercure, na Barra da Tijuca, onde está hospedada com os principais colaboradores da campanha. Conversou por cerca de dez minutos com o coordenador Walter Feldman ainda de pé no saguão, onde, sorridente, recebeu vários cumprimentos e tirou fotos. Em seguida, subiu para o apartamento.

Uma campanha que custou a sair da defensiva

• Pautada por adversários, Marina não conseguiu divulgar as marcas de sua candidatura

• Candidata teve que enfrentar divergências nos Estados; fez acordo em 14 deles mas há conflitos em outros 13

Daniela Chiaretti e Cristiane Agostine – Valor Econômico

RIO BRANCO e SÃO PAULO - Na manhã nublada de quarta-feira, Marina Silva ligou desesperada para o celular de Brasília. "Carlinhos, me diga que não é verdade", perguntou, como quem não quer ouvir a resposta. "Infelizmente é verdade", respondeu Carlos Siqueira, secretário-geral do Partido Socialista Brasileiro, o PSB, à candidata à vice-presidente. Ele falava de um carro a caminho de Santos; ela, de um flat, em Moema. Às 12h30 de 13 de agosto o Brasil soube que Eduardo Henrique Accioly Campos, 49 anos, candidato à Presidência pelo PSB e ex-governador de Pernambuco, havia morrido em um acidente de avião, junto com mais seis pessoas. A campanha presidencial de 2014 sofria uma reviravolta. Marina Silva chorou, foi para o quarto e se preparou.

A ex-senadora havia se despedido de Campos na noite anterior, no apartamento carioca de Nilson de Oliveira, seu coordenador de comunicação e amigo desde a campanha de 2010, aquela dos 20 milhões de votos pelo Partido Verde. Campos estava feliz com seu desempenho na entrevista ao Jornal Nacional. Tinha 9% na pesquisa Ibope divulgada há poucos dias e acreditava que era só se tornar mais conhecido para melhorar a performance.

"Volte comigo, Marina, vamos poder conversar", insistia o pernambucano. Eles haviam chegado juntos ao Rio, no jato que cairia horas depois no mesmo bairro da casa da sogra de Marina, Neide de Lima, em Santos (SP). Ela desconversava, era melhor que tivessem duas agendas. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e seu candidato a vice, Márcio França, do PSB, estariam lá - dupla que ela não apoiava. Marina queria evitar constrangimentos. Marcaram um encontro às 16h para gravar para o horário eleitoral, que começaria seis dias depois. Faltou combinar com o destino.

O tempo na Baixada Santista estava ruim. O deputado Márcio França, que aguardava na Base Aérea de Santos, viu o jato se aproximar e, de repente, arremeter. Não voltava. Siqueira, que estava em São Paulo com Roberto Freire, presidente do PPS, ligava para o celular de Campos e de seus assessores e nada. Telefonava para França, que dizia que o avião não chegava. A Polícia Federal ligou para o PSB em Brasília, para saber o prefixo do avião. "Foi uma angústia tremenda. Quando a televisão disse que um jato havia caído eu não tive mais dúvida. E então Roberto Freire recebeu uma ligação, e veio a confirmação", lembra Siqueira. É amigo da família Campos há anos.

Marina Silva decolara do Rio em avião de carreira. Tinha reunião em São Paulo com seu "núcleo duro" - Nilson de Oliveira, Bazileu Margarido, Carlos Vicente, Pedro Ivo, Walter Feldman, Neca Setubal. A filha Moara também estava lá, com o namorado, Paulo. Oliveira chegou ao flat preocupado. O avião de Campos estava atrasado 45 minutos e não havia sinal dele. A comoção foi forte na sala depois do telefonema a Siqueira. Aquele grupo nunca mais seria o mesmo.

O país se comoveu com a tragédia, a vida do político sorridente interrompida no auge, o sofrimento da viúva Renata e os cinco filhos, as lágrimas dos parentes dos outros seis mortos. Seguiram-se dias de doloroso resgate de corpos até o enterro de Campos, em cenas tristes de um Recife enlutado. Marina se recolheu e pediu aos colaboradores que não discutissem o futuro até os funerais. Mas era impossível controlar as especulações. O frenesi político queria superar as perdas e seguir com a vida.

Correntes distintas disputavam o poder no PSB. A mais forte queria Marina candidata da Coligação Unidos pelo Brasil. O movimento contrário a ela - protagonizado pelo grupo paulista -, preferia que o partido não lançasse ninguém. O deputado federal Beto Albuquerque, do PSB gaúcho, pediu que ela o recebesse. Queria expor as tensões dentro do partido e manifestar solidariedade - dias depois seria indicado como vice na chapa, escolha que não teve participação de Marina. O grupo ligado a Roberto Amaral, atual presidente do PSB, cogitou lançar a deputada Luiza Erundina (SP); depois pensaram nela para vice, mas desistiram. O PSB de Pernambuco ventilou colocar a viúva de Campos como vice ou garantir espaço com um político local. A definição do nome aconteceu no domingo, depois do enterro de Campos, em uma conversa entre Amaral, Siqueira, Albuquerque e o deputado federal mineiro Julio Delgado. O anúncio formal foi feito dois dias depois. A chapa deu certo: Albuquerque assumiu a negociação política com candidatos e partidos que Marina não queria, mas que Campos havia costurado.

Já estava claro que a ex-seringueira Marina, 56 anos, tinha apoio popular e da família de Campos para tornar-se candidata. A consagração aconteceria em Brasília, oito dias depois da tragédia. Pouco antes da reunião da Executiva do partido, um encontro entre lideranças do PSB e do grupo de Marina na Fundação João Mangabeira procurou alinhar os discursos. No meio da conversa, Marina disse que faria algumas trocas no comando da coordenação. Queria puxar as finanças para si e nomeou Bazileu Margarido como coordenador. Abriu para que o PSB indicasse quem quisesse e teceu elogios a Siqueira. Mas algo deu errado: Carlos Siqueira recebeu mal aquilo tudo, disse que era uma deselegância o que se fazia com ele e anunciou a retirada do apoio a Marina. Saiu em disparada, sem aceitar desculpas, surpreendendo todos. Erundina foi escolhida para a coordenação, no lugar de Siqueira, e Walter Feldman, o adjunto. Oliveira continuaria na comunicação e Pedro Ivo, na mobilização.

Uma fornada de pesquisas começou a sair: Marina empatava com Dilma Rousseff no primeiro turno, com 34% (Datafolha), no fim de agosto, e 33% (Ibope), no começo de setembro. Aécio Neves (PSDB) parecia carta fora do baralho. O PT ficou desnorteado com a arrancada da rival. João Paulo Capobianco, braço direito de Marina no Ministério do Meio Ambiente, seduzia o agronegócio conseguindo apoio explícito dos produtores de álcool, ressentidos com o desamparo do governo Dilma. O mercado financeiro vibrava com a proposta de um Banco Central independente. A Bolsa subiu. Com agenda lotada, Marina perdia peso, mas brilhava.

Na sexta-feira, 29 de agosto, o bufê Rosa Rosarum, em São Paulo, lotou para o lançamento do programa de governo - a base de sua aliança com Campos. Eram 242 páginas de um livro de capa verde que Marina viu pronto apenas naquele momento.

A euforia durou pouco. Dois erros colocariam nuvens negras na campanha. Um deles teve preço político altíssimo.

Campos e Marina dividiram a leitura do calhamaço e depois trocaram as metades. Cada um tinha um método: ele lia tudo, questionava, comentava e morreu antes de ler o último dos seis capítulos, onde estão propostas para a comunidade LGBT. Marina distribuiu o material a seus assessores para que lessem a compilação consensuada das milhares de propostas e dessem seu parecer. Depois lia as observações e alterava o que não concordava. Uma equipe foi contratada para fazer a sistematização das propostas. Na coordenação de tudo, Neca Setubal e Maurício Rands. Marina não leu a versão impressa.

O primeiro erro apareceu logo que o evento terminou. Embora o capítulo sobre energia não citasse nunca o nuclear, respeitando a oposição de Marina e Campos à fonte, o termo escapou e apareceu no capítulo sobre inovação. A imprensa recebeu a errata às 21h20.

O recuo mais grave veio no dia seguinte e versou sobre as propostas para a comunidade LGBT. Com um texto mais liberal até do que o PT pregava, o programa de Marina defendia o projeto que criminaliza a homofobia, em tramitação no Congresso; defendia o fim dos obstáculos à adoção de crianças por casais homoafetivos e estimulava o desenvolvimento de material didático sobre orientação sexual.

Recém-saído do bufê, Nilson de Oliveira recebeu um alerta de sua equipe que monitora as redes sociais. Algo estava estranho. Ele, Rands e Feldman se deram conta de que o texto não correspondia ao que Marina defendia - alguém mandou o arquivo errado para a gráfica. Marina ficou irritada e passou a responsabilidade aos assessores: "Decidam vocês o que fazer". A ideia de não corrigir e evitar a repercussão negativa se tornou impraticável - Marina não sustentaria publicamente o que estava escrito. Decidiram pela errata e por pagar o preço do incrível erro.

Enquanto isso, no twitter, internautas perguntaram ao pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, o que havia achado do texto. Às 22h56 ele partiu para o ataques. "O programa de governo do partido de Marina é pior que o PT e o PSDB, no que tange aos direitos dos gays. Apoia descaradamente o casamento gay e pede, inclusive, a aprovação do extinto PLC 122, que, entre outras coisas, põe pastor na cadeia." Disse aguardar Marina.

A errata chegou às 10h50 do sábado, mas o recuo foi associado à pressão do pastor. A campanha negou qualquer tipo de influência de Malafaia, mas o dano já havia sido feito. "O custo político foi muito alto. Abriu uma brecha para quem não tinha sequer programa desqualificasse nosso trabalho", analisa um assessor. Marina não conseguiu se livrar da pecha de fundamentalista e conservadora.

O bombardeio seguiu, conforme PT e PSDB reviam suas estratégias e se refaziam do susto das pesquisas. Dilma usou o horário eleitoral para acusar a adversária de querer acabar com o pré-sal. Em palanque, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gritava que, se necessário fosse, se jogaria no mar para arrancar a riqueza do petróleo. O programa de Marina, ao defender uma economia de baixo carbono, nunca disse que não exploraria o pré-sal, mas não resumiria o futuro ao combustível fóssil.

Marina estava no auge das pesquisas e a estratégia de campanha do PT foi de desconstrução da candidata. O ataque mais polêmico veio da campanha de Dilma. Uma propaganda mostrava banqueiros felizes e depois retirava pratos de comida da mesa de uma família, com o locutor dizendo que isso aconteceria com a autonomia do Banco Central. Outro golpe foi sugerir que os adversários de Dilma acabariam com o Bolsa Família. Ex-petista, Marina chorou ao ouvir os ataques de Lula, o velho amigo. "Também amo Marina", respondeu o petista, dias depois. "Mas eleição não é questão de amor."

A campanha começou a se ressentir do fogo cerrado. Marina ficou na defensiva, pautada pelas críticas dos rivais. Em resposta, disse que diante dos ataques ofereceria a outra face. Não foi suficiente. A candidata do PSB despencou nas pesquisas enquanto Dilma e Aécio subiram e 34 dias depois do lançamento do programa, a petista cresceu de 34% para 40% (Datafolha). O tucano subiu de 15% para 21%. Marina caiu de 34% para 24%.

Com um sexto do tempo de televisão de Dilma e sem conseguir revidar os ataques, Marina também patinou ao enfrentar os problemas nos palanques estaduais. Ao assumir a candidatura, teve que enfrentar divergências em metade das alianças: em 14 Estados houve acordo, mas em 13 há conflitos. Com Campos, havia combinado fazer duas agendas conjuntas e cinco separadas a cada semana, para dar visibilidade à candidatura e driblar os conflitos estaduais.

A "nova maneira de fazer política" obrigou acrobacias no calendário de comícios. Escalado para subir nos palanques em que Marina se recusa, Albuquerque foi a Campinas (SP), em evento organizado pelo PSB local com a campanha do tucano Alckmin, a cerca de duas semanas das eleições. Marina foi à cidade, a mais populosa do interior paulista, dois dias depois, no mesmo local do ato com tucanos.

No palanque e no horário eleitoral, Marina dedicou-se a falar sobre o que não vai fazer. Não vai acabar com o Bolsa Família. Não vai reduzir direitos trabalhistas. Não vai parar de explorar o pré-sal.

Em comício no interior da Bahia, Marina usou sua vida como exemplo para desmentir o boato sobre o fim do Bolsa Família. Quem passou fome "na própria carne", disse, jamais acabará com o programa. No palanque, deixou para trás termos impenetráveis como os "núcleos vivos da sociedade", frequentes em 2010. E reclamou do discurso do medo contra ela: "Se o povo brasileiro fosse medroso, não pegava no cabo da enxada para ir trabalhar na roça, não teria enfrentado a ditadura".

A artilharia reforçou a ofensiva. A campanha petista a comparou aos ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello, que não terminaram seus mandatos. O PT vinculou a coordenadora do programa de governo, Neca Setubal, herdeira do Itaú, aos interesses dos banqueiros. Explorou a contradição de Marina ter dito que votou a favor da CPMF, quando votou contra em plenário. A candidata reclamava dos ataques, negava acusações e respondia como podia. Mas não conseguia conter a destruição.

A campanha seguiu movimento pendular, de vai e vem, ataque e esclarecimentos. Se prometeu "atualizar" a legislação trabalhista a um grupo de empresários, - sem detalhar o que pretendia - teve que articular às pressas um comício em São Bernardo do Campo para negar acusações de que flexibilizaria leis trabalhistas. Marina se disse vítima de "fofocas". "Podem caluniar, dizer o que quiser, mas o meu testemunho de vida está marcado na carne", reagiu em Manaus.

O comício mais comovente foi no Recife, na última semana de campanha. Marina levou ao palanque a viúva e quatro dos filhos de Campos. Em discurso emocionado, João, o mais velho, lamentou a perda do pai, mas agradeceu a Deus por aproximá-lo de Marina: "Meu pai se transformou no que esperava, nos seus ideais e nos seus sonhos." De microfone na mão, Marina dizia que não ia entrar na guerra de marqueteiros dos rivais.

A estratégia de comunicação de trincheira é apontada pelos assessores próximos de Marina como um dos principais problemas da candidatura no primeiro turno. Se é para manter o que já existe, analisaram, como convencer o eleitor a mudar? No balanço do comando da campanha, Marina passou tempo demais sendo pautada pelos adversários, sem apresentar seu projeto. Nas conversas com o responsável pelo marketing da campanha, o argentino Diego Brandy, Marina recusava-se a partir para o ataque contra Dilma e Aécio. A falta de um tom forte contra Malafaia também irritou os conselheiros.

Outro problema foi ter herdado uma campanha já pronta, a menos de dois meses da eleição, sem conseguir imprimir marca própria. As principais propostas apresentadas por Marina foram escolas públicas com turno integral e passe livre para seus estudantes. Eram ideias defendidas por Campos. O desenvolvimento sustentável e as bandeiras socioambientais, tão próprias de Marina, sumiram.

Marina também se viu diante de turbulências do PSB, mas procurou se manter distante das brigas de poder internas do partido que a acolheu há um ano. "Hospedeiro não se mete na casa do hóspede", diz um interlocutor.

A desvantagem no tempo de TV - dois minutos contra os quase doze de Dilma - desaparece no segundo turno, quando todos têm 10 minutos. Se a candidatura passar à segunda fase, mais tempo de TV pode ser um problema. Diego Brandy não tem experiência em campanhas presidenciais no Brasil - atuou na de Campos ao governo de Pernambuco e de Geraldo Julio (PSB) à Prefeitura do Recife, mas nunca como estrategista. Marina recusa um marqueteiro que defina seu discurso. O cineasta Fernando Meirelles, que a ajudou em 2010, será um consultor informal e tem ajudado no reforço das equipes de produção e criação.

O jornalista Antonio Alves, o Toinho, velho amigo e conselheiro da candidata do PSB, cuida do roteiro, edição e articulação da estratégia da campanha com a equipe de Brandy. Toinho trabalhou no passado em campanhas do PT no Acre e é conhecido pelas boas ideias e capacidade de improviso - certa vez, em campanha pobre, criou um teleprompter de cartolina enrolada em um cabo de vassoura. Comparada com o poder de fogo de Dilma, a campanha de Marina -para ficar em uma imagem ao gosto da ex-senadora - é mesmo uma batalha de Davi e Golias.

Marina fechou a campanha com o risco de não avançar ao segundo turno. A equipe sentiu a tensão e o desânimo. Na sexta-feira, durante a preparação da candidata ao debate da TV Record, Neca Setubal passou mal e foi para o hospital. Sintomas do stress dessa fase da campanha. "As mentiras do PT colaram", lamentava um assessor. Na reta final (diferente da disputa de 2010, quando subia nas pesquisas), seu desempenho estava em declínio e muito próximo ao de Aécio Neves. Caciques do PSDB atribuíam parte da "culpa" de sua queda também aos ataques de Aécio. "Em eventual aliança de ambos no segundo turno, o compromisso terá que ser com a adesão ao programa e não com a promessa de cargos", adianta um assessor de Marina. A única coisa certa, se a candidatura sobreviver às urnas no domingo, é que Marina Silva terá que falar do que não falou - de sua visão de um Brasil sustentável. E esclarecer o enigma que persiste até agora - com que dinheiro, afinal, foi pago o jato que matou Eduardo Campos.