O Globo
Se existisse a possibilidade de surgir um
candidato alternativo que unisse a centro-direita contra Lula e Bolsonaro,
talvez ele pudesse chegar ao segundo turno. Mas não existe nenhum Macron no
mercado político brasileiro que afaste do segundo turno um dos polos extremos
do nosso espectro, e não por falta de eleitores. Por falta de interesse dos
políticos.
O que se engendra nos bastidores do Centro Democrático é uma chapa anódina, que
reuniria o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, e a senadora Simone
Tebet, do MDB, tanto faz em que posição ficarem. Seria uma chapa para deixar
livres os eixos daqueles partidos que querem aderir a Lula ou Bolsonaro.
Parte significativa dos senadores do MDB foi a um jantar com Lula em Brasília,
organizado pelo ex-senador Eunício Oliveira. Bivar como representante do União
Brasil, numa provável chapa única da frente centrista, ameniza o desconforto
dos ex-integrantes do DEM que não querem parecer adversários frontais de Lula
como pareceriam se escolhessem o ex-juiz Sergio Moro ou até mesmo Ciro Gomes,
do PDT.
Os dois têm em torno de 10% das preferências do eleitor, na margem de erro.
Seria um bom começo, se unissem os partidários do nem nem, mas isso é cada vez
mais improvável, diante dos interesses regionais e da quase certeza de que a
polarização nacional se repetirá na maioria dos pleitos estaduais.