sábado, 14 de agosto de 2010

Reflexão do dia – Florestan Fernandes

"A expansão da ordem democrática constitui o requisito sine qua non de qualquer alteração estrutural ou organizatória da sociedade brasileira. Se não conseguirmos fortalecer a ordem social democrática eliminando os principais fatores de suas inconsistências econômicas, morais e políticas, não conquistaremos nenhum êxito apreciável no crescimento econômico, no desenvolvimento social e no progresso cultural. "


Florestan Fernandes, cf. "A sociologia como afirmação" (do livro: A sociologia numa era de revolução social, 1963).

Mobilização geral por Dilma – Editorial / O Estado de S. Paulo

O País seria outro em muitos aspectos se o presidente Lula tivesse convocado a administração federal a fazer o que dela a sociedade cobra com a mesma determinação empregada para fazê-la trabalhar cada vez mais pela candidatura Dilma Rousseff. E a máquina pública faria jus aos volumosos impostos recolhidos da população se os devolvesse sob a forma de serviços de boa qualidade no ritmo requerido, com o mesmo empenho e assiduidade com que se engajou na campanha sucessória, a fim de suprir as notórias deficiências da ex-ministra no embate eleitoral.

Fiel à sua proclamada prioridade "como presidente" este ano, não bastou a Lula carregar a sua afilhada pelo Brasil afora em eventos ditos administrativos, pelo que já recebeu uma penca de multas aplicadas pela Justiça Eleitoral. Tampouco deve ter considerado suficiente sincronizar o anúncio de medidas na área de políticas públicas com as promessas da candidata na montagem de uma assim chamada "agenda positiva". Foi só ela defender a intensificação do combate ao crack, por exemplo, e eis que, num primário jogo de cartas marcadas, o Planalto apresentou o que seria um programa nacional nesse sentido.

Com igual despudor, apostando na falta de informação e senso crítico da parcela do eleitorado com que conta para eleger a ex-ministra, Lula resolveu colocar o Ministério em regime de prontidão para fazer por Dilma o que ela não conseguiria por conta própria. Na terça-feira, ele reuniu o Gabinete para exigir de seus integrantes dedicação plena à campanha eleitoral. "O povo brasileiro", avisou na véspera, "merece que nós possamos concluir o trabalho que começamos." Naturalmente, nenhum dos mobilizados há de ter tido dúvidas sobre a natureza desse trabalho.

Coincidência ou não, no mesmo dia do comando de ordem unida dado por Lula, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, divulgou pessoalmente um boletim estatístico eivado de falsidades.

A julgar pelos números manipulados, o governo Lula é ainda melhor do que o seu titular diz ser e o governo Fernando Henrique ainda pior do que o lulismo apregoa. Dados referentes ao primeiro ano da gestão FHC, por exemplo, foram omitidos para aumentar a diferença da variação da renda nacional per capita nos dois governos.

As verdades distorcidas foram parar sem demora no site da candidatura Dilma e ela mesma se valeu de uma delas (sobre a evolução do salário mínimo) na sua vez de ser sabatinada pelo Jornal Nacional. A operação casada prosseguiu nos dias seguintes, quando os Ministérios da Saúde e dos Transportes contestaram fatos e números apresentados pelo candidato oposicionista José Serra no mesmo programa. Menos de 2 horas depois, com incomum agilidade, a Saúde divulgou nota oficial respondendo à crítica do tucano à extinção dos mutirões criados quando chefiou a Pasta.
"Os mutirões foram incluídos na Política Nacional de Cirurgias Eletivas, criada em 2004", diz a nota.

Com isso, segundo o governo, o número desses procedimentos programados subiu de 1,5 milhão para 2 milhões. O texto parece ignorar relatório oficial de março passado atestando o contrário. Em 2002, último ano da gestão Serra, foram 484 mil cirurgias de 17 modalidades.

Em 2009, esse total caiu para 457 mil. O governo se vangloria das 319 mil operações de catarata no ano passado, ante 309 mil há 8 anos. Mas finge desconhecer a fila de mais de 170 mil candidatos a cirurgias nas 7 maiores cidades do País, conforme revelou O Globo. Nada disso, evidentemente, impediu o PT de anunciar no seu site que a Saúde rebatera as "mentiras de Serra".

Já o Ministério dos Transportes negou a informação do candidato de que, a contar de 2003, foram aplicados em estradas apenas R$ 25 bilhões dos R$ 65 bilhões arrecadados com o imposto para obras de infraestrutura (Cide), entre outras. A Pasta desmentiu também que a Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte, estivesse "fechada", como afirmou Serra. O ponto não é o direito (ou o dever) dos governos de contestar com fatos objetivos as acusações que lhe são dirigidas. Mas o governo Lula, a pretexto de se defender, se mobiliza para fazer propaganda enganosa com fins eleitorais.

Fiel da balança:: Merval Pereira

DEU EM O GLOBO

A candidata do Partido Verde, Marina Silva, continua sendo o obstáculo a que a eleição presidencial se resolva no primeiro turno, confirmando o temor do governo de que o seu lançamento poderia atrapalhar os planos de polarização da eleição.

Com a confirmação, pela pesquisa do Datafolha divulgada ontem, de que Dilma Rousseff abriu oito pontos de vantagem sobre José Serra antes do programa eleitoral do rádio e televisão que começa na terça, dia 17, a manutenção de sua popularidade em torno dos 10% torna-se crucial tanto para o governo quanto para a oposição.

Ela está, sozinha, fazendo o papel que foi, na eleição de 2006, dos candidatos Heloisa Helena, do PSOL, e Cristovam Buarque, do PDT, que terminaram o primeiro turno com 9% dos votos somados, levando a eleição entre Lula e Alckmin para o segundo turno.

Dilma está a três pontos de vencer no primeiro turno, enquanto Serra mantém a esperança de virar o jogo contando com a realização do segundo turno.

Mantendo essa tendência de estabilidade, a candidata do PV consegue iniciar a campanha no horário eleitoral gratuito em situação favorável, para compensar o pouco tempo de exposição que terá.

E exorciza, pelo menos por enquanto, o perigo de ser atropelada ou pela polarização entre os candidatos do PT e do PSDB ou pelo radicalismo alternativo do candidato do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio.

Mesmo depois de ter se tornado a estrela do primeiro debate na televisão, ele não conseguiu ainda pontuar nas pesquisas, o que coloca o PSOL em situação de não ter influência política na eleição até o momento.

Ao que tudo indica, a estratégia de campanha da candidata do Partido Verde continuará sendo a de se apresentar como uma terceira via para governar o país, recusando o clima de confrontação que domina a disputa entre PT e PSDB.

Ela está se preparando para superar com criatividade o pouco tempo de rádio e televisão que tem, e tentará convencer o eleitorado de que é a que tem condições de unir os melhores momentos dos governos de Fernando Henrique e Lula, sem a clivagem que predomina nas ações políticas de PT e PSDB.

O ponto central da estratégia política de Marina Silva é o que seus coordenadores denominam realinhamento histórico da social-democracia brasileira, que não se limitaria ao PSDB, mas se estenderia ao PT, que sempre reagiu a essa classificação, mas já atua dentro desse espírito, mesmo que conserve atuante e influente um grupo político que ainda defende a implantação do socialismo, a exemplo dos dissidentes que fundaram o PSOL.

O próprio ex-presidente Fernando Henrique formulou a melhor síntese do desalinhamento entre os dois partidos que polarizam a política brasileira desde 1993, quando ele assumiu o Ministério da Fazenda e comandou a implantação do Plano Real: PSDB e o PT disputam para ver quem vai liderar o atraso. A governabilidade de ambos é dada pelas respectivas alianças com o ex-PFL, hoje DEM, e com o PMDB ou anteriormente com um conjunto de partidos fisiológicos via mensalão.

A intenção é dar a Marina uma governabilidade mais coerente, analisa Alfredo Sirkis, um dos coordenadores da campanha.

Ele vê diferenças de estilo nos dois partidos, mas dentro do espectro da social-democracia europeia: O PT, mais do estilo do grande partido de origem sindicalista (SPD alemão, Labour, SD sueco), e o PSDB, mais classe média (PS francês e português). A campanha de Marina Silva acredita que há mais elementos programáticos em comum entre eles do que dissonantes.

Mas uma feroz disputa de poder, e subjacente animosidade com epicentro na política paulista, impediria uma aproximação.

Acreditam os do Partido Verde que, embora ambos estejam contaminados pelo fisiologismo, praga que também afeta o PV, admitem, esses dois partidos ainda são diferentes de um PMDB ou um DEM, cujo objetivo primordial, na visão de Sirkis, seria sempre participar de algum naco de poder, de alguma forma, como sócios menores, seja qual for o governo, mas sempre mamando nas tetas do estado.

Nessa visão, compartilhada pela candidata Marina Silva, PT e PSDB são partidos que, como o PV, ainda têm objetivos programáticos e um componente importante de quadros que se movem por si.

Como não é possível governar sem garantir uma maioria no Congresso, especialmente em um governo que se pretende reformista, a melhor dentre as possíveis bases parlamentares seria uma que os una ao PV num eventual governo Marina, somando a esse bloco adesões individuais complementares e alguns pequenos partidos de esquerda.

Pela disputa de poder que existe há quase 20 anos, tucanos e petistas jamais se juntariam num governo presidido por um adversário, mas seria Marina, que tem boas relações com ambos, quem poderia operar esse difícil, porém indispensável, realinhamento na política brasileira, analisa Sirkis.

Penso que, na hipótese da vitória de Marina, topariam, sim, e isso lhes faria um imenso bem, permitindo em ambos partidos a emergência do que têm de melhor.

Quanto à declaração de Marina na entrevista à TV Globo de que existem pessoas de bem em todos os partidos, inclusive PMDB e o DEM, diz Sirkis que elas poderiam complementar essa eventual maioria parlamentar, embora não a lastrear-primordialmente.

Ele menciona alguns com os quais pelo menos discutiríamos: senadores Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos e, do DEM, o candidato a vice-presidente de Serra, deputado federal Indio da Costa.

A base seria social-democrata, diz Alfredo Sirkis, para imprimir uma direção que vai além das limitações da social-democracia, brasileira ou não: o caminho da economia verde, dos programas sociais de terceira geração, da sustentabilidade, da revolução na educação e da reforma política baseada nas boas práticas republicanas com o fim do aparelhamento fisiológico-assistencialista do Estado brasileiro.

Pacto da mediocridade :: Claudio Weber Abramo

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Políticos deveriam ser pressionados em entrevistas, mas não é o que acontece

UM DOS OBSTÁCULOS que o eleitor brasileiro enfrenta para conhecer melhor os candidatos que pedem seu voto decorre da quase inexistência de oportunidades em que os políticos sejam submetidos a perguntas minimamente inteligentes.

Há duas circunstâncias em que candidatos podem ser questionados sobre algum assunto: nos debates que reúnem vários deles ao mesmo tempo; e em entrevistas que concedam.

No caso dos debates, qualquer centelha de vivacidade é extinta preventivamente pela inexplicável submissão dos veículos promotores a vontades, vetos e regras formuladas por marqueteiros, assessores de imprensa e assemelhados. Dada essa premissa, tais ocasiões só podem mesmo desenvolver-se como uma sucessão de trivialidades.

Há também "sabatinas" pré-preparadas, em que todos os candidatos são submetidos ao mesmo conjunto de perguntas. Isso é mais típico da imprensa escrita. Neste caso, as perguntas tendem ao tipo "faltará pescado na Semana Santa?", ou seja, burocráticas. E como quem responde não são os candidatos, mas os assessores, publicitários etc.etc. ("haverá pescado"), a mediocridade resultante é a mesma dos debates.

Entrevistas mano a mano, em que o candidato é indagado por alguém putativamente preparado para isso, não estão sujeitas a condicionantes mercadológicos. Seria de esperar, portanto, que entrevistadores aproveitassem a oportunidade para apertar os políticos.

É o que acontece? Não é. No mais das vezes, a ocasião é perdida. Ignora-se se isso acontece porque os entrevistadores sejam intimidados pelos candidatos ou porque não tenham imaginação.

Um exemplo drástico aconteceu na última quarta-feira, durante entrevista conduzida pelos apresentadores do "Jornal Nacional" com o candidato José Serra. A certa altura, Serra declarou, a respeito do loteamento da administração entre aliados, que o motivo que move partidos e políticos para reivindicar cargos é roubar.

O eventual leitor mais ou menos habitual desta coluna (se é que existe algum) haverá de recordar-se de que esse assunto das nomeações políticas é aqui abordado semana sim, semana não. O loteamento do poder público promovido pelo Executivo entre os membros dos partidos aliados é a principal fábrica de ineficiência e corrupção do país, nas três esferas.

Serra mostrou saber disso. Já os entrevistadores não entenderam o tamanho do "gancho" que o tucano abanou à sua frente e passaram ao item seguinte do script. Se, em vez disso, todo o restante da entrevista tivesse sido dedicado ao assunto das nomeações e às iniciativas de natureza institucional, política e administrativa que o candidato desencadearia, caso eleito, para reduzir a corrupção gerada pelo loteamento, teriam enfim introduzido um tema importante na arena política. Fica de novo a sugestão para futuras oportunidades.


Claudio Weber Abramo é diretor-executivo da Transparência Brasil

Chavismo tupiniquim :: Cesar Maia

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

O populismo autoritário na América Latina tem como expressão maior o presidente Chávez da Venezuela. Seu discípulo mais obediente é o presidente Morales da Bolívia. Em outros países inscritos na rede -dita- bolivariana, o Poder Legislativo procura reagir e evitar que a democracia seja totalmente pisoteada. O Brasil é um caso perigosamente intermediário.

As tentativas sub-reptícias quando descobertas produzem recuos cínicos do tipo "não era essa a intenção", "não havia lido". São quatro os vetores onde se testa a blindagem da sociedade e do Congresso. O primeiro trata de valores, quanto à vida, a família e as drogas, surpreendidos num tal Plano Nacional de Direitos Humanos.

O segundo aponta contra a liberdade de imprensa. O terceiro se direciona às instituições políticas, e a proposta de uma constituinte exclusiva para a reforma política é o caso mais flagrante.

O quarto é o mais comum. O presidente todas as semanas atropela o Congresso Nacional assinando tratados, convênios e contratos internacionais. Na semana passada ele declarou que havia assinado, em sua passagem de horas por Caracas a caminho de Bogotá, 28 acordos de cooperação em diversas áreas. Um mês antes assinou com Cuba linhas de crédito de US$ 1 bilhão.

Um pouco mais atrás avançou com Bolívia e Paraguai revisões dos contratos do gás e Itaipu.

Tem perdoado dividas a bel-prazer e justifica pela pobreza dos países beneficiados.

Não se trata de mérito, mas de restrições constitucionais que não dão ao presidente liberdade para decidir sem aprovação do Congresso. Se o Senado for ao STF questionar invasão de competência, esses acordos se tornam inválidos. A Constituição diz em seu artigo 49: "É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional".

Em seu artigo 52, ela diz: "Compete privativamente ao Senado Federal: (...) IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente; V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados (...) e dos municípios".

A bem da verdade, o Senado tem sido omisso. Nas sabatinas com embaixadores, estes têm o tempo de cinco minutos para suas exposições e o rito de escolha é sumário. Não é sem razão que outro dia o presidente afirmou que para ele um senador vale três governadores.

Assim explicou os acordos que reduziram à metade os candidatos de seu partido a governador, em relação a 2006.

Cesar Maia escreve aos sábados nesta coluna.

De Adhemar de Barros a Lula:: Villas-Bôas Corrêa

DEU NO JORNAL DO BRASIL

Pançudo, língua solta, com grande consumo de palavrões, o ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros, candidato crônico à Presidência da República, foi dos tipos mais contrastantes do modelo clássico nos seus muitos anos de militância.

Nas suas constantes viagens ao Rio, então capital do Brasil, era a garantia de manchete nos vespertinos espalhafatosos, com as entrevistas sem papas na língua. Hóspede dos apartamentos do anexo do Copacabana Palace Hotel, nos últimos anos de militância, trocou o mais luxuoso hotel da então capital por um apartamento na Glória, modestamente mobiliado, onde recebia os visitantes nu, em pelo. Assim o encontrei várias vezes, uma em que subi no mesmo elevador com o então vice-presidente Café Filho, no governo do presidente Getulio Vargas.

Tocamos a campainha e fomos anunciados ao ilustre governador paulista e presidente do PSP, o Partido Social Progressista. Adhemar não estava nu. Mas, sentado numa cadeira de balanço, com uma calça de pijama amarfanhada com sinais de muito uso, e uma jovem gorducha e seminua montada nas suas pernas. Percebendo o constrangimento do vice-presidente Café Filho, empurrou a amante com um pé nas nádegas e o comentário: O nosso vice é muito envergonhado para ver certas coisas. Com a calça de pijama, o peito desnudo e descalço, atendeu o vice-presidente, por ele indicado ao candidato Getulio Vargas na sua volta à Presidência da República, na sucessão do presidente Dutra, em 31 de janeiro de 1951.

Na calçada do Copacabana, recebeu alguns repórteres para uma rápida entrevista. E lá pelas tantas, explicou como exercitava a sua liderança: O líder é o que aponta o caminho. Apontou para um ponto com o dedo e com a voz de comando: É por aqui, macacada.

Não foi obedecido pelo eleitor, apesar da grande votação. E morreu praticamente esquecido, depois de percorrer o áspero caminho da decadência.

Não seria justo comparar o governador Adhemar de Barros com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Exceto em alguns cacoetes de líder no relacionamento com o seu desprezado Partido dos Trabalhadores, ao mesmo tempo mimado com empregos, sinecuras e outras benesses e, agora, na imposição da candidatura de Dilma Rousseff para a sua sucessão, com o toque de ineditismo da estreia sem nunca ter disputado nenhum cargo eletivo, nem de suplente de vereadora. Os notórios aspirantes do PT não foram ouvidos nem comunicados. A pílula amarga teve que ser engolida em seco, sem fazer careta, o riso forçado de quem engole café sem açúcar.

Nos solavancos da campanha, as denúncias da orgia de gastança com os cartões corporativos, dispensados da prestação de contas, um novo cacoete de discutível moralidade, mais um pouco, e será um carbono do estilo do Adhemar de Barros, que o sucessor Jânio Quadros explorava nos comícios da campanha, apontando para uma gaiola com um rato.

Uma por todas:: Míriam Leitão

DEU EM O GLOBO

O mundo tem vivido uma lenta espera do fim trágico de uma mulher. Ela é uma apenas, Sakineh Ashtiani, mas parece todas. Sua confissão forjada na TV é a macabra tentativa do governo do Irã de pôr a culpa na vítima, antes do ato final. Sakineh ajuda a entender o Irã, ilumina outros casos que estavam nas sombras, e lembra a questão sempre aberta da violência contra a mulher.

A globalização é sua única chance. Condenada inicialmente por adultério, que confessou após 99 chibatadas, ela teve a acusação trocada por envolvimento na morte do marido.

Seria mais uma mulher apedrejada no Irã ou em algum país onde os extremistas de uma religião controlam o Estado, se não fosse a divulgação do seu caso pelo mundo através de todas as mídias. No Brasil, surgiu o #ligalula no Twitter; pela internet, pessoas anônimas e famosas assinaram o abaixoassinado pedindo suspensão da pena e libertação.

Por todos os meios, seus filhos lutam para salvar a mãe. Seu filho de 22 anos, Sajjad, escreveu à ONU dizendo que vive em pesadelos com a possibilidade de a mãe ser apedrejada e diz que está convicto da sua inocência.

Quando Sakineh, com seu calvário, levanta o véu, o que se vê são outros casos brutais.

Mariam Ghorbanzadeh, 25 anos, acusada de adultério, abortou após torturas na mesma prisão e também foi condenada à morte. A afegã capa da Time, Bibi Aisha, mutilada sem o nariz e a orelha. Os casos vão sendo revelados e trazem a marca da mesma perversidade.

Seria injusto acusar só o Irã de violência contra as mulheres. Infelizmente, essa é uma ferida aberta na área dos direitos humanos.

A advogada Leila Linhares, feminista e integrante da comissão da OEA que monitora o assunto, explica que há dois tipos de países: Há países que têm na sua Constituição leis igualitárias e garantias de respeito aos direitos das mulheres.

Mesmo nestes países, há violência contra a mulher. Mas há países que têm leis discriminatórias e que desrespeitam os direitos humanos. O Irã faz parte desse segundo grupo me disse ela no programa que fiz na Globonews.

Em 1993, numa conferência internacional, a ONU passou a considerar a violência contra a mulher um crime contra os direitos humanos, contou Leila, que estava lá.

Um espanto que isso tenha sido considerado só em 1993. Mesmo assim, as notícias não são boas a partir daí. Os países que assinaram a convenção têm que enviar regularmente relatórios sobre seus problemas: Nem em países considerados desenvolvidos, como Suécia e Noruega, se deixa de ver crimes cometidos contra os direitos das mulheres. A pressão internacional pela segurança das mulheres é tímida, e vem basicamente de grupos feministas. Nas organizações internacionais esse é um problema considerado de segunda ordem.

O embaixador Roberto Abdenur acha que não se pode aceitar, em nome do multiculturalismo, atos que ofendem a dignidade da pessoa humana: Foi por isso que em 1948 se escreveu a Carta dos Direitos Humanos e depois se criou o conselho. No mundo da globalização se tem mais visão do que está acontecendo. O episódio como esse terrível da senhora Sakineh ocorre num país fechado, isolado, em retrocesso, mas o fato põe o Irã na berlinda.

Leila Linhares também rejeita o que ela define como naturalidade com que se aceitam tratamentos desiguais e discriminatórios em nome do relativismo cultural. Em 1993, em Viena, foi feito um tribunal de crimes contra mulheres e analisados inúmeros casos, inclusive de uma brasileira.

Havia casos de mulheres de países católicos, protestantes, judeu e muçulmanos.

Vítimas brancas, negras, ricas e pobres. Os crimes contra mulheres acontecem em todas as partes do mundo.

O Brasil ficou no meio da polêmica de Sakineh pela guerra de versões sobre se o país ofereceu mesmo ou não asilo a ela. Todo o assunto foi tratado da forma errada desde o começo, quando o presidente Lula disse que cada país tem suas leis, até o momento em que improvisou uma oferta de asilo no meio de um evento de campanha. O assunto é sério demais para ser tratado assim.

O que enchia de esperança os defensores de Sakineh era que os erros da operação diplomática do apoio brasileiro ao Irã pudessem dar algum capital político a Lula. A torcida continua existindo, mas a reação do governo de Teerã, de chamar Lula de mal informado, mostra mais uma vez quais eram os propósitos de Mahmoud Ahmadinejad: usar o Brasil.

O embaixador Abdenur era o representante brasileiro na AIEA em 2003, quando pela primeira vez surgiram provas de que o governo iraniano por 18 anos havia escondido informações sobre seu programa nuclear. Recentemente, a Agência elevou o tom da avaliação do programa iraniano.

Por tudo isso, ele conclui que o Brasil cometeu um erro diplomático grosseiro quando aceitou fechar aquele acordo com Teerã, votar contra a decisão do Conselho de Segurança e agora se dizer contrariado de ter que aderir às sanções: O Brasil entrou numa fria com seu apoio, confraternização e solidariedade em relação ao governo iraniano.

Por seus óbvios objetivos bélicos, o programa nuclear iraniano não é defensável.

Pela força do seu simbolismo, quem tem que ser defendida com paixão é Sakineh, a mulher iraniana que está entre as pedras e a forca. Podem dizer que ela é uma só. Quem é Sakineh diante de tanta perversidade que existe contra as mulheres? Ela é símbolo. Lutar para salvá-la é dar um passo a mais para proteger todas as mulheres do mundo.

Agoniza mas não morre - "Seu" Nelson Sargento

Serra diz que Dilma mentiu sobre salários de SP

DEU NO JORNAL DO BRASIL

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse ontem, em Salvador, que sua rival do PT, Dilma Rousseff , mentiu ao afirmar que os delegados da Polícia Civil de São Paulo têm os salários mais baixos do país.

É mentira (...) Não é verdade. Isso é bobagem afirmou o ex-governador.

Serra foi a Salvador para lançar seu Programa Nacional de Segurança Pública, cuja principal proposta é a criação de um ministério exclusivo para a área, como ele já havia dito desde a pré-campanha.

Nós não vamos aumentar o número de ministérios.

Nós vamos enxugar.

Tem ministério demais no Brasil. Tem até uma tal de Sealopra ironizou Serra. É um negócio de estudos estratégicos, que pode ser um departamento do Ipea.

Ideias Apesar das expectativas sobre o programa tucano, Serra não apresentou um plano de governo detalhado sobre segurança pública, e preferiu chamar as propostas de ideias.

Num resumo de três páginas distribuído aos jornalistas, havia quatro pontos principais, com tom de críticas ao atual governo: combate à circulação de drogas, falta de documento de identidade nacional, cadastro de veículos deficiente e registro de foragidos frágil e parcial.

Ao discursar sobre suas propostas, Serra disse que elas têm sido copiadas.

Está havendo cópia de propostas. Eu fiz as policlínicas, que o nome em São Paulo é Ame.

Agora, uma das candidatas propõe fazer os Ames concluiu.

Minha Casa: menos de 1% da meta

DEU EM O GLOBO

Em mais de um ano, programa entregou 3,5 mil dos 400 mil imóveis previstos para baixa renda; Dilma minimiza atraso

Geralda Doca e João Guedes*

BRASÍLIA e PORTO ALEGRE. Em mais de um ano de funcionamento, o programa Minha Casa, Minha Vida uma das principais bandeiras da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff beneficiou apenas 3.588 famílias com renda de até três salários mínimos, segmento que responde por mais de 90% do déficit habitacional brasileiro. O desempenho representa, segundo dados divulgados ontem pela Caixa Econômica Federal, 0,9% da meta de 400 mil casas para esse segmento da população.

O banco informou, porém, que 93% da meta de casas para a baixa renda já foram contratados.

E que estão sendo construídas 114.228 unidades, que deverão ficar prontas até o fim deste ano. No Rio, foram entregues 1.164, e outras 5.595 estão em fase de execução. A meta no estado é de 74.657 unidades.

O programa prevê, entre construção e financiamentos, um milhão de moradias no país.

Segundo a Caixa, este mês, o número de contratações vai bater a marca de 600 mil, a maior parte destinada a famílias com renda entre três e dez salários.

Em nota, a Caixa informou que demora entre 12 e 24 meses para que as casas sejam entregues aos beneficiados da baixa renda, em função da quantidade de unidades, da especificação dos imóveis e das condições climáticas, dentre outros fatores.

Reportagem publicada pelo GLOBO em abril revelou que o valor de venda do imóvel para famílias de até três salários é um entrave. De acordo com normas do Ministério das Cidades, o preço é de R$ 51 mil por apartamento e de R$ 47 mil por casa para a Região Metropolitana do Rio.

Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio (Sinduscon-RJ), Roberto Kauffmann, a construtora não consegue comprar o terreno, construir o imóvel, com o mínimo de infraestrutura, e vendê-lo pelos valores fixados.

Só em caso de terra doada: É sucesso absoluto, mas só entre três e dez salários.

Petista diz que Caixa está dando show Ontem, em Porto Alegre, Dilma minimizou os atrasos no Minha Casa, Minha Vida. Ela lembrou que o programa foi lançado em março de 2009, e que a média do ciclo de construção de uma unidade seria de 1 ano e 8 meses.

Dilma disse que a Caixa está dando show com o patamar de 500 mil unidades contratadas e estimou que o programa se aproxime de 1 milhão de contratos até o fim do ano. Ela criticou o fato de a Caixa ter dificultado acesso a dados, segundo reportagem da Folha de S.Paulo: Se não mostrou, está errado.

Tinha de mostrar. A Caixa tem um dos melhores desempenhos dos últimos anos em matéria de habitação.

Em discurso para uma plateia de prefeitos gaúchos de dez partidos, Dilma voltou a criticar José Serra, o candidato tucano.

Além de críticas ao sistema de pedágios em São Paulo, classificou como uma vergonha o fato do o estado mais rico pagar um dos menores salários para delegado de polícia no país: Não comparo com o delegado da Polícia Federal, mas comparo com o Piauí.

(*) Especial para O Globo

Oposição responsabiliza Dilma pelo atraso

DEU EM O GLOBO

Para líder do DEM, petista era "gestora do governo"; Vaccarezza rebate críticas

Cristiane Jungblut e Gerson Camarotti

BRASÍLIA. A baixa execução de obras das duas principais vitrines do governo Lula o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Programa Minha Casa, Minha Vida foi alvo de críticas da oposição, o que deflagrou uma ofensiva da base aliada.

Para o líder do DEM, deputado Paulo Bornhausen (SC), a baixa execução dos programas é uma demonstração da incompetência e do aparelhamento do governo petista. Ele responsabilizou a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, pela demora nos projetos, já que era a gerente do governo Lula: É uma vergonha fazer propaganda de um programa com 500 residências. É deboche com os mais pobres. Essa é a farsa perversa do PT: a incompetência.

O PAC é uma obra de ficção. Não se materializa pelo aparelhamento. A face visível disso é a Dilma, apontada como grande gestora do governo.

Em defesa do governo, o líder do governo e coordenador da campanha de Dilma, deputado Cândido Vaccarezza (PTSP), reagiu: Esses dados estão incorretos.

Só foram levados em conta projetos concluídos, e não em execução. Há contrato assinado para execução de 600 mil casas.

Olha, casa não é que nem pipoca que em poucos minutos fica pronta. E o PAC só está mal em alguns jornais e na oposição. É só conversar com os prefeitos.

Na sequência, alfinetou o candidato tucano, José Serra: O que ninguém questiona é que Serra promete construir 400 km de metrô, quando só fez 5,5 km em São Paulo.

Reportagem do GLOBO informou ontem que 52,8% das obras do PAC ainda não saíram do papel.

Já a Folha de São Paulo indicou que no último balanço do Minha Casa, Minha Vida só 565 das 240 mil casas previstas foram entregues.

Serra defende ocupação policial de áreas

DEU EM O GLOBO

Tucano também diz que pretende controlar fronteiras, investir em tecnologia e perícia e nos salários de policiais

Biaggio Talento*

SALVADOR. Ao anunciar seus sete pontos de governo para segurança pública, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse ontem em Salvador que um dos itens mais importantes será a prevenção do crime com ocupação de áreas com histórico de violência, nos moldes das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) que vêm sendo implantadas no Rio, em parceria com governos estadual e federal. Dentro desse item, ele prevê cursos para estudantes em escolas públicas e privadas sobre os malefícios das drogas e bebidas.

O Rio está fazendo uma experiência, nós fizemos em São Paulo, que é a de a polícia entrar nas regiões mais perigosas e permanecer quando necessário disse. Depois de uma ação de arrastão, (a polícia fica) desenvolvendo atividades e canalizando ações em educação, saúde, cultura e esporte, no sentido de dar outra vitalidade à comunidade, além, evidentemente, da prevenção ao crime que a presença da polícia representa.

Os outros pontos de segurança pública anunciados por Serra são: fazer funcionar um arquivo criminal de todos os estados, além de controle rígido de fronteira para evitar contrabando; investir pesado em tecnologia, polícia científica e câmeras nas ruas; remuneração mínima nacional e treinamento intensivo; apoiar vítimas de crimes; aumentar número de presídios federais, com reforma do Código de Execuções Penais; e criar o Ministério da Segurança para implantar todas as ações citadas.

Em seu discurso, Serra citou a situação do crescimento dos assassinatos no Nordeste, notadamente na Bahia, Sergipe e Alagoas.

Particularizou o caso da Bahia, onde o índice aumentou de 24,8 por grupo de 100 mil em 2007 para os atuais 33.

Serra circulou pelo Pelourinho com 200 cabos eleitorais de candidatos de PSDB e DEM. Ciceroneado pelo candidato ao governo da Bahia pelo DEM, Paulo Souto, arriscou um toque de timbau entre percussionistas.

Sindicatos contestam Cabral

DEU EM O GLOBO
Dados sobre saúde e educação citados pelo governador Sérgio Cabral durante o debate foram questionados por sindicatos. O candidato à reeleição pelo PMDB afirmou que só 5% dos funcionários da rede estadual de saúde são terceirizados.

O Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro e o Conselho Regional de Medicina afirmaram que este percentual é maior, de pelo menos 50%.

Já segundo a Secretaria de Saúde, o percentual de cooperativados caiu de 33% para 7% entre 2006 e 2010.

O sindicato e o conselho ratificaram a afirmação de Gabeira sobre a falta de médicos nas unidades.

Cabral disse ainda que pôs 30 mil professores em sala de aula. Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação, desde 2007 foram realizados dois concursos públicos para 5.500 vagas, além de outro processo seletivo para cadastro de reserva.

A aceleração da desordem

DEU EM O GLOBO

Moradores transformam imóveis do PAC do complexo de Manguinhos em lojas, bares e até açougue

Marcelo Dutra e Cláudio Motta

Moradores de pelo menos uma dezena de apartamentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no complexo de Manguinhos, na Zona Nor te, estão transformando os imóveis que receberam gratuitamente do governo federal em estabelecimentos comerciais.

No Condomínio João Nogueira, é possível ver bares, quitandas, lojas de ferragens e bazares à beira da Avenida Suburbana. Há até um açougue com um frigorífico improvisado na sala de um dos apartamentos térreos. Pela regra, os imóveis não podem ser alugados, transformados em pontos comerciais ou modificados. O governo do estado, que atuou no local em parceira com a União, avisa que poderá retomar as moradias.

Os exemplos são muitos. Em outra unidade habitacional, há um bar com mesa de sinuca e uma jukebox, ao lado de prateleiras lotadas de doces e salgados. Pelo menos dois dos apartamentos do condomínio, que viraram pontos comerciais, são sublocados por R$ 300. Segundo as pessoas que exploram os negócios, os proprietários se mudaram para outras comunidades.

O condomínio tem 396 unidades habitacionais, cada uma com 42 metros quadrados. São dois quartos, sala, cozinha, banheiro e varanda. A obra foi parcialmente inaugurada em dezembro do ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e custou aos cofres públicos cerca de R$ 53,2 milhões.

O objetivo era beneficiar duas mil pessoas daquela comunidade.

A maior parte dos estabelecimentos está funcionando na varanda e na sala dos apartamentos térreos.

Mas há quem utilize todo o espaço nas instalações comerciais.

Não moro no apartamento.

Aqui é só comércio. Eu pago um aluguel de R$ 300 a uma moça que mora em Saracuruna com a mãe doente.

O apartamento dela ficou vazio e eu não perdi tempo. Na verdade, eu moro em um outro apartamento que ganhei do governo aqui mesmo contou uma comerciante que atende o público em um dos estabelecimentos.

Outro dono de negócio diz que suas vendas crescem nos fins de semana quando amplia o número de clientes, espalhando mesas na calçada.

As mesas ficam cheias e a cerveja rola a noite toda disse ele, que é dono do apartamento.

Segundo alguns moradores, traficantes estão cobrando uma taxa mensal de R$ 15 a R$ 20 para garantir a segurança dos estabelecimentos porque, há 20 dias, foi registrado um caso de roubo.

Isso começou após a invasão de uma loja em que o comerciante perdeu R$ 500. O vigia nem sai da boca de fumo. À noite, ele fica lá em cima vendo tudo que acontece. Durante o dia, nem vemos, mas agora mesmo ele está de olho contou um dos comerciantes.

Arquiteto de obra não vê gravidade

Antes da mudança para um dos apartamentos, o morador teve que participar de um curso de 15 horas, com no mínimo 75% de presença. Caso contrário, ele não receberia as chaves.

Nas palestras, eles são informados que não podem alugar o apartamento nem fazer modificações fora do padrão. De acordo com a Empresa de Obras Púbicas (Emop), órgão do governo do estado, uma equipe do PAC social será enviada na próxima terçafeira para convencer os moradores a desfazerem as alterações feitas. Quem não respeitar as normas de conduta poderá perder a casa.

A coordenadora do trabalho social do PAC no governo do estado, Ruth Jurberg, informa que está em fase inicial um treinamento em que os moradores vão aprender formas legais de gerar renda, dentro de um conceito de desenvolvimento sustentável: Não é permitido fazer comércio.

A gente já conversou com os moradores, mas muitos moravam em casas que também eram lojas.

O que estamos trabalhando agora é o desenvolvimento sustentável.

Tem um eixo que se chama geração de emprego e renda. Vamos incentivar a formação de cooperativas, capacitar moradores e organizar espaços para gerar renda de forma organizada.

As mudanças na arquitetura dos apartamentos também podem ser consideradas irregulares, embora algumas, como a instalação de aparelhos de ar condicionado, tenham sido autorizadas pelo governo.

O uso de grades ainda está sendo discutido. Mas alguns moradores já protegeram suas janelas, alegando que se sentem inseguros.

O governo está acompanhando o processo de adaptação dos moradores, que não podem nem vender nem alugar o imóvel por cinco anos. Eles assinaram os documentos e sabem que os apartamentos podem ser retomados. O governo tem essa prerrogativa. O que nós queremos é atender o maior número de famílias carentes, não pessoas que vão alugar o apartamento disse Ruth.

Para a pesquisadora Hilaine Yaccoub, antropóloga doutoranda da UFF, os moradores da comunidade se acostumaram a buscar fontes alternativas de renda.

Quando são transportados para outro contexto, com tudo regularizado, acabam criando meios de sobrevivência e geração de renda.

Por isso o puxadinho e o comércio observa. Além disso, o apartamento foi desenhado por arquitetos e engenheiros que têm o olhar de fora, que pode não refletir os valores e as necessidades de quem mora ali.

Por outro lado, o arquiteto da empresa Metrópolis Projetos Urbanos (MPU), Jorge Jauregui, que desenhou os edifícios de Manguinhos, minimizou o impacto das alterações feitas pelos moradores. Ele disse que considera boa a ideia dos toldos.

Para ele, os moradores ainda estão aprendendo a viver num condomínio.

Jorge destaca a importância do trabalho social, que vai ensinar a eles as diferenças entre espaço público e privado.

Mesmo a classe média, às vezes, usa os espaços de maneira diferente da que o arquiteto planejou.

Ipanema e Leblon também têm puxadinho.

Faz parte da cultura cívica mostrar que é necessário respeitar o limite do público e do privado afirmou o arquiteto, que ontem estava no local. Não vi qualquer mudança grave. Algumas varandas fechadas, toldos. Nada muito sério.

Gostei do toldo do comércio em frente a uma praça. Tudo isso bem pensado, bem incorporado, pode ser uma contribuição para o projeto.

Datafolha: Dilma sobe e abre 8 pontos sobre Serra

DEU EM O GLOBO

Petista estaria hoje a apenas três pontos de vencer no primeiro turno

Pesquisa Datafolha divulgada ontem mostra que a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, abriu vantagem de oito pontos sobre seu principal adversário, José Serra, do PSDB. Pela consulta, feita entre 9 e 12 de agosto, Dilma subiu cinco pontos em relação à pesquisa de julho, passando de 36% para 41% das intenções de voto. Já Serra perdeu quatro pontos, recuando de 37% em julho para 33% agora. Marina Silva, candidata do PV, manteve os mesmos 10% de antes. Os demais candidatos não chegaram a 1%. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Segundo o Datafolha, considerando-se apenas os votos válidos, a candidata do presidente Lula estaria hoje a apenas três pontos da vitória no primeiro turno. Os caciques tucanos dizem que o resultado não desanima e apostam no início do horário eleitoral gratuito. E os petistas, mesmo animados, evitam o clima de "já ganhou".

Dilma abre distância

Datafolha: petista tem 8 pontos de vantagem sobre Serra e está perto de vencer no 1º turno

Jailton de Carvalho, Cristiane Jungblut e Isabel Braga

BRASÍLIA - A ex-ministra Dilma Rousseff (PT) abriu uma vantagem de oito pontos sobre o ex-governador José Serra (PSDB) na disputa pela Presidência da República, segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem. Pela pesquisa, Dilma está com 41% das intenções de voto, contra 33% de Serra. Marina se mantém em terceiro lugar, com 10% da preferência do eleitorado.

Esta é a primeira vez em que Dilma aparece à frente de Serra nas pesquisas do Datafolha. Até então, Serra liderava a disputa. Em relação à pesquisa anterior, de julho, a petista cresceu cinco pontos, e o tucano perdeu quatro.

Pelos cálculos do instituto, se forem excluídos os votos em branco, nulos e indecisos, e a contagem levar em conta só os votos válidos, Dilma estaria a três pontos de vencer no primeiro turno. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. A pesquisa foi encomendada pela Rede Globo e pelo jornal Folha de S. Paulo.

O universo de eleitores que declaram voto em branco e nulo ou que ainda não sabem em quem votar é de 9%. Num eventual segundo turno, Dilma também está com oito pontos à frente de Serra. A ex-ministra tem 49% das intenções de voto, contra 41% do tucano. Ela subiu três pontos em relação à pesquisa anterior. Passou de 46% para 49%. Serra caiu de 45% para 41%. O total de votos em branco, nulos e indecisos é de 5%.

Para tucanos, resultado distorcido

Os tucanos atribuíram a vantagem de Dilma ao fato de a petista ter sido entrevistada em primeiro lugar pelo Jornal Nacional, na última segunda-feira, e Serra ter sido o último, quarta-feira. A pesquisa colheu opiniões até anteontem: A pesquisa de hoje está distorcida por um acontecimento óbvio: a presença de Dilma no JN. Serra se saiu muito melhor que ela, mas os entrevistados só puderam responder com base na entrevista dele na quinta-feira. Para Dilma, foram quatro dias seguidos da pesquisa.

Isso tem um impacto enorme, são 70 milhões de telespectadores disse o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

Amigo de Serra, o deputado tucano Jutahy Junior (BA) esteve ontem de manhã com o candidato, que visitou a Bahia. Jutahy disse que procurou saber se a pesquisa incluiria entrevistas ontem. Como descobriu que não, imaginou que haveria uma diferença a favor da petista: Demos azar. A pesquisa pegou 100% dos entrevistados tendo visto Dilma no JN. Três vezes mais pessoas viram a Dilma e, no caso do Serra, um dia apenas da pesquisa. A Dilma fez um comício eletrônico para 40 milhões de telespectadores, dá distorção.

Eu disse ao Serra que era impossível ela não ter vantagem e ele afirmou: não há dúvida. Todos as pesquisas feitas depois que candidatos aparecem nos programas mostram o crescimento dos candidatos.

Jutahy afirmou que o resultado da pesquisa não desanimará a campanha tucana: Não desanima. Vamos à luta.

No horário eleitoral, vamos mostrar que Serra é mais preparado e vamos ganhar.

Já o PT comemorou. A avaliação dos dirigentes da campanha da petista é que a pesquisa mostra que Dilma está conseguindo se firmar na disputa, mostrando suas qualidades, e não só aparecendo como a favorita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os petistas evitam falar em vitória no primeiro turno, mas alguns creem que isso poderá ocorrer, apesar de ressaltarem que ainda é cedo e que o horário eleitoral sequer começou.

O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PTSP), disse acreditar que o PSDB não escolheu o melhor candidato para disputar com Dilma.

A eleição não terminou. Está cada vez mais claro que, quando a Dilma se expõe, o povo prefere a Dilma ao Serra. O candidato Serra cometeu muitos erros: assumiu um discurso radical, do velho PFL, e depois vestiu o papel de cordeiro. O povo não é bobo. A disputa é dura, o que sabemos é que Dilma está no segundo turno. O Serra é um candidato fraco disse Vaccarezza.

Petista evita clima de já ganhou

O secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), atribuiu a vantagem de Dilma ao reconhecimento do governo Lula pela população e ao bom momento da economia. Porém, ele afirmou que não pode haver salto alto.

A pesquisa é muito positiva.

Mas não podemos entrar no clima do já ganhou.

No Twitter, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), candidato a vice na chapa de Dilma, parabenizou a colega. A pesquisa foi feita de segunda a quinta-feira. Foram ouvidos 10.856 eleitores em 382 municípios.

O levantamento mostra que Lula mantém os índices de popularidade: 77% o consideram ótimo ou bom, 18%, regular e 4%, ruim.

Alfredo Sirkis, um dos coordenadores da campanha de Marina Silva, disse que o resultado da pesquisa é bom para a candidata. Para ele, Marina está consolidada numa boa posição e deverá crescer com o início dos programas eleitorais gratuitos na TV e no rádio: Muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte. Em breve, as pesquisas vão mostrar quem pode derrotar a Dilma e o Serra afirmou Sirkis.

Alckmin aumenta vantagem em S. Paulo

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Segundo o Datafolha, tucano atingiu 54% das intenções de voto e hoje venceria eleição no 1º turno: Mercadante aparece com 16% das preferências

Daniel Bramatti

O candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, tem 54% das intenções de voto e venceria no primeiro turno se a eleição fosse realizada hoje, segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem.

Em relação ao levantamento anterior do Datafolha, feito entre os dias 20 e 23 de julho, o tucano cresceu de 49% para 54% e ampliou sua vantagem em relação ao principal adversário, Aloizio Mercadante (PT), que tem 16% das preferências - mesmo índice registrado há três semanas pelo instituto.

O terceiro e o quarto colocados, Celso Russomanno (PP) e Paulo Skaf (PSB), também mantiveram seus porcentuais - 11% e 2%, respectivamente. Fábio Feldmann (PV) e Paulo Bufalo (PSOL) aparecem com 1% cada.

Somados, os adversários de Alckmin têm 31% do eleitorado - 23 pontos porcentuais a menos que o tucano. Para vencer no primeiro turno, um candidato precisa receber a maioria absoluta dos votos válidos - ou seja, mais do que a soma dos adversários.

Na hipótese de haver um segundo turno entre o PT e o PSDB, o tucano venceria Mercadante por 65% a 25%.

A pesquisa foi feita de segunda-feira até anteontem - antes, portanto do primeiro debate na televisão entre os candidatos ao governo do Estado, promovido pela TV Bandeirantes. O favoritismo de Alckmin fez com que, no debate, ele se transformasse em alvo preferencial de quase todos os adversários.

Mercadante concorreu ao governo paulista há quatro anos, quando perdeu para o tucano José Serra no primeiro turno, por 58% a 32% dos votos válidos.

Alckmin, que já governou São Paulo de 2000 a 2006, vem de uma sequência de duas derrotas eleitorais. Há quatro anos, disputou a Presidência com Luiz Inácio Lula da Silva. Conseguiu levar a disputa para o segundo turno, mas, no segundo, acabou tendo menos votos do que na primeira rodada.

Em 2008, Alckmin se candidatou à Prefeitura de São Paulo e não conseguiu chegar ao segundo turno, disputado por Marta Suplicy (PT) e Gilberto Kassab (DEM) e vencido por este último. Em 2010, o ex-governador terá o maior tempo no horário eleitoral gratuito e também o maior número de inserções - vídeos ou áudios de 30 segundos distribuídos ao longo da programação normal das emissoras de rádio e televisão.

Russomanno, embalado pela popularidade obtida como apresentador de televisão, disputa sua primeira eleição para o Executivo - há quatro anos, ele teve cerca de 570 mil votos para a Câmara dos Deputados. Skaf, presidente licenciado da Federação das Indústrias de São Paulo, também disputará sua primeira eleição para o governo.

Campos dispara e fica 41 pontos à frente de Jarbas

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Angela Lacerda / RECIFE –

A segunda rodada da pesquisa Datafolha/TV Globo, realizada entre os dias 9 e 12, indicou ampliação da vantagem do governador-candidato Eduardo Campos (PSB) sobre seu principal oponente, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), em Pernambuco.

Campos tem 62% das intenções de voto, contra 21% de Jarbas. Na primeira rodada, em 24 de julho, tinham 59% e 28%.

Registrada sob o número 37813/2010 no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), a pesquisa ouviu 1.094 pessoas e tem margem de erro de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos.

Os candidatos Edílson Silva (PSOL) e Jair Pedro (PSTU) tiveram 1%. Brancos e nulos somaram 3% e 11% dos entrevistados ainda não sabem em quem votar.

Cabral tem 57% e Gabeira, 14%

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

O governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), que tenta a reeleição para o cargo, ampliou de 35 para 43 pontos porcentuais a vantagem que tinha sobre o candidato do PV, deputado Fernando Gabeira, na disputa pelo Palácio Guanabara, segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem à noite. A sondagem deu ao peemedebista 57% das intenções de voto, contra 14 % para o verde - na pesquisa anterior, de 26 de julho, Cabral já vencia no primeiro turno por 53% a 18%.

O candidato Eduardo Serra (PCB) manteve os 3% de julho e Cyro Garcia (PSTU) caiu de 3% para 2%. Votos brancos e nulos passaram de 9% para 8%, mas os eleitores indecisos foram de 12% para 14%. A pesquisa ouviu 1.246 eleitores de 29 cidades. A margem de erro é de três pontos porcentuais. O levantamento foi registrado no TSE sob o número 22769/201 e no TRE-Rio sob o código 67892/2010.

Com 43%, Costa mantém liderança

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Eduardo Kattah

O candidato do PMDB ao governo de Minas, Hélio Costa, manteve a vantagem de 26 pontos porcentuais sobre o governador Antonio Anastasia (PSDB), que disputa a reeleição, conforme pesquisa Datafolha divulgada ontem pela TV Globo. Costa aparece 43% das intenções de voto contra 17% de Anastasia.

Em relação ao último levantamento, de 24 de julho, ambos oscilaram negativamente 1 ponto porcentual, dentro da margem de erro - 3% para mais ou para menos.

Fábio Bezerra (PCB) e Vanessa Portugal (PSTU) estão com 2% cada. O número de indecisos apurado foi de 24%. Os votos brancos e nulos somaram 8%.

Na simulação de segundo turno entre Costa e Anastasia, o candidato do PMDB venceria por 54% a 22%. A pesquisa foi realizada no período de 9 a 12 de agosto, com 1.264 eleitores, registrada sob o número 59.520/2010.

Datafolha: Richa abre 12 pontos sobre Dias no Paraná

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Evandro Fadel

O candidato do PSDB ao governo do Paraná, Beto Richa, ampliou para 12 pontos porcentuais a diferença que tem em relação a seu principal concorrente, Osmar Dias (PDT), de acordo com pesquisa Datafolha divulgada hoje pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC), afiliada à Rede Globo. No dia 26 de julho, Richa tinha 43% das intenções de voto e, agora, está com 46%. Já Dias baixou de 38% para 34% nesta nova sondagem.

Tarso tem 38%, Fogaça, 27% e Yeda, 16%

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Lucas Azevedo / PORTO ALEGRE

O ex-ministro da Justiça Tarso Genro (PT) lidera as intenções de voto na pesquisa Datafolha/TV Globo, divulgada ontem. Tarso aparece com 38%, três pontos a mais desde a última pesquisa, de julho. O ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça (PMDB) manteve os 27%. Já a governadora gaúcha Yeda Crusius oscilou de 15% para 16%.

Os indecisos registraram 13%; votos nulo ou em branco somaram 4%. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos. A pesquisa também avaliou um eventual segundo turno entre Tarso e Fogaça. O petista venceria, por 48% a 38%.

Foram ouvidos 1.196 eleitores de 46 cidades entre os dias 9 e 12. O levantamento está registrado no TRE (36864/2010), e no TSE (22762/2010).

Datafolha: Roriz lidera no DF apesar de impugnação

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

João Domingos

Mesmo enquadrado na Lei da Ficha Limpa, o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) manteve a liderança na disputa pelo governo do Distrito Federal, com 41% das intenções de voto, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada hoje. Roriz recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a cassação de sua candidatura e continua a fazer campanha. Na última pesquisa, em julho, ele tinha 40% das intenções de voto.

O petista Agnelo Queiroz subiu seis pontos porcentuais, passando de 27% na preferência dos eleitores, em julho, para 33% agora. Toninho do PSOL, que tinha 3%, caiu para 2%; Rodrigo Dantas (PSTU) tinha 1% e manteve o mesmo porcentual; Ricardo Machado (PCO) passou de zero para 1%. Outros dois candidatos não pontuaram.

Indecisos e votos em brancos somaram 15% e nulos, 8%. O Datafolha ouviu 701 eleitores entre os dias 9 e 12. A pesquisa foi registrada no TSE com o número 25.232/2010. A margem de erro é de quatro pontos porcentuais, para mais ou para menos.

Sakineh: vaivém de versões entre Brasil e Irã

DEU EM O GLOBO

Chanceler Amorim e embaixador em Teerã reafirmam que Itamaraty fez oferta de asilo a iraniana condenada

Renata Malkes e Donizeti Costa

RIO e SÃO PAULO. Mesmo tentando se esquivar de uma saia justa diplomática, o governo brasileiro reafirmou que houve, sim, uma proposta oficial apresentada ao Irã oferecendo asilo à prisioneira Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por adultério e suposto assassinato de seu marido. Tanto o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, quanto o embaixador brasileiro em Teerã, Antônio Salgado, confirmaram que a oferta foi feita ainda que não haja documentos por escrito comprovando a iniciativa.

A versão contraria o embaixador iraniano em Brasília, Mohsen Shaterzadeh, que garante que seu país não recebeu qualquer proposta brasileira oficial.

mdash; Quando você concede o agreement (autorização) para o embaixador, a coisa mais vital para os estados, concede verbalmente, não precisa de nota disse Amorim. Quando um embaixador vai comunicar algo que o presidente já tinha dito (Lula afirmara, num comício, a intenção de receber Sakineh), para nós é uma formalização explicou ele, no Instituto de Estudos Avançados da USP.

O embaixador do Brasil em Teerã, Antônio Salgado, reiterou a versão do Itamaraty. Segundo o diplomata, a comunicação oficial foi feita na semana passada ao Ministério de Assuntos Estrangeiros do Irã, num encontro com o vice-ministro para assuntos das Américas, embaixador Ahmad Sobhani. A proposta foi feita oralmente, sem qualquer documento endereçado à república islâmica o que, segundo o embaixador, não diminui o peso da mensagem.

Eles já tinham conhecimento do caso através da imprensa e receberam a proposta com serenidade contou Salgado ao GLOBO, por telefone.

Para nós, a coisa é muito simples: fizemos um gesto e precisamos esperar a resposta. A bola está no campo dos iranianos.

Apesar de exposta a diferença no entendimento protocolar entre os dois países, o Itamaraty nega qualquer mal-estar com Teerã e vice-versa. Adotando uma estratégia amigável, em Brasília, o embaixador iraniano evitou novas polêmicas sobre o caso Sakineh, mas ressaltou que o Irã defenderá a presença do Brasil em qualquer negociação sobre seu programa nuclear.

O presidente Lula traz a esperança e o apoio dos países em desenvolvimento à discussão afirmou Shaterzadeh.

Enquanto cresce o temor de que Sakineh seja executada a qualquer momento, o jornal britânico Guardian sugeriu ontem que a repercussão mundial do caso esteja levando o Irã a rever penas impostas a outras condenadas. O diário cita Mariam Ghorbanzadeh, de 25 anos. Inicialmente condenada ao apedrejamento por adultério, a jovem, que abortou após ser espancada na cadeia, teve a sentença mudada para enforcamento.

O que pensa a mídia

Editoriais dos principais jornais do Brasil
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Julia Fischer & Daniel Muller-Schott - Handel-Halvorsen Passacaglia (HQ)

MADRUGADA :: Ferreira Gullar


Do fundo de meu quarto, do fundo
de meu corpo
clandestino
ouço (não vejo) ouço
crescer no osso e no músculo da noite
a noite

a noite ocidental obscenamente acesa
sobre meu país dividido em classes