sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Opinião do dia - Hannah Arendt

No momento da ação, para nosso desconforto, revela-se, primeiro, que o “absoluto”, aquilo que está “acima” dos sentidos – o verdadeiro, o bom, o belo -, não é apreensível, porque ninguém sabe concretamente o que ele é. Não há dúvida de que todo mundo tem dele uma concepção, mas cada um o imagina concretamente diferente. Na medida em que a ação depende da pluralidade dos homens, a primeira catástrofe da filosofia ocidental, que em seus últimos pensadores pretende, em última instância, assumir o controle da ação, é a exigência de uma unidade que por princípio se revela como impossível, salvo sob a tirania.

*Hannah Arendt (1906-1975), filosofa alemã. ‘A Promessa da Política’, p. 43. Difel, 2008.

Contas públicas têm em janeiro melhor resultado desde 2013

Secretária do Tesouro, porém, diz que fevereiro deve registrar número pior

Martha Beck, Bárbara Nascimento | O Globo

-BRASÍLIA- As contas públicas começaram 2017 no azul. O governo central (composto por Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) fechou janeiro com superávit primário (economia feita para o pagamento da dívida pública) de R$ 18,9 bilhões. O número é o maior desde 2013 e o terceiro melhor da série histórica do Tesouro, iniciada em 1997. Embora a arrecadação tenha registrado queda no primeiro mês do ano, as despesas caíram em um ritmo mais forte e ajudaram o resultado final. De acordo com relatório do Tesouro Nacional, as receitas líquidas somaram R$ 118,8 bilhões, com uma retração de 9,1% sobre 2016. Já os gastos ficaram em R$ 99,8 bilhões, montante 13,2% menor.

Superávit vai a R$ 18,97 bi, o maior para janeiro desde 2013

Por Fabio Graner, Edna Simão e Cristiane Bonfanti | Valor Econômico

BRASÍLIA - Depois de acelerar os gastos no fim do ano, o governo pisou no freio em janeiro, derrubou o pagamento de investimentos e conseguiu obter o terceiro maior superávit primário para o mês na série histórica e o mais alto em quatro anos.

O governo central - que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central - economizou R$ 18,9 bilhões no mês passado, sem considerar o pagamento de juros. No mesmo mês de 2016, as contas haviam ficado positivas em R$ 14,8 bilhões. Apesar do resultado, fevereiro "provavelmente, será um mês de déficit, segundo a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi.

Ibre-FGV já vê alta de 0,3% do PIB no primeiro trimestre

Por Arícia Martins | Valor Econômico

SÃO PAULO - A atividade econômica começa a ensaiar sinais mais consistentes de retomada neste início de ano, no que poderia ser o "começo do fim" da recessão mais grave já enfrentada pelo Brasil. A avaliação é do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), que elevou ligeiramente a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto em 2017, de 0,3% para 0,4%. Para o primeiro trimestre, a estimativa aumentou 0,2 ponto percentual, para 0,3%.

"A melhor imagem para o momento por que passa a economia brasileira talvez seja a de um barco com forte vento de popa, velas infladas, mas carregando pesadíssimo lastro", afirmam os economistas Regis Bonelli, Armando Castelar Pinheiro e Silvia Matos na edição de fevereiro do Boletim Macro, divulgado com exclusividade ao Valor.

Previdência: base não quer mudança nos benefícios assistenciais

Partidos aliados, liderados pelo PSDB, resistem a idade maior para receber auxílio

Geralda Doca - O Globo

-BRASÍLIA- Liderados pelo PSDB, partidos da base de apoio ao governo no Congresso querem barrar a mudança nos benefícios assistenciais (Lei Orgânica de Assistência Social-Loas, pago a idosos e deficientes da baixa renda), prevista na reforma da Previdência. O governo quer desvincular esses benefícios do salário mínimo e elevar de 65 anos para 70 anos a idade para requerer o auxílio. Os tucanos devem fechar questão na próxima semana contra a alteração, na Câmara e no Senado.

O coordenador da bancada tucana na comissão especial que analisa a reforma, deputado Marcus Pestana (MG), disse que a medida prejudica os mais pobres. Além disso, lembrou, a Loas foi criada pelo expresidente Fernando Henrique Cardoso e, por isso, deve ser mantido como está.

— Vamos levar o assunto para a direção partidária e bater o martelo depois do carnaval — disse o deputado.

União e Estados têm rombo de R$ 316 bi na Previdência

Rombo na previdência da União e dos Estados chegou a R$ 316,5 bi em 2016

Número, que inclui tanto o INSS quanto os servidores públicos, é 44,4% maior que o registrado no final de 2015; para Ministério do Planejamento, dados mostram que a reforma da Previdência não é um problema só do governo federal

Adriana Fernandes, Idiana Tomazelli | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O déficit das contas da previdência da União e dos Estados atingiu R$ 316,5 bilhões em 2016, um crescimento de 44,4% em relação a 2015. O resultado previdenciário global só não foi pior porque os municípios apresentaram superávit de R$ 11,1 bilhões, o que reduziu o rombo geral para R$ 305,4 bilhões.

Os dados englobam tanto o INSS quanto a previdência dos servidores públicos. O crescimento é explicado tanto pelo envelhecimento da população, que aumenta o número de aposentados, quanto por uma questão conjuntural: a crise econômica elevou o desemprego e, por consequência, reduziu o número de pessoas contribuindo para a Previdência.

Busca por emprego demora dois anos para 2,3 milhões

Na crise, longa espera atinge 20% dos desempregados no país

Número dobrou desde 2014. Jovens são os mais afetados por dificuldades no mercado de trabalho

A recessão prolongou o tempo que os brasileiros que perderam o emprego levam para reconquistar uma vaga. No ano passado, 20% dos desempregados estavam há pelo menos dois anos sem trabalho. Havia 2,3 milhões nessa situação, e 4,4 milhões procuravam emprego há mais de um ano, segundo dados do IBGE. Especialistas afirmam que os jovens são os mais afetados e alertam que, quanto maior a demora, mais difícil será para o trabalhador se recolocar no mercado.

Espera mais longa

Entre os 11,8 milhões de desempregados, 20% procuram emprego há pelo menos dois anos

Daiane Costa | O Globo

Ainda que pesem os sinais de melhora na economia e a afirmação do ministro Henrique Meirelles de que o país já está saindo da recessão, o desemprego não dá trégua e se torna cada vez mais longo. Em 2016, quase 20% dos 11,8 milhões de desempregados já procuravam uma vaga há pelo menos dois anos. Em relação a 2014, esse grupo explodiu, crescendo 90%: passou de 1,2 milhão de pessoas para 2,3 milhões no ano passado. Uma realidade que, para analistas, dificulta ainda mais a tão esperada retomada da economia.

Vice da Câmara diz que irá romper com governo após convite a Serraglio

Ranier Bragon, Daniel Carvalho, Gustavo Uribe | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O convite para que o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) assuma o Ministério da Justiça já causou o primeiro racha público na bancada do partido na Câmara.

Parlamentares dizem que o PMDB deixa de ser o "partido do presidente" para tornar-se apenas um "partido da base".

Por causa disso, o anúncio oficial do nome de Serraglio não deve mais ser feito nesta quinta-feira (23).

Vice-presidente da Casa, o também peemedebista Fábio Ramalho (MG) afirmou nesta tarde que está rompendo com o governo de Michel Temer e que sua vontade agora é impôr seguidas derrotas ao Palácio do Planalto nas votações.

Aloysio e Amaral despontam como opções para chefia do Itamaraty

Daniela Lima, Gustavo Uribe, Marina Dias | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Aliados do presidente Michel Temer acreditam que a chefia do Ministério das Relações Exteriores está, neste momento, entre o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), e o embaixador Sérgio Amaral, que está nos Estados Unidos.

Segundo a Folha apurou, o nome de Aloysio foi mencionado pelo presidente ainda na noite de quarta, após Temer aceitar a exoneração de José Serra (PSDB-SP) –que alegou problemas de saúde para deixar o cargo.

Aloysio foi presidente da Comissão de Relações Exteriores no Senado. Segundo pessoas de dentro do Itamaraty, o trabalho à frente do colegiado despertou elogios do corpo diplomático, que teria recebido bem a indicação, agora, de seu nome para o ministério.

PSDB indica Aloysio Nunes para o Itamaraty

Por Daniel Rittner, Andrea Jubé, Fernando Taquari e Raymundo Costa | Valor Econômico

BRASÍLIA - Pego de surpresa pelo pedido de demissão do chanceler José Serra, o presidente Michel Temer deu início ontem mesmo à busca por um sucessor, mas não descarta deixar o anúncio para a volta do Carnaval. Ele se reuniu com o ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, e com o senador tucano Aécio Neves (MG) para avaliar possíveis substitutos.

Temer foi aconselhado por auxiliares próximos a manter o Itamaraty na cota do PSDB. Ele está preocupado em contemplar o partido porque os tucanos perderam dois ministérios - Relações Exteriores e Justiça - em 15 dias.

O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), chegou ao fim do dia com amplo favoritismo para a sucessão de Serra. Ele se tornou nome de consenso entre a bancada tucana na Casa. Foi presidente da Comissão de Relações Exteriores e tem o perfil adequado para o cargo, segundo parlamentares da legenda. Ao contrário de suas declarações públicas, Aloysio sinalizou a colegas que aceitaria a indicação se isso unir o partido.

Serraglio diz que apoia Lava-Jato

Na Justiça, Serraglio diz que vai preservar a Lava-Jato

Escolha, 17 dias depois do cargo vago, atendeu a pedido do PMDB

Júnia Gama e Leticia Fernandes | O Globo

-BRASÍLIA- A nomeação de Osmar Serraglio (PMDB-PR) para o Ministério da Justiça, 17 dias após a saída do novo ministro do STF, Alexandre de Moraes, foi definida sob o raciocínio de que o governo precisa, neste momento, ceder aos partidos aliados para conseguir viabilizar as reformas da Previdência e Trabalhista. Na primeira entrevista, Osmar Serraglio afirmou que não irá interferir na Operação Lava-Jato e que não vê qualquer necessidade de correção de rumos nos trabalhos da Polícia Federal, que é subordinada ao Ministério da Justiça.

— Não vou fazer nada em relação à Lava-Jato. Não cabe a mim interferir em algo que é conduzido por outro poder, o Judiciário, e tem a investigação através do Ministério Público. Em parte, também tem envolvimento da Polícia Federal, mas quem conduz é o Poder Judiciário, sob a batuta do juiz Sergio Moro e do ministro do Supremo Edson Fachin. Acho que a Lava-Jato está no caminho certo, apresentando resultados que a população tem aplaudido — afirmou.

Abram alas para o Brasil brasileiro - Roberto Freire

- Blog do Noblat

Manifestação cultural que tem relação direta com a nossa própria identidade nacional, o carnaval talvez seja a maior festa popular do planeta. Os festejos durante os dias de Momo mobilizam os brasileiros de norte a sul do país, mostrando a capacidade de expressão artística do nosso povo e uma alegria genuína que contagia a todos. Poucos países podem se orgulhar por ter um evento dessa magnitude, com tanta diversidade, que diz muito sobre o nosso jeito de ser. O carnaval, definitivamente, tem a cara do Brasil.

Durante a minha juventude, brinquei muitos carnavais ouvindo frevo e fazendo o passo pelas ruas de Recife e Olinda. Especialmente a partir de Pernambuco, essa forma de expressão musical, coreográfica e poética atravessou gerações e se transformou em um dos grandes símbolos do carnaval brasileiro, além de um dos mais emblemáticos patrimônios culturais e imateriais do país. No último dia 9 de fevereiro, aliás, foi comemorado o Dia do Frevo, uma das principais raízes da música nacional e que nos encanta há mais de 100 anos.

Depois do carnaval - Fernando Gabeira

- O Estado de S. Paulo

Está mais do que na hora de tornar públicos os depoimentos dos 77 delatores da Odebrecht

O escritor Vargas Llosa disse que a Odebrecht merece um monumento por ter revelado o mecanismo de corrupção no continente. Naturalmente, referia-se ao modo de operar da empresa. A Odebrecht, na verdade, revelou o mecanismo da corrupção, apesar dela.

A primeira etapa foi de negação. Marcelo Odebrecht recusava-se a colaborar e orientava uma agressiva tática de defesa. Funcionários da Odebrecht foram enviados ao exterior para desfazer pistas, sobretudo na Suíça.

De fato, o mecanismo da Odebrecht é monumental, incluindo o uso de um banco, de cervejarias e inúmeras outras empresas que cobriam sua identidade. Mas a empreiteira só decidiu mesmo revelar toda a trama, até a internacional, quando foi descoberto o seu setor de operações estruturadas, que articulava esse imenso e sofisticado laranjal.

Não mexer na Lava-Jato - Merval Pereira

- O Globo

Mais uma vez a Operação Lava-Jato torna-se central nas definições políticas do Palácio do Planalto. A escolha do deputado Osmar Serraglio para o Ministério da Justiça representa ou não uma tentativa de estancar a investigação? Se olharmos o relacionamento de Serraglio com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, para quem até mesmo pediu uma anistia pelo seu papel no impeachment da ex-presidente Dilma, é possível dizer que sim.

Serraglio foi um dos defensores do projeto de lei contra abuso de autoridade com que Cunha queria intimidar os juízes e procuradores da Lava-Jato. Se o passado do deputado paranaense como relator da CPI do mensalão valer, veremos que não.

O relatório final do deputado Osmar Serraglio reafirmou a existência do chamado “mensalão”, que ele definiu como “uma variante de corrupção da pior espécie, na qual a representatividade política é usurpada por interesses mesquinhos”.

Popularidade? ‘Ela virá!’- Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

Diz o velho ditado que “alegria de pobre dura pouco”, mas a do presidente Michel Temer também anda durando muito pouco e, nesta semana pré-carnaval, ele foi da euforia com a economia à apreensão com a política em questão de horas tanto na quarta quanto na quinta-feira. E isso não vai parar tão cedo.

Temer está muito satisfeito com os dados da inflação, juros, contas públicas, arrecadação e emprego em São Paulo. Também está animado com a recuperação da Petrobrás e com os planos do BNDES, apresentados a ele nesta semana pela presidente Maria Silvia Bastos. “É a confiança de volta”, diz Temer, elogiando a guinada do BNDES para estimular as pequenas e médias empresas, recuperar o “S” de social e selar parcerias com Estados e municípios para saneamento básico.

O novo senhor Justiça – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Na semana em que a Câmara abriu o processo de impeachment, um grupo de deputados lançou a ideia de anistiar Eduardo Cunha. Os parlamentares diziam que o peemedebista teria prestado um bom serviço ao dinamitar o governo Dilma. Por isso, deveria ser perdoado pelas acusações de receber propina e mentir sobre as contas milionárias no exterior.

"Eduardo Cunha exerceu um papel fundamental para aprovarmos o impeachment da presidente. Merece ser anistiado", declarou um dos porta-vozes do movimento, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

O ruralista não se limitou às palavras em defesa do correntista suíço. Como presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, patrocinou uma série de manobras para protelar o processo de cassação do aliado. Numa delas, encerrou a sessão antes da hora marcada, ignorando protestos de colegas. Teve que deixar o plenário às pressas, sob gritos de "Vergonha!".

Lá fora, parece mais fácil estancar a sangria - César Felício

- Valor Econômico

Coração do poder não foi atingido nos países vizinhos

Teria havido impeachment de Dilma Rousseff sem a contaminação do sistema partidário por um escândalo de corrupção? As forças atingidas pela Lava-Jato conseguiriam a destituição da presidente sem as provas de descontrole fiscal do governo de então? A resposta é difícil para as duas perguntas, porque provavelmente se trata de uma clássica situação de simbiose. Mas com certeza a corrupção da Odebrecht não teria se convertido em um escândalo sem o arcabouço legal criado nos últimos anos que fez deslanchar as investigações.

É essa particular situação brasileira, em que crise econômica se entrelaça com crise política e as duas abrem caminho para as instituições de controle funcionarem com liberdade, que podem explodir ou não a estrutura partidária nos demais países em que a Odebrecht corrompeu autoridades para ganhar obras.

A força das narrativas – Rogério Furquim Werneck

- O Globo

Não há dúvida de que o quadro político com que se defronta Temer tornou-se extremamente intrincado

O Planalto já não alimenta ilusões sobre a duração do clima de alarme que se instalou em Brasília. As coisas não vão se acalmar tão cedo. Entalado entre os desdobramentos das delações da Odebrecht, de um lado, e a incapacidade da PGR e do STF de dar vazão às dezenas de investigações e julgamentos de parlamentares e ministros com direito a foro privilegiado, de outro, o governo sabe o que lhe espera. Está fadado a atravessar 2017 — a melhor parte do que lhe resta de mandato — com o Congresso em ebulição e a base aliada em permanente sobressalto.

E é nesse clima que Temer terá de assegurar o avanço da pesada agenda que precisa tramitar no Congresso, a preservação do delicado círculo virtuoso de retomada da economia e, ainda, a construção de uma coalizão política promissora, em torno de um candidato que possa disputar com sucesso a eleição de 2018 e tornar crível a ideia de que o esforço de ajuste fiscal, de fato, terá continuidade no próximo mandato presidencial.

Lavoterapia - Marina Silva

- Valor Econômico

Vencer a corrupção é condição para que a justiça social e a democracia prevaleçam no Brasil

Os membros da força tarefa da Lava-Jato sustentam que a corrupção no Brasil é endêmica e sistêmica. Para usar a antiga comparação da corrupção com o câncer, é como se o organismo Brasil estivesse tomado pela metástase.

A corrupção está no interior de muitas relações institucionais que regem as nossas vidas, condicionando a ação de agentes públicos e privados. Assim, ela muitas vezes influencia o modo como se governa e como se presta o serviço público, o modo como diversas empresas produzem e comercializam e os custos que repassam para a sociedade; em alguns casos, o modo como são julgados os criminosos; em muitos casos, o modo como se elegem os representantes e governantes.

Os fatos positivos - Míriam Leitão

- O Globo

Quinhentos bilhões de reais da renda agrícola estão entrando na economia neste começo de ano como resultado da safra recorde que o Brasil está colhendo no verão. Essa é uma das boas notícias no país, que está ainda dominado pelos indicadores ruins desta crise prolongada. Ontem, o IBGE divulgou que 24 milhões de brasileiros estão desempregados ou subempregados.

O economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, diz que a conjuntura é difícil ainda, mas há algumas notícias que atenuam a crise:

— A renda agrícola vai ser superior a R$ 500 bilhões neste período e a maior parte acontece nos primeiros quatro meses do ano, quando a colheita de verão está no auge. Isso é o valor em reais da produção agrícola de todos os segmentos. Esse dinheiro vai para a economia, mas antes foi para a compra de insumos. No meio do desastre do setor automotivo, as vendas de máquinas agrícolas foram uma das poucas boas notícias. Isso vai depois para a indústria de processamento de alimentos, vai para a exportação e se espalha para todos os lados ajudando a demanda em geral.

'Filosofia da suruba' serve aos poderosos - Fernando Abrucio

- Eu & Fim de Semana | Valor Econômico

O senador Romero Jucá é um dos mais bem-sucedidos expoentes do modelo tradicional de se fazer política no Brasil. A principal característica desse grupo é a capacidade de se adaptar, mantendo-se no poder quem quer que seja o governante.

É onde Jucá sempre esteve desde a redemocratização, sendo líder do governo de todos os últimos governos. Quando percebe que a barca vai virar, muda de lado rapidamente, como bem demonstrou sua famosa conversa com Sérgio Machado, na qual defendeu o impeachment da presidente Dilma como forma de evitar o aprofundamento da Operação Lava-Jato. A luta contra a investigação, no entanto, não acabou, e Jucá formulou uma nova estratégia de defesa: a "filosofia da suruba".

Para quem perdeu o teor dessa proposição filosófica, retomo a definição original dada pelo senador Jucá. Questionado em relação à possibilidade de o Supremo Tribunal Federal restringir o chamado foro privilegiado apenas aos eventuais crimes cometidos ao longo do mandato, o atual (e eterno) líder do governo falou algo que com certeza já está na lista das pérolas da sabedoria política brasileira: "Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada".

Memória cultural do país - Helena Severo

- O Globo

A necessidade de conservar, ampliar e democratizar o acesso aos acervos é, sem dúvida, o grande desafio enfrentado pelos gestores de bibliotecas nacionais

Costuma-se dizer que são os valores culturais que fundamentam nossas identidades nacionais. Um povo identifica-se enquanto povo a partir do compartilhamento de um conjunto de traços espirituais e materiais que abrangem artes e letras, modos de vida, sistemas de valores, tradições e crenças. Historicamente, as bibliotecas nacionais foram constituídas como instituições depositarias das tradições, da memória e da produção intelectual de um pais.

O nome certo para o Itamaraty – Editorial | O Estado de S. Paulo

Desde o afastamento de Dilma Rousseff, a diplomacia brasileira, sob o comando do chanceler José Serra, deixou de servir ao sectarismo ideológico de um partido político para colocar em pauta a defesa dos verdadeiros interesses nacionais. Passaram para o primeiro plano as preocupações com a ordem econômica mundial, a abertura de mercado para os produtos e serviços brasileiros e o realinhamento do Brasil com as nações e organizações internacionais empenhadas na promoção dos direitos humanos. Passou-se, também, a ver a integração da América Latina, em especial o Mercosul, com outros olhos, mais práticos e ansiosos por resultados concretos. Com o pedido de demissão de Serra por razões de saúde, o desafio que se coloca agora diante do presidente Michel Temer é garantir que, quem quer que venha a ser o novo ministro, esteja assegurada a manutenção pelo Itamaraty da política externa que recolocou o Brasil no mundo moderno e está reabrindo as portas da economia à indispensável participação dos investimentos externos.

É preciso cautela nos estímulos à economia – Editorial | O Globo

Pressões da inflação continuam baixas, tanto que o BC até arrisca projetar juros de um dígito ainda este ano, garantia de que não são necessários incentivos artificiais

A reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), do Banco Central, terça e quarta, transcorreu sem qualquer grande surpresa, confirmando a afirmação do presidente do BC, Ilan Goldfajn, feita no Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, de que cortes de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros eramo“novo normal ”. Assim, aS elic,c oma segunda redução consecutiva de mesmo tamanho, caiu para 12,25%.

BC pode acelerar e estender ciclo de baixa dos juros – Editorial | Valor Econômico

O Banco Central vislumbra a possibilidade de uma queda mais intensa dos juros no atual ciclo ou estender o período de distensão monetária indo mais longe do que previa no início do ciclo. Não são coisa semelhantes e têm implicações de curto prazo diferentes, mas indicam que o BC tateia a possibilidade de levar a taxa de juros ao menor nível possível compatível com a inflação ancorada e estável.

Enquanto que a intensidade da queda dos juros - aumentar a magnitude do corte para além de 0,75 ponto percentual - possa ser feita no futuro próximo, a extensão do ciclo de baixa se aproxima de um experimento de tentativa e erro, pois envolve variáveis não observáveis e para as quais há dispersão significativa na mensuração - a taxa de juro de equilíbrio e o produto potencial.

Trump volta à carga – Editorial | Folha de S. Paulo

Há duas interpretações possíveis para as novas regras destinadas à expulsão de imigrantes ilegais dos EUA, editadas nesta semana pela administração Donald Trump.

Na leitura otimista, o republicano não foi tão longe quanto prometeu na campanha eleitoral. Num exemplo, aqueles que chegaram aos Estados Unidos com menos de 16 e têm hoje até 35 anos —conhecidos como "dreamers" (sonhadores), que falam, pensam e vivem como norte-americanos— serão poupados do programa.

Desastre adiado - Carlos Osorio

- O Globo

Venda da Cedae se baseia em acordo que não garante reequilíbrio das contas do estado

Nesta segunda-feira, a Alerj aprovou a venda da Cedae. A bancada do PSDB votou contra. Justamente nós que somos do partido que empreendeu as maiores reformas contemporâneas de modernização do Estado brasileiro. Isso incluiu a estabilização da economia, a Lei de Responsabilidade Fiscal e diversas privatizações. O povo brasileiro até hoje usufrui de seus benefícios.

Nosso posicionamento na questão da Cedae não é ideológico. Reflete o dever de proteger os interesses da população nesta hora tão grave. O Estado do Rio está mergulhado na maior crise da sua história. E esse cenário de caos não se formou da noite para o dia. Foram anos de irresponsabilidade fiscal, incompetência e da mais desenfreada corrupção. Precisamos, sim, de uma profunda reforma que reorganize o estado sob novas bases, onde impere a boa gestão.

A foca – Vinicius de Moraes

Quer ver a foca
Ficar feliz?
É pôr uma bola
No seu nariz.

Quer ver a foca
Bater palminha?
É dar a ela
Uma sardinha.

Quer ver a foca
Fazer uma briga?
É espetar ela
Bem na barriga!

Alceu Valença - Voltei Recife