O Globo
Não vai ter golpe, nem impeachment. E
talvez nem candidato único como terceira via. Assim como as multidões que
estiveram nas ruas no 7 de Setembro apoiando Bolsonaro não impediram que ele
fosse derrotado — tanto que teve de recuar —, a falta de pessoas em número
expressivo nas manifestações do fim de semana não quer dizer que ele tenha
maioria, como insinuou.
Bolsonaro teve uma máquina de organização muito afiada — parecia o PT nos
áureos tempos, com o sindicalismo mobilizando as massas. Mas as próximas
pesquisas de opinião provavelmente mostrarão Bolsonaro caindo para o que pode
ser seu chão, cerca de 20% de apoiadores.
As manifestações não foram um fracasso, mas sinal de que não há condições
políticas para o impeachment. Também foi um erro convocá-las pouco tempo depois
do êxito das em favor de Bolsonaro. A carta que o ex-presidente Michel Temer
negociou e essa demonstração fraca de apoio ao impeachment mostram que
Bolsonaro ainda tem algum fôlego para seguir adiante.
Se ele não fizer alguma grande loucura, poderá chegar ao final do governo em
campanha, com as vantagens que a estrutura do governo oferece na reeleição. Mas
sua situação eleitoralmente continua frágil, embora esteja difícil conseguir um
nome que una todos os lados na terceira via, o que poderá acontecer durante a
campanha, que irá descartando candidaturas que não tenham força popular.