O Globo
Está em cena um espetáculo engraçado,
protagonizado por Jair Bolsonaro, seus ministros e representantes no Congresso.
Trata-se de uma peça em que cada um se
finge de desavisado enquanto todos sabem que o governo promove, em mais de uma
frente, a discussão de propostas que visam, artificialmente, reduzir o preço
dos combustíveis para que o tanque eleitoral do presidente saia da reserva e
seu carro rode mais alguns quilômetros.
Antes mesmo de Flávio Bolsonaro tascar sua
impressão digital na tal PEC Kamikaze, já se sabia que vinha da Casa Civil uma
versão menos suicida de proposta, que aportou na Câmara.
Ainda assim, Paulo Guedes topa, de novo,
encenar o ato em que o ministro da Economia luta contra moinhos de vento e
tenta defender os cofres públicos de uma “bomba” armada logo ali do lado, pelo
seu chefe e pelos seus colegas.
Do jeito que Guedes pinta o quadro de
infortúnios que o impediram de fazer as reformas que imaginou e de vender as
empresas que prometeu, o último responsável é Bolsonaro. Na sua frente estão o
Congresso, a imprensa, os economistas “social-democratas” e sabe-se lá mais
quem.
Pois não é nenhum desses personagens secundários que está no palco, quando as luzes rapidamente se apagam, e a cena da peça muda, tratando de, mais uma vez, promover benesses eleitoreiras à custa de um estica e puxa no Orçamento da União.