*Gravação da PF indica que Dilma tentou evitar prisão de Lula *Manifestantes protestam contra nomeação de ex-presidente para a Casa Civil e fazem panelaços em várias partes do País *Governo diz que vai recorrer à Justiça
A nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil desencadeou uma série de protestos pelo País. Os atos foram motivados também pela divulgação de áudios da Operação Lava Jato, feitos pela Polícia Federal, com diálogos do petista com a presidente Dilma Rousseffe o ex-ministro Jaques Wagner. Em uma das conversas, Dilma diz a Lula: “Seguinte, eu tô mandando o ‘Bessias’ junto com o papel pra gente ter ele e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?”. Para a oposição, a frase indica que a nomeação de Lula teve como objetivo garantir a ele foro privilegiado e configuraria tentativa de obstrução das investigações.
Na Câmara, deputados pediram a renúncia de Dilma. As conversas monitoradas sugerem também uma tentativa de influenciar o MP e o Judiciário. Em diálogo com Wagner, Lula afirma que a “Suprema Corte está acovardada”. Segundo a Lava Jato, o ex-presidente se referia à atuação do STF perante a operação. Os advogados de Lula classificaram como “arbitrariedade” a divulgação dos grampos. O governo anunciou que vai “tomar as medidas judiciais cabíveis”. No final da tarde e à noite, milhares de pessoas protestaram em Brasília e em São Paulo. Também houve panelaços em várias cidades do País. O Diário Oficial da União publicou, em edição extraordinária, a nomeação de Lula como chefe da Casa Civil.
• Presidente confirma seu antecessor na Casa Civil da Presidência e provoca nova onda de manifestações; juiz federal libera arquivos de áudio com monitoramento telefônico do petista e afirma que diálogos indicam que ele atuou para tentar influenciar o Judiciário
Dilma blinda Lula de Sérgio Moro e novos protestos tomam ruas do País
A nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil do governo Dilma Rousseff desencadeou ontem uma série de protestos pelo País motivada também pela divulgação de arquivos de áudio da Operação Lava Jato com diálogos do petista com a presidente e com o ex-ministro Jaques Wagner. Em uma dessas conversas, às 13h32 de ontem, Dilma diz a Lula: “Seguinte, eu tô mandando o ‘Bessias’ (JorgeMessias, subchefe de Assuntos Jurídicos)junto com o papel pra gente ter ele e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?”. Para a oposição, a frase da presidente indica que a nomeação do líder petista teve o objetivo de conferir a ele foro privilegiado e, portanto, configura que ambos atuaram para obstruir as investigações.
O monitoramento das conversas telefônicas (grampos) sugerem também uma tentativa de influenciar o Ministério Público e o Judiciário. “Trata-se de processo vinculado à assim denominada Operação Lava Jato e no qual, a pedido do Ministério Público Federal, foi autorizada a interceptação telefônica do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de associados”, afirmou em despacho o juiz Sérgio Moro. Dilma, de acordo com a operação, não foi monitorada.
O diálogo entre ela e Lula foi captado, segundo a força-tarefa, de uma ligação recebida pelo aparelho celular de um assessor de Lula. Os advogados do líder petista classificaram como uma “arbitrariedade” a divulgação dos arquivos de áudio. A presidente “repudiou” a medida. A posse de Lula deve ocorrer hoje. No fim da tarde de ontem, grupos anti-Dilma e antipetistas realizaram protestos em frente ao Palácio do Planalto e em várias capitais do País.
Os protestos se estenderam até a madrugada. Também foram registrados panelaços. Os manifestantes pediram a saída de Lula do ministério e de Dilma da Presidência. Enquanto as manifestações começavam a tomar forma, o Diário Oficial da União publicou, em edição extraordinária, a nomeação do ex-presidente como chefe da Casa Civil no lugar de Wagner, que foi remanejado para a chefia de Gabinete da Presidência. Em uma conversa com Wagner, também captada pelo monitoramento da PF, Lula afirma que a “Suprema Corte está acovardada”. Ele também fala sobre o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o STF