sábado, 6 de agosto de 2011

Opinião – Pedro Simon

"Sou obrigado a reconhecer que, com toda a corrupção que teve de um tempo para cá, o que encontramos no governo Collor deveríamos ter enviado para o juizado de pequenas causas."
Pedro Simon. Senador PMDB-RS

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO

FOLHA DE S. PAULO

O ESTADO DE S. PAULO

ESTADO DE MINAS

CORREIO BRAZILIENSE

ZERO HORA (RS)

JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Agência de risco rebaixa EUA e aumenta incerteza na economia

Standard & Poor"s tira o triplo A que país tinha há mais de 90 anos e expõe perigo de calote

O que mais se temia aconteceu na noite de ontem: apesar de o Congresso americano ter autorizado a elevação do teto da dívida federal esta semana, os Estados Unidos foram rebaixados pela agência Standard&Poor"s (S&P), que classificava o país como "AAA" desde 1941. Bem antes, desde 1917, o país já tinha a nota máxima por outra agência, a Moody"s. Agora, pela S&P, os EUA passam a ser "AA"+". Pelas agências Fitch e Moody"s, a nota continua máxima, mas elas anunciaram nas últimas semanas possibilidade de revisão. O triplo A era um atestado de risco zero de calote. Comprar um título da dívida americana era considerado um porto seguro pra investidores mundo afora. A mudança da nota foi justificada pelo crescente déficit americano, que pode levar a uma moratória futura. O maior detentor de títulos americanos é a China. O Brasil é o quarto. A nota das agências orienta a decisão de grandes investidores.

Estados Unidos são rebaixados

TREMOR GLOBAL

Agência reduz nota de crédito da maior economia do mundo de "AAA" para "AA+"

Bruno Villas Bôas*

Depois de semanas de impasse sobre a elevação do teto da dívida dos Estados Unidos, o que ocorreu no último minuto, na terça-feira, a maior economia do mundo finalmente perdeu sua nota "AAA". Por volta das 21h15m (horário de Brasília), a agência de classificação de risco Standard&Poor"s (S&P) reduziu o rating dos EUA em um nível, para "AA+", citando preocupações sobre o crescente déficit orçamentário. À tarde já haviam circulado rumores de que isso aconteceria.

A classificação de risco é uma nota dada a países e empresas para balizar as decisões de investimento de investidores em todo o mundo. Os EUA estavam no nível máximo - ou seja, era considerados de risco zero de calote - da S&P desde 1941. Na Moody"s, outra importante agência, o rating está no mais alto patamar desde 1917, segundo a CNN. O país também tem a nota máxima na Fitch, outra grande empresa do segmento.

"O rebaixamento reflete nossa opinião de que o plano de consolidação fiscal fechado pelo Congresso e o governo não contempla o que, a nosso ver, seria necessário para estabilizar a dinâmica da dívida federal a médio prazo", afirmou a S&P em nota.

Os títulos do Tesouro americano agora têm rating abaixo dos de Reino Unido, Alemanha, França e Canadá. Além disso, a perspectiva é negativa, o que pode significar um novo rebaixamento dentro de 12 ou 18 meses.

Valor das bolsas tem queda de US$4,2 tri

Segundo Luciano Rostagno, estrategista-chefe da CM Capital Market, o corte vai intensificar o nervosismo nos mercados na próxima semana, que pode, mais uma vez, ser de fortes perdas. Para ele, a medida aumenta a pressão sobre o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para adotar novas medidas de injeção de liquidez na economia americana.

- Fundos de investimento mais rigorosos, que usam a S&P como referência, terão de vender os títulos americanos porque eles não têm mais o maior grau de classificação de risco. Mas é muito difícil mensurar a magnitude do que está para acontecer - afirma Rostagno, ressaltando não acreditar que seja algo nos moldes da quebra do Lehman Brothers.

O rebaixamento fecha a pior semana dos mercados internacionais desde a crise mundial. O Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), fechou com leve alta de 0,26%, aos 52.949 pontos, conquistada nos minutos finais do pregão, após oscilar dez vezes entre os campos positivo e negativo, com 11,4 bilhões de ações trocando de mãos. Mas isso não impediu um tombo de 9,99% na semana, o pior desde 21 de novembro de 2008 (-12,68%). Em Wall Street, o Dow Jones também oscilou muito, para fechar em alta de 0,54% na sua pior semana em dois anos, com queda acumulada de 5,75%.

Segundo a base de dados da agência Bloomberg News, os mercados mundiais perderam US$4,2 trilhões em valor de mercado em apenas cinco dias, o equivalente a duas vezes o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços) do Brasil, de US$1,594 trilhão em 2010.

No mercado cambial, o dólar comercial avançou 0,37%, a R$1,587, com a redução de apostas contra a moeda e remessas para o exterior. A divisa fechou a semana com alta de 2,12%.

O Ibovespa chegou a subir 1,99% na abertura, após os EUA divulgarem a geração de 117 mil vagas em julho, contra previsão de 85 mil. O índice de desemprego recuou de 9,2% para 9,1%. Mas isso não segurou os mercados europeus, de olho na reunião dos líderes da União Europeia (UE) para discutir a crise da dívida na zona do euro. Londres caiu 2,71%, Paris, 1,26%, e Frankfurt, 2,78%. A Ásia já registrara fortes perdas, refletindo os mercados do Ocidente na véspera. Tóquio recuou 3,72%. Após o fechamento do mercado europeu, a Itália anunciou um plano para reduzir o déficit e liberalizar a economia. Isso contribuiu para a alta de Bovespa e Dow Jones.

Para Rogério Freitas, sócio e e gestor da Teórica Investimentos, as revisões das expectativas de crescimento das economias americana e mundial continuam a pressionar os preços das commodities e a afetar as bolsas:

- Tem um elefante enorme passando pelos mercados: as revisões de recuperação da economia global. Será preciso mais do que um dado isolado de emprego para mudar de vez o foco de atenção dos investidores.

As ações preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras recuaram 2,28%. Já as PN da Vale caíram 2,50%. As principais altas ficaram as ações que recuaram muito nos últimos dias, como Usiminas ON (10,42%) e MMX ON (8,02%).

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Corretoras tentam segurar clientes

As corretoras decidiram agir contra o nervosismo dos investidores, enviando e-mails para tentar conter a saída de clientes. Na quarta-feira, a primeira forte queda da Bovespa, as pessoas físicas fizeram saques líquidos de R$76,4 milhões. Investidores institucionais brasileiros (bancos, empresas e grandes fundos) venderam R$187,6 milhões. Já os estrangeiros colocaram R$326 mil na Bolsa. Em e-mail aos clientes, a XP Investimentos pediu cautela: "Sabemos que é difícil não cair na tentadora vontade de seguir o movimento de manada, vender tudo e voltar com força total para a renda fixa".

(*) Com agências internacionais

FONTE: O GLOBO

Dilma tenta acalmar militares após nomeação de Amorim

Em reunião com comandantes após troca na Defesa, presidente pede que se mantenha normalidade institucional

Na tentativa de acalmar os militares, que reagiram mal à escolha do ex-chanceler Celso Amorim para a Defesa, a presidente Dilma Rousseff reuniu ontem os comandantes das três Forças Armadas, no Palácio da Alvorada, e disse não haver motivo para preocupações. Dilma pediu aos militares que mantenham a "normalidade institucional", abriu um canal mais direto de relacionamento com eles e disse que seu governo não permitirá revanchismos. O encontro durou uma hora, no dia seguinte ao da demissão de Nelson Jobim, que chefiava o Ministério da Defesa desde 2007. Todos entenderam na conversa que não haverá revisão da Lei de Anistia. A presidente disse a auxiliares que saiu "aliviada" da reunião. Já o ex-presidente Lula criticou os descontentes com a nomeação de Amorim. "Eu não sei se cabe aos militares gostarem ou não gostarem", disse Lula. Amorim tomará posse na segunda-feira e hoje vai se reunir com os comandantes militares. Ele disse que não perderá de vista " os interesses estratégicos" do País.

A militares, Dilma indica que Lei da Anistia é intocável mesmo sob Amorim

Aconselhada por Lula, presidente convidou comandantes das três Forças para uma conversa no Alvorada e os tranquilizou sobre a indicação de ex-chanceler para comandar a pasta; ela explicou que não poderia tolerar a insubordinação de Jobim

Tânia Monteiro e Vera Rosa

Na tentativa de acalmar os militares, que reagiram mal à escolha do ex-chanceler Celso Amorim para o Ministério da Defesa, a presidente Dilma Rousseff reuniu ontem os comandantes das três Forças Armadas, no Palácio da Alvorada, e disse não haver motivo para preocupações. Dilma pediu aos militares que mantenham a "normalidade institucional", abriu um canal direto de relacionamento com eles e assegurou que seu governo não permitirá revanchismos.

O encontro durou uma hora e ocorreu no dia seguinte ao da demissão de Nelson Jobim, que chefiava o Ministério da Defesa desde 2007, no segundo mandato do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente fez questão de reunir a o alto comando da tropa, pouco antes de viajar para a Bahia, com o objetivo de desfazer o mal-estar.

Em mensagem teleguiada para acalmar a caserna, Dilma afirmou que ninguém precisa temer mudanças. Embora não tenha tocado no assunto com todas as letras, os militares entenderam que não haverá revisão da Lei de Anistia. Pactuada para possibilitar a transição democrática, a lei impede a punição de agentes de Estado que praticaram crimes contra os opositores do governo, como tortura, assassinatos e desaparecimentos forçados, durante a ditadura.

Amorim tomará posse na segunda-feira e hoje vai se reunir com os comandantes militares, em Brasília. Da mesma forma que Dilma, disse aos mais próximos que fará um trabalho de "distensão". Não haverá solenidade de transmissão de cargo.

A saída de Jobim foi oficializada na quinta-feira à noite e Dilma procurou deixar claro, na conversa com os militares, que, assim como eles, a Presidência também não pode admitir insubordinação.

Jobim caiu depois de ter dado uma entrevista à revista Piauí, na qual faz críticas aos auxiliares mais próximos de Dilma e ao próprio governo. À revista, ele definiu a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, como "fraquinha" e disse que a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, "nem sequer conhece Brasília".

Na quinta-feira, durante viagem a Tabatinga (AM), na fronteira com a Colômbia, Jobim afirmou que suas declarações haviam sido tiradas do contexto. Dilma mandou o então ministro retornar e, à noite, ele entregou a carta de demissão.

Telefonema. Depois de conversar por telefone com Lula - que na quinta-feira estava em Bogotá -, a presidente decidiu convocar os militares para uma reunião. Queria tranquilizá-los sobre a nomeação do diplomata Amorim, considerado por eles como "esquerdista".

Participaram do encontro com Dilma ontem no Alvorada os comandantes do Exército, Enzo Peri; da Marinha, Moura Neto; e da Aeronáutica, Juniti Saito, além do chefe do Estado-Maior Conjunto, general José Carlos De Nardi.

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), José Elito Carvalho Siqueira, não foi chamado para a reunião. Ao tomar posse, em janeiro, Elito disse que a existência de desaparecidos políticos durante a ditadura militar (1964-1985) não deve ser motivo de vergonha nem tampouco de vanglória, mas, sim, tratado como "fato histórico". Ex-militante de organizações de extrema esquerda, Dilma não gostou das declarações e o enquadrou na época.

A presidente contou a auxiliares que saiu "aliviada" do encontro com os militares. Eles gostavam de Jobim, mas disseram entender que o ex-ministro "passou dos limites".

Orai e vigiai. Mais tarde, no Palácio do Planalto, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, também tratou ontem de tranquilizar os servidores sobre a saída de Jobim. Em reunião com cerca de 50 integrantes do governo, entre os quais secretários executivos, Carvalho afirmou que a ordem de Dilma, agora, é para que todos continuem trabalhando. "Está tudo tranquilo", disse.

Ao mencionar a "faxina" nos Transportes, o ministro insistiu em que o governo tem "tolerância zero" para a corrupção. Pediu, ainda, que todos fiquem atentos para evitar que o Palácio do Planalto seja surpreendido por denúncias de irregularidades. "Orai e vigiai", pediu o ministro, ex-seminarista e católico fervoroso.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Um dia comum na vida do ex-ministro

Jobim sai à rua mas não quer falar de demissão

Fora do governo, o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim disse ontem que "não é mais nada" e dedicou o primeiro dia longe do ministério a uma peregrinação em que retomou contatos com cardeais do PMDB.

Quadro histórico do partido, mas sem grande conexões com o atual comando da máquina peemedebista, Jobim visitou o vice-presidente Michel Temer e o presidente do Senado José Sarney (AP).

Pela manhã, ele saiu bem cedo de casa para uma caminhada e evitou falar com a imprensa sobre a conversa que teve na quinta-feira à noite com a presidente Dilma Rousseff - cinco breves minutos nos quais entregou a carta de demissão e se despediu.

"Não tenho nada para comentar", limitou-se a afirmar, a cada pergunta feita por jornalistas que o seguiam. "Não sou mais nada, qualquer coisa pergunte para a presidente Dilma."

Nelson Jobim foi demitido anteontem à noite, pela presidente Dilma Rousseff, que se irritou com suas críticas - em entrevista à revista Piauí - às ministras de Relações Institucionais, Ideli Salvatti ("é muito fraquinha"), e da Casa Civil, Gleisi Hofmann ("sequer conhece Brasília").

No meio da tarde, acompanhado do ex-deputado José Genoino, ainda assessor da Defesa, Jobim esteve na casa do advogado Eduardo Ferrão, de cujo escritório o ex-ministro já fora sócio, para um almoço.

O Diário Oficial da União publicou ontem a exoneração de Jobim "a pedido" e a nomeação, para seu lugar, do ex-ministro das Relações Exteriores do governo Lula, Celso Amorim.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Transportes libera 165 licitações sob suspeita

Ministério também retoma pagamentos de aditivos de obras do Dnit sem divulgar resultado das investigações

Fábio Fabrini e Carolina Brígido
BRASÍLIA.Após 30 dias de suspensão por conta de denúncias de corrupção, o Ministério dos Transportes liberou ontem o pagamento de aditivos contratuais e o andamento de 165 licitações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), mas não apresentou conclusões sobre a regularidade dos processos. Sob suspeitas de favorecimento e cobrança de propina, as concorrências foram temporariamente paralisadas por ordem do Planalto.

Na manhã de ontem, o ministério informou em nota que, com a recomposição provisória da Diretoria Colegiada do Dnit - três dirigentes interinos foram nomeados anteontem -, "o órgão retomará a normalidade de sua rotina administrativa". Após ser questionado pelo GLOBO sobre a apuração de irregularidades, divulgou outra nota explicando que a retomada das licitações será limitada.

Conforme o comunicado, a suspensão foi retirada para projetos, obras e serviços de manutenção e operação das rodovias, cujo prosseguimento seja "essencial à garantia da segurança de pessoas e do patrimônio público federal". A liberação vale para aditivos e licitações sob responsabilidade de Brasília e também das superintendências estaduais, que continuam ocupadas por apadrinhados do PR, boa parte ligadas à cúpula recém-demitida. No caso da Valec, estatal que cuida das ferrovias, a suspensão foi prorrogada por mais 30 dias.

Os dois cargos mais importantes vão ser ocupados por engenheiros de formação militar. Com fama de durão, o general de divisão Jorge Ernesto Pinto Fraxe comandava a Diretoria de Obras de Cooperação, braço do Departamento de Engenharia de Construção, que toca as obras rodoviárias do Exército, em parceria com o Dnit. O Ministério Público Militar apura desvios em várias delas, entre 2005 e 2009. Na Diretoria Executiva, assume o auditor da CGU Tarcísio Gomes de Freitas.

FONTE: O GLOBO

No Brasil, inflação sobe mais

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), da meta do governo, bateu 6,87% nos últimos 12 meses, maior taxa desde junho de 2005. Mas especialistas acreditam que crise global pode ajudar a controlar a inflação.

Inflação em 12 meses é a maior desde 2005

TREMOR GLOBAL: Analistas acreditam que crise pode ajudar a trazer o IPCA para meta de 4,5% mais rápido

Taxa em julho foi de 0,16%, pressionada pela alta dos combustíveis e domésticos. Alimentos ficaram mais baratos
Liana Melo
RIO e SÃO PAULO. Se antes da turbulência e agravamento da tensão internacional a inflação brasileira era comparável a um animal selvagem; hoje, o cenário de inflação está mais parecido com um bicho doméstico. A analogia foi feita pelo ex-diretor do Banco Central (BC) e atual economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, ao comentar a inflação de 0,16% registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em julho, divulgada ontem pelo IBGE. Ainda que represente, em 12 meses, uma inflação acumulada de 6,87% - a maior alta desde junho de 2005 -, a crise nos EUA e Europa poderá ser um aliado do governo, na sua batalha de trazer a inflação para o centro da meta, de 4,5%.

- Num contexto internacional enfraquecido, os preços das commodities, que já começaram a cair, tendem a desacelerar ainda mais, o que acaba reduzindo a pressão sobre os preços no Brasil - comenta Freitas, lembrando que, em julho, os preços destes produtos já caíram 3,34%, como apontou o Índice de Commodities Brasil, do BC.

Até o mês passado, a inflação já tinha acumulado alta de 4,04% no ano, acima dos 3,10% relativos ao primeiro semestre de 2010. A coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, considera que, apesar de o IPCA de julho ter ficado ligeiramente acima dos 0,15% de junho, a inflação está estável:

- Apesar das taxas de junho e julho terem sido semelhantes, o perfil da inflação destes dois meses é diferente. A inflação de julho foi pressionada, sobretudo, pelos combustíveis. Só o etanol subiu 4,01% em julho.

Entre os serviços, o salário doméstico foi o que mais pressionou.

Coutinho acha insensato BC continuar a aumentar juros

Os alimentos que engordaram o índice no início do ano está em baixa. O preço do tomate caiu 15,32%, seguida da carne, que ficou 1,12% mais barata. Ainda que a redução dos preços dos alimentos tenha sido de apenas 0,34%, o recuo contribuiu para neutralizar o aumento dos preços dos combustíveis.

Há um consenso entre economistas de diferentes tendências de que a crise internacional vai ajudar o país a levar o IPCA para o centro da meta. Alguns, como é o caso do professor Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, concordam com a projeção do presidente do BC, Alexandre Tombini, de que este objetivo será alcançado já em 2012. Outros, como Thiago Curado, da Tendências Consultoria Integrada, e o próprio Freitas, discordam. Curado acredita que a meta só será alcançado em 2013. A Tendências projetando inflação de 6,60% para este ano.

- A estabilidade apontada pelo IPCA em julho é sazonal, não reflete uma melhora real do quadro inflacionário - avalia Curado, comentando que a crise externa é uma "oportunidade excelente" para frear inflação no país. - Mas para o objetivo ser plenamente cumprido, o governo deveria continuar aumentando a taxa Selic em 0,25 ponto percentual nas três próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

Em São Paulo, presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou ontem que o agravamento da crise financeira nos países da Europa e nos Estados Unidos vai obrigar o Brasil e outros países em desenvolvimento revisar para baixo o crescimento de suas economias em 2011. Segundo ele, a economia global vive hoje um momento "quase crítico", de turbulência que pode levar a uma paralisação do crédito internacional, a exemplo do ocorrido durante a crise de 2008/2009.

- Estamos à beira de uma situação que pode replicar no episódio de duplo mergulho da economia mundial e de paralisação do crédito.

Para Coutinho, que falou no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), a situação de instabilidade e de crescimento menor se dará também nas outras economias em desenvolvimento como o Brasil. Em função da deteriorização das condições de crédito, Coutinho considerou "insensato" o Banco Central (BC) continuar com a atual política de elevação das taxas de juros.

Colaborou Lino Rodrigues

FONTE: O GLOBO

Contrariando antiga posição, PT agora aprova liberdade de expressão

Texto preliminar elaborado pelos dirigentes petistas e divulgado ontem pede também a abertura dos arquivos da ditadura 

PT aprova defesa da liberdade de expressão


Chico Otávio e Tatiana Farah

RIO - A Executiva Nacional do PT aprovou nesta sexta-feira no Rio resolução defendendo a ampliação da liberdade de expressão no país, numa posição contrária à que o partido tinha no passado, quando chegou a propor o "controle social" da mídia. Texto preliminar elaborado pelos dirigentes petistas e divulgado nesta sexta-feira pede também a abertura dos arquivos da ditadura. Sobre a liberdade de expressão e imprensa, o texto petista trata do "novo marco regulatório dos meios de comunicação", defendendo a posição de "garantir e ampliar as possibilidades de livre expressão do pensamento, repudiar e impedir qualquer tipo de censura e garantir o amplo acesso da população a todos os meios, sobretudo os mais modernos, como a internet".

O Diretório também aprovou o projeto de reforma política apresentado pelo relator da matéria na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), que veta as doações diretas a partidos e candidatos e cria o financiamento público exclusivo das eleições. O projeto prevê que empresas privadas e estatais doem recursos para um fundo nacional gerido pela Justiça Eleitoral, que também terá financiamento da União.

Nos dois dias de encontro no Rio, os petistas mostraram tranquilidade, apesar da crise no Ministério dos Transportes e da queda do ministro da Defesa, Nelson Jobim. Os petistas deixaram para o encontro nacional do partido, em setembro, a decisão sobre as estratégias eleitorais do próximo ano.

No documento, o partido afirma que o grande desafio do governo é corte da taxa de juros e pede mais interação entre a Presidência e os movimentos sociais. O lançamento do programa de indústria do governo, que não contou com a participação das centrais sindicais, deixou sindicalistas ressentidos.

FONTE: O GLOBO

66 anos da bomba: Vinícius de Morais - A Rosa de Hiroshima (video poema)

Mudança de rumo?:: Merval Pereira

Em termos de um governo petista, a nomeação de Celso Amorim foi uma demonstração da importância que a presidente Dilma dá ao Ministério da Defesa, mas esse seu gesto não foi suficiente para agradar aos militares, que entenderam a nomeação como uma espécie de desafio da esquerda. A nomeação teve o condão de esclarecer também o que realmente a presidente pensa sobre o trabalho de Amorim à frente do Ministério das Relações Exteriores.

A percepção generalizada era que a não permanência de Celso Amorim no Itamaraty, apesar de seu desejo e da tentativa de Lula de mantê-lo, significava uma discordância de Dilma com os rumos de nossa política externa.

A declaração da presidente contra o apedrejamento de mulheres no Irã e a favor dos direitos humanos foi compreendida como mais um passo no rumo contrário ao que se defendia na gestão anterior.

Pois hoje se sabe exatamente o que Dilma pensa de Amorim, que assume o Ministério da Defesa "porque ele já deu mostras de ser um brasileiro muito dedicado ao Brasil.".

Esse "brasileiro dedicado" terá questões delicadas para comandar, como as negociações políticas sobre a Comissão da Verdade, e o temor dos militares é que Amorim tenha uma visão esquerdista.

Jobim era visto pelos militares como o garantidor dos limites dessa comissão, que não promoveria a retaliação política nem colocaria a lei de anistia em xeque, mas apenas levantaria aspectos históricos dos embates nos tempos da ditadura.

Terá também de convencer os militares de que não os colocará em aventuras esquerdistas a nível regional, e que a imagem política internacional do Brasil, principalmente devido ao apoio dado ao programa nuclear do Irã, não trará prejuízos ao nosso programa nuclear.

O receio dos militares é que os organismos fiscalizadores internacionais, como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), fiquem mais rigorosos com os projetos nucleares brasileiros com a indicação de Amorim para a Defesa.

Certas posições, defendidas pelo ex-ministro Nelson Jobim por se tratarem de questões de Estado, na boca de Celso Amorim podem ganhar novas conotações políticas. A posição brasileira de não assinar o protocolo adicional do TNP é uma delas. O governo brasileiro considera, com razão, as salvaguardas existentes suficientes para estabelecer se o urânio está ou não sendo usado para fins pacíficos.

Temos também dois regimes de salvaguardas, um com a Argentina e outro com a AIEA, e o país, além de ter assinado o TNP, incluiu na Constituição de 1988 a proibição de fabricação e uso de armas nucleares.

No governo Lula, houve um desentendimento entre as autoridades brasileiras e as da AIEA, que acabou contornado, em relação à inspeção da usina de Resende, com a tentativa dos inspetores de ver as centrífugas que processam o urânio por um método especial, tratado como segredo militar.

Houve também um quase incidente diplomático por causa de uma tese de doutorado de um aluno do Instituto Militar de Engenharia do Exército (IME), o físico Dalton Ellery Girão Barroso, que destrinchou com cálculos e equações informações consideradas sigilosas sobre uma ogiva nuclear americana.

A agência internacional sugeriu que esse estudo indicava que o país estaria fazendo pesquisas que levariam à bomba atômica, além de revelar segredos que poderiam ser usados por terroristas. O Ministério da Defesa teve que entrar no circuito diplomático para impedir que o livro fosse censurado.

Mas o novo ministro da Defesa tem seus trunfos, entre eles o perfil nacionalista, que para muitos marcou sua atuação no Itamaraty, e não o esquerdismo. É sabido, por exemplo, que há setores do governo que avaliam como um erro estratégico a assinatura pelo Brasil do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), em 1997, no primeiro governo de Fernando Henrique.

O que na ocasião foi considerado pelo Itamaraty um gesto de preservação de nossa liderança regional, ao não permitir que a desconfiança dos argentinos sobre nossas intenções nucleares gerasse um ambiente de tensão política, na gestão Lula-Amorim era entendido como uma capitulação diante do poder hegemônico dos EUA.

Embora a tese oficial da diplomacia brasileira seja que é preciso desarmar a todos, é pensamento comum entre as autoridades que, se alguns países podem ter bomba atômica, como Paquistão e Israel, outros deveriam ser acolhidos no clube nuclear. Ou que o verdadeiro problema do Oriente Médio é que Israel tem a bomba atômica, o que justificaria a decisão do Irã de também ir atrás do desenvolvimento de armas nucleares como fator de dissuasão.

Anos atrás, o então secretário de Política, Estratégia e Relações Internacionais do Ministério da Defesa, general-de-Exército José Benedito de Barros Moreira, defendeu em um programa de TV que o Brasil desenvolva a tecnologia necessária para a fabricação da bomba atômica: "Nós temos de ter no Brasil a possibilidade futura de, se o Estado assim entender, desenvolver artefato nuclear. Não podemos ficar alheios à realidade do mundo." O general não foi desautorizado.

Recentemente, outro tema voltou a acender uma luz de advertência em Washington: o ministro da Defesa Nelson Jobim apresentou aos Estados Unidos a discordância do governo brasileiro a qualquer interferência da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Atlântico Sul.

O governo brasileiro teme que os EUA possam promover ações multilaterais através da Otan, prescindindo da autorização do Conselho de Segurança da ONU. Por trás dessa posição brasileira está a intenção de proteger as reservas de petróleo brasileiras, especialmente as localizadas no pré-sal.

Como os EUA não ratificaram a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 1982, o governo brasileiro considera que, teoricamente, a Casa Branca não é obrigada a respeitar a plataforma continental de 350 milhas náuticas de distância e os 4.000 quilômetros quadrados de fundos marinhos do Brasil.

Como se vê, os assuntos da área de Defesa são de alta sensibilidade política, o que qualificaria o ministro Celso Amorim para a tarefa, do ponto de vista de um governo petista mais à esquerda.

Sua escolha por Dilma (ou Lula) seria uma indicação de que a presidente estaria se reaproximando do grupo político de que fazia parte no governo anterior, que levou o segundo governo Lula mais para a esquerda.

FONTE: O GLOBO

O paradoxo de Dilma :: Fernando Rodrigues

Apesar das incertezas externas, o brasileiro médio ainda desfruta de uma bolha de prosperidade. Compra-se torradeira a prestações de R$ 10 ao mês e a perder de vista. O nível de emprego é alto. Muitos ex-pobres viajam de avião pela primeira vez, todos os dias.


Na política, uma leva de pesquisas reservadas mostram ao Planalto que a presidente Dilma Rousseff surfa numa onda de popularidade. Cada vez mais atenta ao marketing, ela aproveitou a roubalheira dentro de seu governo e saiu-se como paladina da ética. Imagem é tudo.


Apesar dessa conjuntura favorável, o mundinho da micropolítica convive com um paradoxo. No Congresso há um clima hostil.

Deputados e senadores governistas andam resmungando pelos cantos. Há um ambiente de tocaia por ali. "Espere até a primeira crise real" é a frase-síntese ouvida nos corredores -sempre em tom agônico e de ameaça velada.


Há uma razão objetiva e outra mais nebulosa para essa turma andar enfezada. O fato concreto é conhecido. Dilma não pagou ainda um centavo de real das emendas de congressistas ao Orçamento deste ano. No governo Lula, a média anual de desembolso nunca ficou abaixo de R$ 4 bilhões.


Mas dinheiro não é tudo. Os políticos tradicionais andam sem saber como perscrutar as intenções reais de Dilma sobre as alianças de 2012 e de 2014. Muito menos está clara a disposição da presidente para atuar na laboriosa tarefa de construir consensos nas disputas eleitorais de grandes capitais e governos estaduais. Essa é uma tarefa indelegável. Nenhum ministro poderá se dizer 100% autorizado a fechar negócios em nome do Planalto.


Ideli Salvatti, a nova articuladora de Dilma, tem superado as expectativas. Mas sozinha não será capaz de pacificar a base de apoio no Congresso sem uma ajuda mais decidida de sua chefe. Até lá, persistirá um ambiente esquisito e imprevisível na política em Brasília.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Por que eu não? :: Miguel Reale Júnior

O escândalo dos sobrepreços e fraudes à concorrência no Ministério dos Transportes, entregue desde o governo Lula aos interesses do Partido da República (PR), dominado pelo "mensaleiro" Valdemar Costa Neto, repõe o tema da corrupção, que em nosso país se revela sistêmica.

Há corrupção nas ditaduras e nas democracias. Nas ditaduras o governante não precisa de legitimação nem há fiscalização - por isso age livremente. As fortunas acumuladas por Ferdinand Marcos, nas Filipinas, ou Suharto, na Indonésia, são bem emblemáticas.

No Brasil, o regime militar tonitroava que se instaurara também para combate à corrupção. Criou-se a Comissão Geral de Investigações (CGI) para perseguir enriquecimentos ilícitos. Ao longo do tempo, contudo, passou-se a vender proteção aos investigados. Pulularam escândalos, em que se misturavam o público e o privado, como os casos Lutfalla e Capemi.

Já nas democracias, a busca do poder por via de eleições e a necessidade de obtenção de maiorias nas Casas legislativas geraram a corrupção na aquisição do poder e no seu exercício.

O acesso dos partidos ao rádio e à televisão para propaganda política, bem como as urnas eletrônicas impediram a fraude, baratearam a publicidade e universalizaram as informações, mesmo que pasteurizadas pelos marqueteiros. Houve maior acesso do eleitor a dados e o resultado das urnas passou a ser fidedigno. De onde, então, a tão propalada necessidade de caixa 2 eleitoral?

Se para os cargos executivos a escolha do eleitor deriva muito da capacidade carismática dos candidatos e do estado da economia, para os cargos do Legislativo a eleição depende do cabo eleitoral, que custa caro, sem ser lícito contabilizar essa despesa na prestação de contas ao Tribunal Eleitoral. No sistema proporcional são milhares os candidatos a deputado pelos 27 partidos e o desinteresse na escolha faz a importância do cabo eleitoral, para monitorar cada dia a adesão do eleitor.

Cabo eleitoral eficiente é o líder local, que aluga seu prestígio a serviço de um candidato. Pode ser presidente de associação de bairro, vereador ou prefeito, bem como o candidato a prefeito derrotado, que é mais barato. A remuneração desses chefes locais não pode, evidentemente, ser divulgada. O cabresto curto dessas lideranças é vital e seu custo, não contabilizável.

Mas seguem-se às despesas para aquisição do poder os gastos com sua manutenção. No governo Sarney foram distribuídas concessões de canais de televisão aos constituintes para obter a vitória dos cinco anos de mandato. No governo Collor fez-se da República um bazar de negócios por meio de PC Farias, ao exigir fortunas para empresas firmarem contratos com entidades públicas. Ficou famosa a festa comemorativa da arrecadação de US$ 1 bilhão para garantir eleições futuras.

O parlamentar também busca benefícios visando à eleição futura: propõe a aprovação de emendas que atendam a reclamos de município onde conquistou votos. Vende apoio político por construção de ponte... O governo, por sua vez, libera a verba das emendas conforme o andar das votações. Sofisticou-se o sistema de corrupção no mensalão: a cada véspera de votação importante, dinheiro vivo era entregue a deputados em hotéis de Brasília. Nos pequenos municípios, prefeitos permitem aos vereadores a indicação de dois ocupantes de cargos em comissão, com a condição de não aparecerem na repartição, mas cujos vencimentos são divididos entre o "laranja" e o edil. É o mensalinho das prefeituras deste imenso país.

Há concussão quando a autoridade exige vantagens para cumprir ou descumprir o seu dever. Essa corrupção é por muitos aceita naturalmente, a se verem advogados dando dinheiro à polícia em favor de clientes que, mesmo inocentes, a admitem.

A corrupção, todavia, não se dá só no âmbito público, mas no privado também, como na hipótese de o diretor de empresa pagar elevado preço a firma de segurança, recebendo passagens e hotéis de primeira classe na Europa por conta do prestador de serviços.

Há em nossa História uma leniência com a corrupção que só se acentuou com a sociedade do bem-estar, a demonstrar que a corrupção política é corolário da corrupção moral que envolve a sociedade. Lembro dois casos. Tão logo assumi o Ministério da Justiça, estando em pequena comunidade rural, vi chegarem à nossa casa parentes de vizinhos pedindo proteção no concurso a ocorrer na Polícia Rodoviária Federal. Tiveram a desfaçatez de ir à casa da autoridade pedir uma ilegalidade, por considerarem natural fraudar concurso em favor de pessoa conhecida.

Em outro bairro rural, um fazendeiro passou a fornecer a merenda escolar, diante da parca alimentação dada pela prefeitura. A professora propôs-se a levar frutas que seu pai produzia. No final do primeiro mês havia frutas em profusão apodrecendo na escola e uma conta imensa a ser paga. Bela lição de moral da mestra aos seus aluninhos.

E quando da reprimenda, a desculpa brota de imediato: mas se todos fazem falcatruas, a começar pelos políticos, por que eu não?

Vê-se que o combate à corrupção, se exige atuação firme dos órgãos de controle, muitas vezes omissos - como denunciou o ministro aposentado do Tribunal de Contas da União Adylson Motta, em recente entrevista -, em muito depende, no entanto, de transformação cultural, para não prevalecer no meio social o espírito egoísta e aproveitador, que menospreza os comportamentos éticos, ajuizados como "coisa de trouxa".

Para a democracia se consolidar como regime ético há necessidade de alteração no sistema eleitoral e de rigor dos órgãos de controle do Congresso, do Judiciário, das polícias e da administração em geral. Mas essencial, acima de tudo, é o câmbio cultural, em longo processo que faça da honestidade um valor e da esperteza um demérito.

Advogado, professor titular da Faculdade de Direito da USP, membro da Academia Paulista de Letras, foi ministro da justiça

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

A CPI da faxina :: Guilherme Fiuza

A presidente Dilma declarou que o combate à corrupção não será pautado pela mídia. Fez eco ao ex-presidente Lula, que dissera pouco antes que a imprensa prefere as notícias ruins. De fato, se não fosse essa impertinência da imprensa, as notícias sobre o governo seriam muito melhores: o Ministério dos Transportes seria um mar de rosas, a consultoria de Palocci seria problema dele, e até Erenice Guerra estaria despachando normalmente com seus parentes e amigos no Palácio.

Bem que a presidente tem feito a sua parte para não deixar a imprensa contaminar o país com notícias ruins. Depois das primeiras manchetes sobre o escândalo do Dnit, Dilma elogiou publicamente o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Fizera exatamente o mesmo com Palocci (e com Erenice, quando ainda era candidata). Mas a mídia continuou espalhando sujeira a respeito desses personagens, e a presidente teve que empunhar a vassoura e o pano de chão.

A tarefa de limpar manchetes não é fácil. No caso Palocci, foi testada uma química interessante: entregar um ministério importante a uma ministra desimportante. Deu certo - a Casa Civil sumiu do noticiário. Depois da habitual espuma feminista, Gleisi Hoffmann só reapareceu nas páginas graças ao ministro Nelson Jobim, que, já não sabendo mais o que fazer para ser demitido, declarou que ela "não conhece nada de Brasília". Fora isso, limpeza total.

A faxina no noticiário sobre os Transportes se revelou um pouco mais complicada. O detergente das demissões em série produziu lá o seu brilho, mas a sujeira teimava em reaparecer. Numa das passagens mais aflitivas, quando foi nomeado o novo coordenador-geral de Operações Rodoviárias do Dnit, a imprensa lambuzou tudo outra vez.

O GLOBO revelou que o escolhido para a limpeza era acusado de favorecimento a empreiteiras, representadas por sua própria esposa. O escândalo do escândalo foi para as manchetes com o nome de "Casal Dnit", mostrando que Lula tem toda razão: a mídia negativista não poupa nem a vida conjugal dos companheiros.

Apesar dessa impertinência, Dilma pode ficar tranquila: a imprensa não vai mesmo pautar o combate à corrupção - pelo menos enquanto jornalistas não tiverem poder de polícia. O máximo que a mídia pode fazer é passar adiante as "notícias ruins" que saem das tripas do governo popular. Mas nem o mais implacável bombardeio de manchetes será capaz de desfazer o método petista de ocupação do Estado, pelo menos não retroativamente. Nem tampouco mudar o DNA da privatização partidária do poder.

Essa seria a verdadeira faxina. O resto é maquiagem para distrair a opinião pública.

E ela se distrai facilmente. A novela da CPI do Dnit é a melhor prova. Mais do que investigar a corrupção, essa CPI poria na berlinda o mito da grande gestora que virou presidente. Como supervisora de todos os projetos do governo, mãe do PAC e outros apelidos, Dilma conviveu com a montagem da farra orçamentária do Dnit, e seus aditivos intermináveis. Ralos de dinheiro público se abriram sob seus pés, configurando, no mínimo, um desastre administrativo. E o Brasil continua achando que elegeu uma gerente.

O problema é que a mídia tem outras notícias ruins para dar. As bolsas despencam ao redor do mundo, o ministro da Defesa resolve despencar também, e lá se vai a CPI do Dnit para o pé de página. Aí o povo esquece, os senadores murcham e a casa fica um brinco.

Enquanto algumas meias dúzias de despachantes do PR são postas na rua, motivando brados ufanistas contra 500 anos de corrupção (a generalização é a maior amiga do corrupto), o governo segue tranquilo em seu desgoverno. A dispensa de projetos executivos para as obras viárias, por exemplo, que facilitou o escândalo do Dnit, é aprovada por Dilma para "acelerar" as obras da Copa do Mundo. E a arquibancada assiste.

Assim vão sendo montados os desastres administrativos, que alimentarão as manchetes "negativistas" do futuro.

E o que faz o governo Dilma, além de abastecer esse noticiário que depois terá de varrer? Faz coisas como a recém-anunciada "política industrial", um moderno instrumento de três décadas atrás, que consiste em derramar bilhões de reais em isenções fiscais para alguns setores eleitos para "puxar a nossa economia". O ministro da Fazenda ainda declara: "O mercado deve ser usufruído pela indústria brasileira."

À parte as considerações sobre o nacionalismo importado do século passado, uma coisa é certa: no caixa dois ou no caixa um, aí está um governo generoso com o chapéu do contribuinte.

Mas não tem problema. O povo está animado com a moralização. Manchetes novas vão soterrando as antigas, delitos vão sendo corrigidos pela faxina do esquecimento. Flagrado há dois anos em nepotismo explícito no Senado, José Sarney comenta as denúncias envolvendo o irmão do líder do governo, Romero Jucá: "Parente no governo sempre cria problema."

O Brasil merece.

Guilherme Fiuza é jornalista.

FONTE: O GLOBO

Crédito estrangulado:: Celso Ming

O nome desta crise agora pouco importa. Vai sendo consolidada a impressão de que a economia global está atravessando nova paralisia, semelhante à acontecida em 2008.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, advertiu ontem, em São Paulo, que o crédito do sistema bancário europeu está praticamente estrangulado, dependente de transferências de recursos do Banco Central Europeu (BCE).

A asfixia do crédito também aconteceu em 2008. Em questão de semanas, as aplicações dos bancos em hipotecas e empréstimos para empresas viraram créditos suspeitos ou, simplesmente, ativos podres. Ninguém tinha então como saber a quantas estavam as condições patrimoniais de cada banco. E nenhum deles se dispunha a emprestar para o outro. Mas, ao menos temporariamente, o jogo virou quando os Tesouros dos países ricos socorreram suas instituições financeiras.

Desta vez, os Tesouros da maior parte dos países ricos ou estão quebrados ou muito perto disso. A crise global deixou de ser o estouro da bolha das hipotecas (prime e subprime) e evoluiu para uma crise de endividamento público. Hoje, os únicos fornecedores de liquidez nos países avançados são os bancos centrais.

A situação da União Europeia é mais complicada, porque o BCE, presidido pelo francês Jean-Claude Trichet, tem mais restrições para operar com recompra de títulos públicos dos países da área do euro. Trata-se de uma prática que poderia caracterizar uma relação incestuosa com os tesouros. Seria emitir moeda para dar cobertura a despesas correntes.

De todo modo, o BCE vem recomprando no mercado secundário, em caráter excepcional, títulos da Grécia, Portugal e Irlanda que a rede bancária não vinha podendo manter em carteira. A questão é que problemas semelhantes começam a acontecer com Itália e Espanha, países com dívidas três ou quatro vezes maiores do que as de Grécia, Portugal e Irlanda.

A União Europeia não tem mecanismos institucionais que possam prestar socorro a sócios que, repentinamente, enfrentem graves problemas de caixa. O recentemente criado Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês), cuja função é dar cobertura de liquidez a países-membros do bloco do euro, só vai dispor de 340 bilhões de euros e, ainda assim, seus estatutos terão de ser previamente aprovados nos Parlamentos de cada país.

Depois de percorrer grande quilometragem com o breque de mão puxado, o BCE finalmente admitiu recomprar títulos da Itália e da Espanha, cujas dívidas ficaram sob ameaça de colapso. Mas não pode manter essa linha de emergência indefinidamente aberta.

Quando faltam mecanismos institucionais capacitados para emprestar recursos em última instância, é preciso provê-los rapidamente. Isso requer lideranças capazes de quebrar resistências e de saltar etapas. No entanto, líderes europeus são hoje animais em extinção. Quando simplificam tudo e quando tratam uma crise tão profunda como se não passasse de resultado de ação dos especuladores e dos mercados de derivativos, chefes de Estado como Sarkozy e Berlusconi não se mostram à altura dos desafios que estão aí.

Emprego e confiança

Os números do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, ontem divulgados, mostraram em julho uma recuperação do emprego acima da esperada: 117 mil postos de trabalho, em vez dos 75 mil projetados pelos analistas. Não há nenhuma garantia de que esteja em marcha uma melhora no emprego. Ao contrário, a tomada de consciência de que a crise aumentou poderá levar o empresário americano a adiar tanto projetos de investimento quanto de contratação de pessoal. Enfim, emprego é também questão de confiança.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Lá vem o Patto!:: Urbano Patto

Transparência e publicidade, esta última no sentido de dar conhecimento ao público, não de propaganda institucional, comercial ou eleitoral, têm sido termos cada vez mais empregados para tratar da relação da sociedade com os poderes instituídos.
Junto com eles vem crescendo também a realização de audiências públicas, conferências municipais, estaduais e nacionais e fóruns nos mais diversos setores e temas. Na mesma esteira, proliferam organizações correlatas no mundo virtual, os grupos de discussão, as enquetes, as petições pela internet, e por aí vai.
São movimentos salutares e importantíssimos para a ampliação da democracia porém não substituem e nem necessariamente facilitam a institucionalização de novas relações de poder e novas formas de tomada de decisão dos mandatários.
A principal fragilidade, ou força, dependendo de como se organizem, dessas novas formas de fazer política é a mesma das formas anteriores e tradicionais: a garantia da representatividade social de quem participa e de como, a partir dela, as maiorias e consensos são forjados e como são tratadas e respeitadas as minorias e os eventuais derrotados.
Não tem sido incomum, a formação de grupos de pressão e até mesmo de “profissionais” da participação nesses eventos, reais ou virtuais, que se arvoram representantes legítimos dos interesses de maiorias quando na verdade apenas possuem capacidade maior de difusão de suas posições e de ocupação de espaços.
Gritam mais.
Por outro lado, há aqueles que se negam a dar qualquer reconhecimento a essas formas novas de aferição de vontades de pessoas e grupos. São mais surdos.
Seja como for é um processo que já se iniciou e, ao que tudo indica, tornar-se-á mais e mais importante com o avanço das tecnologias e com o aumento do nível de educação e escolaridade da população. Inapelavelmente caberá à política, provavelmente através de leis, aferindo a representatividade real dos participantes, regular e estabelecer normas para que esses novos processos se dêem em benefício da coletividade e não se tornem em espaço de disputas menores, coorporativas ou personalistas ou mero palco para o extravasamento de vaidades ou para conseguir os 15 minutos de fama.

Urbano Patto é Arquiteto Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional e membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista - PPS - do Estado de São Paulo. Críticas e sugestões: urbanopatto@hotmail.com

Presidente consultou Lula antes de substituir ministro da Defesa

Ex-presidente diz que Amorim continuará o trabalho de Jobim

Ana Flor


BRASÍLIA - A decisão da presidente Dilma Rousseff de trocar Nelson Jobim por Celso Amorim, na pasta da Defesa, foi acompanhada de perto e discutida com o ex-presidente Lula.



O tema vinha sendo tratado por Lula desde a última semana depois das declarações de Jobim sobre o voto em José Serra em 2010.



Na quinta-feira, dia em que substituiu o ministro, Dilma conversou com Lula, que havia intercedido em dezembro pela permanência de Jobim na Defesa. À época, Dilma já cogitava o nome de Amorim para o cargo.



Segundo pessoas próximas a Lula, o ex-presidente concordou que a situação havia atingido o limite e que a permanência do gaúcho no cargo era "insustentável".



No entanto, até a noite de quarta-feira, quando Dilma e Jobim tiveram uma conversa no Planalto em que ele explicou a declaração de voto em Serra, Lula defendia que ainda havia espaço para a permanência do peemedebista.



Havia alguns dias que o ex-deputado José Genoino (PT), assessor da Defesa desde janeiro, intercedia por Jobim. Ele conversou com Lula em Brasília: chegaram no mesmo carro à inauguração da Embaixada da Argentina no dia 29. Genoino também visitou Dilma no Alvorada.



A revelação de que Jobim criticou as duas ministras de Dilma em entrevista à revista "Piauí" definiu a troca. Depois da conversa com Dilma, Lula entrou em contato com Amorim, com quem sempre teve relação próxima.



O primeiro conselho foi para que ele "conversasse muito" com a cúpula das Forças Armadas. O mesmo que fez Dilma, que se reuniu com os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica ontem mesmo, no Alvorada, antes de voar para a Bahia.


BOGOTÁ


Ontem, em Bogotá, Lula elogiou a nomeação de Amorim para o Ministério da Defesa e afirmou que a escolha da presidente Dilma Rousseff não deve ser tema de discussão nas Forças Armadas.



"Penso que quando a gente analisa a competência intelectual, a competência de homem de Estado de Celso Amorim, tem poucos iguais a ele no Brasil", disse Lula.



"Celso é politicamente muito hábil e acho que ele vai dar sequência ao trabalho extraordinário que o ministro Jobim vinha fazendo."



Questionado sobre as críticas de setores militares à nomeação do ex-chanceler, Lula respondeu: "Não sei se cabe aos militares gostarem ou não gostarem. Ou seja, quando a presidente indica uma pessoa, está indicada. Ela é chefe suprema das Forças Armadas, indicou o ministro e acabou. Não se discute".



Lula lamentou a saída de Jobim: "A presidente escolheu bem. Acho que não deveria ter acontecido o que a-conteceu. Não sei o que aconteceu com o ministro Jobim, que era altamente qualificado para o cargo, mas aconteceu. Agora é tocar o barco".



Colaborou Flávia Marreiro, enviada especial a Bogotá

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Rio: Oposição quer Stepan

OS PARTIDOS de oposição ao prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), estão empenhados, ao lado da direção do PPS, em convencer o deputado federal Stepan Nercessian a disputar a prefeitura.

FONTE: O GLOBO/PANORAMA POLÍTICO

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

De Ferro e de Flor: Nova edição das "Memórias" de Gregório Bezerra traz à tona vida assombrosa de líder comunista


Gregório Bezerra em quartel de Casa Forte, Recife, dias após ser torturado, em abril de 1964 


Fabio Victor

SÃO PAULO  -  Gregório Bezerra (1900-1983) nasceu miserável no agreste pernambucano.


Foi empregado doméstico, jornaleiro, peão de obra, sargento do Exército. Alfabetizou-se aos 25 anos.

Tornou-se militante comunista. Passou ao todo 22 anos preso, em quatro ocasiões de quatro diferentes décadas.

Na cadeia, fez amizade com o cangaceiro Antonio Silvino. Elegeu-se deputado federal constituinte pelo PCB em 1946. Organizou sindicatos de trabalhadores rurais. Morou com Luís Carlos Prestes. Foi torturado em 35 e em 64, desta feita em praça pública, aos 64 anos. Consta que nunca delatou um colega.

Um dos presos trocados pelo embaixador americano Charles Elbrick em 1969, viveu dez anos exilado na União Soviética, voltando ao país com a Anistia de 1979.

Ferreira Gullar fez para ele um poema, Oscar Niemeyer projetou um memorial em sua homenagem (que ainda não saiu do papel) e por estes dias até inspirou um personagem da novela "Amor e Revolução", no ar no SBT.

Antes de virar lenda, Gregório Bezerra registrou essa vida assombrosa em suas "Memórias", editadas originalmente em 1979 em dois volumes e que agora ganham reedição pela Boitempo.
O lançamento, que agrega os dois volumes num único, reúne fotografias, cronologia, índice onomástico, artigos, depoimentos e poema em cordel de Gullar, "História de um Valente" (leia a história e um trecho ao lado).

O prefácio é de Anita Leocadia Prestes, filha de Prestes com Olga Benario, que conheceu Gregório ainda menina, quando ele morou na casa da família no Rio, e mais tarde no exílio soviético.

SEM JIPE

Escrito em tom confessional, quase como um diário, o livro mais vale como documento histórico que como literatura. Vai da infância pobre até 69, quando é exilado. Começou a ser escrito na cadeia e foi concluído em Moscou, onde viveu por dez anos.

À parte as convicções profundas, revela uma admiração pelo regime soviético característica de um militante que era acolhido por ele. A obra ajuda a esclarecer o episódio da tortura em 2 de abril de 64, na alvorada da ditadura, quando Gregório foi espancado e humilhado por militares pelas ruas do bairro de Casa Forte, no Recife.

Livros e textos sobre o período dizem que o comunista foi arrastado por um jipe. Gregório não cita o veículo. 

Conta que, após ter os pés mergulhados em solução de bateria e ser obrigado a caminhar sobre britas, teve três cordas amarradas ao pescoço e foi puxado como bicho enquanto um coronel incitava a população a linchá-lo.

"É exagero popular", diz sobre o jipe o cineasta Cláudio Barroso, que prepara um longa sobre Gregório. A versão também é contestada por Roberto Arrais, que foi secretário do esquerdista e escreve a orelha da nova edição.

MEMÓRIAS

AUTOR Gregório BezerraEDITORA BoitempoQUANTO R$ 74 (648 págs.)LANÇAMENTOS com debates, 1o/9 no Recife, às 18h, na Fundação Joaquim Nabuco; 13/9 no Rio, às 10h, no IFCS da UFRJ; 14/9 em São Paulo, às 18h30

POEMA
Mas existe nesta terra
muito homem de valor
que é bravo sem matar 
gente
mas não teme matador,
que gosta de sua gente
e que luta a seu favor,
como Gregório Bezerra,
feito de ferro e de flor.


Trecho do poema em cordel "História de um Valente", de Ferreira Gullar

Longa sobre comunista é interrompido

Com orçamento de R$ 3,9 milhões, filme de Cláudio Barroso foi suspenso em 2009; Ancine abrirá inspeçãoNos bastidores, críticos falam em má gestão; diretor diz que há ranço da iniciativa privada com tema comunista A vida do militante comunista Gregório Bezerra começou a ser filmada para virar um longa-metragem.

"História de um Valente", do cineasta Cláudio Barroso, teve as primeiras locações em 2009, em Pernambuco, mas foi interrompido no mesmo ano e continua parado.
Duas mortes e muita especulação rondam o projeto.

O filme captou recursos pela Lei do Audiovisual e via Funcultura, programa estatal pernambucano de renúncia fiscal. Foi contemplado em edital da Petrobras e tem verba do BNDES, da companhia energética regional e da Prefeitura do Recife.

Segundo a Ancine, foi aprovado um orçamento de R$ 3,9 milhões, dos quais R$ 1,25 milhão foi liberado.

Nos bastidores do cinema recifense, diz-se que a má gestão dos recursos seria o maior motivo da interrupção.

Barroso a atribui a um "ranço" com comunistas que ainda existiria na iniciativa privada ("Nos governos o projeto foi muito bem, mas não se consegue fazer cinema só com dinheiro do Estado") e a duas fatalidades, as mortes do produtor do longa e de um motorista da equipe.
Vindo do Rio -a contratação de profissionais de fora foi outro alvo dos críticos do projeto-, o motorista Alfredo Pereira Lamego Júnior, o Rato, morreu num acidente de carro durante as filmagens. A equipe ficou abalada.

Em 2010, já com o projeto parado, o produtor Germano Coelho Filho (filho do ex-prefeito de Olinda Germano Coelho) morreu, segundo o diretor, de uma doença até hoje desconhecida.
O projeto estava em nome da produtora de Coelho Filho.

"História de um Valente" seria o primeiro longa de Barroso, paulista radicado no Recife que já dirigiu curtas como "O Mundo É uma Cabeça", com Chico Science (em parceira com Bidu Queiroz).

O elenco do longa tem Francisco Carvalho (que representa Gregório), Tuca Andrada, Hermila Guedes e Magdale Alves, entre outros. A Ancine informa que, como se esgotou o prazo para conclusão do projeto (24 meses após a primeira liberação) e não foi solicitada a prorrogação, o processo foi enviado para a coordenação de prestação de contas, onde será aberta inspeção.
Barroso diz que vai prestar contas e resolver burocracias antes de retomar o filme, mas afirma que vai concluí-lo.

Segundo a Folha apurou, o governo de Pernambuco tem disposição a auxiliar na retomada do projeto. Gregório foi próximo de Miguel Arraes (1916-2005), avô do governador Eduardo Campos (PSB)

FONTE: FOLHA DE S. PAULO / ILUSTRADA