quarta-feira, 31 de julho de 2013

OPINIÃO DO DIA – Arnaldo Jardim: 2014

"A eleição presidencial do ano que vem será uma eleição aberta. Qualquer um dos candidatos pode ganhar o pleito e chegar ao Planalto"

Arnaldo Jardim, deputado federal (PPS-SP),vice líder da bancada. In Panorama Político, O Globo, 30/7/2012

Insatisfeita, base aliada quer votar projetos que desagradam governo

Com fim do recesso, votações devem recomeçar na próxima semana

Márcio Falcão, Ranier Bragon, Flávia Foreque e Gabriela Guerreiro

BRASÍLIA - Insatisfeita com a articulação política e aproveitando o desgaste na popularidade da presidente Dilma Rousseff, a base aliada do governo prepara, na retomada dos trabalhos no Congresso, a votação de um conjunto de projetos que desagradam o Planalto.

O fim do "recesso branco" de deputados e senadores está marcado para amanhã, mas as votações só devem recomeçar na próxima semana.

Na Câmara, o governo deve enfrentar dificuldades já nas primeiras sessões. Os deputados precisam concluir a votação do projeto que destina receitas de petróleo para educação (75%) e saúde (25%). O governo queria 100% para educação.

Outro impasse é quanto ao uso do fundo social --espécie de poupança dos recursos de exploração de petróleo-- para educação. O governo não aceita que seja aplicado o capital do fundo: defende a destinação só do rendimento.

Também enfrenta resistência palaciana a proposta do orçamento impositivo para as emendas parlamentares, uma das bandeiras do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Alves marcou a votação do texto para 6 de agosto na comissão especial e pretende levar o projeto ao plenário no dia 7. O governo alega que tornar obrigatória a execução das emendas pode engessar o Orçamento. Hoje a liberação do dinheiro não é obrigatória, o que leva o Executivo a usar esse mecanismo como moeda de troca nas votações.

A lista de projetos que preocupam o governo também tem o marco regulatório de mineração, o que garante aposentadoria especial para garçons e abre brecha para conceder o benefício a outras categorias, além da proposta que limita em 20 o número de ministérios (hoje são 39). "Temos uma pauta que a gente costuma chamar de indigesta", disse o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE).

No Senado, os projetos que mais incomodam o governo são o que dá o passe livre para estudantes no transporte público e o que destina 10% da receita corrente bruta da União à Saúde. Eles podem provocar um rombo de R$ 45 bilhões nos cofres públicos.

Há ainda preocupação com os vetos de Dilma: desonerações de produtos da cesta básica, rejeição da licença hereditária para taxistas, fim da multa adicional do FGTS em casos de demissão sem justa causa e mudança na divisão dos recursos do Fundo de Participação dos Estados.

Fonte: Folha de S. Paulo

Dilma libera R$ 2 bi para conter motim de aliados no Congresso

Temendo derrotas após o recesso, presidente autoriza emendas e tenta enquadrar ministros da cota partidária

Petista reúne 1º escalão e cobra fidelidade de bancadas; governo fala em liberação extra de R$ 4 bi em setembro

Natuza Nery Valdo Cruz

BRASÍLIA- A presidente Dilma Rousseff montou uma operação para tentar reduzir os riscos de derrota em votações prometidas para agosto, às vésperas da retomada dos trabalhos no Congresso, e com sua base parlamentar rebelada.

Para acalmar os ânimos, Dilma resolveu mexer no "bolso". Ontem, em reunião com dez ministros e assessores no Palácio da Alvorada, ela autorizou a liberação de R$ 2 bilhões em emendas feitas por deputados e senadores ao Orçamento da União.

Apesar de prometidos e programados desde maio, esses recursos estavam represados por decisão do próprio Executivo devido às limitações fiscais deste ano.

Os congressistas também receberam a promessa de liberação de outros R$ 4 bilhões em setembro.

Apesar da concessão, a presidente fez uma cobrança aos ministros políticos --aqueles indicados por aliados. Eles deverão trabalhar para garantir a fidelidade de suas bancadas em votações de interesse do Planalto.

A exigência resulta do diagnóstico segundo o qual os partidos contemplados com cargos no primeiro escalão não têm votado com o Executivo.

A avaliação é que as derrotas sofridas pelo Palácio do Planalto no Legislativo foram armadas a partir de grupos aliados do próprio governo.
Na reunião de ontem, estavam ministros do PMDB, PP, PC do B, PSB, além do próprio PT. Anteontem, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) já havia pedido ajuda ao PSD de Gilberto Kassab (SP), este formalmente fora da base, mas com afilhado no Ministério da Micro e Pequena Empresa.

Dilma e sua equipe discutiram também investimentos que serão anunciados hoje em São Paulo, ao lado do prefeito Fernando Haddad (PT), em mobilidade urbana, área sensível e, por isso, motor das manifestações de junho.

Aliados de Dilma diziam ontem, em tom de brincadeira, que o governo começou a se preparar para enfrentar agosto, o "mês do cachorro louco".

Segundo uma crença popular, o período é propício para acontecimentos traumáticos.

O Congresso reinicia os trabalhos na próxima semana, e reserva dias de tensão para o Planalto. No centro das preocupações está a apreciação de vetos presidenciais.

Até o recesso, vigorava a regra que facilitava o engavetamento de vetos.

Agora, pelo novo sistema definido no Congresso, eles precisam ser votados em 30 dias a partir de sua leitura no plenário. Se isso não ocorrer, os vetos trancam a pauta de votação.

No cardápio de vetos com risco de serem derrubados está o que impediu o fim da multa adicional de 10% sobre o saldo das contas de FGTS na demissão sem justa causa de trabalhadores.

Na lista de projetos a serem votados, estão a medida provisória do programa Mais Médicos e a proposta que reverte os royalties do petróleo para educação e saúde.

A Câmara quer aprovar mecanismo que destina 50% da receita do fundo social do pré-sal para educação, enquanto o governo defende apenas o rateio de seus rendimentos.

Colaborou Tai Nalon, de Brasília

Fonte: Folha de S. Paulo

Dilma libera R$ 6 bi em emendas até o fim do ano

Presidente reúne dez ministros no Alvorada e decide que recursos para aliados vão sair em três parcelas

Pressionada por aliados e antevendo nova rebelião no Congresso a partir da próxima semana, quando deputados e senadores voltam das férias, a presidente Dilma Rousseff determinou a liberação de recursos para três lotes de emendas parlamentares, num total de R$ 6 bilhões. Dilma pediu aos dez ministros com quem se reuniu ontem no Palácio da Alvorada uma lista dos principais projetos contidos nas emendas paradas em cada pasta. Embora o governo tenha anunciado corte adicional de R$ 10 bilhões no Orçamento para cumprir a meta fiscal e recuperar a confiança do mercado na política econômica, Dilma decidiu manter a reserva para o pagamento de emendas. A presidente foi aconselhada a agir para neutralizar a proposta do orçamento impositivo, que tornaria obrigatória a execução das emendas parlamentares, movimento liderado pelo PMDB. Os R$ 6 bilhões devem ser liberados em três parcelas, em agosto, setembro e novembro.

Dilma decide pagar emendas a prestação para acalmar base aliada e evitar derrotas

Vera Rosa, Débora Bergamasco

BRASÍLIA - Pressionada por aliados e antevendo nova rebelião no Congresso a partir da próxima semana quando deputados e senadores voltam das férias, a presidente Dilma Rousseff decidiu abrir o cofre. Em reunião com dez ministros, ontem, no Palácio da Alvorada, Dilma determinou a liberação de três lotes de emendas parlamentares até o fim do ano, em parcelas, totalizando R$ 6 bilhões.

Na tentativa de driblar dificuldades previstas em votações importantes para o governo, a presidente pediu aos ministros uma lista dos principais projetos contidos nas emendas paradas em cada pasta. Embora o governo tenha anunciado corte adicional de R$ 10 bilhões no Orçamento, para cumprir a meta fiscal e recuperar a confiança do mercado na política econômica, Dilma decidiu manter a reserva para pagar emendas.

Num momento de perda de popularidade após os protestos de junho, desgaste na relação com a base aliada e com o PMDB liderando uma rebelião para tornar obrigatória a execução das emendas parlamentares, a presidente foi aconselhada a agir para neutralizar a proposta do orçamento impositivo. Nas três horas da reunião de ontem no Alvorada, Dilma cobrou dos ministros políticos novo esforço concentrado para controlar deputados e senadores de seus partidos e prometeu empenhar R$ 2 bilhões de emendas individuais em agosto.

As outras "prestações", no mesmo valor, devem ser liberadas em setembro e novembro.

No mês passado o governo também reservou R$ 2 bilhões para o pagamento de emendas, mas até agora elas não efetivamente pagas. Chamado pelos congressistas de "peça de ficção", o Orçamento da União prevê R$ 8,9 bilhões para essa finalidade, ao longo deste ano.

"E um primeiro passo para melhorar a relação com a base aliada", afirmou o vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR).

"Trata-se de um gesto fundamental porque, afinal de contas, as emendas são legítimas e importantes como investimento para os municípios. Mas, de qualquer forma, a presidente terá de ouvir mais a opinião dos parlamentares e debater projetos com mais antecedência."

O governo, está preocupado com a ameaça do Congresso de derrubar vetos presidenciais a projetos que, no diagnóstico do Planalto, podem causar despesas para as quais não estão previstos recursos. Estão nessa lista a desoneração de alguns itens da cesta básica, o projeto conhecido como Ato Médico que regulamenta atividades na área da saúde e teve dez dispositivos vetados - e o fim da multa adicional de 10% do FGTS, paga pelas empresas em casos de demissões sem justa causa.

Estimativas do Planalto indicam que a rebelião dos aliados pode custar um rombo de R$ 6,2 bilhões por ano. Outros desafios do governo no Congresso são a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a aprovação da MP do projeto Mais Médicos e o Código da Mineração.

Comunicação. Para explicar as metas do governo, o marqueteiro João Santana e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, tentam convencer Dilma - que é candidata à reeleição - a dar mais entrevistas a jornais, rádios e TV. A estratégia, porém, ainda está sob análise.

Para o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), a liberação das emendas parlamentares pode azeitar apenas em "alguns aspectos" o relacionamento entre Planalto e Congresso. Na avaliação de Eunício, porém esse não é o tema de maior preocupação dos deputados e senadores. "A grande questão do momento é a sobrevivência política de cada um", disse ele, numa referência à proximidade do ano eleitoral e às alianças, Na prática, num momento de percalços para Dilma, deputados e senadores da base estão preocupados com a montagem de palanques para 2014, "Claro que a presidente está fazendo um gesto importante, pois serve para prestigiar o Parlamento de um modo geral e dará ajuda tos municípios, que hoje vivem com pires na mão", admitiu Eunício. "Só que, no Senado, a influência disso é muito pequena. A rei ação conosco se esgarçou."

A emenda e o soneto

"Claro que a presidente está fazendo um gesto importante (de liberar emendas), pois serve para prestigiar o Parlamento, Só que, no Senado, a influência disso é muito pequena. A relação conosco se esgarçou".

Eunício Oliveira - Líder do PMDB no Senado

Fonte: O Estado de S. Paulo

Dilma lança ofensiva para recompor base

Por Raymundo Costa

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff desencadeou ontem uma ampla ofensiva junto aos partidos aliados para tentar recompor a base de apoio ao governo, retomar a iniciativa política e assegurar a manutenção de vetos que o Congresso ameaçam derrubar, na volta do recesso parlamentar.

Em reunião com os ministros indicados pelos partidos da coalizão governista, a presidente anunciou a liberação de R$ 4 bilhões para atender as emendas ao apresentadas pelos parlamentares ao Orçamento da União. Desse total, R$ 2 bilhões deveriam ter sido liberados em junho. O governo só deve fechar a conta em agosto. Os outros R$ 2 bilhões serão liberados em setembro. A última cota de mais R$ 2 bilhões é prevista para novembro, totalizando R$ 6 bilhões do total de R$ 14 bilhões de emendas parlamentares ao Orçamento.

Pela manhã, a presidente chamou os ministros "com pendências" no Congresso para uma reunião no Palácio da Alvorada. Além do PT, compareceram ministros do PP, PMDB, PCdoB e do PSB, partidos que integram a base de apoio.

Eles deverão operar a liberação das emendas e fazer o controle dos votos no Congresso. Apesar da liberação da verba, a presidente não recebeu garantias de que alguns vetos que mais interessam ao governo sejam mantidos.

Este é o caso - entre outros - do projeto de lei que acaba com a multa adicional de 10% sobre o saldo total do FGTS paga pelos empregadores ao governo em caso de demissão sem justa causa. A presidente vetou o projeto, mas a avaliação dos líderes é que dificilmente a decisão será confirmada no Congresso.

O projeto foi votado no rastro das medidas que o Congresso aprovou em resposta às manifestações de junho, mas, na prática, é um dos itens prioritários da agenda legislativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O governo, por seu turno, quer manter os 10% para assegurar o financiamento do programa Mina Casa Minha Vida.

O governo está preocupado com a ameaça de o Congresso derrubar vetos presidenciais, mas também com projetos que retiram poder da Presidência da República, como o que estabelece o Orçamento impositivo. Atualmente, o Orçamento é autorizativo e o governo gasta de acordo com seu julgamento.

O Palácio do Planalto e o Congresso já iniciaram negociações para, ao menos, circunscrever a abrangência do orçamento impositivo, que poderia ser restrito às emendas parlamentares
O dia de ontem foi de muitas conversas entre a cúpula do governo, o vice-presidente da República, Michel Temer, e os partidos políticos, por meio sobretudo de seus ministros. Da reunião no Alvorada participou o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, apontado pelos aliados como um dos entraves à liberação da verba para emendas.

A liberação das emendas, na avaliação dos ministros e líderes da base aliada já facilita a equação com o Congresso. Após as manifestações de junho, o Planalto perdeu o controle sobre deputados e senadores dos partidos que integram a coalizão governista no Congresso. A expectativa é que a volta do recesso seja difícil para o governo, situação que deve perdurar se a presidente não se recuperar rapidamente nas pesquisas.

Num momento de fragilidade do governo, os aliados tentam tirar tudo o que não conseguiram enquanto era alta a popularidade da presidente.

A mudança nas regras para a apreciação de vetos também contribui para um maior ativismo da coordenação e articulação política do governo: o Congresso mantém os vetos passados de Dilma, mas agora, a cada 30 dias, aprecia os novos vetos presidenciais, apostos a partir de 1º de julho, em vez de deixá-los indefinidamente na pauta. Dez ministros participaram da reunião, além de Augustin e do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, responsável programa Minha Casa Minha Vida.

Fonte: Valor Econômico

Líder do PMDB prevê derrotas no Congresso

Por Raquel Ulhôa

BRASÍLIA - Com o reinício do trabalho do Congresso amanhã, sob a perspectiva de onda de derrubadas de vetos da presidente Dilma Rousseff, o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), cobra mudanças na articulação política e diz que a responsabilidade do partido é manter a "governabilidade mínima". Alegando a intenção de "ajudar o governo", pretende apresentar alternativa à derrubada do veto ao fim da multa de 10% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), paga por empregadores em caso de demissão sem justa causa. Esse é um dos vetos cuja derrubada é considerada certa.

"Vou tentar, com isso, dar uma saída para evitar que o Congresso derrube o veto. Se for votado hoje, o governo perde", afirma. Sua proposta mantém a multa, mas destina o dinheiro ao trabalhador. O governo usa a receita em infraestrutura financiada pelo FGTS, além do Programa Minha Casa, Minha Vida. Com a mudança na regra de apreciação dos vetos, os decididos a partir de julho trancam a pauta de votações se não forem votados em 30 dias. Até então, eles dificilmente eram votados. A partir de agora, deve haver uma cruzada de derrubada, facilitada pela insatisfação da base.

O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), diz que, como alternativa ao fim da multa extra do FGTS, "pode haver entendimento" em torno de uma proposta que dê outra destinação aos recursos. Mas ele prevê várias derrotas ao governo e critica a equipe econômica por recomendar vetos de dispositivos incluídos em propostas a pedido do próprio governo.

Reclama da falta de negociação com o Congresso e de vetos a medidas que não causam impacto ao governo, como a que permite a transmissão da licença de funcionamento de taxista, aprovada por unanimidade no Senado. "Para quê vetar? Só para fazer confronto com o presidente do Senado, com o líder do PMDB e com o líder do PTB? ", pergunta. Para Eunício, o governo terá de negociar com o Congresso, com a nova regra.

Lideranças de vários partidos aliados, até do PT, queixam-se da falta de diálogo do governo. E preveem muitas derrotas do Planalto. É considerada certa a derrubada do veto ao dispositivo do projeto que trata do Fundo de Participação dos Estados (FPE), segundo o qual as desonerações dadas pelo governo não podem reduzir o repasse de Estados e municípios. "Não dá prejuízos ao caixa e é medida justa. É só o governo dosar as desonerações de acordo com o caixa dele, o que pode ser feito por decreto", diz.

É forte a tendência de aprovação, na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), da regra que torna impositiva a liberação dos recursos das emendas parlamentares ao Orçamento da União. Cunha alerta para a importância da aprovação da LDO para o governo, se o Congresso não aprovar o Orçamento de 2014 até o fim do ano. "Se o governo optar por não usar a LDO, será uma armadilha muito grande para ele. É a LDO que permite ao governo usar um doze avos do Orçamento, a cada mês [em custeio], se o Orçamento não for aprovado."

Para Cunha, o semestre será muito difícil para o governo, se não houver mudança na articulação política. "Se para mudar a articulação política precisa mudar pessoas que se mude. Se precisa mudar procedimentos, que se mude procedimentos... Minha disposição é trabalhar [para ajudar], porque tudo na vida tem um limite. O limite é o que afete a governabilidade. O PMDB não é oposição. Pretendemos manter a governabilidade mínima", diz.

O governo deve sair derrotado de outras votações, como na do projeto que destina recursos do petróleo para educação e saúde. A tendência é mexer em dois pontos que atingem o modelo de partilha de produção: o Fundo Social e o bônus de assinatura.

Fonte: Valor Econômico

Eduardo avisa: sua ligação é com Lula

Governador diz no Sertão que PSB só votou em Dilma, em 2010, a pedido do ex-presidente. Campos crava que a petista sabe da "independência" de seu partido

Débora Duque

Dando uma pausa na agenda nacional para participar de inaugurações e vistorias de obras no interior do Estado, o governador Eduardo Campos (PSB) procurou, em entrevista às rádios locais, ontem, reforçar seu vínculo político com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao mesmo tempo em que manteve o discurso de "aliado-crítico" da presidente Dilma Rousseff (PT). Sem negar sua pretensão de concorrer à Presidência, em 2014, ele disse que Dilma sabe que o PSB tem "independência" e que, na última eleição de 2010, o partido só resolveu apoiar sua candidatura "a pedido de Lula".

"Ela sabe que o PSB é um partido que tem uma independência, da relação que tivemos com o presidente Lula e sabe que votamos nela por um pedido do ex-presidente. Tiramos uma candidatura (Ciro Gomes) para apoiá-la", declarou Eduardo, à rádio Liberal FM, em Ouricuri.

Ao longo da entrevista, Eduardo utilizou expressões populares e citou até a Bíblia para se referir à disputa eleitoral do ano que vem. "Na vida, a gente tem que respeitar o tempo. Isso está na Bíblia. A Bíblia fala que tudo tem seu tempo e não chegou a hora de cuidar de eleição", disse.

Sem citar nomes, Eduardo afirmou que "muita gente pensava que a eleição ia ser de um jeito e, agora, está vendo que vai ser de outro". Após a recente onda de protestos no País, a popularidade da presidente Dilma sofreu uma queda de 27 pontos percentuais, segundo a última pesquisa Datafolha.

Ao comentar seus índices de intenção de voto, Eduardo disse que o percentual de 7% é modesto e que ainda era pouco conhecido no País. "Só 20% da população me conhece e eu tenho 7%. Isso é o que deixa muita gente que faz conta meio desconfiado", ironizou. Em relação a seu possível voo presidencial, afirmou não ter tomado a decisão nem na sua cabeça, nem em seu coração.

As críticas às desonerações tributárias do governo federal fizeram parte do discurso de Eduardo. Segundo o socialista, quem "pagou a conta" das tentativas da presidente para "animar a economia" foram os Estados e municípios, que sofreram queda nas receitas. "Não dá para tocar o Brasil matando municípios e estados", frisou.

O socialista também criticou o fato de o governo federal ter optado por diminuir os impostos cobrados à indústria automobilística ao invés de desonerar o transporte público. Tal política foi iniciada pelo ex-presidente Lula e mantida por Dilma. Mesmo sem mencioná-la, também enfatizou que não costuma ficar "trancado no gabinete", motivo pelo qual a base aliada do governo federal tem se queixado da petista.

No interior, o governador participou de uma série de agendas, entre elas a entrega da Farmácia de Pernambuco e a inauguração da UTI do Hospital Regional Fernando Bezerra, em Ouricuri.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Partidos dizem que não podem garantir a Serra apoio em 2014

Ex-governador procurou PV e PSD; PPS se queixa de indefinição

Silvia Amorim e Gustavo Uribe

Prazo. Serra tem até 5 de outubro para decidir se deixa o PSDB, onde perdeu espaço para Aécio

SÃO PAULO - A dois meses do prazo final para o ex-governador José Serra (PSDB) decidir se troca de partido, as legendas procuradas para construir uma aliança em torno do nome dele para a eleição presidencial em 2014 já dizem que dificilmente o tucano terá um compromisso de apoio por parte delas até outubro. Uma das condições para Serra tentar uma candidatura à Presidência fora do PSDB é ter aliados de peso, que garantam a ele competitividade, cenário cada vez mais distante.

Lideranças do PV, PSD e PTB alegam que não há como definir questões como essa um ano antes da disputa eleitoral. O partido que mais se aproxima do tucano hoje é o PPS. Serra foi convidado em abril a se filiar à sigla. Mas o PPS tem menos de um minuto no horário eleitoral, o que inviabilizaria uma candidatura solteira - sem apoio de outros partidos. Por isso, o ex-governador tem passado as últimas semanas em conversas com dirigentes partidários para avaliar as chances de alianças.

Serra tem até 5 de outubro para decidir se fica ou sai do PSDB, onde, com o avanço do senador Aécio Neves, não deverá haver espaço para ele na próxima corrida presidencial. Se permanecer no PSDB, Serra terá como opção se candidatar ao Senado ou à Câmara dos Deputados. Na primeira alternativa, é possível que tenha de brigar pela vaga. No caso de disputar uma cadeira de deputado federal, o ex-governador já ouviu a proposta de aliados, mas rechaçou prontamente. A avaliação de dirigentes tucanos é que Serra só deverá se filiar ao PPS se tiver a certeza do apoio, ao menos, do PSD.

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, que fez o convite a Serra para se filiar à sigla, diz que a situação do amigo não é fácil.

- No máximo, o que pode haver são alguns encaminhamentos (com os potenciais partidos aliados), mas nenhuma grande definição sobre alianças é tomada um ano antes da eleição - afirmou.

Freire disse que renovou o convite a Serra após a fusão entre o PPS e o PMN fracassar. O ex-governador já esteve com outros dirigentes do PPS para tratar do cenário eleitoral de 2014. Mas a indefinição dele tem gerado reclamações. Um grupo alinhado a Marina Silva, liderado pelo secretário de comunicação do PPS de São Paulo, Maurício Huertas, encaminhou na semana passada uma carta ao dirigentes nacional do PPS cobrando prazo de 15 dias para que Serra dê uma resposta. Freire descartou essa possibilidade.

Tendência do PSD é apoio a Dilma

Segundo o ex-líder do PSD na Câmara, Guilherme Campos, o partido não deverá tomar nenhuma decisão sobre esse assunto este ano.

- O José Serra sempre é um grande nome, tem consistência e representatividade e deve ser levado em consideração. Não existe, contudo, neste momento, nada fechado. O partido ainda não se definiu e há uma tendência de apoiar Dilma Rousseff. A decisão deve ser tomada apenas no início do que vem, que é o timing correto de definição de apoios - afirmou.

Em conversas reservadas, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, tem lembrado a aliados que, ao ter ocupado uma pasta no governo federal, a sigla assumiu um compromisso com a reeleição de Dilma, mas não tem descartado o apoio a Serra caso a presidente não recupere a popularidade perdida nos últimos meses. O ex-governador tem mantido contato com Kassab e, segundo aliados, encontrou-o no Hospital Sírio-Libanês, na semana passada, onde fui submetido a um cateterismo.

No PV, a situação é parecida. Com o anúncio do ex-deputado federal Fernando Gabeira de não disputar a sucessão presidencial, o partido também decidiu que só tomará uma decisão sobre quem apoiará na disputa presidencial no início de 2014, quando o quadro eleitoral estiver mais claro. Serra almoçou com o presidente nacional da sigla, José Luiz Penna, há cerca de duas semanas na capital paulista. Segundo Penna, o tucano estava animado com as possibilidades para 2014, mas disse ainda não ter um "horizonte definido". Além de Serra, o PV tem sido sondado por lideranças da Rede Sustentabilidade, partido da ex-senadora Marina Silva.

- A decisão do partido será tomada ano que vem. Não fomos nós que antecipamos o quadro eleitoral. Faremos a nossa agenda de conversas conforme o tempo eleitoral - afirmou Penna.

O PTB, assim como as outras siglas, só deve definir o seu apoio em 2014. Presidente nacional do partido, Benito Gama ressalta que a legenda caminha para o apoio a Dilma. É aguardado um encontro entre o tucano e lideranças do PTB para os próximos dias.

- Nós temos um compromisso com o governo federal e caminhamos para essa direção. Não há data certa para a definição de apoio, mas eu acredito que será no ano que vem - disse Gama.

Fonte: O Globo

PMDB afirma que não abandona Cabral e pede paciência ao partido

Direção nacional espera recuperação do governador para o bem da sigla

Paulo Celso Pereira

Esperança. Cabral precisa melhorar avaliação para reforçar alianças do PMDB

BRASÍLIA - Se entre secretários do prefeito Eduardo Paes já há muitos que defendem o afastamento dele do governador Sérgio Cabral, em Brasília o clima é diferente. A palavra de ordem na direção nacional do PMDB, partido dos dois, é paciência. Os caciques da legenda acreditam que ainda há tempo até as eleições do próximo ano para que o governador recupere ao menos parte de seu prestígio. Mais do que uma avaliação, existe uma torcida grande para que o correligionário se recupere o quanto antes, para o bem do próprio PMDB.

Há dez anos, o Rio de Janeiro é o estado mais populoso comandado pelo partido, já que nesse mesmo período São Paulo e Minas Gerais permaneceram nas mãos de governantes do PSDB. Para completar, o PMDB não tem até este momento candidaturas competitivas para o próximo ano em nenhum dos dois estados vizinhos.

- Não é da cultura do PMDB abandonar companheiros em dificuldade. Nada garante a irreversibilidade desse quadro. Temos de esperar, falta mais de um ano para a eleição. Não vamos julgar, condenar ou abandonar ninguém antes de entender a realidade e fazer uma revisão da trajetória. Ele tem todas as condições de se recuperar se fizer as mudanças que o povo exige. Não há muita diferença da situação dele para a de outros governadores, só a intensidade - defende o ministro da Secretaria de Aviação Civil da Presidência, Moreira Franco.

O vice-presidente Michel Temer está preocupado com a situação e chegou a ligar para Cabral há duas semanas, quando ocorreu o mais violento protesto no Leblon, próximo à casa do governador. O vice-presidente, de quem Moreira é um dos aliados mais próximos, também trabalha com a perspectiva de encontrar um cenário melhor em junho do próximo ano, quando serão sacramentadas as alianças nas convenções partidárias.

- Temos tempo. As conversas vão até junho do próximo ano - tem dito Temer aos dirigentes do partido.

Cabral era visto como um trunfo peemedebista para as negociações nacionais com o PT. A ideia era que a capacidade de ajudar a eleição de Dilma no Rio permitisse que a legenda estabelecesse outras exigências Brasil afora. Agora, o risco é que em vez de bônus para Dilma, a aliança com Cabral seja vista como um ônus, levando o PT a fazer exigências.
Conversas com Dilma

Durante a visita do Papa Francisco ao Rio, a presidente Dilma Rousseff conversou com Cabral sobre os protestos, e ele afirmou que irá comprovar em breve o envolvimento de adversários políticos com os grupos mais radicais das manifestações. Apesar da derrocada do aliado, a presidente continua considerando como cenário ideal para as eleições de 2014 o apoio de Cabral no Rio.

A questão é que Cabral perdeu capital político para manter a exigência de retirada da candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) ao governo do estado. Até por isso, a ideia é só retomar esse tema dentro de alguns meses.

Fonte: O Globo

Presidente do STF sugere sessões extras no mensalão

Recursos serão julgados também às segundas

Severino Motta

BRASÍLIA - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, é dúvida para a sessão de abertura do segundo semestre do Judiciário amanhã. Ele está em repouso devido a um procedimento médico que fez no sábado.

Apesar disso, a eventual ausência do ministro não vai interferir na programação do julgamento dos embargos do mensalão.

Caso a orientação médica seja de retorno ao trabalho somente na segunda-feira, Barbosa deverá enviar um ofício aos ministros do STF informando que vai levar os embargos à pauta na terceira semana de agosto e sugerindo a realização de sessões extras às segundas.

Sofrendo com dores nas costas há anos, Barbosa se submeteu no sábado a um tratamento com a aplicação de pequenos choques subcutâneos para aliviar as dores lombares.

Quem será o representante do Ministério Público Federal (MPF) no julgamento dos recursos do mensalão é outra questão a ser resolvida. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deixa o cargo no dia 15.

Uma lista tríplice foi escolhida pelos integrantes da Procuradoria mas a presidente Dilma Rousseff ainda não decidiu por um nome, que precisará passar por sabatina no Senado e tomar posse.

Na avaliação de integrantes do Ministério Público, dificilmente haverá tempo para a sabatina e a posse do novo procurador-geral antes do próximo dia 15.

Com isso, quem deverá comandar a Procuradoria interinamente no período de transição será o vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal. O cargo é ocupado atualmente pela procuradora Maria Caetana, mas ela deixará a cadeira no dia 6.

Uma eleição para a vice-presidência do conselho será realizada em sessão extraordinária, no dia 7 ou 8.

Historicamente, assume a vice-presidência um dos conselheiros que iniciam seu mandato de dois anos no colegiado.

Nessa situação estará a subprocuradora-geral da República Raquel Dodge, responsável pela denúncia da Operação Caixa de Pandora (esquema de corrupção investigado no governo de José Roberto Arruda), e os subprocuradores José Flaubert, Eitel Santiago e Oswaldo Barbosa.

Fonte: Folha de S. Paulo

Honestidade intelectual. De fato, Lula nunca saiu, como Dilma nunca entrou. – Alberto Goldman


De homens públicos não se exige apenas honestidade no sentindo de cuidar bem do dinheiro público. Não meter a mão em dinheiro que é de todos, cobrado para gastar em atividades que só a sociedade em seu conjunto pode realizar, é algo que não se discute. O contrário é crime. Mas de quem exerce funções públicas se exige muito mais: a honestidade intelectual. E o contrário também é crime.

Especialmente para aqueles que exercem altos cargos, isso deveria ser um princípio de vida, uma atitude inerente às funções exercidas. Ainda mais para um presidente da República que tem, em tese, credibilidade e deve fazer um papel didático para o seu povo.

Dilma diz querer fazer um pacto com a verdade, mas no mesmo discurso, faz o contrário. Por que ela tinha de citar de forma distorcida o governo FHC, de mais de uma década atrás, como descumpridor das metas de inflação? Não tem argumentos para explicar o quadro atual em que a espiral inflacionária a todos preocupa? Tivemos o descumprimento das metas nos anos de 2001, 2002 e 2003, os dois primeiros no governo FHC, às vésperas das eleições presidenciais de 2002, quando os agentes econômicos forçaram os preços em função da instabilidade provocada pelo processo eleitoral no qual se temia a eleição de Lula e do seu partido, então vistos como perigosos agentes do socialismo, pelo menos até a carta compromisso assinada por ele, a "carta ao povo brasileiro" , que garantia o cumprimento dos contratos em andamento e o respeito ao "mercado". Por que não relatar um fato histórico - que ela conhece - de forma verdadeira para o conhecimento de seu povo? Isso seria honestidade intelectual.

Por que não explicar que o nosso desenvolvimento, o IDH (índice de desenvolvimento humano) nessas duas últimas décadas - 1991 a 2010 - avançou 47,8%, que grande parte dos mais de 80% dos municípios que eram classificados como de desenvolvimento "muito baixo" e passaram a ser classificados como altamente desenvolvidos, conforme os jornais de hoje? Por que não afirmar - é verdade - que a evolução do índice é contínua e praticamente constante naqueles vinte anos, nos quais se passou pelos governos Collor, Itamar, Fernando Henrique e Lula? Seria honestidade intelectual.

Mas não. A presidente prefere propor um pacto pela verdade, mas não proclama as verdades. Pelo contrário, distorce, mente, omite. Poderia contribuir para sustentar valores éticos que são tão importantes quanto os valores materiais. No entanto, obcecada pela função que seu comandante lhe destinou para que ele não realizasse apenas o seu terceiro período de governo mas obtivesse o quarto, conforme ela confessou ao explicitar que Lula não vai voltar por que nunca saiu, ela, Dilma, que nunca entrou, perde uma excelente oportunidade de ajudar o nosso povo a criar uma sociedade mais humana, solidária e consciente.

Alberto Goldman é vice-presidente nacional do PSDB, foi governador de S. Paulo

Verdades da boa-fé contra patranhas do marketing - José Neumanne

Em nome da fé já se fez muito bem. Mas também muito mal. Do ponto de vista religioso, a mesma Igreja Católica em que militou o inquisidor Torquemada deu os dois Franciscos -o santo de Assis e o bispo de Roma. A política (do grego, pertinente aos cidadãos) republicana (do latim, referente à coisa pública) foi o ofício do assassino serial Adolf Hitler e do democrata (do grego, governo do povo) Winstón Churchill. Então, não é a crença que massacra o homem, mas a natureza humana que usa a convicção para destruir. O fundamentalismo terrorista dos asseclas de Bin Laden é mais próximo dos autos de fé da Inquisição cristã que da tolerância dos Estados islâmicos medievais.

A visita do papa ao Brasil confirmou tais evidências em gestos e nas suas pregações ao longo da semana passada. Nela ele conviveu com a ineficiência do Estado, manifestada pelo rosário de lambanças iniciado com o erro dos batedores em sua chegada e encerrada com a interdição do Campo da Fé, em Guaratiba. É também com o afeto emocionado do brasileiro comum, que o recebeu, abraçou e beijou. Ao desembarcar do avião, forçado a fazer hora voando antes de pousar porque a presidente Dilma se atrasou, ele foi conduzido por batedores direto para o congestionamento de um estacionamento de ônibus de peregrinos em plena Avenida Presidente Vargas. Do contato com o Brasil real saiu sem um arranhão e coberto de beijos, prova de que só o amor protege. Dali o levaram para encontrar a zelite do Brasil oficial no Palácio Guanabara um erro dos hierarcas católicos, similar ao dos responsáveis por sua escolta.

Os encarregados da programação submeteram o papa a um discurso quase tão grosseiro quanto enfadonho. Nele Dilma se limitou a fazer mais um relato complacente e pouco fiel de falsos avanços de sua gestão. E deu-se ao desplante de reduzir a História do Brasil aos últimos dez anos, sob o PT de Lula e dela. Ou seja, negou o legado de luminares do povo brasileiro que viveram antes da posse do padrinho e protetor dela: José Bonifácio de Andrada e Silva, Machado de Assis, Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Luiz Gonzaga, Tom Jobim e tantos outros. Além disso, ela recitou patranhas de marketing, tratando o visitante como um papagaio de pirata de seu palanque para a reeleição. Nem ela própria parecia crer nelas, tal foi a falta de convicção com que as enunciou.

Naquela ocasião o hóspede, polido como a anfitriã não foi, respondeu com as gentilezas de praxe de um pároco agradecendo a água que lhe servia uma devota paroquiana. Mas, ao longo de suas práticas, foi respondendo com recados certeiros a uma a uma dessas grosserias da recepção e das deselegantes anedotas sem graça sobre sua origem portenha contadas pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes. No Hospital São Francisco de Assis o papa detonou o discurso politicamente correto de quem considera o consumo de drogas apenas uma doença e seu comércio, mera consequência de mazelas sociais. Chamou os traficantes de "mercadores da morte" e disseque só se combate o tráfico entre os jovens praticando a justiça e educando sempre.

No mais relevante pronunciamento social de seu pontificado, proferido na favela de Varginha,ele disparou dois torpedos diretamente na maior negação à natureza democrática nas Repúblicas de hoje: o marketing político. No primeiro atacou o conceito de pacificação das comunidades com a ocupação de suas ruas por policiais armados. "Nenhum esforço de pacificação será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma. Uma sociedade assim simplesmente empobrece a si mesma, perde algo de essencial para si mesma", pontificou. Essa sentença profética atingiu o cerne a propaganda oficial do desastrado governador Sérgio Cabral.

O outro torpedo atingiu a empáfia petista no peito. "Somente quando se é capaz de compartilhar é que se enriquece de verdade. Tudo aquilo que se compartilha se multiplica. A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, que não têm outra coisa senão a sua pobreza", pregou. O nobre conceito igualitário, transmitido às vítimas preferenciais dessa ilusão, silencia a fanfarra federal que celebra a inclusão deste país entre as maiores economias mundiais.

Ao falar para a sociedade e políticos, no Teatro Municipal, Francisco sintetizou sua pregação na Jornada Mundial da Juventude no Rio: "O futuro exige a tarefa de reabilitar a política". A frase do pregador resume a tarefa de todos os cidadãos, pertençam ou não a quaisquer partidos políticos,

professem ou não algum credo religioso. Da mesma forma corajosa como apregoa a refundação de sua "Igreja de Cristo", Francisco transferiu aos peregrinos a tarefa de lutar para tentar restaurar o sentido da origem etimológica da palavra, que no mundo inteiro, e no Brasil em particular, passou a significar exatamente o oposto do princípio que a fundou.

Essa restauração do poder da cidadania, segundo o papa, implica condições que ele fez questão de lembrar. Uma delas é a responsabilidade cívica da boa-fé pública: "O sentido ético aparece nos nossos dias como desafio histórico sem precedentes". Outra, a tolerância em tudo e, particularmente, na profissão de fé: "Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado". A economia com visão humanista é mais um item: "O futuro exige visão humanista da economia, evitando elitismos e erradicando a pobreza". E isso só pode ser feito com o respeito a ideias e posturas alheias: "Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível - o diálogo".

Francisco prometeu voltar em 2017. Deus queira que até lá as sementes luminosas que semeou tenham germinado aqui.

Dilma reduziu a nossa História a 10 anos e o papa lhe respondeu com 20 séculos de sabedoria.

Jornalista, poeta e escritor

Fonte: O Estado de S. Paulo

Jogo bruto - Merval Pereira

O Congresso volta aos trabalhos nos primeiros dias de agosto com projeto bem definido: derrubar alguns vetos da presidente Dilma. Liderada pelo deputado Eduardo Cunha e com o apoio do presidente da Câmara, Henrique Alves, a bancada do PMDB pretende continuar seu trabalho de boicote ao Palácio do Planalto até que essa queda de braço defina com clareza quem é quem na aliança governista.

O PT deu o primeiro recuo, retirando do texto oficial de sua convenção as referências à necessidade de rever as alianças com partidos conservadores. A afirmativa tinha endereço certo, o PMDB. Mas a disputa na Câmara não engloba apenas o PMDB. Também alas do PT descontentes com a atuação do governo, especialmente na área econômica, insuflam a rebeldia na base aliada, em busca de um clima político que favoreça a volta de Lula.

Mesmo que seja improvável essa hipótese, trabalhar para que aconteça desgasta a presidente Dilma e aumenta a margem de pressão dos próprios petistas. Embora tenha formalmente uma aliança que abarca cerca de 70% do Congresso, o apoio ao Palácio do Planalto nas votações tem caído desde o início do governo, chegando a seu ponto mais baixo este ano, com apenas cerca de 45% de aprovação nas votações, o mesmo índice, aliás, da bancada do PMDB, o que indica que é ele quem está dando o ritmo de atuação na aliança governista. Não por acaso, o líder do PMDB é o deputado Eduardo Cunha.

A antecipação do processo eleitoral trouxe para a discussão a questão econômica, sobretudo a inflação. À medida que se coloca o debate da inflação no centro da discussão política, da disputa eleitoral, ela se realimenta com a expectativa.

Além disso, a candidata não pode tomar medidas que a presidente precisa tomar no combate à inflação. A presidente passou a ser tratada como candidata e seu julgamento é nessa condição. O calendário eleitoral antecipado é uma abstração que neurotiza a política. Os políticos vivem um calendário que não é real.

O diálogo com os partidos da base é difícil porque a função do presidente da República é essencialmente política, e a existência do ministério de Relações Institucionais não pode substituir a relação direta do presidente com os políticos. Fernando Henrique e Lula traziam para eles a condução política. Depois da crise do mensalão, Lula viu que teria que tratar diretamente com os políticos.

Os políticos que faziam essa interlocução eram mais operacionais, ficavam com a barriga no balcão, como se diz na gíria política, mas quem decidia tudo eram os donos da loja, os presidentes. Hoje, não. Quem está com a barriga no balcão não tem experiência da militância política, e a presidente, como dona da loja, não tem prazer no exercício da política.
Quando entra na pauta a eleição, os deputados começam a pensar com antecedência nas bocas de urnas, nos trabalhos dos cabos eleitorais, que também começam a fazer exigências mais cedo. Só que estamos a um ano do outubro da eleição.

Quem não segue o Papa Francisco e não faz política com P maiúsculo, aproveita-se dessas ocasiões, mesmo que o resultado a médio prazo seja o enfraquecimento do próprio partido. Quem trabalha como saqueador quer é confusão, analisam os especialistas nas ações do baixo clero, utilizando-se da imagem dos vândalos em ação nas recentes manifestações populares.

A diferença entre a luta interna do PT e a atuação institucional do PMDB é exemplar da ação política nesses tempos de presidencialismo de coalizão. Setores do PT acusam o PMDB de estar tornando o governo seu refém e pressionam a presidente Dilma para romper a aliança "conservadora".

Ao mesmo tempo, o PMDB parece muito mais preocupado em preservar o governo Dilma do que o PT, pois agindo assim preserva sua própria presença no comando do país e os espaços políticos que ocupa. Ao contrário, o que acontece no PT é uma briga bruta pelo domínio político da máquina partidária, no momento em que os expoentes de uma geração partidária podem acabar na cadeia.

E quanto mais espaço o PMDB ocupar, menos espaço sobra para os grupos que atuam dentro do PT.

Fonte: O Globo

Rosa dos ventos - Dora Kramer

Depois de um primeiro momento de agitação com tendência à infidelidade provocada pela queda geral da avaliação de governantes - notadamente da I que habita o Planalto-, partidos, políticos e até empresários adotam a velha combinação de prudência e caldo de galinha, receita que não faz mal a ninguém.

A palavra de ordem é conter o ímpeto d ã crítica e da debandada até sentir para onde sopram os ventos das manifestações, da popularidade da presidente Dilma Rousseff, da capacidade de seus prováveis oponentes em 2014 arrebatarem ao menos em parte o patrimônio perdido pelo PT e até da probabilidade de Lula se candidatar.

Diante das dúvidas (a maior delas diz respeito à recuperação de Dilma) e da incerteza sobre qual o caminho mais acertado a tomar anda valendo o velho lema: quando não se sabe o que fazer, melhor não fazer nada.

Prova é o recuo do PT no tom do documento discutido pelo diretório nacional do partido dias atrás. Inicialmente continha críticas à política econômica e pedia revisão das alianças com "os conservadores" para fazer a rota de retomo à esquerda. Tudo isso foi tirado para, de um lado, preservar Dilma e, de outro, não queimar caravelas com os aliados antes do tempo.

Compasso de espera é a expressão que define o momento. A questão é até quando. Não se sabe ao certo mas no início de outubro, quando acaba o prazo para filiações partidárias dos candidatos em 2014, o quadro estará mais definido. Não porque quaisquer dos Aliados ficam em compasso de espera até ver se queda de Dilma para ou continua pretendentes a presidente - à possível exceção de José Serra - estejam pensando em mudar de partido, mas porque a partir daí seus aliados já não poderão abandonar os barcos sem abrir dissidência explícita nem se submeter aos riscos daí decorrentes.

Uma mudança, entretanto, parece consolidada antes das manifestações os partidos aliados do governo não viam opção fora da reeleição de Dilma. Hoje ainda não conseguem dizer qual seria a alternativa, mas sabem que ela não é a única.

Volta por baixo. De mola que leva ao alto, Sérgio Cabral Filho virou âncora que prende ao fundo, com seus minguados 12% de avaliação positiva à frente do governo do Rio. De onde sua companhia tornou-se um embaraço federal para seus parceiros na política.

Resultado da conjugação de abuso de poder na prática de hábitos faustosos, provincianismo político (demonstrado na excessiva confiança na influência de Lula sobre, o Congresso quando da discussão sobre a distribuição dos royalties do petróleo) e arrogância tardiamente assumida com a promessa de ser "mais humilde".

Cabral, reeleito em 2010 no primeiro turno com votação espetacular, confundiu apoio popular com salvo-conduto para transgredir todas as regras. Sejam as de civilidade no convívio com os governados, sejam as balizas legais que exigem do governante respeito à transparência, à impessoalidade e à probidade.

O governador achou que ninguém iria se incomodar com o fato de destratar professores, médicos e bombeiros chamados de vândalos e bandidos no exercício de movimentos reivindicatórios; de passar boa parte do tempo viajando ao exterior, incluindo aí ocasiões em que o Rio foi atingido por tragédias às quais não dava a devida importância evitando aparecer em público em momentos adversos. Cabral considerou que, ao abandonar entrevistas no meio porque não gostava das perguntas, afrontava a imprensa quando o gesto significava interdição do diálogo com a sociedade.

Acreditou-se inimputável. Não teve noção de limite. Agora se diz arrependido por influência das palavras do papa. Ao que alguns chamam de senso de oportunidade outros dão o nome de oportunismo. Para não falar no egoísmo de pedir aos manifestantes que se retirem da porta de sua casa porque tem "filhos pequenos", sem se importar com os filhos dos vizinhos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

O Rio à deriva - Igor Gielow

Entre tantas trincheiras abertas para 2014, uma em especial chama a atenção: a do Rio de Janeiro, terceiro colégio eleitoral do país.

Após anos de gestões divididas e fracassadas, 2013 parecia coroar a dobradinha Sérgio Cabral-Eduardo Paes, história de sucessos de marketing: o Rio voltara à sua fantasia imagética de ser o coração espiritual do país, Olimpíada, final de Copa, o aparente sucesso das UPPs. Até Eike Batista virou patrimônio emocional.

Deu no que deu. Escândalos que vão da relação do governador com empreiteiro enrolado ao uso de helicópteros, caos logístico na Copa das Confederações e na visita do papa, manifestações infindáveis, violência perene --e mesmo Eike em apuros.

Cabral, perdoado pela classe média mesmo quando chamou favelado de "otário", teve de, algo pateticamente, apelar ao instinto paterno de manifestantes impúberes para pedir a desocupação de sua rua.

Paes sofre por tabela e protagonizou nada menos do que uma agressão a um cidadão neste ano, mas Cabral ainda é o alvo. De ativo do PMDB, ele agora é um pato a manquitolar, exceto que tire da cartola alguma agenda positiva de fato eficaz. Se já enfrentava a canibalização da candidatura de seu vice em 2014 pelo PT, o processo será dramático.

A oposição tradicional nada ganha. O tucano Aécio Neves contava com algo entre apoio tácito e defecção do amigo Cabral. Agora, terá de apresentar escusas e distanciar-se.

Marina Silva, por sua vez, já demonstrara potencial no Estado, em especial na parte "cenário de novela" do Rio. Ao encenar um "one-woman show", sem palanques fortes, ao menos neste caso ela pode lucrar.

A tragédia da adutora ontem ganha caráter simbólico. Enfim, o governador foi ter com as vítimas, talvez seguindo a "humildade" que diz ter aprendido com Francisco. Pelo que contam os moradores, contudo, Cabral (Paes a tiracolo) ainda não pode andar com vidro aberto, como o papa.

Fonte: Folha de S. Paulo

Mudanças e cobranças - Tereza Cruvinel

O relatório sobre os avanços do Brasil no IDHM, nos últimos 20 anos, convida a uma reflexão. Eles (avanços) são frutos da democracia, nosso valor maior, que não pode ser posto em risco

Não entramos no paraíso mas, sem dúvida o purgatório ficou para trás, embora ainda existam pesadas correntes de atraso no país. Sem favor, mas sem derrotismo: assim pode ser lido o resultado do relatório do Pnud, agência da ONU, em parceria com o IPEA e a Fundação João Pinheiro, sobre o IDHM, o Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios, divulgado anteontem. O indicador passou de 0,493, em 1991, muito baixo, para 0,727 em 2010, crescendo 47,8%. Seus números, nesta hora, convidam a uma reflexão sobre o país que temos e o rumo que ele segue.

Na semana passada, conversei com embaixadores de dois países, em contextos distintos. Ambos expressaram imensa dificuldade em compreender a força e a amplitude das manifestações populares contra todos os governos: a economia apresenta problemas pontuais, mas seu desempenho é muito melhor do que a dos países europeus. O sistema político permite distorções na representação, mas as instituições democráticas funcionam a contento, não havendo aqui erupções autoritárias ou crises de legitimidade. E a nódoa da desigualdade, indiscutível, suavizou-se, disseram os dois, alinhavando as explicações que ouvem e lêem aqui e ali, e que acham insuficientes para explicar a ira das ruas, que faz pensar em um país estagnado, econômica, social e politicamente.

A mãe de tudo
O relatório mostra que, há pelo menos 20 anos, o Brasil se move, tornando-se mais desenvolvido e mais justo. O avanço no IDHM não foi uniforme mas, olhando para trás, em 1991, 80% dos municípios — que é onde vive o cidadão, como dizia Ulysses Guimarães — exibiam um índice de desenvolvimento humano baixíssimo. Hoje, um terço deles pode ser considerado de alto desenvolvimento, e essas cidades já não se concentram no Sul-Sudeste — a Bélgíca da velha Belíndia. Vencido o purgatório, restam as correntes do atraso, sobretudo, na educação, área em que o índice é apenas médio, nacionalmente: passou de 0,278, em 1991, para 0,637, em 2010. Apenas cinco municípios alcançaram IDHM/Educação acima de 0,800, ou “muito alto”, condição que nenhum estado conquistou. São Paulo e o nosso Distrito Federal, na vanguarda, alcançaram a classificação “alto”. Em 90% dos municípios do Norte e do Nordeste, o índice é “baixo” ou “muito baixo”. Isso é desigualdade. “Na educação, partimos de um base anterior muito baixa”, explica o presidente do Ipea, Marcelo Nery, referindo-se à nossa era das mudanças.

As cobranças são justas, não houve quem negasse. Os jovens, sobretudo, têm pressa, e o Estado não responde com a velocidade necessária. Para eles, tudo que foi feito já não conta, e este é o drama dos que governam. Os protestos não reconhecem feitos, só defeitos. Mas, quando a marcha dos últimos 20 anos, que pode ser lenta mas tem sido contínua, nos é apresentada de forma tão cristalina, vem escrito nas entrelinhas que isso foi produto da democracia. Há 20 anos, o primeiro presidente acabava de ser eleito pelo povo. E, faça-se justiça, o governo de transição de José Sarney, com o Plano Cruzado, já alvejara a desigualdade. A democracia é nosso valor maior e não pode ser posta em risco, mesmo quando a ira é justa. O risco sempre vem quando a ordem e as garantias são rompidas. Pensar nisso, quando ninguém controla o vandalismo, não é catastrofismo.

Ouro de tolo
A polarização PT-PSDB aparece sempre que os avanços são mencionados. O ex-presidente Fernando Henrique, por uma rede social, destacou que, na década em que governou, a de 1990, o IDHM cresceu 24,4%. Na era Lula, cresceu apenas 18,8%. Os petistas reagiram relativizando a conta e mostrando que, na fase FH, a desigualdade caiu apenas 1,89%, ao passo que no período Lula, caiu 9,18%.

Tal disputa pode inflar os egos mas não faz sentido para o povo. Este sabe que Lula avançou mais no social, porque FH golpeou a inflação e organizou a economia. E não teria feito isso sem o apoio de Itamar, substituto de Collor, que abriu a economia, depois de suceder pelo voto a Sarney, condutor da transição na ausência de Tancredo, eleito indiretamente sob o lema Muda Brasil. Isso depois que um Congresso dissociado do povo rejeitou a emenda das Diretas Já. Essa travessia, que os jovens mal conhecem, é que mudou o Brasil e propiciará novas transformações. Não fora dela.

As polícias e os protestos
Até agora, quem mais ganhou com as manifestações foi o Ministério Público, que nelas inseriu a PEC 37, garantindo sua derrubada no Congresso. Agora, alguns políticos acham que as polícias podem estar fazendo política com essa atuação enigmática na repressão ao vandalismo. Em São Paulo, na última noite de pavor, quando 10 agências bancárias foram depredadas, a PM chegou quase duas horas atrasada, dizendo que quis preservar os “pacíficos”. No Rio, a polícia guardou o prédio de Sérgio Cabral, mas liberou a Avenida Ataulfo de Paiva para a quebradeira. Os protestos continuam, e os vândalos seguem impunes. Ninguém sabe quem são, o que pretendem, ou a quem respondem. A PM sonha com a aprovação da PEC 300, que equipara os salários de todos os estados aos do Distrito Federal. Na capital federal eles ganham mais e a União paga a conta.

Testando limites
No mundo de Dilma, ninguém se ilude. Com o ato pedindo a saída de Cabral, e o de ontem contra Alckmin, os radicais das ruas estão testando o clima para eventual ato “Fora Dilma”.

Fonte: Correio Braziliense

Sobre a qualidade do Estado - Cláudio Gonçalves Couto

As manifestações de junho (que continuaram em julho) despertaram toda uma sorte de tentativas de interpretação das razões que as motivaram, nenhuma delas completamente satisfatória. Em parte, isso se deve a que as manifestações tiveram diferentes fases e, em cada uma delas, mudavam os motivos mais evidentes e a composição social e política dos manifestantes.

Mesmo pesquisas feitas com os que protestavam foram incapazes de diagnosticar exatamente o ocorrido, já que muito mais a fotografavam um momento do que revelavam o todo. A enquete do Datafolha feita no dia 20 de junho em São Paulo, e aceitando mais de uma motivação, mostrava que 50% dos manifestantes naquele dia declaravam ter no combate à corrupção sua principal causa. Em seguida vinham: a queda na tarifa de transporte, com 32%; o protesto contra os políticos, com 27%; a melhora da qualidade do transporte, com 19%; e o rechaço à PEC 37, que retirava poderes investigativos do Ministério Público, com 16%.

Outra enquete, essa do Ibope, feita no mesmo dia, porém em sete capitais do Sul, Sudeste e Nordeste, revelava um cenário apenas parcialmente distinto. O ambiente político (que agregava corrupção, rechaço aos políticos e outros assuntos) era a causa principal para 65% dos manifestantes; o transporte público (juntando um conjunto de temas correlatos) somava 53,7%; os gastos da Copa eram lembrados por 31%; a saúde por 36,7%; a educação por 30%; a PEC 37 por 12%. O funcionamento da justiça e segurança pública eram causa de 10%, enquanto o rechaço à ação violenta da polícia e a defesa do direito de manifestação motivavam 4%. Outros assuntos, somados, perfaziam 7,5%.

A baixa qualidade do Estado como um todo é preocupante

O momento desses levantamentos foi aquele em que já se havia ultrapassado o teor restrito das primeiras manifestações (focadas no transporte público) e já havia ocorrido a reação à ação truculenta da polícia (em particular a desferida na quinta-feira, dia 13 de junho, em São Paulo), que motivou o engrossamento do movimento e sua reconfiguração societária e ideológica. Naquela hora, o ganho de importância da temática da corrupção indicava claramente que já haviam se tornado predominantes os manifestantes das altas classes médias escolarizadas, politicamente à direita do Movimento Passe Livre. Contudo, as bandeiras deste ainda se faziam presentes, como os números das enquetes indicavam.

Desconsideremos, por ora, os desvios antidemocráticos que se fizeram presentes nessas mobilizações desde o início, como a presença de extremistas de diferentes orientações ideológicas, de criminosos comuns convertidos em vândalos (como os atuantes no Rio nas últimas semanas) e de meros valentões irresponsáveis (como o que destruiu a sede da Prefeitura de São Paulo, em 18 de junho). Feito isto, nota-se que há um ponto comum à miríade de motivos elencados pelos manifestantes como justificativa para sua participação: a baixa qualidade do Estado brasileiro.

Tal baixa qualidade do Estado pode ser identificada nos diversos temas. Em parte, é a baixa qualidade tanto dos procedimentos dos agentes estatais, como deles próprios, algo manifesto no rechaço à corrupção e aos políticos. Trata-se também da baixa qualidade das políticas públicas, sejam elas de transporte, saúde, educação, segurança, ou no estabelecimento de prioridades justificáveis, como evidenciado no rechaço aos megaeventos esportivos. Se tomarmos outras pesquisas, que aferem a confiança nas instituições, como o ICJBrasil, feito pela Escola de Direito de São Paulo, da FGV, veremos que a população também não avalia positivamente outras instituições estatais, como a polícia e o Judiciário.

Ao final de 2012, o ICJBrasil mostrava que apenas o Ministério Público (53%) e as Forças Armadas (71%) contavam com a confiança de mais da metade dos brasileiros, entre as instituições estatais consideradas - o Congresso e os partidos ficavam na lanterna. Porém, não se trata apenas de uma questão de confiança - embora ela seja importante, tanto que é uma das motivações das pessoas irem às ruas. O ponto é que de pouco adianta os cidadãos confiarem em Forças Armadas sucateadas, desaparelhadas e sem capacidade de desincumbir-se a contento de suas tarefas. De certa forma, pode-se dizer que a população apenas confia nas Forças Armadas porque não tem instrumentos para aferir cotidianamente o seu mal funcionamento, da mesma forma como consegue fazer com o transporte, a saúde, a educação, a polícia ou a conduta dos políticos.

A insatisfação generalizada dos cidadãos com a qualidade dos serviços públicos, porém, é um bom indicador da baixa qualidade do Estado brasileiro. Tal qual aquele cliente que vai ao restaurante e nota que a comida está péssima, embora não saiba bem o motivo para isso (se o cozinheiro é ruim, a receita está errada ou os ingredientes estragados), o cidadão percebe que o Estado funciona mal ao provar de seus serviços, embora decerto não tenha um diagnóstico preciso das razões pelas quais isto ocorre. A forma mais evidente que a democracia oferece para a solução desse problema é a eleição: mudam-se os dirigentes de forma a mudar as políticas.

O problema é que nem sempre a solução é tão simples, ou tão rápida. Quando os políticos e seus partidos se convertem numa corporação profissional, com interesses e uma ética próprios - paradoxalmente avessos aos de seus representados -, funciona deficientemente a competição democrática, que deveria regular o sistema. Desse modo, a alternância no poder pode mudar diversas políticas, mas não altera as práticas fundamentais do "fazer política".

Ademais, há partes do Estado que não são diretamente afetadas pela competição democrática, como a burocracia pública - incluídas aí as polícias e o Judiciário. Operando de costas para a sociedade, muitos agentes desse Estado imaginam ser função dela servir-lhe, em vez do contrário. Mudá-lo demanda um processo longo e difícil de reformas. E não se trata dessa pseudopanaceia universal, a reforma política. Trata-se da já esquecida e indispensável reforma do Estado.

Cláudio Gonçalves Couto é cientista político, professor da FGV-SP

Fonte: Valor Econômico

O país das multidões - Elio Gaspari

Em apenas dois meses, pode-se estimar que pelo menos cinco milhões de brasileiros tenham ido às ruas. A maior parte deles, festejando a fé com o Papa Francisco. Outros, reclamando nas passeatas que tomaram as avenidas em quase todos os estados.

Exatamente nesses dois meses, os poderosos do país mostraram que não estão entendendo nada, ou não querem entender.

Aconteceram, ou tornaram-se públicas, as seguintes gracinhas, todas amparadas pela lei. Mesmo nos casos em que o ronco da rua provocou recuos, eles foram apresentados como atos voluntários. Esse é um Brasil que faz tudo de acordo com as normas, suas normas.

Começando pelos tribunais, que vivem um doce momento, embalados pelo julgamento do mensalão: o Tribunal de Contas da União decidiu que 4.900 magistrados têm direito a receber auxílios-alimentação retroativos a 2011. Uma conta de R$ 312 milhões. Um de seus ministros, Raimundo Carreiro, mostrou ao país que sua idade, como a Terra de Galileu, eppur si muove . Para se aposentar como servidor do Senado, nasceu em 1946. Para permanecer no Tribunal, veio ao mundo em 1948. Exercitando um direito de todos os procuradores, o atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, recebeu R$ 580 mil referentes a bônus-moradia e licenças não gozadas. Comprou um apartamento em Miami, avaliado em US$ 480 mil, "modesto", nas suas palavras, e considera "violação brutal da minha privacidade" a divulgação dessa informação. O ministro tem um apartamento funcional em Brasília, mas, justificando suas viagens ao Rio de Janeiro, informou que faz isso "regularmente há mais de dez anos", como outros magistrados. Com a viúva pagando.

Passando-se ao Executivo, o custo da maquiagem da doutora Dilma em suas aparições em cadeia nacional de TV passou de R$ 400 para R$ 3.181 em menos de três anos.

Alguns de seus ministros rompem o teto salarial do serviço público (R$ 28.059) com as Bolsas Conselho. Guido Mantega, por exemplo, fatura R$ 43.202 mensais. Tudo dentro da lei.

No Congresso, os doutores Henrique Alves e Renan Calheiros voaram pela JetFAB. Um foi para o Rio e o outro para um casamento. Diante do ronco, indenizaram a Viúva.

Saindo-se do Brasil do andar de cima, no de baixo chega-se à Escola Cândido de Assis Queiroga. Ela fica no município de Paulista, no sertão paraibano, onde vivem 11 mil pessoas. Seu Índice de Desenvolvimento Humano no indicador de educação (0,461) está abaixo da média nacional (0,637). Lá, Jonilda Alves Ferreira, de 44 anos, formada em Economia, leciona matemática por R$ 1.500 mensais. Ela ensina frações fazendo "vaquinhas" e levando alunos a pizzarias. Qualquer pessoa que vê uma pizza entende o que são frações ordinárias, mas quem provar que se pode nascer em 1946 (para ganhar aposentadoria) e em 1948 (para continuar num cargo) certamente revolucionará as ciências.

A escola da professora Jonilda conseguiu cinco medalhas de ouro, duas de prata e três de bronze na última Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. Sozinha, acumulou mais prêmios que muitos estados.

A repórter Sabine Righetti perguntou à professora se a escola tem laboratório de informática. Tem, pago, porém parado: "Estamos esperando o técnico para usar os computadores."

Fonte: O Globo

Painel - Vera Magalhães

De olho na rua
Os repasses de recursos do PAC 2 que Dilma Rousseff anunciará hoje para a capital paulista, ao lado de Fernando Haddad (PT), serão acompanhados do slogan "mais investimentos para São Paulo, mais qualidade de vida". A frase, que será divulgada em peças de publicidade, tem o objetivo de apresentar o pacote como uma resposta às manifestações de junho por melhora nos serviços públicos. Haddad dirá que a data marca a reconciliação'' entre a cidade e o governo federal.

O operador Na força-tarefa para reorganizar a base aliada, Dilma e Michel Temer conversaram sobre a possibilidade de o suplente Eliseu Padilha (RS) voltar à Câmara, para atuar como interlocutor alternativo da bancada do PMDB com o governo.

Pro banco Hoje, o Planalto tem uma relação tensa com Eduardo Cunha (RJ), líder do partido na Casa. Para abrir espaço para Padilha, o ex-ministro Mendes Ribeiro se licenciaria do mandato. Interlocutores dizem que Ribeiro foi sondado, mas não se mostrou simpático à ideia.

Esforço Peemedebistas relatam que até Carlos Araújo, ex-marido de Dilma, foi acionado para convencer o ex-ministro, que deixou o governo com problemas de saúde, para abrir espaço para o PMDB mineiro na Esplanada.

Pelos... Na viagem oficial que fez a Moscou na semana de 15 de junho, quando os protestos atingiram o ápice em Brasília, o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), voou de primeira classe. Um bilhete desse tipo custa cerca de R$ 12 mil.

... ares Outros membros da comitiva, como os líderes do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do DEM, Ronaldo Caiado (GO), fizeram a viagem em classe executiva.

Outro lado A assessoria do presidente da Câmara afirma que ele voou de primeira classe porque não havia assentos na executiva, opção feita por ele na volta.

Prepara Sem diálogo com o governo sobre suas reivindicações, as centrais sindicais vão distribuir na Grande São Paulo 1 milhão de exemplares de um jornal que convoca os trabalhadores para uma paralisação nacional no dia 30 de agosto.

CSI 1 Dilma tem de sancionar ou vetar até amanhã projeto que está criando uma guerra entre os responsáveis por investigações criminais. A lei polêmica transforma papiloscopistas em peritos.

CSI 2 As polícias de todo o país reclamam que o projeto vai provocar uma briga entre as duas categorias de especialistas. Papiloscopistas, cuja função é colher impressões digitais em crimes, têm nível médio e a função de perito hoje exige nível superior.

Fora dos... Empresas interessadas na PPP da linha 6 do metrô paulista alegaram que a concorrência não dava garantias suficientes aos investidores diante do risco de atrasos causados por problemas de desapropriação de terrenos e licenciamento.

... trilhos O governo não recebeu nenhuma proposta na sessão de ontem. O edital da concorrência será refeito para dar mais segurança aos empresários e tornar o projeto mais atraente.

Na mídia 1 A Câmara de São Paulo anuncia hoje a vencedora da licitação de sua conta de publicidade, de R$ 20 milhões anuais. Internamente, aposta-se no favoritismo da nova agência do marqueteiro Paulo Tarso, que trabalhou em campanhas do PT.

Na mídia 2 A empresa vencedora fará a divulgação das ações prioritárias da Câmara, como as audiências públicas para a revisão do Plano Diretor do município.

Tiroteio
"Quem pede o fim da aliança com o PMDB só pode estar no mundo da lua. Na política real, a manutenção desses acordos é fundamental."

DO VICE-PRESIDENTE NACIONAL DO PT ALBERTO CANTALICE, sobre a proposta feita por correntes do partido pelo rompimento da aliança petista com o PMDB.

Contraponto
Dress code eclético

Às voltas com atividades variadas durante o mês de junho, desde a demarcação de terras indígenas até os preparativos de segurança para a visita do papa Francisco, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) lembrou a frase de um antecessor ao falar sobre as atribuições da pasta em uma sessão da Comissão de Educação do Senado.

--O ministro Nelson Jobim dizia que nós vamos da toga à tanga, porque vamos das relações com o Poder Judiciário até a Funai, passando pelas polícias, pelos presídios, pelo Direito do Consumidor, pelo Arquivo Nacional... -- brincou Cardozo.

Com Andréia Sadi e Bruno Boghossian

Fonte: Folha de S. Paulo

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo

Serra à espreita
O ex-governador José Serra está disposto a candidatar-se à Presidência da República pela terceira vez, mas perscruta o cenário eleitoral como quem não sabe, ainda, com que legenda pretende concorrer à eleição. Se será no partido do qual é fundador, o PSDB, o que dependeria da volatilização da candidatura do senador Aécio Neves (MG), que preside a legenda; ou em outro partido, que tanto poderia ser o PPS, de Roberto Freire (SP), como o PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassab. Ambos são seus aliados tradicionais.

As pesquisas de opinião, quando incluem o nome de Serra, o alçam à condição de candidato competitivo, quando nada em relação aos demais oposicionistas. Seu problema é a grande rejeição, que já vem da eleição de 2002, quando concorreu pela primeira vez, contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que se consolidou na eleição passada, quando perdeu para Dilma Rousseff.

Serra joga com o tempo, como gostam de fazer os estrategistas. Na política, isso exige ciência e arte. O calendário eleitoral, por exemplo, tem prazos pré-estabelecidos. Há data marcada para a filiação partidária, e para se desincompatibilizar de cargo público, além do estabelecido ao registro de candidaturas. Esse calendário é objetivo e pressiona todos os políticos que desejam concorrer. A política de alianças, porém, tem outras vicissitudes, mais subjetivas. As idiossincrasias dos candidatos, por exemplo. As de Serra são terríveis. É tão dissimulado que confunde até os aliados. Além disso, só se decide na última hora.

Caixa de campanha// O deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) quer fixar um teto de despesas para candidatos que disputarem eleições no Brasil. Representante do PT no grupo de trabalho que discute a reforma política, o parlamentar propõe que a mudança seja feita com validade para as eleições de 2014.

Fracasso
O fracasso da fusão do PPS com o PMN fechou uma das portas para a candidatura de José Serra: a criação de um novo partido, que lhe possibilitaria abrigar os aliados. A opção de concorrer pelo PPS é muito arriscada, por causa do tempo de televisão, embora a legenda esteja de braços abertos para o tucano, segundo seu presidente, Roberto Freire.

Sem crachá
Com 427 mil inscritos oficialmente, a Jornada Mundial da Juventude contou com a participação de um número oito vezes maior de fiéis, segundo o balanço foi divulgado pelo arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta. Ou seja, 3,7 milhões de fiéis.

Plebiscito
Na base do governo, não é só o PMDB que rejeita a convocação de um plebiscito. Segundo o líder do PP, Arthur Lira (AL), o PT está isolado. “A Câmara toda deixou de falar disso, só o PT fala. É uma bandeira do PT e eles deverão insistir nisso, mas não é algo que ainda se converse”, afirmou Lira.

Pode ser
Outra alternativa para José Serra seria o PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassab (foto), que emparedou o MD na Justiça a ponto de inviabilizá-lo. A legenda está muito comprometida com o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff, mas uma parte da bancada já deriva para a oposição. Porém, é mais ligada ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), do que a Serra.

Passa bem
O senador José Sarney (PMDB-AP), de 83 anos, deve receber alta hospitalar ainda hoje. Está internado no Hospital UDI, em São Luís, onde tratou uma infecção pulmonar aguda. De acordo com o último boletim médico, Sarney tem quadro “estável, respirando espontaneamente, sem necessidade de aparelhos”. Ele deve viajar para São Paulo, onde fará novos exames.

No passado
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, minimizou as declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, de que teria sido vítima de preconceito e que o Itamaraty “é uma das instituições mais discriminatórias do país”. Segundo o chanceler, Joaquim Barbosa referia-se a uma “outra era”, isto é, à época em que tentou ingressar no curso de formação de diplomatas.

Cortes/ Os ministérios da Fazenda e da Defesa foram os mais atingidos pelo corte adicional de R$ 10 bilhões no Orçamento Geral da União. Em valores nominais, a Fazenda perdeu R$ 990 milhões; e a Defesa, R$ 919,4 milhões. Para tentar reduzir os cortes no projeto do submarino nuclear, a Marinha decidiu suspender o expediente de sexta-feira, mas acabou voltando atrás no fim do dia.

Black Bloc/ Cerca de 300 manifestantes do grupo Black Bloc entraram em confronto com a Polícia Militar na avenida Rebouças, em São Paulo. Os policiais tentaram conter o protesto com bombas de gás e de efeito moral. Os manifestantes picharam lojas, depredaram agências bancárias e uma concessionária de carros importados. O grupo de mascarados organiza-se para esse tipo de confronto e só anda em bando.

Carandiru/ Ao depor no julgamento do massacre do Carandiru, ontem, o ex-governador Luiz Antônio Fleury reiterou as declarações dadas no primeiro depoimento, em abril, de que não estava na capital paulista no dia, mas, se precisasse, teria dado a ordem de ingresso da Polícia Militar no Pavilhão 9 do presídio.

Fonte: Correio Braziliense