sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Impasse entre PT e PMDB enterra minirreforma eleitoral

Texto aprovado no Senado não deve passar pela Câmara por causa de desentendimento dos dois partidos aliados

Daiene Cardoso

BRASÍLIA - Um embate entre PT e PMDB na Câmara dos Deputados deve enterrar a minirreforma eleitoral aprovada pelo Senado na semana passada. O texto permite a doação de empresas ligadas a concessionárias de serviços públicos a candidatos e também impõe limite à militância paga.

Os petistas querem uma reforma política mais ampla, inclusive com a realização de um plebiscito sobre o tema, ideia defendida pela presidente Dilma Rousseff após as manifestações de junho. Já os peemedebistas defendem a ideia central do texto aprovado no Senado sob o argumento de que ele poderá equilibrar o poder econômico nas eleições de 2014.

"Querem manter a campanha cara. Eles têm a máquina e não precisam gastar tanto", afirmou o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ).

O presidente da Casa, Henrique Alves (PMDB-RN), se mostra pessimista quanto à aprovação da minirreforma. Ontem ele disse que a única chance da proposta passar é se ela for à votação na próxima terça-feira e seguir na quarta-feira para o crivo final do Senado - o projeto tem de voltar aos senadores caso haja qualquer alteração no texto. "É pouco tempo para sanção mesmo. Acho muito difícil conciliar não tendo votado ontem", disse Alves, referindo-se ao fato de que qualquer mudança eleitoral, para valer já na próxima eleição, precisa ser sancionada um ano antes - ou seja, até 5 de outubro. Ainda que tenha pouco tempo hábil para submeter a proposta a sanção presidencial e fazer valer as novas re gras para as eleições de 2014 o presidente da Câmara disse que fará a última tentativa na terça. Na noite de anteontem, o PT liderou em plenário uma estratégia para impedir a apreciação da mínirreforma, chamada pelo líder do partido 11a Casa, José Guimarães (CE), de "remendo". "Se formos discutir a reforma e não tocarmos nas questões centrais, é melhor não fazer reforma", afirmou ele.

"Não dá para votar mais. Á. minirreforma morreu", disse o coordenador do Grupo de Trabalho da Reforma Política, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que apesar de petista, está do lado do PMDB no apoio à aprovação da minirreforma eleitoral.

Fonte: O Estado de S. Paulo

"Se Dilma piscar, Lula volta", diz Campos

BRASÍLIA - Na conversa de mais de uma hora que teve com a presidente Dilma Rousseff, na semana passada, quando foi lhe comunicar o rompimento do PSB com seu governo, o presidenciável Eduardo Campos ouviu dela um alerta: "Você e Aécio devem ficar espertos porque Serra será candidato!" Em sua passagem anteontem por Brasília, ao analisar a conjuntura pós-rompimento com os aliados, o governador pernambucano fez uma leitura da entrevista em que o ex-presidente Lula diz estar "no jogo, para alegria de uns e desgraça de outros". E devolveu o alerta: "Se a presidente Dilma piscar, Lula volta".

"Desgraça de quem? Foi uma entrevista significativa, cheia de recados. Pra nós e para Dilma. Lula tem até março para se decidir. Se Dilma piscar, ele pega!", avaliou Eduardo, para quem a luta da presidente, hoje, é para cristalizar um patamar de 35% do eleitorado nacional e segurar uma ala do PT "que perdeu completamente a razão".

Na avaliação dele, Dilma perde a cada dia o apoio de lideranças expressivas do PT de São Paulo, entre elas o ex-líder Cândido Vaccarezza e atual, Arlindo Chinaglia.

Questionado se a entrada de Lula mudaria os planos do PSB de lançá-lo candidato, afirmou: "Depende. Se a gente já estiver voando, vamos seguir voando. Depois de março, vai ficando difícil", acrescentou.

Resposta
Eduardo também alfinetou ontem o ex-ministro Ciro Gomes, afirmando que "quem não aprende a perder termina perdendo sempre". O ex-ministro cobrou, em entrevista anteontem, "dignidade" e "compostura" do governador, em relação à saída do seu grupo do PSB.

"Eu trato as coisas na política, este é o meu jeito", declarou Campos, acrescentando que houve uma disputa política dentro do partido, em que sua posição saiu vencedora. "Nós vencemos e temos que saber ganhar. E também é importante quem perde saber perder", disse o governador. "Se a gente não souber ganhar, terminamos não ganhando mais nunca. E se a gente não sabe perder, a gente acaba perdendo sempre", alfinetou.

O grupo político dos irmãos Gomes se reuniu ontem à noite para confirmar a saída do PSB.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Lula voltará se o cenário para 2014 exigir, diz Campos

Governador afirma que planeja 'discutir o país'

Natuza Nery

BRASÍLIA - Depois de desembarcar do governo Dilma Rousseff, o governador Eduardo Campos (PSB-PE) afirmou ontem que, se o cenário eleitoral exigir, Lula "volta 20 vezes".

O movimento pelo retorno do petista ao grid de candidatos nacionais tem sido desencorajado pelo PT e pelo Planalto para não enfraquecer politicamente a presidente.

"O quadro [de 2014] não está muito claro. Lula disse em entrevista esta semana que está no jogo. Ele disse isso. Se o cenário exigir, ele volta 20 vezes", disse Campos à Folha.

Questionado se isso mudaria os planos do partido de, eventualmente, lançá-lo candidato, afirmou: "Depende. Se a gente já estiver voando, vamos seguir voando. Depois de março, vai ficando difícil".

Internamente, Campos relata dificuldade de enfrentar o ex-presidente, de quem é amigo. Também não admite abertamente concorrer.

Mas o PSB desembarcou do governo federal, despediu-se da ala do partido que resistia a um voo solo e, assim, liberou o caminho para 2014.

Nos próximos meses, mergulhará nas articulações locais para definir quem será seu candidato ao governo de Pernambuco. Seu projeto nacional passa pela vitória de um afilhado no Estado que governa desde 2006.

Pela primeira vez, ele falou de forma mais clara dos limites de uma estreia nacional.

"Não pode ser um negócio feito de todo jeito [a qualquer custo]. Até aqui, estamos ganhando, estamos crescendo, discutindo o país", disse.

E completou: "Temos capacidade e ideias para discutir o Brasil. Mas, se o caminho ficar espremido, com Marina, Aécio, Serra, Lula, daremos murro em ponta de faca? Não podemos, na largada, ficar no acostamento".

Fonte: Folha de S. Paulo

PPS mantém oferta de filiação a Serra

Por Raquel Ulhôa

BRASÍLIA - A poucos dias do fim do prazo para alguém se filiar a partido político pelo qual pretende disputar as eleições de 2014 (um ano antes), o ex-governador e ex-ministro José Serra ainda avalia a conveniência de permanecer no PSDB, onde está totalmente isolado, ou migrar para o PPS, cuja cúpula mantém a oferta da legenda para ele disputar a Presidência da República.

Quanto mais adia a decisão - totalmente solitária -, mais afastada parece a hipótese da troca partidária, mas um dado novo começa a pesar a favor dessa opção: a possibilidade de a ex-ministra Marina Silva ficar fora da disputa presidencial, diante da dificuldade de criação do seu partido, o Rede Sustentabilidade, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Nesse cenário, eventual candidatura de Serra seria útil para a oposição, mesmo sem perspectivas de alianças partidárias e com tempo insignificante de propaganda eleitoral na televisão.

Marina aparece nas pesquisas em segundo lugar, atrás da presidente Dilma Rousseff, e sua participação na eleição - ao lado dos presidentes do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e do PSB, governador Eduardo Campos (PE) - aponta para a realização de segundo turno. Sem ela, a presidente tem mais chance de vencer no primeiro turno.

"O PPS está aguardando [resposta de Serra], com boas expectativas", afirmou o presidente do partido, Roberto Freire. "Ele, objetivamente, está entendendo que, para ser protagonista em 2014, seja o protagonismo que for, esse passo deve ser dado: a filiação ao PPS."

Apesar da falta de perspectivas de uma aliança partidária nacional forte, o dirigente do PPS acredita que uma eventual candidatura de Serra a presidente pela sigla teria apoios de diferentes partidos nos Estados. O PPS terá candidato próprio a governador no Distrito Federal, no Maranhão e no Amazonas.

Uma outra dificuldade para a mudança de partido é que nenhum aliado acompanhará Serra. Os tucanos mais próximos a ele avisaram que não teriam condições de trocar de partido, pelas circunstâncias locais de suas bases. Além disso, quem tem mandato só não corre o risco de perder o cargo se for para uma legenda em formação, que não é o caso do PPS.

Embora o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), diga que já sinalizou a Serra que, ficando no partido, ele terá espaço relevante na campanha, nada de objetivo foi oferecido. Tucanos que defendem a permanência do ex-governador avaliam que falta um gesto concreto e público de Aécio no sentido de prestigiar Serra - se quiser mesmo segurá-lo.

Aécio hoje controla o PSDB e só não será candidato a presidente se não quiser. As divergências entre ele e Serra são grandes. Permanecer no PSDB, isolado como está, é um incômodo para o ex-governador de São Paulo. Se ficar, sua integração à campanha de Aécio não será nada fácil. Além disso, seus aliados estão certos de que qualquer gesto seu poderá ser visto como um problema à campanha nacional do PSDB.

Dirigentes tucanos dizem que, para Aécio, o ideal seria a permanência de Serra no partido, mesmo sem se integrar à campanha. Uma candidatura dele por outra legenda dividiria a base do PSDB em São Paulo, o que não interessa também ao governador Geraldo Alckmin, que disputará a reeleição. Mas há outra ala do partido que vê como positiva a candidatura de Serra por outra legenda, para ajudar a levar a disputa presidencial ao segundo turno e contribuir para derrotar o governo do PT.

Resultado de sondagem recentemente divulgada pelo instituto Paraná Pesquisas, realizada entre 10 e 15 de setembro, com 2.502 eleitores, com margem de erro de 2% (para mais ou para menos), animou dirigentes do PPS, por mostrar rejeição de Dilma maior que a de Serra, cuja candidatura se mostra competitiva.

Fonte: Valor Econômico

"Estamos otimistas com a vinda do Serra", diz Freire

Faltando apenas oito dias para o encerramento do prazo estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral para que os candidatos a cargos eletivos em 2014 definam seus partidos, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, se diz "otimista" com a entrada do ex-governador José Serra (PSDB) na sigla. "O partido não tem prazos, quem tem prazo é Serra. Estamos otimistas." Ainda segundo 0 dirigente, a sigla está disposta a esperá-lo até o limite do prazo.

No começo do mês, Freire já tinha praticamente desistido de atrair Serra ao dszer que já havia esperado demais por ele. 0 "otimismo" da cúpula do PPS, agora, se deve ao fato de 0 partido ter recebido novos sinais de que Serra está mesmo disposto a deixar o PSDB. Serra teve duas conversas com o governador Geraldo Âlckmsn nesta semana: uma em reservado na segunda-feira, e outra onteni após evento no Palácio. Segundo tucanos, eles falaram sobre cenários.

Fonte: O Estado de S. Paulo

O otimismo de Marina com a Rede

Diego Abreu

Embora a Rede Sustentabilidade não tenha atingido o número mínimo de 492 mil assinaturas certificadas, a ex-senadora Marina Silva demonstrou otimismo ontem de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concederá registro ao partido. Ela tem visitado gabinetes em busca de convencer os ministros de que a legenda tem apoios suficientes. Marina adotou um discurso no qual não admite que a sigla ficou distante da quantidade mínima de certificações.

Segundo ela, os ministros terão de somar “95 mil assinaturas anuladas sem justificação” pelos cartórios eleitorais às 455 mil certificadas que já teriam sido entregues ao TSE. Questionada se a Rede chegará ao TSE sem a quantidade mínima de necessária de apoios, Marina insistiu que há até uma sobra.

“Será com as 492 mil assinaturas e até um pouco mais, porque não se pode fazer anulações que não têm base legal para serem feitas. O que a Justiça vai fazer é considerar o conjunto que apresentamos e reparar uma injustiça que foi praticada anulando indevidamente as nossas assinaturas”, disse Marina, após se reunir com o ministro Marco Aurélio Mello, no começo da noite de ontem.

Na terça-feira, a potencial candidata ao Palácio do Planalto — caso a Rede seja criada até 5 de outubro — se reuniu com o ministro Dias Toffoli. Na quarta, com a relatora do processo da Rede, Laurita Vaz. No mês passado, Marina se encontrou com a presidente do TSE, Cármen Lúcia. “Já tivemos várias audiências até aqui. Em todas elas pontuamos o nosso desejo de justiça. Coletamos 910 mil assinaturas. Encaminhamos para os cartórios depois de uma avaliação prévia rigorosa 668 mil assinaturas. Temos 220 mil descartadas pelo nosso critério.”

O deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ) e o assessor jurídico da Rede, André Lima, acompanharam Marina na audiência de ontem com Marco Aurélio. A legenda entregará aos ministros do TSE um DVD com a lista das 668 mil assinaturas em ordem alfabética para demonstrar, segundo o advogado, que não existe duplicidade. A tendência é que o tribunal julgue o pedido de registro do partido na próxima terça-feira.

Fonte: Correio Braziliense

Troca-troca partidário

Para filiar deputados, partidos negociam cargos em diretórios e prometem candidaturas. Romário voltou ao PSB

A hora do leilão

A oito dias do prazo limite para a troca de partido, é intenso o leilão para a filiação de políticos que pretendem disputar as eleições do ano que vem. Em resumo: todo mundo está conversando com todo mundo. As ofertas vão de comando de diretórios regionais à garantia de vaga para a disputa eleitoral do ano que vem. Desfiliado do PSB desde fevereiro, e depois de conversar com dirigentes de PR, PROS e outras legendas, o deputado federal Romário (RJ) anunciou sua volta ao PSB, assumiu o comando provisório do diretório do Rio de Janeiro e recebeu a garantia de que será o candidato à prefeitura da capital fluminense em 2016.

A disputa também é intensa pelo passe da presidente do PT do Ceará, a ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins, e ilustra a guerra travada nos bastidores entre petistas e o presidenciável do PSB, Eduardo Campos. Depois de conversar ontem com integrantes do PSB do Ceará, enviados por Campos, Luizianne tem encontro marcado com o presidente do PT, Rui Falcão, na segunda-feira, em São Paulo. Na capital paulista, ela também conversará com o deputado federal Márcio França (PSB-SP), um dos aliados mais próximos do presidente do PSB.

A direção nacional do PSB chegou a anunciar o ato de refiliação de Romário para a tarde de ontem, mas, na sequência, cancelou o evento. O motivo foi que Romário estava conversando, naquele momento, com o deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ). Na disputa, Eduardo Campos levou a melhor, e a refiliação foi feita logo em seguida.

-Eu e Romário conversamos pela manhã. Ele me pediu um tempo para ter a educação, o zelo de falar com outros partidos que o convidaram para que não tomassem conhecimento pela imprensa — afirmou Campos.

Entrega de cargos n0 Rio

Romário anunciou que seu primeiro ato, no comando provisório do PSB do Rio, será entregar os cargos do partido no governo Sérgio Cabral (PMDB). O prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, ex-presidente do diretório estadual, resistia em romper com Cabral.

Questionado se o ex-jogador Edmundo vai ingressar no PSB, Romário disse que seria "um reforço" e que as portas estão abertas. Ao ouvir isso, o presidente nacional do PSB brincou:

— Vamos montar um time?

Romário assume o diretório do PSB no Rio depois do afastamento, pela Executiva Nacional, de Alexandre Cardoso, que é contra a pré-candida-tura à Presidência da República de Eduardo Campos. Romário havia deixado o PSB por causa de desentendimentos com Cardoso, mas também reclamava de não ser recebido por Campos.

Ironicamente, na mesma semana em que negociou seu passe com diversos partidos e acabou voltando ao PSB, Romário tomou-se réu de uma ação penal do Supremo Tribunal Federal por crime contra a ordem tributária. Na terça-feira, chegou ao tribunal o processo no qual o deputado já havia sido condenado na primeira instância, em 2008, e na segunda instância, em 2009. O crime teria ocorrido em 1996 e 1997, no tempo em que jogou no Flamengo e era garoto-propaganda da Brahma. Segundo a Justiça, o artilheiro teria sonegado ao Fisco mais de R$ 1 milhão pelos rendimentos obtidos das duas fontes.

O advogado do deputado, Luiz Sérgio de Vasconcelos Junior, minimiza a chegada do processo ao STF e diz que aguarda a extinção da ação. Segundo ele, Romário já pagou o valor devido e não haveria razão para uma condenação.

— A própria jurisprudência do STF e do STJ

autoriza a extinção com o pagamento e ressarcimento ao Erário. Se ele ressarciu, há extinção da punibilidade a qualquer tempo. O débito foi parcelado e o pagamento, concluído em 2009. Por que ele seria condenado, se pagou? Ele está aguardando essa questão burocrática há quatro anos. Esperamos resolver na próxima semana para que isso não represente nenhum óbice à candidatura dele —- disse o advogado.

Com a saída do governador Cid Gomes (CE) do partido, os socialistas estão oferecendo a Luizianne o comando do PSB no estado, além da vaga na disputa para o governo. A presidente Dilma Rousseff já teria oferecido, de acordo com pessoas próximas à ex-prefeita, assento nos conselhos administrativos da Petrobras e do BNDES, além de um cargo na Secretaria Especial de Políticas para Mulheres da Presidência da República.

— Ela vai para o PSB se juntar ao (Jorge) Bornhausen, ao (Ronaldo) Caiado? Imagina uma foto dela na reunião da Executiva Nacional do PSB ao lado do Bornhausen? — disse um petista da cúpula nacional petista, em referência a apoios e novos filiados do PSB.

No Congresso, também é intenso o vaivém. Há parlamentares do baixo clero que já passaam por quatro partidos e ainda preparam as malas rumo às novas legendas recém-criadas em busca de espaço privilegiado nos estados. Dos 55 parlamentares que estão negociando a troca de partido, apenas 17 deles (32%) mantiveram-se fiéis a suas legendas até agora.

Entre os que já trocaram de legenda, 0 campeão é o suplente de deputado João Caldas (AL). Atualmente, ele está no PEN, mas já foi de PMDB, PMN, PL, PST, PTB, PL novamente e PEN. Ele foi um dos que trabalharam intensamente para a criação do Solidariedade, e transitou feliz na quarta-feira ao lado de Paulinho da Força. Seu atual partido, o PEN, tão rápido qpanto subiu, cai. Criado em junho do ano passado com três deputados, vai ficar apenas com um representante, a deputada Nilmar Ruiz (TO), que é suplente.

Mudanças atingem velhos militantes

O fluminense Dr. Paulo Cesar já mudou quatro vezes de legenda: começou a vida no PSDB, migrou para o PTB, e elegeu-se deputado federal em 2010 pelo PR. Em 2011, resolveu apostar no re-cém-criado PSD, Agora, mudou de ideia e já volta ao PR a tempo de apoiar o ex-governador Anthony Garotinho nas eleições do próximo ano.

— Sou governo, e o partido se mantém na posição de independência. O PSD tinha uma perspectiva boa, fiquei satisfeito, nasceu grande, mas após dois anos vem me incomodando a posição de independência. Eu sou Dilma — justificou.

Antíteses perfeitas de Caldas e Paulo César, Domingos Dutra (PT), Augusto Carvalho (PPS) e Benjamim Maranhão (PMDB) estão em suas legendas desde a década de 1980. No entanto, a falta de espaço ou divergências regionais também devem levá-los ao pecado pré-eleitoral.

Fonte: O Globo

Quando o cinismo e a inépcia atrasam o país - Roberto Freire

Anunciado com toda a pompa marqueteira que tão bem caracteriza os governos petistas, o Programa de Investimento em Logística amargou um fracasso retumbante logo no primeiro leilão para a concessão de rodovias, especificamente em um trecho da BR-262 (MG-ES) pelo qual não houve nenhum interessado. Apesar de oito concorrentes terem se apresentado para levar o outro trecho leiloado, da BR-050 (MG-GO), o modelo adotado pelo PT vem se mostrando ineficiente e tem atrasado ou impedido parcerias coma iniciativa privada, fundamentais para a recuperação da economia.

Além da incompetência do governo de Dilma Rousseff, que em quase três anos não conseguiu enfrentar os gargalos de nossa infraestrutura, o próprio PT parece sofrer de uma crise existencial quando trata das chamadas “concessões”. Por mais de uma década, o partido demonizou as privatizações levadas a cabo por Fernando Henrique Cardoso e mobilizou sua militância para desqualificar o que considerava um atentado à soberania nacional. Em um misto de cinismo e desfaçatez, os petistas hoje reconhecem, tardiamente, a necessidade de que sejam feitas parcerias com a iniciativa privada, mas esse processo vem sendo conduzido de forma desabrida e irresponsável.

A falta de coordenação entre os órgãos envolvidos na concessão de rodovias é um dado da realidade capaz de afugentar investidores. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) não fala a mesma língua do órgão regulador do setor, a Agência Nacional de Transportes Terrestres, que, por sua vez, não se acerta como Ministério dos Transportes.

Às empresas, não são oferecidos parâmetros mínimos que, se estipulados com antecedência, trariam maior segurança sobre a rentabilidade dos empreendimentos. No caso da BR-262, em que o maior investimento deve ser feito na duplicação de todo o trecho de 375 quilômetros, a falta de credibilidade do governo ficou latente. Houve o compromisso das autoridades federais de que o Dnit duplicaria 180 quilômetros para amenizar os altos custos da fase inicial da concessão, mas o histórico recente do órgão, afundado em denúncias de corrupção e responsável por constantes atrasos em obras, espantou possíveis interessados.

Mais dramático ainda é saber que o problema não está restrito às rodovias, já que o próprio governo anunciou que terá de editar medida provisória ou projeto de lei para dar base jurídica à futura concessão das ferrovias, que pode ficar só para 2015. Já o leilão do aeroporto de Confins (MG) foi adiado em um mês para que mais concorrentes se disponham a entrar na disputa.

Por fim, gigantes petroleiras como a norte-americana Exxon Mobile as britânicas BP e BG desistiram de participar do primeiro leilão de áreas para exploração de petróleo e gás natural na região do pré-sal, no Campo de Libra, o que limitou a competição a 11 empresas. Caminhando a passos de tartaruga, o governo do PT está longe de oferecer soluções para desatar os nós do país.

Seja pela incompetência inerente àqueles que administram mal ou pela ambiguidade de quem hoje encampa as privatizações com indisfarçável constrangimento, o fato inescapável é que rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e até mesmo a exploração do pré-sal estão empacados, enquanto a população espera por melhorias que não virão. Quando a inépcia se une ao cinismo, afinal, não há propaganda que esconda o desastre.

Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Fonte: Brasil Econômico

O inverno de esperanças perdidas - Fernando Gabeira

Quando Celso de Mello lia seu voto no Supremo Tribunal (STF), eu visitava a trabalho um presídio da Paraíba. Como em todos os outros que visitei no Brasil, havia superlotação e dezenas de pessoas presas por lentidão da Justiça ou falta de advogado. Diante dos meus olhos, é evidente que a Justiça tarda a prender os poderosos e a soltar os desprotegidos.

Os que poderiam ser soltos num mutirão de Justiça continuam por lá. E o pior é que o nó no sistema penitenciário não se desata libertando alguns, porque há mais de 300 mil mandados de prisão não cumpridos. É um problema que empurramos para as novas gerações.

O voto de Celso de Mello encerrou uma fase. A nova agenda do STF, embora trate de problemas importantes para os interessados (aposentadoria, ressarcimento de planos econômicos) , tende a ser uma espécie de Boa Noite Cinderela para os espectadores. A cena política já é comandada pelas eleições. A maioria das pessoas ainda não seu deu conta e muitos não vão interessar-se por ela quando chegar ao seu apogeu. Mas os passos são cadenciados pela busca de votos.

O governo não esconde seu jogo. O programa Mais Médicos trouxe um enfrentamento que talvez retarde a presença real dqs médicos. Mas dá votos. É melhor um médico estrangeiro do que nenhum médico?". Essa é a pergunta que realmente toca quem vive no interior.
A espionagem dos EUA é outro assunto em que o marketing político entra em cena. O Brasil tinha mesmo de protestar, mas não basta. Era preciso um projeto real de defesa de dados, que não existe. A uma reunião internacional sobre o tema o Brasil mandou uma estagiária. A mensagem clara que leio nisso tudo é: enfrentar os EUA dá votos, em especial quando nos espionam. Não importam os dados que possam levar, o importante é a oportunidade de enfrentá-los.

Os escândalos sucedem-se. Explodem no Ministério do Trabalho e no da Previdência, no Palácio do Planalto, mas são o tipo de notícia que você julga já ter lido antes em algum lugar.

Na reeleição, o governante ocupa o centro da cena, praticamente como candidato único. Eleições são corrida de longo alcance. Largar com muitos corpos na frente, uma grande vantagem.

Ainda que não haja grandes fatos novos no período, 2014 vem carregado de promessas: eleições, Copa do Mundo, julgamento (ufa!) do mensalão. Um dos grande problemas de um clima eleitoral comandado pelo marketing é a falta de debates reais sobre os caminhos do País.

Estamos vivendo em muitas dimensões diferentes e a política não consegue integrá-las. O leilão do campo de Libra é um excelente motivo para avaliar o modelo do pré-sal. As gigantes americanas não vieram porque talvez preferissem o antigo regime de concessão. Outras empresas, principalmente chinesas, indianas e europeias, concorrem. Os chineses têm recursos e disposição para explorar o pré-sal. Mas, por outro lado, são menos pressionados pelo Parlamento e pela opinião pública de seu país - e essa pressão é uma das garantias nos cuidados ambientais. De qualquer modo, o pré-sal também será tema de campanha.

Embora deputados e senadores se batam pelos recursos do petróleo, ainda falta um debate sobre o futuro do pré-sal. Será que é toda essa maravilha? Eike Batista tombou no caminho, segundo ele, iludido por inúmeros pareceres técnicos animado-j res, pelo entusiasmo dos especialistas. Às vezes o otimismo não se concentra só no petróleo a descobrir, mas no futuro econômico desse recurso não renovável. O impulso chinês na área da energia solar e a intensa exploração do xisto pelos norte-americanos nos indicam um cenário cambiante, embora seja difícil projetar o impacto desses esforços por novas fontes.

O marketing político arrasta tudo para respostas simples, em que escolhe estatisticamente o lado a adotar. Se alguém diz que a Petrobrás foi mal administrada e viveu um péssimo período nas mãos de PT e PMDB. "Você está querendo privatizar a Petrobrás?" Se afirmamos que o programa Mais Médicos apenas atenua o problema da saúde, sobrecarregada por ineficácia, corrupção e aparelha-mento político, vem a contestação: "Você prefere ver os pobres sem nenhum médico?".

É um duelo que se estende por toda a campanha, sobretudo na economia. Reduzir os gastos da máquina? E o desemprego, os serviços básicos?

Não é, porém, uma briga de gato e rato. É possível sobreviver a ela e lançar algumas ideias. Não sei se alguma força política conseguirá galvanizar o interesse dos eleitores. Mas eleições seriam bem interessantes se pudessem afirmar teses como os fins não justificam os meios, o estímulo ao consumo não é o único dínamo de uma economia que precisa de investimento e educação, o Congresso não pode viver de joelhos diante do Planalto, a transparência e o acesso aos documentos públicos serão ampliados, os impostos serão devolvidos com serviços públicos decentes, política externa nacional, e não partidária. Um projeto desse tipo só é possível a um governo democrático no sentido de que não vê a sociedade só como consumidora de serviços, mas como importante personagem na mudança.

Numa banca de jornal no Rio, examinava capas de revistas e ouvi uma senhora dizer a outra: "Mensalão? Nem quero saber mais dessa história". Ela esten-; dia sua rejeição a todo o sistema [ político. E deve ficar algum tem-j po assim. Cedo ou tarde, talvez í no ano que vem, terá de voltar ao tema. Ela e milhares de outras pessoas vão perguntar se vale a pena o processo eleitoral. Es-sa é uma das grandes perguntas | que o sistema político terá para responder em 2014. Máxime agora que caiu a ilusão sobre homens e mulheres de capa preta, embargos de declaração, recursos infringentes e tudo o mais.

Foi um longo inverno. Ao menos na natureza, podemos contar com a primavera.

*Jornalista

Fonte: O Estado de S. Paulo

Oficina vazia - Marina Silva

Na varanda do quintal, tenho a pequena oficina em que faço minhas joias, com sementes que os amigos trazem da floresta. Em silencioso trabalho, vou polindo também pensamentos, palavras, sentimentos e decisões. Nas vésperas de grandes momentos da política de que participo, encontro nesse trabalho inspiração e calma. Comparo-o à gravidez, quando precisamos de tranquilidade em meio a grandes esforços.

Às vezes, não há tempo para o artesanato, apenas o breve olhar saudoso para a oficina ao sair na pressa de viagens e reuniões. Resta o consolo do caderno onde desenho, num avião ou numa sala de espera, colares que um dia fabricarei.

Em dias mais agitados, nem mesmo o caderno. O tempo é semente preciosa e rara.

Mas consegui --em madrugadas de oração-- ver que há, instalado na alma, um dispositivo da fé que nos dá "calma no olho do furacão" e a esperança de que tudo sairá conforme uma vontade superior à nossa.

Essa conformidade exige condições. A primeira é a consciência tranquila de ter feito tudo o que estava em nossa capacidade de acreditar criando, não só cumprindo as regras, mas dedicando alma e coração.

Numa régua nos medimos. O chefe do governo sabe se faz tudo pelo direito republicano dos cidadãos ou só propaganda para manter o poder. O líder da oposição sabe se defende o bem do país ou torce por erros do governo para tirar votos. O empresário sabe se produz responsabilidade socioambiental ou só transforma prejuízo público em lucro privado. O magistrado sabe se busca justiça ou formalidades que condenam inocentes e absolvem culpados.

Por isso, a ética é base da sustentabilidade, espaço público e íntimo em que cada um encontra sua verdade e a segue ou a trai, ocultando-a sob uma consciência opaca.

Agora, revendo anotações para um artigo, acho desenhos e poemas em velhas páginas. Ergo os olhos para a oficina vazia. Nada lamento. Versos feitos noutro tempo de difícil transição política voltam hoje, quando espero justiça de mãos dadas com milhares de idealistas que superam boicotes e empecilhos para dar ao Brasil chance de uma nova escolha. Possa a poesia, que o tempo há de polir, encher o espaço entre esperança e realidade:

Sei não ser a firme voz que clama no deserto/ Mas estou perto para expandir seu eco/ Sei não ter coragem de morrer pelos amigos,/ Mas guardo-os em recôndito abrigo/ Sei não ter a doce força de amar inimigos,/ Mas não me vingo ou imponho castigo/ Sei não ser sempre aceito o fruto de minha ação/ Mas o exponho ao crivo d'outra razão.

Voz, coragem, força, aceitação/ Tem fonte no mesmo espírito/ Origem no mesmo verbo/ Lugar onde me inspiro/ E a semelhança preservo/ Na comunhão com meu próximo/ No Logos que em mim carrego.

Marina Silva, ex-senadora, foi ministra do Meio Ambiente

Fonte: Folha de S. Paulo

O mal-estar contínua - Merval Pereira

A pesquisa do Ibope divulgada ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo" tem uma má notícia para os políticos: a rejeição dos eleitores continua alta/sendo que até o momento cerca de 30% deles não sabem em quem votar ou estão dispostos a votar em branco ou anular o voto. O fenômeno do aumento da abstenção e dos votos brancos e nulos já aparecera na eleição municipal de 2012, mas foi mascarado com uma explicação técnica: teria sido provocado pelo recadastramento de eleitores feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), retirando da lista os que mudaram de cidade ou já morreram.

Um fato, porém, é inconteste: foi alto, fora da curva, o índice de votos brancos e nulos em algumas das principais cidades brasileiras. Exemplares foram as votações em quatro capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte é Salvador, com números que vão de 19% a 14% nas votações para vereador, e em torno de 14% para prefeito, bem acima da média histórica.

Tudo indica que a indisposição do eleitorado com a política; explicitada nas manifestações de junho e julho pelo país; continua presente em estado latente, mesmo que novas manifestações não tenham ocorrido.

A presidente Dilma continua à frente de seus principais adversários, afastando-se agora da ex-senadora Marina Silva, competidora que parecia com mais potencial de vencê-la num eventual segundo turno. Provavelmente, a incerteza sobre a possibilidade de Marina se candidatar desanimou uma parte de seu eleitorado, e ela perdeu seis pontos percentuais em relação à última pesquisa.

Tanto Marina quanto o senador Aécio Neves e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, perdem posições em favor da presidente, que se mantém como favorita nesta fase pré-eleitoral. Mesmo quando aparece o ex-governador José Serra como candidato do PSDB, o índice do partido não se altera, o que retira dele a possibilidade de argumentar que é uma alternativa a Aécio.

O índice alcançado por Dilma Rousseff nesta pesquisa, de 38% das preferências, embora represente uma melhoria em relação à anterior, mantém a presidente da República dentro do patamar de 35% que o governador Eduardo Campos imagina ser o seu objetivo para que setores do PT não pressionem pela volta de Lula como candidato.

A corrida presidencial ficará mais clara esta semana, quando os prazos da legislação eleitoral confrontarão dois dos candidatos: Marina Silva e José Serra. O último dia para candidatos se filiarem a partidos a fim de concorrer em 2014 é sábado dia 4 de outubro, mas os políticos usam um prazo menor, pois são precisos dois dias para comunicar à Justiça Eleitoral a filiação a um novo partido. Essa burocracia, no entanto, pode ser superada, dependendo de boa vontade.

A presidente Dilma disse a Eduardo Campos, e o governador de Pernambuco concorda, que Serra será candidato, coisa que nem mesmo ele já decidiu. Teoricamente, a definição sobre o destino de Marina seria uma variável importante para a decisão de Serra, mas ele não tem tempo para esperar que ela se decida a fim de decidir-se.

O julgamento do novo partido Rede deve ser feito entre terça e quarta-feira, em cima do laço para a mudança de partidos, o que cria uma dificuldade adicional para Marina e seus seguidores. Como num passe de mágica, a presidente Dilma pode se ver livre de dois adversários ao mesmo tempo na próxima semana.

Fonte: O Globo

Prós e contras - Eliane Cantanhêde

Não bastassem os 30 partidos já existentes, vêm aí o Solidariedade e o Pros (Partido Republicano da Ordem Social), aprovados pelo TSE na noite de terça-feira e lançados ao mar como boias salva-vidas para políticos insatisfeitos com suas atuais agremiações e, principalmente, para candidatos em busca de uma sigla, qualquer sigla, para disputar em 2014.

O Solidariedade, criado por Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, repete a trajetória e até o nome do sindicato, depois partido, de Lech Walesa, na Polônia. E é mais um, como o PSB, que ameaça fazer oposição a Dilma e ao PT em 2014. O PSB, com a candidatura própria do governador Eduardo Campos (PE). O Solidariedade, possivelmente apoiando o tucano Aécio Neves.

E o que é, afinal, o tal Pros? Qual a sua ideologia? Quais os seus líderes? Quais as suas intenções? Ainda não se sabe. Talvez nunca se venha a saber. Seu dono, ops!, seu mentor e articulador é o famoso quem? Um tal de Euripedes de Macedo Júnior, ex-vereador em Goiás.

O mais curioso, ou assustador, é que imprensa, opinião pública e mundo político se distraíam discutindo a Rede Sustentabilidade e a fusão do PPS com o PMN, que foi um espirro, deu em nada, enquanto o Solidariedade era gerado e o Pros trabalhava em silêncio para colher as assinaturas (apesar de bem questionáveis e bastante questionadas).

Até se falou um pouco no Solidariedade, mas esse Pros surge agora como por encanto, e a Rede, de Marina Silva, está no limbo até o limite da filiação partidária, na semana que vem. Como pode o Pros, sem líder conhecido e sem rastro, colher as assinaturas direitinho, e a Rede, puxada por uma pré-candidata com 20 milhões de votos e em segundo lugar nas pesquisas, não conseguir fazer o dever de casa?

Com ou sem o novo partido, aderindo ou não ao PEN, a candidatura Marina começa mal.

Fonte: Folha de S. Paulo

Maleáveis e insípidos - Denise Rothenburg

Os novos partidos têm mais a política como um negócio do que propriamente uma vocação, no sentido de transformação social e construção de um país melhor

Os últimos dias serviram para decretar o fim daquela história linda e pomposa de que os mandatos pertencem aos partidos. Toda a rigidez, instituída na lei de forma a preservar os deputados dentro das siglas pelas quais foram eleitos, caiu por conta dos acordos políticos e do portal aberto com a criação de mais dois partidos. E com um agravante: ninguém sabe direito o que esses partidos representam. Só se tem até agora uma vaga ideia de que rumo essas legendas vão tomar.

Vejamos primeiro o Partido Republicano da Ordem Social (Pros). A agremiação chega como uma espécie de acessório da aliança PT-PMDB, sob medida para abrigar aqueles que desejam apoiar a reeleição da dupla Dilma Rousseff-Michel Temer — em especial, os oriundos do PSB. Ontem, por exemplo, o deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL) conversava animadamente com integrantes do Pros na sala de reuniões da liderança do PMDB. A escolha do local, por si só, mostra a parceria entre peemedebistas e Pros.

Quanto ao Solidariedade, a independência mencionada pelo deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, é relativa. Em São Paulo, é governo. Apresenta-se sob medida para abrigar aqueles que, no passado, seguiram para o PSD pensando em independência e, agora, vêem o partido aliado à presidente Dilma. No Rio de Janeiro, entretanto, seguirá o PT. Assim, faz uma aposta na oposição, ao se reunir com Aécio Neves, mas não deixa de construir uma pinguela com os petistas para o futuro. Bem ao estilo do que tem feito o PMDB, o PP, o PTB…

Projeto para o país, planejamento, ideias novas de gestão, para enfrentar os problemas do Brasil e dos estados ainda não se viu. A entrevista concedida pelo presidente de honra do Pros, Henrique José Pinto, ao Correio, ontem, na reportagem de Paulo de Tarso Lyra, Leandro Kleber e Étore Medeiros, é de assustar qualquer cidadão. Ele diz claramente que o partido é obra de “meia dúzia de caboclo (sic) que não tinha o que fazer e sem expectativa de vida”. Declarou ainda que estava completamente sem dinheiro e, por isso, vendeu inclusive os projetos das obras de sua construtora.

Agora, com a nova legenda, terá acesso a fundo partidário e tempo de tevê, a depender do número de deputados que conseguir levar. Cada excelência filiada vale dois segundos e 20 décimos e alguns milhares reais. Quem é do ramo e ainda tem a política como um meio de transformação social percebeu nas entrelinhas da entrevista que o novo partido vê a política mais como um negócio do que propriamente uma vocação, no sentido de construir um país melhor. Juscelino Kubistchek, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães devem estar se revirando no túmulo. (Dr. Ulysses não, porque morreu no mar e seu corpo nunca foi encontrado).

O pior nisso tudo é o fato de os partidos que perderam deputados não correrem atrás dos mandatos. À exceção de Luiz Pitiman, que sai do PMDB e ingressa no PSDB e tem um documento expresso que lhe assegura a cadeira na Câmara, nenhum dos demais tem essa mão. O presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, por exemplo, permitirá que o governador do Ceará, Cid Gomes, deixe o partido sem se preocupar com a questão do mandato. Não quer mais brigas do que as que já existem com Ciro Gomes, conforme bem demonstrou a reportagem de Ana D’Ângelo, ontem, no Correio. Para quem não leu, vale lembrar que Ciro fala em “acanalhamento” do PSB, e solta duras críticas à postura de Campos.

Ciro, segundo os socialistas, só se esquece de dizer, entretanto, que se a cúpula do partido quisesse, poderia ter organizado o desembarque do governo Dilma para quando estivesse terminado o prazo de filiação partidária para os candidatos, no ano que vem. Assim, deixaria os irmãos Gomes e outros interessados em se manter aliados ao governo Dilma presos à legenda, sem poder sair para montar um projeto alternativo. Ao sair do governo antes de 5 de outubro, ele deixou a porta aberta para que Cid e Ciro saíssem sem ser incomodados.

Enquanto isso, no TSE…
Por ironia do destino, permanece pendurada a Rede de Marina Silva, o único partido dessa leva que parece não querer carimbar a sua formação como um negócio e sim, uma filosofia, um projeto dentro daquela vocação mencionada acima. É também dessa safra a única agremiação a ter desde já um nome para concorrer à Presidência da República. (Ontem, na pesquisa Ibope/Estadão, Marina aparece com 16% das intenções de voto, em segundo lugar, enquanto Aécio tem 11%, Eduardo Campos, 4% e Dilma, na liderança, 38%). Se a Rede sair, não haverá sequer tempo de filiar muitos interessados. Certamente, ficará menor do que os dois que obtiveram o registro essa semana.

E no Palácio do Planalto…
Com a presidente Dilma Rousseff de volta, hoje recomeça a ladainha da reforma ministerial. Para o Ministério da Integração, permanecia ontem como o mais forte o senador Vital do Rego Filho. Para os Portos, a ordem é deixar o cargo para uma indicação dos irmãos Gomes.

Fonte: Correio Braziliense

O acórdão que pôs Planaltina no mapa - Maria Cristina Fernandes

Os jornais anunciaram um quórum superior a 5 mil, o que corresponde a 90% dos prefeitos eleitos. Foi a esta plateia, reunida num centro de convenções de Brasília, que, no dia 28 de janeiro deste ano, se distribuiu o panfleto: "Insatisfeito com seu partido? Quer sair dele sem perder o mandato? O Pros é a mais nova opção".

Remetido ao site do partido, o prefeito interessado encontraria o clip com o hino "Para um futuro melhor". Nele sucedem-se imagens de Santos Dumont, do passe livre e de uma pupila de olho pintada com as cores da bandeira brasileira. A legenda traz a letra do hino: "Eu sou do Pros, não posso ser do contra".

Nascia um pequeno partido, mas não havia dúvidas de que se tratava de um grande negócio para prefeitos estreantes e ávidos por proximidade com o poder.

No afã de legislar, STF inflacionou o voto como moeda de troca

Parece trocadilho, mas o dono do empreendimento, de fato, é de Planaltina, cidade de 86 mil habitantes a 60 km de Brasília. Comunga do entorno que projetou Joaquim Roriz à política, mas é parte do Goiás de Carlinhos Cachoeira e Marconi Perillo.

Por que um ex-vereador derrotado em sua tentativa de se eleger deputado estadual é capaz de montar um negócio que requer meio milhão de assinaturas no Brasil inteiro e Marina Silva, que teve quase 20 milhões de votos nas últimas eleições, ainda peleja?

O argumento que um conseguiu as assinaturas porque as comprou e o Rede custa a registrá-las porque não se rendeu à lama, desopila o fígado mas pouco explica.

O Pros começou antes e pagou cabos eleitorais para conseguir assinaturas. Uma parte delas deve ter sido fraudada, mas nem se fossem eliminadas todas aquelas sobre as quais pairam suspeitas o partido deixaria de cumprir as exigências legais.

Mais ainda do que o Solidariedade, que contou com base sindical para recolher adesões, o Pros se valeu de prefeitos e vereadores e de suas diligentes pressões cartoriais. É nesta base municipal, a mais premida pelo cerco da Justiça Eleitoral, de onde sempre se originam os atalhos para a sobrevivência na política.

O afã governista de prefeitos não explica tudo. Dois terços dos partidos no Congresso gravitam em torno do governo. Não faltam, portanto, legendas para quem queira embarcar na situação, a começar do PSD do ministro Guilherme Afif Domingos, que comunga com a legenda nascida em Planaltina a bandeira da redução de impostos.

Pros e Solidariedade devem sua existência a juízes que têm passado os últimos anos a difundir, ao vivo e em cores, a crença de que é possível moralizar a política por acórdão.

Foi a regra da fidelidade estabelecida pelo Supremo que inflacionou o mercado de novos partidos.

Da lei que acabou com o bipartidarismo no país em 1979 até 1995 tinha partido saindo pelo ladrão. De um deles, o PRN, saiu até presidente da República. Como outros, sobreviveu alguns anos e foi incorporado a outra legenda.

Veio daí a exigência de assinaturas equivalente a 0,5% do número de votos válidos nas últimas eleições à Câmara dos Deputados (491.569) para o registro de uma legenda. O Congresso votou ainda leis que estabeleciam a bancada da eleição como a determinante para o acesso às comissões legislativas, ao horário eleitoral gratuito e ao fundo partidário. Até cláusula de barreira aprovaram para limitar o acesso das novas legendas a esses recursos.

O Supremo derrubou a cláusula em 2006 e, no ano seguinte, decretou que o mandato pertencia ao partido e não ao eleito. A essa decisão somou-se o acórdão que permitiu às novas legendas a incorporação da cota do fundo partidário e do tempo no horário eleitoral gratuito trazida pelos parlamentares migrantes.

Foi aí que se abriu a porteira para novas legendas. Na década em que vigiram regras mais restritivas apenas dois novos partidos chegaram à Câmara, PSOL e o PRB da Igreja Universal. A partir dos acórdãos judiciais surgiram o PSD de Gilberto Kassab, PEN, Solidariedade, Pros e talvez o Rede.

Num memorável parecer de 2007, o ex-procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, sugerira que se o mensalão resultara da força desmedida de cúpulas partidárias, não seria subordinando parlamentares ao jugo dessas lideranças que se combateria a corrupção na política.

O Judiciário mirou os efeitos e não as causas da crise de representação política. No afã de legislar, inflacionou o voto como moeda de troca.

O Congresso está longe de ter as respostas para essa crise. Vigissem suas leis talvez não tivesse surgido essa profusão de legendas, mas isso não significa que as já existentes seriam mais representativas da sociedade.

Tanto o Supremo quanto o Congresso se recusam a absorver o déficit de democracia interna dos partidos como razão para o troca-troca.

Marina Silva deixou o PV porque não conseguiu que seu grupo político, vitorioso nas urnas, tivesse maior participação nas diretrizes da legenda. Assim como o PV, a maioria das legendas funciona com base em comissões provisórias que acabam se perpetuando como instrumento de poder de oligarquias partidárias.

Em vez de diretórios eleitos com a participação de filiados para mandatos fixos, essas comissões se perpetuam como braços decisórios das cúpulas partidárias na definição de candidaturas e do acesso ao fundo partidário e ao horário eleitoral gratuito.

Não foi por coincidência que os primeiros indícios de oligarquização do PT, o partido mais aberto à democracia interna, redundaram no mensalão.

A maioria elege diretórios nacionais mas o grau de democratização diminui à medida que vai se amiudando a Federação. Respaldadas por uma legislação eleitoral cada vez mais restritiva, as comissões provisórias municipais, a mando das lideranças estaduais e nacionais, cerceiam o espaço de correligionários.

Esses dissidentes fundam novas legendas e nelas reproduzem as práticas das quais foram vítimas. Não saíram às ruas em junho, mas o déficit de democracia que os origina é o mesmo que, naqueles dias, marcou o rechaço aos partidos.

Fonte: Valor Econômico

Panorama político - Ilimar Franco

Perdas e ganhos
As defecções do ex-ministro Ciro Gomes e do governador Cid Gomes são minimizadas no PSB. O candidato ao Planalto, governador Eduardo Campos, avalia que o partido saiu mais unido, coeso e próximo da sociedade. E destaca que, a despeito da criação de novos partidos, o PSB manteve seu tamanho. Sobre os que saíram, sentencia: "A gente não perde o que não tinha, a gente só perde o que tem"

Para onde ir?
Os apoiadores da Rede estão divididos quanto ao destino de Marina Silva caso o partido não seja criado até 5 de outubro. Os amigos da ex-ministra defendem que ela não adote um plano B e não concorra na eleição presidencial por outro partido. Outro grupo, formado por políticos, acha que ela deve concorrer de qualquer jeito, porque ela representa uma ideia (defesa do meio ambiente e da ética na política) e simboliza o que há de novo na política no cenário nacional. As maiores apostas são para a hipótese de Marina Silva investir na mobilização social por fora do sistema político tradicional.

"O mito Marina Silva é muito superior à candidata Marina Silva"
Maurício Moura
Do Instituto Ideia, em reunião com integrantes do comando da campanha do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves

Os"hermanos"
O dirigente da Comissão Nacional de Comunicações da Argentina Ceferino Namancurá está vindo para o Brasil. Ele vem para se reunir com o presidente da Anatei, João Resende, na foto. A compra da Telecom Itália (TIM) pela Telefónica (Vivo) também está provocando muito barulho por lá. Há reação no mercado e de consumidores.

Velhas caras novas
O PSB, de Eduardo Campos, filiou o ex-piloto de F-l Emerson Fittipaldi para que concorra a deputado federal por São Paulo. O PR, de Anthoriy Garotinho, mudou de São Paulo para o Rio o domicílio eleitoral de Agnaldo Timóteo, para que concorra à Câmara.

Pezão na cabeça
O PMDB do Rio faz gestões para o governador Sérgio Cabral virar ministro. Mas um ministro do partido diz que a preferência da presidente Dilma é outra. Ele relata ter ouvido, na cabine do avião presidencial, e na presença de outros três ministros, Dilma afirmar: "Se o Pezão quisesse virar ministro, o faria imediatamente. Ele é trabalhador, um tocador de obras."

Na capital cultural do país
O autor da PEC da Música, o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), vitorioso depois de seis anos de luta, sugeriu ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que a solenidade de promulgação seja feita no Pão de Açúcar.

Campanha por mais receita
Segundo o IBGE, 16,6 milhões de pessoas trabalham no comércio, mas só 6,3 milhões contribuem para a Previdência. Por isso, o ministro Garibaldi Alves propôs à Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio campanha para que os comerciários regularizem a situação com a Previdência.

Porta aberta
Vices da Gaixa, Osmar Dias e Benito Gama andaram conversando. Devido ao desgaste do PDT junto ao governo, Dias consultou Gama, presidente do PTB, sobre se ele teria legenda para disputar o Senado na chapa ao governo da ministra Gleisi Hoffmann (PT).

Mande um sinal. O PPS suspendeu, há uma semana, as conversas com o governador Eduardo Campos (PSB). Alegou que ia esperar por José Serra

Fonte: O Globo

Brasília-DF -Luiz Carlos Azedo

A guerra como ela é
Um velho general chinês dizia que, na arte da guerra, a melhor estratégia é neutralizar os possíveis adversários e tirá-los do campo de batalha. Pode ser que a presidente Dilma Rousseff nada tenha a ver com isso, mas é o que pode estar acontecendo com Marina Silva e José Serra. Os dois estão com um pé fora das eleições presidenciais de 2014.

Marina corre o risco de perder a legenda por um erro de cálculo político. Acredita que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de conceder registro ao Solidariedade e ao Pros é um sinal de que a Rede Sustentabilidade, o seu partido, também terá o registro aceito. É um cálculo temerário, pois a decisão em relação ao Solidariedade foi tomada por um voto, o do ministro Dias Toffoli. Nada garante que o mesmo placar se repita em relação à Rede, mesmo que o voto do ministro seja camarada. Marina diz que não tem plano B; os aliados preferem que ela procure outra sigla para concorrer.

O caso de Serra é mais ou menos parecido. Desde que a fusão do PPS com o PMN fez água, a possibilidade de o tucano deixar o ninho e se filiar ao antigo PCB se tornou mais difícil. O exíguo tempo de televisão e a fragilidade orgânica da legenda desanimam o ex-governador paulista, embora a vontade de concorrer à Presidência da República persista. Se ficar no PSDB, Serra estará praticamente fora da sucessão presidencial, pois a candidatura do senador Aécio Neves, que hoje preside o partido, está consolidada. Um cenário sem Marina e Serra, ou seja, com apenas três candidatos competitivos — Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos (PSB) — favorece a presidente da República. Para muitos analistas, seria um cenário de eleição decidida logo no primeiro turno.

Voltou
Após uma conversa com o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, o deputado Romário decidiu voltar à sigla. O ex-jogador assumirá o comando do diretório regional do PSB no Rio de Janeiro. O prefeito de Duque de Caxias (RJ), Alexandre Cardoso, desafeto do parlamentar fluminense, perdeu o comando da legenda porque apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff e a candidatura do peemedebista Luiz Fernando de Souza, o Pezão, vice-governador do Rio, ao governo estadual.

Dança das cadeiras// Ministra da Cultura, Marta Suplicy é o nome mais cotado para substituir Aloizio Mercadante no Ministério da Educação. Por causa da iminente saída de Gleisi Hoffmann da Casa Civil para disputar o governo do Paraná, Mercadante é o nome mais forte para esse cargo.

Diplomacia
Os chanceleres do Brasil, da Alemanha, do Japão e da Índia criticaram ontem, em Nova York, o atraso da reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os ministros das Relações Exteriores do Brasil, José Alberto Figueiredo (foto); da Alemanha, Guido Westerwelle; do Japão, Fumio Kishida; e da Índia, Salman Khurshid, querem ser membros permanentes no Conselho de Segurança, como são Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China. Hoje, mandam no colegiado as potências que venceram a Segunda Guerra Mundial. Alemanha e Japão perderam.

Sabatina
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado aprovou ontem a indicação do ex-chanceler Antonio Patriota (foto) para o cargo de representante permanente do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU). Após a sabatina na CRE, Patriota falou sobre as prioridades de seu trabalho na ONU. Durante o evento, Patriota disse que a “cortina da espionagem caiu”. Ou seja, não cola mais a desculpa apresentada pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, de que o monitoramento feito pelos Estados Unidos nas comunicações visava combater terrorismo.

Capa preta
Morreu ontem, aos 79 anos, Givaldo Pereira de Siqueira, ex-integrante do antigo Comitê Central do PCB e secretário de Comunicação do PPS. Quadro histórico do antigo Partidão, foi um dos responsáveis pela retirada do país de alguns dirigentes que escaparam da morte durante o cerco policial de 1975, entre eles, Salomão Malina. Com câncer, estava internado no Hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro. Ele deixa a mulher, Júlia, e os filhos, Paulo e Isabela. O corpo será cremado hoje, no Cemitério do Caju.

Petróleo
A Petrobras e a IBV Brasil, uma joint venture indiana, avaliaram que o bloco marítimo de exploração SEAL-11, na Costa de Sergipe, pode ter 3 bilhões e barris de petróleo

Vão pagar/ O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem que vai cumprir o que determina a lei para a devolução do excedente salarial recebido por 464 servidores da Casa com vencimentos superiores ao teto constitucional de R$ 28.059,29. Segundo o TCU, foram pagos mais de R$ 300 milhões a esses servidores nos últimos cinco anos, em valores não corrigidos.

Diretor/ A propósito, como antecipou a coluna, o novo diretor-geral do Senado é o advogado e economista Antônio Helder Medeiros Rebouças, do quadro de consultores de carreira da Casa. Ele ocupava a diretoria do Instituto Legislativo Brasileiro e substituirá Doris Marize Romariz Peixoto, que deixou o cargo alegando motivos pessoais.

Fonte: Correio Braziliense

Política - Cláudio Humberto

"Limpa" na casa de doleiro
Misteriosos ladrões fizeram uma "limpa" na casa do doleiro Fayed Traboulsi, em Brasília, sexta (20), dia seguinte à sua prisão na operação Miquéias, da Polícia Federal. Segundo vizinhos, ao menos oito carros suspeitos circularam na rua, enquanto a casa do doleiro era roubada. Tão estranho quanto o assalto foi o fato - confirmado pela Polícia Civil do DF - de que a família do doleiro não registrou queixa. Subtraíram da casa de Fayed muitos volumes em sacos, todas as TVs, e computadores que escaparam da busca e apreensão da PF. Para Antonio Carlos de Almeida Castro, advogado de Fayed, a polícia deveria investigar o roubo, mesmo sem o registro de ocorrência. A Operação Miquéias desmantelou um esquema que, segundo a PF, surrupiou dos cofres públicos mais de R$ 300 milhões. Além de prender Fayed Traboulsi, a PF recolheu vários carrões dele, como uma Ferrari, e uma lancha avaliada em R$ 5 milhões.

Ele quer salário de R$ 40 mil
Na contramão dos protestos que varreram o Brasil, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa (foto), disse ao presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), que enviará novo projeto ao Congresso a fim de aumentar para R$ 40 mil o salário dos ministros do STF. Em agosto, Barbosa solicitou reajuste da remuneração, hoje de R$ 28.059,28, para R$ 30.658,42 mil já a partir de janeiro de 2014.

Corajoso
Em reunião com a bancada potiguar, Henrique confidenciou que ficou perplexo com a coragem de Joaquim Barbosa de propor tão alto reajuste.

Efeito cascata
O aumento dos salários dos ministros do STF gera efeito cascata ao resto da magistratura, assim como para governadores e parlamentares.

Cristãos novos
O PDT do Distrito Federal já dá como certa a filiação dos deputados distritais Joe Valle (PSB) e Celina Leão (PSD) ao partido.

Contrato
Isso não vai acabar bem. O banco BTG, de André Esteves, atacou a Caixa, sua sócia no banco Pan (ex-Silvio Santos) e o programa Minha Casa Melhor: "a inadimplência vai aumentar". Ou está com medo do calote ou são recados sobre suas intenções em relação à sociedade.

Retratos
Significativo que Dilma tenha ido ao MoMa, em Nova Iorque, para ver o surrealista belga René Magritte (1898-1967): ele pintou locomotivas saindo de lareiras, homem diante do espelho se vendo de costas...

Nunca mais
O presidente do TCU, Augusto Nardes, entra para a História por haver liderado a decisão que obriga o Senado a acabar com seus marajás. Só falta obrigá-los a devolver o dinheiro recebido indevidamente.

"Coronel"
Aspirante a disputar pelo PMDB o governo de Pernambuco, o prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio, espantou políticos e autoridades em Brasília, esta semana, detalhando o jeito coronelista de ser (e de governar) de Eduardo Campos (PSB), desconhecido no plano nacional.

Pensando bem...
...corrupção no Brasil é igual a mosca: espanta daqui, aparece acolá.

Frase
"A devolução vai ser cobrada como manda a lei"
Renan Calheiros, presidente do Senado, e os salários pagos a mais aos marajás

Está por fora
O ministro Gastão Vieira (Turismo) garante que até agora não recebeu qualquer sinal do Planalto de que será demitido para que seu cargo seja entregue ao PT, em troca de o PMDB ganhar a Integração.

Mãe desnaturada
O PRTB cobrou na Justiça, em 2011, o direito à vaga de Liliane Roriz por infidelidade partidária, quando a deputada se mudou para o PSD de Gilberto Kassab. Ela agora retorna ao PRTB, com o pai, Joaquim Roriz.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Painel - Vera Magalhães

Concílio tucano
José Serra teve uma longa conversa com Geraldo Alckmin na noite de segunda-feira, no Palácio dos Bandeirantes. O ex-governador fez considerações sobre deixar o PSDB, mas afirmou que não tomou nenhuma decisão. Ele tem dito que, seja qual for seu caminho em 2014, apoiará a reeleição do correligionário em São Paulo. Ontem, Serra foi à cerimônia de cinco anos do Acessa Escola, criado por ele. Em dois momentos de sua fala, Alckmin fez fartos elogios ao correligionário.

Tricô Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) voltaram a se encontrar ontem no aeroporto de Brasília, depois do jantar no Recife que tanto irritou Dilma Rousseff. Conversaram de forma amistosa antes de embarcarem, cada um para o seu lado.

Pró-todos Embora sua sigla tenha nascido com a simpatia do Palácio do Planalto, o presidente do Pros, Eurípedes Júnior, se reuniu com Campos na quarta-feira.

Feudos Para atrair deputados, dirigentes do Pros exibem planilha com os apoios por Estado. No Paraná e em Santa Catarina aparecem os nomes das ministras Gleisi Hoffmann e Ideli Salvatti.

Pote De um palaciano sobre o voto de José Dias Toffoli, favorável à criação do oposicionista Solidariedade: "Não sabíamos que a mágoa dele era tão profunda". Toffoli se queixa de não ter canal de diálogo com a presidente.

Por cima 1 O PT "federalizou" a articulação de alianças para a candidatura de Alexandre Padilha (Saúde) ao governo paulista. Como aconteceu na eleição de Fernando Haddad, as negociações se dão com ministros e presidentes nacionais de siglas.

Por cima 2 Nesta semana, Padilha se encontrou com o presidente nacional do PRB, Marcos Pereira. O partido integra o governo Alckmin, mas também tem vaga na Esplanada dos Ministérios. O ministro César Borges (Transportes) é o interlocutor preferencial no PR.

Mais hospitais O governo Alckmin lançou uma linha de crédito para financiar Santas Casas e hospitais filantrópicos paulistas. As instituições terão dez anos para quitar empréstimos de até R$ 30 milhões, com juros baixos.

A pé 1 A Secretaria do Verde de São Paulo vai fechar o acesso de veículos ao parque Ibirapuera aos domingos. Vias e estacionamentos serão usados para skates e bicicletas. A entrada de carros será bloqueada às 22h de sábado e reaberta na manhã de segunda-feira.

A pé 2 Os motoristas só poderão estacionar na parte externa do parque. A pasta diz que o plano é definitivo. A ideia provoca controvérsia na prefeitura, pois reduz a arrecadação com a venda de talões de Zona Azul. Reunião hoje decidirá se a medida valerá a partir deste domingo.

Peso... Acusado de participar de quadrilha investigada por desvios em fundos de pensão, Fayed Traboulsy contratou Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, para atuar em sua defesa. Ontem, Kakay visitou o doleiro na Papuda, onde está preso.

... pesado Uma das estratégias da defesa será alegar que alguns dos veículos apreendidos e que seriam do doleiro estariam sob consignação e que houve dupla acusação contra ele, já que estão em curso duas investigações sobre o mesmo tema: uma na Polícia Federal e outra a cargo da Polícia Civil.

Tecla SAP Observador da palestra de Dilma a investidores em Nova York na quarta-feira notou que poucos usavam o fone de tradução simultânea. "Ou estrangeiros estão falando português ou todos eram brasileiros."

Tiroteio

"Os políticos viram os protestos lançarem o bordão sem partidos' e devem ter entendido que o povo defende 100 partidos no país."
DO DEPUTADO JÚLIO DELGADO, presidente do PSB de Minas, sobre a criação do Pros e do Solidariedade e a consequente movimentação para trocas partidárias.

Contraponto

Área VIP para protestos

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) gravava em frente ao Congresso vídeo para a propaganda partidária quando um grupo de manifestantes começou a atrapalhar.
--Pessoal, estou tentando gravar um vídeo aqui. Podem me dar licença? --questionou o parlamentar.
Diante da negativa, tentou negociar:
--Quem são vocês e contra o que protestam?
--Somos o Movimento Horizontal. Somos contra tudo.
Em seguida, outro militante emendou:
--Inclusive protestamos contra o governador, que tirou o banheiro químico e a estrutura do acampamento.

Com Andréia Sadi e Bruno Boghossian

Fonte: Folha de S. Paulo

Insistência num modelo equivocado - Rogério Furkum Werneck

As duas primeiras licitações para concessões de rodovias e os preparativos para o leilão do Campo de Libra, no pré-sal, já permitem perceber sérias dificuldades no esforço do governo para atrair investimentos privados para a infraestrutura de transportes e a produção de petróleo.

O esforço mostra contradições advindas da indisfarçável ambivalência que vem marcando as convicções, recém-estreadas, do governo sobre a necessidade de deixar ao setor privado a responsabilidade pelos investimentos necessários nessas áreas. Embora esteja empenhado em atrair investidores privados, o governo continua aferrado à extemporânea ideia de que grande parte dos investimentos requeridos deverá ser financiada pelo Tesouro.

Chama a atenção o desinteresse de investidores privados estrangeiros. Dos oito interessados na licitação da BR-050, o único estrangeiro era um grupo que já atua no País há algum tempo. No caso do leilão de Libra, das 10 empresas estrangeiras que manifestaram interesse em participar, 6 são estatais, 3 das quais, chinesas. Tanto num caso como noutro, o desinteresse de investidores privados estrangeiros evidencia falha grave na concepção das regras que pautam as licitações.

Em vez de criar condições adequadas para atrair investimento estrangeiro efetivo para o setor de infraestrutura, o governo insiste em mais do mesmo: um arranjo em que o próprio Tesouro deverá financiar - a juros subsidiados, com recursos advindos de emissão de dívida pública e repassados ao BNDES - 70% do programa de investimento que será exigido das empresas que ganharem as concessões de rodovias.

Trata-se de aposta tardia e melancólica na sobrevida do desgastado modelo adotado, ainda no governo Lula, nas licitações das usinas hidrelétricas do sul da Amazônia. Sem poder contar com licitações bem concebidas e um ambiente de investimento que engendre tarifas módicas de forma natural, o governo tenta mais uma vez assegurar modicidade tarifária na marra, despejando sobre as concessões todo o dinheiro público que se fizer necessário. E, como bem ilustra o fiasco da licitação da BR-262, constata agora que, mesmo assim, pode não conseguir atrair investidores.

Já no caso do leilão de Libra, o que se notícia é que a Petrobrás não se contentaria com a participação mínima de 30% que lhe será exigida, sob qualquer circunstância, por força da esdrúxula legislação que regula a exploração do pré-sal. E que, nesse caso, tendo em conta a fragilidade financeira da empresa, o Tesouro lhe garantiria os recursos necessários para fazer face aos encargos adicionais de investimento que a ampliação de participação viesse a exigir.

A isso chegamos. Há poucos dias, o governo, a duras penas, conseguiu evitar, por um voto, que fosse derrubado o veto da presidente Dilma ao fim da multa de 10% do saldo do FGTS, no caso de demissões sem justa causa. E, para isso, teve de chorar lágrimas de esguicho sobre o impacto catastrófico que a perda da receita proveniente da cobrança da multa teria sobre programas de gastos sociais em curso. Descobre-se agora que, no mesmo orçamento em que os recursos para gastos sociais são tão escassos, parece haver folga de sobra para que o Tesouro banque extravagâncias dessa ordem no leilão do pré-sal.

Continua faltando ao Planalto percepção mais clara da seriedade da restrição fiscal com que se debate a economia brasileira. Os três níveis de governo extraem da economia 37% do PIB em tributos, mal conseguem investir 3% do PIB, continuam com gastos correntes crescendo bem mais rápido que o PIB e com endividamento em ascensão, já da ordem de 60% do PIB. Nesse quadro, salta aos olhos que a insistência numa estratégia de crescimento econômico que atribui ao Tesouro o ônus de financiar grande parte do investimento privado está fadada ao insucesso. O mesmo insucesso que terá quem tentar se suspender no ar pelos cordões dos próprios sapatos.

Economista, doutor pela Universidade Harvard, é professor titular do Departamento de Economia da PUC-Rio.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Mundo do emprego - Míriam Leitão

O desemprego caiu em agosto para 5,3% e ficou estável em relação ao ano passado, num nível invejável se comparado a inúmeros países. O que intriga é: a economia não deveria reagir com tantos brasileiros empregados e produzindo? O país cresce pouco há três anos, mas a taxa de desemprego cai. Há várias explicações para isso, mas é, e sempre será, uma notícia a comemorar num mundo onde o emprego é escasso.

Baixo nível de emprego é sempre um fator que impulsiona a economia, mas no Brasil isso não tem acontecido. Um dos motivos da queda do desemprego é demográfico: há um contingente menor de jovens chegando ao mercado de trabalho a cada ano, como efeito do amadurecimento da população. Mas é um sinal também de que o empresário continua acreditando que a economia vai melhorar e por isso tenta manter o quadro de funcionários.

O desemprego é medido em apenas seis capitais. Em breve, começará a ser divulgada uma nova metodologia de pesquisa que cobrirá todo o país, a PNAD contínua. Nessas seis capitais em que a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) é pesquisada, há diferenças fortes. Em Porto Alegre, o desemprego é de ape¬nas 3,4%, mas em Salvador tem subido este ano e es¬tá em 9,4%. Recife tem a segunda maior taxa, mas despencou de julho para agosto de 7,6% para 6,2%.

As desonerações feitas pelo Tesouro a determinados setores da economia podem ser outra explicação para o mercado de trabalho forte. Em todos os casos, o governo fez a redução do tributo e pediu a manutenção do nível de emprego. Não foi integralmente atendido, mas, mesmo assim, as desonerações podem ter segurado muitas vagas. A mais eficiente das desonerações é a que se aplicou sobre a folha salarial. A nova fórmula que já cobre vários setores tira o peso da contribuição previdenciária da folha. A antiga fórmula era um incentivo ao desemprego. Todos os acordos com a indústria automobilística, por exemplo, tiveram como contrapartida a manutenção dos postos de trabalho. O governo dá o benefício e pede para que as em¬presas não demitam.

Mesmo assim, muitas demitiram. Talvez ti¬vessem demitido mais sem o subsídio. Só que isso tem um custo. O IPI reduzido para automóveis e outros itens, como linha branca, terá um impacto no Orçamento de R$ 11,8 bilhões este ano. Custou R$ 8,5 bilhões em 2012 e custa¬rá mais R$ 7,1 bi no ano que vem.

A menor incidência de impostos sobre a folha de pagamentos custará R$ 40 bilhões nesses dois anos e o aumento do limite das faixas de tributação para micro e pequenas empresas custará mais R$ 11,8 bi.

Olhando apenas para o emprego, a economia vai bem. Iria melhor se não fossem alguns problemas: o investimento público continua estagnado em 1% do PIB, o país cresce pouco, e o superávit primário, que ajuda a combater a inflação e a manter sob controle a dívida pública, tem caído.

Além de haver a cada ano menos jovens chegando à idade de trabalhar, eles também estão estudando mais, e, por isso, retardando a entrada no mercado de trabalho. O contraditório é que, apesar de haver menos jovens procurando emprego e eles terem escolaridade maior do que seus pais, o nível de desem¬prego entre jovens é muito alto. Caiu, mas permanece alto. Na outra ponta, no Brasil não há idade míni¬ma para se aposentar. Muita gente ainda com capacidade produtiva já deixou o mercado.

Uma das boas notícias é a queda constante e forte do trabalhador sem carteira assinada. No ano, o percentual dos sem carteira caiu 6,2%. Hoje, o total dos sem carteira é de 9,7% do universo pesquisado. O trabalhador por conta própria é de 17,9%. Esse número mistura empreendedorismo, mudança no trabalho; mas também o desemprego disfarçado. Há trabalha¬dores por conta própria que trabalhariam em empresas caso houvesse oportunidade.

A taxa de desemprego baixa é o principal sucesso da política econômica, em um mundo cercado de taxas altas de desemprego. É preciso trabalhar para manter esse bom resultado. Quando a economia cresce um pouco mais, os empresários falam em "apagão de mão de obra". Mas ainda é possível avançar se forem reduzidas as desigualdades dentro do mercado de trabalho — entre negros e brancos e entre homens e mulheres — e se as empresas aumentarem a contratação de jovens.

Fonte: O Globo