Representantes de partidos como PSDB, DEM,
PSB, PDT e Podemos estabeleceram um primeiro esboço sobre a escolha de um de um
nome do grupo
Laryssa Borges /
Revista Veja
Faz tempo que políticos, empresários e
personalidades de diferentes áreas — como o apresentador Luciano Huck, o
entrevistado desta edição nas Páginas Amarelas — tentam construir uma
candidatura presidencial capaz de rivalizar com os favoritos Jair Bolsonaro e
Lula. Até aqui, os esforços não surtiram efeito, e os nomes cotados para
representar a terceira via patinam nas pesquisas, com intenções de voto que, na
ampla maioria dos casos, não chegam à casa dos dois dígitos. Hoje, a situação
pode ser resumida da seguinte forma: no discurso, todos querem uma candidatura
como alternativa à polarização, mas na prática ninguém demonstra disposição de
abrir mão de suas pretensões eleitorais em nome de um terceiro. Enquanto sobram
postulantes ao Palácio do Planalto, falta consenso sobre quase tudo, inclusive
sobre o critério que será adotado para definir quem representará a terceira via
nas próximas eleições — se é que haverá consenso a respeito disso. Falta também
o mais importante: o entusiasmo popular, como ficou claro no fracasso de
público na manifestação realizada no último dia 12, convocada com o objetivo de
arregimentar os eleitores que não pretendem votar nem em Bolsonaro nem em Lula.
Ciente das muitas dificuldades enfrentadas
pela terceira via, representantes de partidos como PSDB, DEM, PSB, PDT e
Podemos estabeleceram um primeiro esboço sobre como poderá ser a escolha do
candidato do grupo a presidente. Eles definiram o mês de janeiro como prazo
final para decidir sobre a viabilidade de uma candidatura capaz de romper a
polarização entre Lula e Bolsonaro. Hoje, o petista tem cerca de 45% das
intenções de voto, e o presidente, 25%. Ambos estão muito à frente dos demais
concorrentes. Pelo esboço traçado, será ungido como concorrente da terceira
via, no início do próximo ano, o nome mais bem colocado nas sondagens, desde
que ele tenha dois dígitos na preferência do eleitorado. Abnegados, os demais
presidenciáveis abririam mão de suas respectivas postulações em nome de um bem
comum. Na teoria, pode até funcionar. Na prática, é difícil imaginar o
ex-ministro Ciro Gomes (PDT), de centro-esquerda, saindo de campo em benefício
do ex-ministro Sergio Moro (sem partido), um exemplar da direita com passagem
pelo governo Bolsonaro. Nas pesquisas, Ciro, Moro e o apresentador José Luiz
Datena (PSL) são as únicas alternativas que registram cerca de 10% de intenções
de voto.