Manifesto com 3 mil nomes criado na
Faculdade de Direito da USP defende o sistema eleitoral e o respeito ao
resultado das eleições de outubro
Por Beatriz Bulla e Adriana Fernandes / O Estado de S.
Paulo
A Carta em Defesa da Democracia divulgada
nesta terça-feira, 26, une tucanos, petistas, procuradores que trabalharam na
Lava Jato, o advogado que ajudava a campanha do ex-juiz Sérgio Moro,
ex-ministros de FHC, Lula, Dilma e Temer,
empresários, economistas liberais, uma ex-assessora de Paulo Guedes e João Doria,
a coordenadora de programa de Simone Tebet (MDB)
e uma série de outras personalidades. O manifesto foi criado na Faculdade de
Direito da USP.
Entre banqueiros e empresários estão Roberto Setubal, Candido Bracher e Pedro Moreira Salles, do Itaú Unibanco, Pedro Passos e Guilherme Leal, da Natura, Walter Schalka, da Suzano, Eduardo Vassimon (Votorantim), Horácio Lafer Piva (Klabin).
O deputado Rui Falcão (PT),
coordenador de comunicação da campanha de Lula, assina a carta junto com Joaquim Falcão, que cuidava da parte jurídica da campanha
de Moro. Vanessa Canado, advogada e
professora do Insper, ex-integrante da equipe de Guedes e ex-articuladora do
plano econômico de João Doria (PSDB), também subscreve. Elena Landau, economista à frente do programa de Simone
Tebet (PMDB), se une ao grupo.
A lista de economistas inclui ainda Edmar Bacha, que participou da formulação do Plano
Real, Samuel Pessoa, Demosthenes Madureira de Pinho Neto, José Marcio Rêgo, Luiz Gonzaga Beluzzo e outros.
Há ex-ministros do governo Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), como José
Carlos Dias, José Gregori, Pedro Malan e Miguel Reale Júnior e o ex-presidente
do Banco Central Armínio Fraga. Dos ex-ministros
dos governos petistas Lula e Dilma (PT), estão José Eduardo Cardozo, Tarso Genro e Renato Janine Ribeiro. Aloysio Nunes (PSDB),
foi ministro nos governos FHC e Michel Temer e também subscreve o texto, assim
como Raquel Dodge, que foi procuradora-geral da República
na gestão do emedebista.
No Ministério Público, há diferentes
correntes no apoio ao texto. Procuradores que fizeram parte da gestão do
ex-procurador geral da República Rodrigo Janot (governo
Dilma) assinam a lista ao lado de colegas que foram do núcleo duro de Dodge
(governo Temer). Há aqueles que estiveram à frente de casos da Lava Jato, como
o procurador da república Vladimir
Aras,
e subprocuradores da República atualmente no cargo, caso de Mario Bonsaglia e
Nicolau Dino, por exemplo.
Para o professor e Pesquisador do Centro de
Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais, da FGV, João
Marcelo Borges, o lançamento do manifesto nesse momento é crucial porque tem um
conjunto muito amplo de pessoas com visões políticas muito diferentes,
orientações partidárias e ideológicas muito distintas, mas todos claramente
defendendo não só os princípios, mas a manutenção das práticas democráticas
para que o País não tenha que viver um novo regime autoritário.
“Há certamente riscos e intenções. A
capacidade executar é menor do que vontade de ver isso acontecer. Mas não se
brinca com democracia. Menos ainda num País com o nosso histórico”, diz Borges,
que é um dos signatários.
“É um manifesto que tem do Chico Buarque a
juristas que poderiam ser considerados mais próximos à direita, mais
conservadores, há banqueiros, ex-banqueiros, industriais, pesquisadores dos
mais variáveis campos”.