O Globo
Um roteirista de criatividade mediana
poderia imaginar uma disputa entre o ex-presidente preso e o seu juiz algoz, e
estaria de bom tamanho, compatível com as voltas que o mundo dá. Mas
acrescentar a essa trama um terceiro personagem, o atual presidente da
República, eleito por ter se tornado o símbolo do combate à corrupção petista,
transformado ele mesmo em alvo de investigações as mais variadas de corrupção,
aí já é preciso ser muito criativo.
Predomina na eleição presidencial brasileira não mais a simples polarização. Um
triângulo amoroso com marido, mulher e amante é mais comum que esse triângulo
de ódio e ressentimento que formam o ex-presidente Lula, o atual presidente
Bolsonaro e o ex-juiz Sergio Moro.
Cada um deles é contra os dois outros com a mesma intensidade. Lula foi
condenado à cadeia por Sergio Moro, depois considerado parcial pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), que mandou soltar Lula para alegria de Bolsonaro, que o
considera um candidato mais fácil de bater se a polarização entre extremos se
mantiver.