Correio Braziliense
Quando proclamamos a República, mudamos a
bandeira nacional. Desde então, nenhum governo propôs mudá-la para que fosse
ajustada às características do partido vencedor nas eleições. Apesar de que o
ouro passou a significar genocídio, não se propôs substituir o amarelo; o verde
das matas tem virado cinza, mas continua na bandeira; nenhum governo propôs
desenhar chaminés de fábricas para indicar desenvolvimento econômico; nem
colocar vermelho para simbolizar compromisso social. Mudamos a bandeira, mas
mantivemos por mais 50 anos e 14 presidentes a mesma moeda adotada desde 1833
pelo Império. Só em 1942, o governo Vargas substituiu o réis pelo cruzeiro. A
partir daí, até 1994, foram 12 presidentes e 10 moedas diferentes, cada uma com
média de vida de 5,2 anos, quase uma nova moeda para cada governo. Somos campeões
mundiais em tipos de padrão monetário; mais moedas que as cinco taças de Copa.
O Brasil nunca precisou de um guardião da bandeira, mas desvaloriza e cria nova moeda sempre que necessário. Mesmo depois da criação do Banco Central, em 1964, suas decisões seguiam o que o governo desejava para cumprir suas promessas de campanha: realizar obras, financiar privilégios e mordomias, infraestrutura e subsídios para promover a economia, sem atender as necessidades sociais básicas. Financiamos o milagre econômico com inflação, mas nosso povo continuou sem saneamento, transporte público, educação de base.