O Globo
O superpedido de impeachment, entregue
ontem por um grupo suprapartidário de parlamentares, não terá o condão de
convencer o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas coloca mais pressão
sobre o presidente Jair Bolsonaro. As manifestações de rua devem recrudescer à
medida que a CPI da Covid for evoluindo.
O silêncio comprometedor do empresário Carlos Wizard ontem na CPI demonstra que
ele tem muito o que esconder. A permissão do Supremo para que ficasse calado se
referia às perguntas que pudessem fazê-lo incriminar-se. Como se recusou a
responder a todas as perguntas, vê-se que qualquer passo em falso poderia tê-lo
prejudicado.
(Um parêntese para chamar a atenção, mais uma vez, para a atitude arrogante e
prepotente do senador Otto Alencar, que exorbita de seus poderes de xerife na
CPI. A possibilidade, embora remota, de vir a ser aventado como candidato à
Presidência da República por seu sucesso midiático parece que lhe subiu à
cabeça).
Voltando ao caso em si, a narrativa desconexa do governo sobre a compra da
vacina Covaxin, cujo contrato foi suspenso três meses depois da primeira
denúncia de irregularidade (que, segundo a primeira versão, não existia), é a
prova evidente de que não há caminho fácil para demonstrar a lisura dos
contratos do Ministério da Saúde.