Folha de S. Paulo
Possíveis ministros da Fazenda tornam-se
ativos nas campanhas eleitorais
Moro anunciou Pastore como conselheiro para
assuntos econômicos; Doria entronizou Meirelles no mesmo papel. Guedes vem
cumprindo o papel de posto Ipiranga de Bolsonaro. Economistas garantidores da
credibilidade de governos. Existe este papel em outros países?
Mark Hallerberg (Hertie) e Joachim Wehner
(LSE) investigaram a seleção de titulares de Ministérios da Fazenda e dos
Bancos Centrais em 40 democracias. A base de dados contém informação sobre 427
chefes de governo, 537 ministros da Fazenda e 212 presidentes de Banco
Centrais, e se estende por 50 anos.
A base revela surpresas: muitos ministros da Fazenda não são economistas. Gordon Brown, titular da pasta sob Tony Blair, era formado em história. Este padrão é mais frequente sob o parlamentarismo —sobretudo em governos de coalizão— no qual o gabinete é formado por parlamentares. Um quarto dos ocupantes da pasta possuía titulo de PhD em economia. Mas no Chile, na Polônia e no México, todos o possuíam; na Espanha, na Grécia e em Portugal, eram mais de 2/3. Quanto mais estável e rica a democracia, maior a probabilidade de não economistas e executivos financeiros no cargo.