quarta-feira, 18 de junho de 2014

Opinião do dia: Fernando Henrique Cardoso

"Lamento que o ex-presidente Lula tenha levado a campanha eleitoral para níveis tão baixos. Na convenção do PSDB não acusei ninguém; disse que queria ver os corruptos longe de nós. Não era preciso vestir a carapuça.

Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, no Facebook:

Ação e manifesto levam Barbosa a deixar mensalão, que será relatado por Barroso

Maíra Magro e Juliano Basile - Valor Econômico

BRASÍLIA - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, comunicou ontem que decidiu abandonar a relatoria do processo do mensalão, incluindo o cumprimento das penas e o andamento de ações correlatas.

O ministro Luís Roberto Barroso é o novo relator do processo. Ele foi escolhido por sorteio depois que Barbosa se afastou da função, reclamando de ameaças e atuação política de advogados.

"Julgo que a atitude juridicamente mais adequada neste momento é afastar-me da relatoria de todas as execuções penais oriundas da Ação Penal 470 [o processo do mensalão], e dos demais processos vinculados à mencionada ação penal", afirmou o ministro em decisão publicada ontem.

Barbosa justificou o fato alegando que, como formalizou representação criminal contra o advogado Luiz Fernando Pacheco, que representa o ex-presidente do PT José Genoino, considerou que a "atitude juridicamente mais adequada neste momento" seria a de se retirar da relatoria.

Ele justificou que os advogados que atuam no caso teriam deixado de usar argumentos políticos e passado a atuar politicamente, "através de manifestos e até mesmo partindo para os insultos pessoais, via imprensa, contra este relator."

Um abaixo assinado de 300 pessoas, entre políticos, intelectuais, artistas e líderes de movimentos sociais, que acusa Barbosa de 'agredir o Estado de Direito', será entregue hoje aos gabinetes dos ministros do Supremo. Entre os signatários, além de parlamentares petistas e sindicalistas, estão os senadores Roberto Requião (PMDB-PR) e João Capiberibe (PSB-AP), o deputado estadual Campos Machado (PT-SP), as professoras Maria da Conceição Tavares e Walnice Nogueira Galvão, o teólogo Leonardo Boff, o presidente do instituto João Goulart, João Vicente Goulart e o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.

O ministro também se disse ameaçado pelo advogado de Genoino: "Este modo de agir culminou, na última sessão plenária do Supremo Tribunal Federal, em ameaças contra a minha pessoa dirigidas pelo advogado do condenado José Genoino Neto, Dr. Luiz Fernando Pacheco, que, para tanto, fez uso indevido da tribuna."

Ele se refere ao episódio da quarta-feira da semana passada, no qual Pacheco interrompeu o julgamento de uma outra ação, no plenário do STF, para fazer uma questão de ordem e pedir urgência na análise do pedido de prisão domiciliar de Genoino, que sofre de problemas cardíacos. Barbosa tentou interromper o advogado, sem sucesso, e acabou chamando seguranças para retirá-lo do plenário.

Como Barbosa anunciou que se aposenta no fim de junho, ele já estava prestes a abandonar a relatoria do mensalão em breve, de qualquer forma. A decisão de abandonar a relatoria do mensalão foi publicada nos autos da execução penal de José Genoino.

Com o afastamento de Barbosa, coube ao vice-presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, fazer a redistribuição do processo. Nela, Barroso foi sorteado e terá a função de apreciar os pedidos dos advogados dos réus condenados no mensalão para que eles possam trabalhar na prisão. No caso de Genoino o pedido é para que o ex-presidente do PT possa cumprir a pena em sua residência.

No começo o novo relator passará a receber os pedidos dos réus para depois encaminhá-los aos demais integrantes da Corte para julgamento.

Barbosa desiste de mensalão antes de deixar tribunal

• Após representar contra defensor de Genoino, presidente do STF reclamou em despacho que advogados de condenados passaram a ‘atuar politicamente’

Mariângela Gallucci - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Um dia após pedir ao Ministério Público que processe o advogado do ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, deixou nesta terça-feira, 17, a relatoria de todas as ações e recursos relacionados ao mensalão. A decisão antecipou um fato previsto para o fim deste mês, quando Barbosa pedirá aposentadoria e, consequentemente, já sairia do caso. Por sorteio, a execução das penas do mensalão passa agora a ser relatada pelo ministro Luís Roberto Barroso.

Como efeito prático, a mudança deve levar à reversão das revogações das autorizações de trabalhos fora da prisão para condenados do mensalão. Decisões de Barbosa cassaram os benefícios concedidos com o argumento de que os presos do regime semiaberto devem cumprir um sexto da pena antes de ter direito a deixar a prisão para trabalhar.

As defesas dos presos que recorreram pediram que o plenário do Supremo tomasse uma decisão final. Barbosa estava prestes a não remeter a decisão aos outros ministros e tomar novamente uma decisão individual de impedir o trabalho externo. Barroso, porém, deve levar os recursos ao plenário que, por sua vez, tende a liberar o trabalho.

‘Insultos’. No despacho no qual anunciou a saída da relatoria do mensalão, Barbosa reclamou que advogados de condenados passaram a “atuar politicamente” e que teriam, inclusive, partido para “insultos pessoais”. Ele citou o episódio ocorrido no plenário do STF na semana passada, quando o advogado de Genoino, Luiz Fernando Pacheco, cobrou publicamente que fosse julgado o pedido para que o ex-deputado cumpra a pena em casa. Depois de terem discutido, Barbosa determinou a seguranças que expulsassem Pacheco do plenário. O advogado acusou-o de abuso de autoridade e fez mais críticas ao ministro do lado de fora do Supremo.

Na representação encaminhada anteontem ao Ministério Público, o presidente do Supremo - que decidiu deixar a Corte precocemente, aos 59 anos, quando seria obrigado a se aposentar somente quando completasse 70 anos - pediu providências contra o advogado. Ele quer que seja aberta uma ação penal pelos supostos crimes de desacato, calúnia, difamação e injúria.

“A atitude juridicamente mais adequada neste momento é afastar-me da relatoria de todas as execuções penais oriundas da AP 470 e dos demais processos vinculados à mencionada ação penal”, justificou ontem Barbosa ao deixar o caso do mensalão.

Internamente, colegas de Barbosa no Supremo já vinham criticando o fato de o presidente ainda não ter levado a julgamento pelo plenário do STF o recurso de Genoino, que alega sofrer de doença cardíaca, e de outros réus, que querem trabalhar fora do presídio. O prognóstico é que o plenário concluirá que para ter direito ao benefício o réu não precisa cumprir um sexto da pena, como argumentou o presidente do Supremo em suas decisões.

Entre os possíveis beneficiados está o ex-ministro José Dirceu, que cumpre pena no presídio da Papuda, em Brasília. Dirceu quer trabalhar na biblioteca do escritório do advogado José Gerardo Grossi, mas não foi autorizado por Barbosa.

Advogado de carreira, Barroso é a esperança das defesas dos condenados. O ministro tem ótimo relacionamento com ex-colegas de profissão. Com Barbosa, os advogados reclamavam que não tinham diálogo. A discussão com Pacheco no plenário do STF teria sido apenas um ingrediente nessa relação complicada, segundo eles.

Além de ser o relator dos recursos que questionam as decisões contrárias ao trabalho externo e à prisão domiciliar de Genoino, Barroso será o responsável por resolver assuntos relacionados às execuções penais dos condenados, como pedidos de transferência de presídios.

Lula manda PT apoiar Sarney no Amapá

• De acordo com um alto dirigente petista, Sarney comunicou a Lula que vai encarar mais uma disputa eleitoral

Agência Estado

Por ordem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e em nome da aliança com o senador José Sarney (PMDB-AP), a direção nacional do PT vai intervir na decisão do diretório estadual do partido no Amapá que, em encontro realizado no sábado, decidiu apoiar a reeleição do governador Camilo Capiberibe (PSB).

De acordo com um alto dirigente petista, Sarney comunicou a Lula que vai encarar mais uma disputa eleitoral e o ex-presidente se comprometeu a fazer campanha para o senador caso a candidatura se concretize.

O apoio a Capiberibe seria a única aliança regional entre o PT e o partido do presidenciável Eduardo Campos (PSB) nas eleições deste ano, mas ontem o ex-governador Waldez Góes (PDT), apoiado por Sarney, esteve na sede nacional do PT em São Paulo para pedir o apoio da sigla à sua candidatura.

Segundo integrantes da direção petista, Góes, que governou o Amapá de 2003 a 2010 - quando chegou a ser preso com sua esposa, Marília Xavier, na Operação Mãos Limpas da Polícia Federal - saiu da sede do PT com a promessa de apoio.

A única dúvida é se o PT-AP vai recuar por conta própria ou se a direção nacional será obrigada a fazer uma intervenção. “Agora é ver o que o PT nacional vai orientar”, admitiu o presidente do PT-AP, Joel Banha.

O principal objetivo do partido no Estado seria eleger a vice-governadora, Dora Nascimento (PT) para o Senado. Sarney ainda não anunciou se vai concorrer mais uma vez ao Senado ou se aposentar. Petistas desconfiam que ele pode estar guardando a vaga para o ex-senador Gilvan Borges (PMDB-AP).

Presidenciáveis assistem ao jogo da seleção ao lado de ex-craques brasileiros

• Aécio Neves posa ao lado de ex-jogadores do Cruzeiro e Atlético em Minas; e Campos vê a partida com Romário no Rio

Ezequiel Fagundes – O Globo

BELO HORIZONTE e RIO — O senador e presidenciável do PSDB Aécio Neves criticou o modelo econômico adotado no governo da presidente Dilma Rousseff, durante entrevista concedida antes do início do jogo da seleção brasileira nesta terça-feira, ao lado de amigos e aliados, na capital mineira. Para Aécio, o atual governo teve um dos piores desenvolvimentos econômicos da república.

— Os brasileiros estão sentindo que o Brasil não pode continuar avançando tão lentamente. Há, hoje, uma paralisia generalizada, uma desconfiança enorme em relação ao Brasil, que diminuiu os investimentos e fez com que estejamos vivendo o pior ciclo de crescimento, o terceiro pior ciclo de crescimento desde a história republicana. Desde a proclamação da República, a atual presidente da República vai levar o Brasil a crescer apenas mais do que o período Floriano Peixoto, no final do século XIX, e do Fernando Collor, no final do século passado. Isso é muito pouco para um país como o Brasil — disse durante entrevista.

Aécio acompanhou em Belo Horizonte o empate da seleção brasileira. O tucano assistiu o jogo em um mansão na Zona Sul da cidade. O evento, com pagode e feijoada, foi programado por um grupo de apoiadores do presidenciável. Ex-craques do Cruzeiro e Atlético, como Luisinho, Nelinho, Natal, Evaldo, Dirceu Lopes, além do medalhista olímpico Giovanni prestigiaram o evento.

Aécio manteve mistério em relação ao vice. Segundo ele, o nome só será divulgado no fim do mês:

— Defini que o dia 30 desse mês, em uma reunião da Executiva Nacional, estou dizendo pela primeira vez, agora, em uma reunião da Executiva Nacional, às 10 horas da manhã, haverá a definição do vice. Felizmente temos nomes muito qualificados que são, inclusive, apontados por vocês da imprensa sucessivamente. O problema do PSDB não é ausência, é o excesso de nomes qualificados. Vamos aguardar a definição das outras alianças para que no dia 30 possamos indicar aquele que maior contribuição possa dar a uma caminhada que se inicia da forma adequada, discutindo o Brasil, discutindo propostas — ressaltou o tucano, ressaltando que o partido e aliados possuem nomes qualificados para ocupar o posto:

— Temos alternativas muito qualificadas dentro do PSDB, e também algumas outras de partidos aliados. Vamos aguardar um pouco. Não há porque não usarmos o tempo. Essa é uma lição antiga que se aprende aqui em Minas Gerais. Política é, essencialmente, a administração do tempo. Você não deve precipitar que não precisam ser antecipadas e tampouco pode se deixar engolir pelo tempo. Não farei isso. Dia 30/06 é o momento da definição. Existem pelo menos três nomes altamente qualificados com disposição de caminhar conosco, e é exatamente essa qualificação que me fez adiar essa decisão para daqui a, no máximo, duas semanas.

No Rio, Campos acompanhou o jogo na casa de Romário
O presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE) chegou ao Rio na tarde desta terça-feira e assistiu ao jogo do Brasil na casa de Romário (PSB-RJ), pré-candidato ao Senado pelo seu partido. Campos chegou ao condomínio, na praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade, acompanhado da mulher, Renata, e de três dos seus cinco filhos, entre eles o caçula Miguel, portador de Síndrome de Down. Os candidatos aproveitaram a ocasião para que Miguel conhecesse Ivy, uma das filhas de Romário, também portadora da doença.

Em clima informal — o baixinho estava de bermuda e sem sapatos, e o ex-governador com uma blusa da seleção brasileira e calça jeans —, eles acompanharam a partida e depois jantaram no apartamento de Romário. A sobremesa foi presente de Renata, um bolo de rolo, doce típico de Pernambuco.

(Colaborou: Leticia Fernandes)

Vice de Aécio será definido no dia 30 de junho

Suzana Inhesta, - Agência Estado

O candidato à Presidência da República e senador Aécio Neves (PSDB) informou nesta terça-feira que o seu vice será definido em reunião da executiva nacional do partido no dia 30, às 10h. "Temos nomes muito qualificados, inclusive apontados pela imprensa. O problema não é ausência e, sim, excesso de nomes qualificados, que me fez adiar a decisão.

Vamos aguardar a definição de outras alianças para definir no dia 30 aquele que maior contribuição possa dar a uma caminhada de forma adequada", disse a jornalistas, sem descartar alternativas de nomes de dentro do partido e de fora dele. Hoje, há especulações em torno de políticos como o senador Aloysio Nunes (PSDB) e o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles (PSD).

"Não há por que não usarmos o tempo. Essa é uma lição antiga que usamos na política de Minas Gerais: política é essencialmente administração do tempo. Não se deve precipitar decisões que não precisam ser antecipadas, tampouco pode se deixar engolir pelo tempo", disse. O candidato à Presidência da República recebeu os jornalistas na sala da casa de um amigo, em Belvedere, bairro nobre de Belo Horizonte, onde assiste ao terceiro jogo da seleção, contra o México. O encontro estava marcado antes do nascimento dos seus filhos gêmeos.

No local, havia ex-jogadores do Cruzeiro, time de futebol de Aécio, do Atlético Mineiro, e de outros clubes, como Piazza, Luizinho, Nelinho, Heleno, Cleber, Evaldo, Procópio, Vantuir Galdino, João Leite, Paulo Cruz, Batista, Dirceu Lopes, além de Giovane Gávio e Henrique, do vôlei. "Aqui tem duas seleções brasileiras, vim assistir ao jogo na companhia de quem conhece, amigos que foram construídos ao longo da vida. Hoje somos todos brasileiros, torcendo para ganharmos na bola, em campo, e depois vamos trabalhar para ganhar fora de campo", disse. O palpite de Aécio é uma vitória do Brasil por 3 gols a 0 do México.

"Dentro de campo, sempre achamos que a Copa vai funcionar muito bem, até porque os estádios estão prontos, que foram responsabilidade dos Estados. O que sempre alertamos foi para a incapacidade do governo em avançar nas obras de mobilidade, que ficaram, na maioria delas, no meio do caminho", falou. Segundo o candidato, o que não pode ocorrer é o PSDB cair "na armadilha" da tentativa permanente da divisão do Brasil em dois: daqueles que apoiam o governo e que são considerados patriotas e daqueles que apontam os equívocos do governo e são denominados, "impatriotas", pessimistas.

"Não, somos todos brasileiros. Vamos continuar apontando os equívocos do governo, mas esperamos que possamos comemorar mais um grande título para a Seleção Brasileira. Não vou cair nessa armadilha do falso confronto. Nós temos responsabilidade, como partido de oposição, de apresentar uma proposta alternativa a esta que aqui está", reforçou, citando que, no dia seguinte após o término da Copa, a economia do Brasil vai continuar a crescer 1% ao ano, com o recrudescimento da inflação e obras em infraestrutura paralisadas e com sobrepreço.

"Não podemos fazer esse debate olhando para o retrovisor da história, temos que olhar para o futuro, debater a saúde pública, avançar na segurança, fazer uma guerra contra o custo Brasil. Vamos debater os temas de interesse dos brasileiros. Essa radicalização imatura da disputas eleitoras não fazem bem para o Brasil nem os brasileiros", disse. Ele comentou ainda que o candidato do PSDB ao governo do Estado de Minas, Pimenta da Veiga, é a continuidade do projeto vitorioso do partido no Estado, inclusive com a contribuição dele. Aécio continua torcendo pelo Brasil com os seus amigos, em clima de festa, na casa do amigo.

Aécio Neves tenta atrair eleitores em Pernambuco

• Candidato do PSDB à Presidência chega ao estado, onde se reúne com correligionários para discutir a escolha do nome para compor a sua vice

Jairo Lima - Diário de Pernambuco

Depois de homologar sua candidatura à Presidência da República pelo PSDB, o senador Aécio Neves (MG) desce em solo pernambucano para receber o título de cidadão recifense, hoje, na Câmara de Vereadores, às 17h, atendendo a uma proposição do vereador André Régis (PSDB), aprovada por unanimidade pela Casa. Aécio Neves chega ao estado depois da consolidação do apoio de seu partido à candidatura do ex-secretário Paulo Câmara (PSB) ao governo de Pernambuco. A decisão do tucano mostra a manutenção do acordo firmado com o presidenciável Eduardo Campos (PSB) no estado, mesmo depois da ruptura da aliança entre os partidos em Minas Gerais, o que pode significar um possível aceno de via dupla para uma reaproximação política amistosa entre tucanos e socialistas num eventual segundo turno da corrida eleitoral presidencial.

O senador desembarca na capital pernambucana por voltas das 9h30, onde será recebido por correligionários, entre eles o ex-deputado federal Oswaldo Coelho, com quem conversará em reserva por 15 minutos. Este será apenas o primeiro encontro de Aécio com correligionários pernambucanos. Um dos pontos que ele pretende debater com os aliados é a escolha do nome que será indicado como vice. A candidatura de Aécio foi oficializada no último sábado sem a indicação do companheiro de chapa. Dois nomes são cotados para a posição, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) e o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Uma corrente do partido defende que seja um nordestino, como uma forma de aproximar o tucano da região, que nas eleições presidenciais recentes deu vantagem à presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, e é terra do adversário Eduardo Campos (PSB). Outros tucanos preferem que a vice seja ocupada por um paulista, para garantir apoio dos eleitores do ex-senador José Serra (PSDB). Aécio prometeu anunciar o nome do companheiro de chapa até o dia 30.

Além de receber o título de cidadão recifense, o senador faz uma visita ao governador João Lyra Neto (PSB), no Palácio do Campo das Princesas e almoça com aliados no Mercado da Boa Vista, um gesto, segundo os aliados, que pretende mostrar sua identificação com a cidade. Aécio também irá a Jaboatão dos Guararapes, principal reduto do PSDB no estado, para um encontro com a militância. Será a primeira vez do presidenciável no estado como candidato.

Agenda de Aécio Neves no estado
9h30- Previsto desembarque do senador no Aeroporto dos Guararapes
11h - Participa de debate em uma rádio local
12h - Visita o governador João Lyra Neto, no Palácio do Campo das Princesas
13h30 - Concede entrevista coletiva à imprensa
14h - Almoço no Mercado da Boa Vista
17h - Recebe o Título de Cidadão Recifense, na Câmara de Vereadores
19h – Participa de evento do PSDB em Jaboatão dos Guararapes

Rejeição é o primeiro colocado no Rio

Guilherme Serodio e Renata Batista – Valor Econômico

RIO - Os pré-candidatos ao governo fluminense têm mais rejeição do que intenção de voto. É o que indica pesquisa do Ibope, divulgada ontem, contratada pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

O único que tem mais voto do que rejeição é o senador Marcelo Crivella (PRB), que aparece em segundo lugar na pesquisa, com 16% das intenções de voto e 13% de rejeição. O deputado Federal Anthony Garotinho (PR) lidera a votação, com 18% dos votos, mas também a rejeição, com 32%. Candidato polêmico, envolvido em denúncias de corrupção, Garotinho que foi governador, tem forte presença entre os evangélicos e no interior, mas sofre forte resistência na capital.

A pesquisa também mostrou o atual governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) com 13% das intenções de votos, ultrapassando o candidato do PT, o senador Lindbergh Farias, com 11%. Pezão, porém, tem mais rejeição (18%) do que Lindbergh (14%). Em quarto lugar com 8% das intenções de voto, o ex-prefeito César Maia (DEM) é vice na rejeição. 24% dos entrevistados declaram que não votariam nele. Maia foi mal avaliado na última gestão frente à prefeitura da Capital. Tentou o Senado, em 2010, mas ficou em quarto lugar na disputa.

O cientista político Paulo Baía, da Pontifícia Universidade Católica (PUC - Rio), atribuiu o índice menor de rejeição dos senadores Lindbergh e Crivella ao fato de ambos não terem exercido um cargo no executivo.

"A eleição no Rio é decidida na região metropolitana e, nesse contexto, a cidade do Rio tem um peso muito grande na formação de opinião. Garotinho, César Maia e Pezão são muito conhecidos. Já Lindbergh e Crivella ainda não foram testados na cidade do Rio como gestores", diz. Lindbergh foi prefeito de Nova Iguaçu (entre 2005 e 2010) mas não foi testado na capital.

Os bancos e nulos na pesquisa somam 27% e 57% dos entrevistados declaram pouco ou nenhum interesse nas eleições de outubro. O analista Fábio Gomes, da empresa Informa, para quem a tendência de mais votos brancos e nulos não é uma especificidade fluminense. "Fizemos uma pesquisa recente em São Paulo e a situação é a mesma", afirma.

O governador Sergio Cabral renunciou em abril e Pezão, que era o vice-governador, assumiu perseguindo a estratégia de tornar-se mais conhecido pelo eleitorado, mas Baía lembra que Pezão tem tradição na política. Foi secretário de governo de Rosinha Garotinho, entre 2005 e 2006. "Ele tem uma trajetória de proximidade ao poder de 16 anos", lembra Baía.

Os analistas apontam indicações positivas para Pezão. Ele ultrapassou Lindbergh nas pesquisas. É menos conhecido do eleitor mas pode se respaldar no desempenho do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Apesar das manifestações públicas contra Cabral quando ainda era governador, ele lidera as intenções de voto para o senado com 26%. "Nessa campanha, quem chegar a 20% estará no segundo turno. O Pezão ganha se colar em Cabral", diz Gomes.

Caso Pezão chegue ao segundo turno com Garotinho, a rejeição a este último e tão grande que o atual governador tem chances de vencer a eleição, avalia o cientista político, Ricardo Ismael.

" A novidade da pesquisa é o crescimento da candidatura do Pezão. Ele chegou a dois dígitos graças a intensa propaganda. Para ele, a questão é chegar no segundo turno, de preferência com o Garotinho", completa o cientista político da PUC.

Desinteresse nas eleições traz desafio às campanhas no Rio, dizem analistas

• Para cientistas políticos, candidatos terão que convencer o eleitor a votar

Carolina Benevides, Cássio Bruno, Juliana Castro, Leandra Lima e Marcelo Remígio – O Globo

RIO — Ainda que a corrida pelo Palácio Guanabara esteja acirrada, com candidatos tecnicamente empatados, a maioria — 57% — dos entrevistados pelo Ibope disse ter pouco ou nenhum interesse nas eleições deste ano. A pesquisa, encomendada pela Federação das Indústrias do Rio (Firjan), apontou ainda que 27% votariam em branco ou nulo, percentual maior do que o de qualquer candidato. Apenas para efeito de comparação, em São Paulo, pesquisa do Datafolha deste mês mostrou que 16% votariam em branco ou nulo.

Esse quadro no Rio, de acordo com cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO, traz um desafio para as campanhas: convencer os eleitores a votar.

— Esse desinteresse reflete a insatisfação da sociedade com as instituições, a ideia de que quem está na política “não me representa” e é uma herança de junho de 2013. Nunca vi, desde 1982, percentuais tão altos de votos em branco e nulos e de desinteresse. O quadro aponta que os candidatos terão que convencer o eleitor a votar e mostrar a importância do voto. Se permanecer como está, aí ninguém saberá quem ganha — diz Paulo Baía, professor da UFRJ e cientista político.

Professor de Ciência Política da UFF, Eurico Figueiredo acredita que a pesquisa mostre “a crise de representação do sistema político brasileiro”, mas faz uma ressalva entre os que rejeitam o sistema e nem vão votar e aqueles que votam em branco ou nulo:

— Esse é o voto (em branco ou nulo) de discordância em relação aos candidatos e aos partidos. Mas acredito que isso se dê nacionalmente e não só no Rio, que historicamente tem em torno de 15% a 20% de votos em branco e nulos. Quando a campanha começar para valer, a tendência é que volte ao patamar histórico.

Ricardo Ismael, professor da PUC-Rio e cientista político, concorda com Figueiredo e diz que o desinteresse deve cair quando a campanha realmente tiver início:

— Depois da Copa, quando tivermos debates e horário eleitoral, a tendência é que mude. E a campanha só começa quando os candidatos estão definidos.

Sobre o fato de os três primeiros colocados — Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella (PRB) e Luiz Fernando Pezão (PMDB) — estarem tecnicamente empatados e sobre a rejeição que entre os sete citados — Garotinho, Crivella, Pezão, Lindbergh Farias (PT), Cesar Maia (DEM), Miro Teixeira (PROS) e Tarcísio Motta (PSOL) — varia entre 32% e 6%, Paulo Baía lembra que a maioria é “figura pública visada, que já teve período de alta”.
— Quanto mais visível tiver sido o candidato no cotidiano das pessoas, maior a rejeição. Crivella nunca teve exposição relevante, foi senador e agora é um ministro que mal aparece. Isso pode explicar a rejeição menor do que a dos outros — diz Baía.

Garotinho reclama de pesquisa
À frente nas intenções de voto, Garotinho questionou ontem os percentuais.

— Querem levantar o Pezão, mas ganho de todos no 2° turno. O Ibope baixou meu índice vários pontos percentuais. Querem convencer que eu e Crivella estamos tecnicamente empatados.

Segundo colocado, Crivella disse não ter se surpreendido:

— Está como todas as pesquisas publicadas desde agosto de 2013. Achei o resultado muito bom e fico animado, sobretudo, e principalmente, por ser o pré-candidato com menor rejeição.

Por e-mail, o governador Pezão disse que ainda é pré-candidato e que, “mais adiante, no período eleitoral, vamos mostrar o legado da nossa administração, e a população poderá julgar e escolher o futuro com mais certeza”.

Procurado pelo GLOBO, Lindbergh não quis comentar o resultado. Mas o coordenador de sua campanha, o deputado federal Jorge Bittar, disse que a pesquisa não trouxe surpresa:

— Lindbergh está bem posicionado. O que vai contar mesmo serão as propagandas e os debates na TV.

A pesquisa ouviu 1.024 pessoas de 7 a 11 de junho. Está registrada no TRE-RJ com o número RJ-00006/2014; a margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Luiz Carlos Azedo: Alianças esgarçadas

• Além dos desgastes decorrentes da alta da inflação e das deficiências dos serviços prestados à população, Dilma Rousseff enfrenta o desafio de administrar os conflitos com o PMDB em âmbito regional

- Correio Braziliense

Caso o cenário eleitoral se mantenha durante a Copa do Mundo tal qual estava ao começarem os jogos, as disputas regionais formarão um grande xadrez político para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, principalmente, porque a média das pesquisas de intenção de voto reforça a expectativa de segundo turno. "A presidente Dilma Rousseff caiu, entre março e junho, 4 pontos percentuais, passando de 41,5% para 36,4%. Aécio Neves (PSDB) cresceu 7,3% e Eduardo Campos (PSB), 2,9 pontos", ressalta o cientista político Murillo de Aragão, confrontando levantamentos dos diversos institutos de pesquisa. No mesmo período, "a soma dos adversários de Dilma passou de 22,5% para 34,9%".

A situação eleitoral se complicou para a presidente Dilma Rousseff, mas não a ponto de inviabilizar a sua reeleição, ainda que o "Volta, Lula" continue sendo um "espectro fantasmagórico" no Palácio do Planalto. O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, desde a convenção do PT em São Paulo, assumiu o protagonismo da campanha petista, ofuscando a presidente no debate eleitoral com o PSDB.

Nas simulações de segundo turno contra Aécio, Dilma caiu de 47% para 41,9%, entre março e abril. Aécio passou de 20% para 34,6%, ou seja, apresentou um crescimento de 14,6 pontos percentuais. Com isso, segundo Aragão, a vantagem da presidente sobre seu principal oponente diminuiu de 27 pontos para 7,3. Dilma também viu sua vantagem contra Eduardo Campos cair de forma significativa. Em março, a média das pesquisas indicava a presidente com 47% das intenções de voto contra 16% de Eduardo. Em junho, Dilma aparece com 41,8% e o candidato do PSB, 29,6%. Ou seja, passou de 31 pontos para 12,2 pontos.

Além dos desgastes decorrentes da alta da inflação e das deficiências dos serviços prestados à população na saúde, nos transportes e na segurança pública, principalmente, Dilma Rousseff enfrenta o desafio de administrar os conflitos com o PMDB em âmbito regional. Na cúpula de sua campanha, porém, prevalece a tese de que o mais importante na relação com o aliado já foi obtido com a manutenção de Michel Temer na vice da chapa da reeleição: o tempo de televisão. Essa vantagem estratégica compensaria as dificuldades criadas nos estados pelos caciques peemedebistas com os quais o PT está em confronto. O chamado palanque eletrônico dispensaria a presença física desses aliados rebeldes na campanha.

Problemas regionais
Essa lógica comandou a decisão de Dilma no sentido de jogar fora do barco de sua reeleição o senador Eunício de Oliveira (PMDB), candidato favorito ao governo do Ceará. O PT esperou a convenção do PMDB sacramentar a coligação formal para fechar o acordo com o Pros do governador Cid Gomes e do ex-ministro Ciro Gomes. Os dois aliados deixaram o PSB para apoiar a reeleição de Dilma, que honrou o compromisso com a dupla de políticos cearenses. Eunício, diante da decisão, busca uma chapa com o ex-senador tucano Tasso Jereissati, que concorrerá ao Senado. É meio caminho para apoiar Aécio Neves.

Outros estados, como o Rio de Janeiro, fazem parte da lista em que há palanque duplo: Amapá, Goiás, Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Norte, Rondônia, Santa Catarina e Paraná. No Rio, o governador Luiz Fernando Pezão e o ex-governador Sérgio Cabral, candidato ao Senado, estão na campanha de Dilma, mas a direção regional comandada pelo ex-deputado Jorge Picciani já embarcou na campanha de Aécio Neves porque o PT manteve a candidatura de Lindbergh Farias, que é o quarto nas pesquisas.

Em São Paulo, o candidato da legenda, Paulo Skaf, hoje o principal adversário do governador Geraldo Alckmin (PSDB), já mandou recado de que não pretende ceder o palanque à Dilma. Na Bahia, o PMDB apoia a candidatura de Paulo Souto (DEM) contra o petista Rui Costa. No Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB) confronta o governador, Tarso Genro, que concorre à reeleição. Também há polarização entre PMDB e PT em Goiás, onde Iris Rezende (PMDB) enfrenta Antônio Gomide (PT); e em Mato Grosso do Sul, com a disputa entre Nelson Trad Filho (PMDB) e Delcídio Amaral (PT). No Acre, Bahia e Piauí, o PMDB está engajado na campanha de Aécio Neves (PSDB); em Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Roraima, os caciques do PMDB apoiam a candidatura de Eduardo Campos (PSB).

A aliança só está estabilizada no Distrito Federal e em Minas Gerais, onde o PMDB apoia as candidaturas do governador Agnelo Queiroz e do ex-ministro Fernando Pimentel, respectivamente, e nos estados de Alagoas, Amazonas, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Sergipe e Tocantins, nos quais o PT pretende apoiar o PMDB.

Merval Pereira: Última denúncia

- O Globo

O ministro Joaquim Barbosa é mesmo imprevisível. Um dia depois de ter criticado os xingamentos à presidente Dilma, classificando-os de “um horror” e “baixaria”, desiste de continuar à frente da execução das penas dos condenados pelo mensalão.
A primeira atitude havia sido considerada por assessores do Palácio do Planalto como positiva para a presidente Dilma, que procura se colocar como vítima a fim de angariar a solidariedade do cidadão comum.

Já a saída de cena do mensalão é uma denúncia contra a maneira como o PT, seus advogados e militantes vêm tratando o Supremo Tribunal Federal (STF) e seus juízes após a condenação dos líderes petistas.

Barbosa já havia dito que recebera ameaças, e agora faz uma acusação de atuação política dos advogados, fora da ação jurídica normal. A questão é que, até mesmo quando está certo, o ministro Joaquim Barbosa assume posições polêmicas, sem ligar para as consequências de seus gestos.

Ao exigir que os presos em regime semiaberto cumpram um sexto das penas antes de receberem permissão para trabalhar fora, Joaquim Barbosa seguiu a jurisprudência do Supremo, que é distinta da dos tribunais inferiores, inclusive da do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Embora esta não vincule o Supremo Tribunal Federal, cuja jurisprudência é que convém ser observada pelos outros tribunais, há uma questão prática a ser resolvida. Apesar de a lei exigir que o cumprimento da pena em regime semiaberto se dê em estabelecimentos especiais, como colônias agrícolas ou industriais, elas não existem no país, não pelo menos em número suficiente para atender aos milhares de casos.

Sendo assim, o procedimento usual tem sido dar uma espécie de upgrade ao preso do regime semiaberto, dando-lhe as regalias de um condenado ao regime aberto, isto é, a possibilidade de trabalhar fora da prisão.

No caso do mensalão, por se tratar de um processo com implicações políticas sensíveis, o ministro Joaquim Barbosa poderia ter jogado a decisão para o plenário, mas preferiu arrostar a decisão e aplicou a lei ao pé da letra, sem flexibilizações.

Tem a seu lado a jurisprudência do Supremo, que vem sendo, no entanto, superada, indevidamente na visão de muitos, há anos nas diversas instâncias da Justiça, e até mesmo no Superior Tribunal de Justiça.

A saída de Joaquim Barbosa do Supremo não poderia ter sido menos gloriosa, ele, que enfrentou anos de pressões para levar adiante o processo do mensalão e conseguiu, à custa de sacrifício até mesmo da própria saúde, levar a termo o julgamento, Deixando uma marca indelével na História política e jurídica do país.

Ao apressar sua aposentadoria no STF, o ministro Joaquim Barbosa já dava sinais de que não tinha mais ânimo para continuar na luta, que o Partido dos Trabalhadores e seus aliados transformaram em combate pessoal a ele e à própria independência do Supremo Tribunal Federal. Com seu jeito irascível, o ministro Joaquim Barbosa não conseguiu apoio entre seus pares para enfrentar as pressões políticas, e encontrou a solidariedade na população brasileira, que não pode ser transformada em ativo político pela decisão acertada de não se candidatar a um posto eletivo
nestas eleições.

Todo seu trabalho seria colocado em suspeição pelas intrigas políticas, e Barbosa acabou sem ter onde se apoiar para continuar sua atuação.

Ele acha que não se deve “escolher palavrinhas para fazer algo inaceitável. E isso é da nossa cultura”.

Abrir mão de continuar a atuar na definição das penas dos condenados do mensalão foi uma conseqüência de sua incapacidade de negociação para atingir objetivos.

Mas, sobretudo, de um ataque político do PT à independência do Supremo Tribunal Federal. l

Dora Kramer: A força do 'não'

- O Estado de S. Paulo

Definido o resultado de uma eleição, é comum a avaliação de que não foi o vencedor quem ganhou, mas o oponente quem perdeu. Isso acontece quando o que determina o voto é o índice de rejeição, e não o grau de aprovação.

Dois exemplos de eleições pautadas pela aprovação: a de Fernando Henrique Cardoso em 1994, por causa do Plano Real, e a de Luiz Inácio da Silva em 2002, em decorrência do desejo de "mudança". Aqui também pesou a forte rejeição à continuidade do governo do PSDB.

O ex-deputado Saulo Queiroz, hoje secretário-geral do PSD, é um estudioso desses movimentos do eleitor e não tem dúvida de que uma eleição se define por esses dois fatores: sólida aprovação ou incurável rejeição.

Quando a aprovação se dá em um colégio eleitoral de grande proporção sem que exista uma correspondente rejeição no universo total do eleitorado, a possibilidade de vitória é quase certa.

Pelas contas de Saulo, isso aconteceu claramente nas duas últimas eleições, de Lula e Dilma. Os dois tinham sólida aprovação no Norte e Nordeste, onde reside um terço do eleitorado, que lhes deu uma diferença de 40% (vantagem de 12 milhões de votos). Como nas outras regiões a situação era de equilíbrio, ganharam sem dificuldade.

Essas eleições foram ambas conduzidas pelo "sim". Examinando os números das pesquisas, notadamente o recorte do Datafolha relativo a São Paulo, o maior colégio eleitoral do País, tudo indica que em 2014 o "não" será o condutor preponderante do resultado.

Os números globais trazem más notícias para o governo com alta rejeição ao PT nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. São Paulo, em particular, com 22% do eleitorado, traz péssimas notícias. Dilma Rousseff perde por larga margem no segundo turno tanto para Aécio Neves quanto para Eduardo Campos.

O mineiro ainda aparece praticamente empatado com Dilma no primeiro turno, mas o ex-governador de Pernambuco tem apenas 6% das intenções de voto. No entanto, ganha de Dilma por 43% a 34% na etapa final. O que quer dizer isso?

Na opinião de Saulo Queiroz, a típica representação do fenômeno ditado pela rejeição. "O eleitor pensa assim: não sei bem quem é esse adversário da presidente, mas voto nele porque não quero reeleger a presidente Dilma."

Outro dado importante em relação a São Paulo: na escolha de primeiro turno 37% não escolhem candidato algum; índice que cai para 20% quando a opção é para o segundo turno. O tucano vai de 20% para 46% e Dilma de 23% para 34%.

A rejeição em São Paulo, se não for revertida, tende a ser um fator muito forte de definição. Inclusive porque a esse eleitorado que a repudia deve se somar o mineiro (segundo colégio), que aprova o tucano.

Mas, nem todo eleitor votará pelo mérito da oposição, e sim guiado pelo sentimento de rejeição à situação, muito acentuado no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, anulando a vantagem do Norte e Nordeste da eleição passada.

Primeiro porque na ocasião aquele eleitorado votou mais em amor à camisa "Lula" que por preferência a Dilma, então uma desconhecida, e depois porque aquela vantagem de 12 milhões de votos não tem se expressado nas pesquisas. A presidente continua na frente entre nortistas e nordestinos, mas nem de longe na mesma proporção de 2010.

O desafio que se impõe ao PT, portanto, é tentar inverter essa tendência da negação ou, numa manobra radical e arriscada, mudar o candidato e ir com Lula à eleição. O problema é que se a rejeição não for pessoal a Dilma, e sim ao partido, pode contaminar Lula, cuja derrota seria politicamente muito mais desastrosa para o projeto petista.

Dilma perdendo, no dia seguinte Lula seria o líder de uma oposição vigorosa, treinada no ofício e cheia de gás para fazer de sua matéria-prima o que de fato terá sido uma herança maldita para o governo sucessor.

Elio Gaspari: O ódio ao PT e o ódio do PT

• Se a ideia é empulhar a patuleia durante a campanha, será melhor que os candidatos evitem os estádios

- O Globo

Lula tem toda razão. Existe uma campanha de ódio contra o PT. Esqueceu-se de dizer que existe também uma campanha de ódio do PT. Uma expôs-se no insulto à doutora Dilma na abertura da Copa. Argumente-se que o grito foi típico da descortesia dos estádios. O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, influente aliado do candidato Aécio Neves, endossou-o durante um evento do tucanato: “O povo mandou ela para o lugar que tinha que mandar.” Essa é a campanha de ódio contra o PT.

Ela pode ser identificada na generalização das acusações contra seus quadros e, sobretudo, na desqualificação de seus eleitores. Nesse ódio, pessoas chocadas pela proteção que Lula e o partido deram a corruptos misturam-se a demófobos que não gostam de ver “gente diferenciada” nos aeroportos ou matriculada nas universidades públicas graças ao sistema de cotas.

O ódio do PT é outro, velho. Lula diz que nunca se valeu de palavrões para desqualificar presidentes da República. Falso. Numa conversa com jornalistas, chamou o então presidente Itamar Franco de “filho da puta” e nunca pediu desculpas. O ódio petista expôs-se em situações como a hostilização ao ministro Joaquim Barbosa num bar de Brasília e na proliferação de acusações contra o candidato Aécio Neves na internet. Se a rede for usada como posto de observação, os dois ódios equivalem-se, e pouco há a fazer.

Lula antevê uma campanha eleitoral “violenta”, pois a elite “está conseguindo despertar o ódio de classes”. Manipulação astuciosa, recicla o ódio do PT, transformando-o no ódio ao PT. Pode-se admitir que a elite não gosta do PT, mas bem outra coisa é rotular como elite todo aquele que do PT não gosta. Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras que entesourou US$ 23 milhões em bancos suíços, certamente pertence à elite e no seu depoimento à CPI viu-se que gosta do PT e o PT gosta dele.

Essa estratégia já foi explicada pelo marqueteiro João Santana. Trata-se de trabalhar com dois Lulas: ora há o “fortão”, ora o “fraquinho”.

(Talvez as palavras originais tenham sido outras, mais próximas do dialeto dos estádios.)

Quando Lula foi criticado porque tomou um vinho Romanée-Conti de R$ 6 mil durante a campanha de 2002, era a elite que negava ao “fraquinho” o acesso a um vinho do andar de cima, pago por Duda Mendonça. Anos depois, quando viajou pelo mundo em jatinhos de empreiteiras, era o “fortão” redesenhando a diplomacia brasileira.

É uma mistificação, mas contra ela só existe um remédio: vigiar a racionalidade da campanha, fugindo da empulhação. Quem quiser odiar, que odeie, mas não fica bem a uma presidente da República dizer que investiu em educação recursos que na realidade destinaram-se a cobrir o custeio da máquina.

Também fica feio a um candidato da oposição que até outro dia estava no ministério dizer que “não fico mais em um governo comandado por um bocado de raposa que já roubou o que tinha que roubar”. Não viu enquanto lá estava?

Talvez a racionalidade seja um objetivo impossível. Afinal de contas, até hoje há americanos convencidos de que o companheiro Barack Obama é um socialista que nasceu no Quênia. Nesse caso, candidatos não devem ir a estádios.

Elio Gaspari é jornalista

Rosângela Bittar: O partido reage aos erros da candidata

• Discurso de Lula não mira o voto, mas acende a militância

- Valor Econômico

Acertou quem viu, no virulento discurso de Lula em que cunhou a onda negativa que cerca sua candidata à reeleição como de ódio ao PT, um recado à militância. A promessa - "a esperança vai vencer o ódio"-, não tem o objetivo de conquistar votos nem atacar adversários com eficácia. O apelo, também ideológico, não chama às falas o eleitor que já está na sua banda. É diferente, ainda, do discurso do medo da volta ao passado, destinado a reter o eleitorado que namorou, em determinado momento, com as alternativas de mudança.

Portanto, o discurso de Lula, neste momento, é para dentro. A militância petista, a quem se atribui a característica única de vencer eleições na reta final, está apática. E a candidata à reeleição não está ajudando. No momento a insatisfação no partido chegou aos píncaros do auge do topo.

Não se trata mais de tentativas de reanimar o movimento Volta, Lula, hoje quase que exclusivo da liderança da ministra Marta Suplicy, mas que sempre pode voltar a qualquer tempo, como tudo pode. Nada especial como alternativa. Trata-se, de verdade, da insatisfação com o momento da campanha e com fatos bem definidos.

O fato número 1: Dilma Rousseff não foi à convenção que lançou Alexandre Padilha (PT) à disputa do governo de São Paulo, e o partido viu contradições nas justificativas da ausência. Segundo alguns portadores dos recados, como o chefe da Casa Civil, Aluizio Mercadante, não foi porque ela estava doente, com bronquite, e segundo outros porque iria jantar naquele dia com a chefe do governo alemão, Angela Merkel. O encontro diplomático seria à noite, e a prevalecer a doença, pergunta-se como pode prever o mal estar ao ponto de formular, preparar e gravar um video com mensagem à convenção?

O fato número 2: Dilma Rousseff, no jantar que o PT registrou como sendo de sua aproximação com o líder do PMDB, Eduardo Cunha, adulou muito o candidato Paulo Skaf, que disputa com Padilha o governo de São Paulo.

O fato número 3 foi a declaração dada por ela, no dia seguinte ao afetuoso encontro, de que em São Paulo a presidente candidata teria dois palanques. Tudo na mesma semana em que, coincidência negativa, saiu uma pesquisa de intenção de voto que dava 20% a Skaff e 3% a Padilha.

Como fato número 4 registrou-se que, diante da escalada no discurso da oposição, tendo o candidato do PSDB, Aécio Neves, subido o tom para vaticinar a chegada de um tsunami a varrer o PT da política, e o candidato do PSB, Eduardo Campos, ter visto no projeto da continuidade a manutenção de raposas que já roubaram o suficiente, Dilma ficou quieta. No máximo, mandou Mercadante dar entrevista, tardia, para responder aos seus adversários.

O fato número 5 se deu com aquele que o PT elegeu como seu inimigo número um: Joaquim Barbosa, o presidente do Supremo Tribunal Federal. A presidente o convidou para acompanhá-la à cerimônia de abertura da Copa do Mundo, ele aceitou mas esnobou o convite, optando por avião de carreira, em lugar do jato presidencial, e cadeira em outro lugar longe da presidente.

Falta jeito, manha, perspicácia à presidente para perceber coisas como essa: já tendo se reunido com Skaf e declarado que terá dois palanques em São Paulo, teria obrigatoriamente que comparecer à convenção do PT. Até porque, quem vai sustentar sua campanha à reeleição, em todos os sentidos, do financeiro ao político, é o mesmo motor que inventou a candidatura Padilha e está precisando de força.

O PT se vê engolindo sapos, tanto maiores porque também se vê trabalhando por Dilma, arrecadando, financiando a propaganda, promovendo alianças, pavimentando a campanha. Se vê disciplinado, com foco. "Mas querer que a gente goste, já é demais".

E por que está engajado nesta campanha e não no Volta, Lula? Porque, respondem, esse movimento está agonizante, o próprio Lula o desestimula, e também por causa do projeto político nacional do partido, que quer manter.

O grupo da reeleição passa por fortes divergências internas e não consegue dar o rumo da campanha, é a avaliação. O PT não é ouvido para nada. As quedas de índice de intenção de voto, a cada pesquisa de opinião, aumentam o stress, as discordâncias e o desejo de afastamento da campanha.

Por tudo isso a militância estaria anestesiada, lenta. Com base na constatação de que sem ela não se vence uma campanha desse tipo é que Lula começou a falar mais diretamente ao grupo. O Lula está dando, em todas as intervenções que faz, combustível para a militância do PT agir, discursar.

Muitos têm dito a ele que, agora, ainda trabalharão por ela, mas depois não adianta inventar um novo poste. "Em 2018 é você", dizem a Lula, como a criança que concorda em comer salada desde que mais tarde lhe permitam um chocolate.

Lula está fazendo seu papel com prazer. O tom melífluo de outras épocas, fica para depois, quando tiver que formar maioria no Congresso com os políticos da direita no seu colo. Agora não é candidato e, portanto, pode aposentar temporariamente o modelo paz e amor. A militância quer "bateu, levou", e Lula vai dar.

O PT consegue localizar o ponto exato, naquele Itaquerão de 68 mil lugares, onde começou a vaia e os insultos à presidente Dilma Rousseff. Dizem os analistas de campanha que o zum-zum surgiu "na área vip da esquerda do camarote da Dilma".

Exatamente ali teriam assento os integrantes do grupo que Lula definiu como "elite interiorana". Quem são, exatamente? Ah, fazendeiros, industriais, ricaços do interior de São Paulo em geral, dizem vagamente.

Tamanha precisão tem ares de investigação já concluída e transitada em julgado para servir de motivo, o único em meses de campanha, a mobilizar a defesa generalizada de Dilma.

Porém, sobre esse óbvio acontecimento, recomenda-se a leitura da análise e antológica compilação de insultos em estádios feita por Renato Maurício Prado, em 'O Globo' de segunda-feira.

Vaias e insultos estão no ar que se respira em volta da bola.

João Bosco Rabello: Polarização e Ícaro às avessas

- O Estado de S. Paulo

Previsões em política são sempre de alto risco, especialmente em tempos de campanha eleitoral, quando o chamado imponderável encarna um personagem de plantão a assustar candidatos e partidos. As pesquisas, nesse contexto, servem apenas de parâmetro a orientar as ações dos candidatos.

Com essa ressalva é possível afirmar que a fotografia do momento indica que a eleição presidencial deste ano tende a reproduzir a polarização entre PT e PSDB, não só pelos números, mas principalmente pela dificuldade do ex-governador Eduardo Campos em se firmar como a terceira via do processo.

É verdade que as convenções nacionais de PSDB e PT , que ocuparam as atenções da mídia, ajudam a reforçar essa impressão, mas esse também é um dado a agravar a situação de Campos, que não tem conseguido foco significativo para sua campanha.

É igualmente verdadeiro que os personagens impulsionadores das campanhas de PSDB e PT – os ex-presidentes Fernando Henrique e Lula -, atraem mais os holofotes do que a chapa do PSB, cujos integrantes buscam ainda maior visibilidade nacional.

Mas a campanha de Campos, mais presa ao conflito interno entre Rede e PSB, não estimula perspectivas de acerto a tempo de alcançar o concorrente oposicionista e a adversária governista. A campanha já está reduzida pelo calendário atípico que interpôs uma Copa do Mundo no caminho dos candidatos.

A ex-senadora Marina Silva tem sido alvo de críticas crescentes de integrantes do PSB que não concordam com seu poder de veto a alianças e nem com a isonomia de que desfruta no plano decisório da aliança.

Tal cenário inverte o fator de entusiasmo verificado quando ambos selaram a aliança, em que Marina representava Ícaro para o ex-governador, dando-lhes as asas para o voo eleitoral. O conflito instalado parece ter revestido as asas, não de cera, como na mitologia, mas de chumbo, impedindo a decolagem.

Um dos fatores que transformou Marina em peso foi acusado pelo presidente regional do PSB paulista, deputado Márcio França, ao registrar a transitoriedade da aliança. Afinal, tão logo acabe a eleição, Marina tratará de retomar o processo de registro formal de seu partido, hoje abrigado na sigla socialista.

Sua presença na aliança, portanto, pelo raciocínio de França, serve mais ao propósito de viabilizar a Rede do que de apoiar a vitória de Campos, prioridade anunciada no anúncio da chapa, como forma de interromper o ciclo do PT no poder.
De fato, a percepção geral é a de que o ex-governador se submete além dos limites às posições da companheira de chapa, no afâ de garantir a possível transferência de votos da ex-senadora, em detrimento de alianças regionais competitivas, vetadas por ela.

Assim, Marina usaria o PSB como cavalo de Tróia de sua Rede, que amanheceria após a eleição com uma distribuição territorial mais consistente do que teria no mapa político nacional. Campos seria ponte para uma travessia partidária, não um projeto duradouro.

A outra preocupação do ex-governador é também de natureza contábil: para preservar o eleitorado petista insatisfeito com Dilma hoje, ou órfão amanhã, ele ameniza a crítica ao PT, dissociando a presidente Dilma deste, no que é correspondido por Lula.

Para este último, a estratégia é boa. Para o PSB, discutível. Seria preciso que o desgaste de Dilma não guardasse vínculo com o partido que representa, o que não corresponde à realidade. Ambos andam juntos nas pesquisas que registram o declínio eleitoral do governo.

Sem historicidade no partido, Dilma sofre o desgaste eleitoral decorrente da perda de patrimônio político do PT. Não por acaso, o ex-presidente Lula anda preocupado com a imagem de corrupção da legenda, também explorada pelos adversários.

O comportamento do PT no poder, do qual o mensalão é o clímax, corroeu a imagem do partido a ponto de não reconhecer que sua atuação como oposição encontrou ampla guarida na mídia, por apontar os desvios dos governos anteriores.

O ex-presidente Lula adota agora como estratégia reativa a vitimização do partido, segundo ele, perseguido pela elite branca e pela imprensa, a requerer desta a mesma atitude com o partido enquanto governo.

Ainda que o PT tivesse cumprido, até aqui, uma trajetória imaculada nos 11 anos de poder, o eu não é absolutamente o caso, não seria lícito esperar uma imprensa acrítica, pois estaria renunciando ao seu papel fiscalizador e à única cumplicidade que lhe é honrosa: aquela com o cidadão.

Não houvesse desvios morais e legais, estaria o PT cumprindo com o dever da função pública de um partido político. Errado, portanto, esperar do cumprimento do dever uma leitura de virtude.

Lula recorre, portanto, mais uma vez, a bodes expiatórios para os maus resultados do partido, que o surpreenderam por se achar imune aos efeitos eleitorais dos desvios de rota. A Copa do Mundo, por exemplo, foi conquista programada para render frutos exatamente na época da reeleição de Dilma.

Mas teve efeito contrário, sete anos depois de o país ter sido escolhido país-sede, em que a negligência administrativa foi a tônica.

Fernando Rodrigues: Passado e futuro

- Folha de S. Paulo

Do ponto de vista eleitoral, é melhor para o PT do que para o PSDB reacender o embate entre os ex-presidentes Fernando Henrique (1995-2002) e Lula (2003-2010).

Para começar, quem tem hoje menos de 35 anos lembra-se só vagamente do Brasil de 1994, época do Plano Real liderado por FHC. Ou de quando o tucano estava no auge, em 1996, período em que ser moderno era usar um celular Motorola Startac.

Em segundo lugar, a última (e não a primeira) imagem é a que fica. FHC deixou a cadeira de presidente em 2002 aprovado por apenas 26% dos eleitores --e rejeitado por 36%. Lula ao terminar sua gestão, em 2010, tinha aprovação de 83% e só 4% de rejeição. Os números são do Datafolha.

Enquanto FHC enfrentou o ostracismo em seu próprio partido ao deixar o Planalto, Lula continuou a ser a grande estrela do PT no papel de ex-presidente. Hoje, só 12% dos eleitores dizem que votariam em um candidato apoiado pelo tucano. No caso do apoio do petista, a taxa é de 36%.

É claro que há um interesse comum entre FHC e Lula ao trocar chumbo em público como nesta semana --numa quase patética disputa verbal para aferir qual governo teve mais ou menos corrupção. Essa conveniente polarização tucano-petista ajuda a manter "tudo em casa". Desaparece do noticiário a possível terceira via, representada nesta eleição por Eduardo Campos e Marina Silva.

Ocorre que quem se sai melhor é o PT. Qualquer pesquisa demonstra que a estampa de FHC é sempre menos vistosa do que a de Lula num confronto direto. São Paulo pode ser uma exceção. Mas São Paulo não é o Brasil. Os tucanos às vezes não entendem assim. Como tampouco percebem que o eleitor está mais interessado no futuro do que no passado.

-----------------------
O real legado da Copa é mostrar como o Brasil melhora em dias de jogo. Param todos os governos --federal, estaduais e municipais.

Miriam Leitão: Estudar não é feio

- O Globo (17/6/2014)

Ao lado de Armando Monteiro Neto, da elite nordestina, o ex-presidente Lula reciclou seu surrado discurso e disse que os ricos perseguem o PT. Depois de 11 anos e meio de um governo que alargou os canais de transferência de dinheiro público para os grandes grupos empresariais, essa conversa de Lula não se sustenta nos dados e nos fatos. Mas é o que ele dirá para ver se cola.

A outra parte do discurso que Lula reapresentou no último fim de semana é mais nefasta. É a ideia de que estudar atrapalha, torna a pessoa insensível e deseduca. “Comeram demais, estu- daram demais e perderam a educação”, disse o ex- presidente em um dos vários ataques aos estudos.

A maioria do país condena a forma desrespeitosa com que a presidente Dilma foi tratada no estádio Itaquerão. Há formas aceitáveis de demonstrar desagrado ao governo. Aquela que foi usada no estádio não faz bem ao país, à democracia e desrespeita a instituição da Presidência da República. Merece repúdio.

Isso não dá ao ex-presidente licença para reutilizar todos os velhos truques das falsas dicotomias que são uma agressão à inteligência alheia. O governo do PT favoreceu grandes grupos, corporações e os muito ricos através de subsídios, participações acionárias do Estado em empresas familiares e a concentração de empréstimos subsidiados às grandes empresas. Isso foi visto em bases diárias. É um atentado aos fatos dizer que são os ricos que estão contra o PT.

O pior do discurso do ex-presidente Lula, já conhecido de outras campanhas, é a sistemática acusação ao estudo, aos diplomas. Ele ataca as pessoas “que estudaram mais”, mas isso tem pouca importância para cada pessoa em si. É deletério ao coletivo porque enfraquece o valor da educação como parte do processo de construção da prosperidade pessoal e do país.
Não há área onde estejamos mais atrasados, por erros que vêm de muito tempo, do que na educação. Nem há setor que no mundo atual seja mais importante para avançarmos. Por isso, o ex-presidente Lula deveria abandonar a compulsão que manteve durante o período que governou o país e, agora, ao tentar reeleger o partido pelo quarto mandato, de desqualificar a educação formal, porque dela precisamos muito.

Em 2010, num dis- curso durante a campanha da atual presidente Dilma, Lula foi sincero e disse que “as pessoas ricas foram as que mais ganharam dinheiro no meu governo”. Em 2006, ele já havia dito a um grupo de repórteres, com os quais viajou durante a campanha, que “os ricos ganharam muito dinheiro no meu governo”. De fato, basta ver como o BNDES tratou os maiores grupos empresariais nessa mistura infalível que anula os riscos e catapulta os ganhos: o banco vira sócio, compra debêntures lançadas por um grupo, para que ele, capitalizado, compre outras empresas. Em seguida, empresta dinheiro à empresa a juros menores do que os pagos pelo Tesouro. Para financiar essa farra, o Tesouro se endividou em R$ 400 bilhões no mercado.

Foram os grandes grupos que pegaram as maiores parcelas desses recursos. Foram as grandes empreiteiras as beneficiadas com as obras cujo valor inicial foi sendo aumentado pelos aditivos. Num dos casos, a Refinaria Abreu e Lima, houve tantas estripulias que um dos responsáveis está na cadeia, pelo temor de que ele fuja atrás do dinheiro que depositou em suas contas fora do país.

Basta um olhar nos grandes financiadores do PT para desmentir a ideia de que só os pobres apoiam o partido. Mas esse é um discurso conveniente até porque os ricos sabem o quanto ganharam e não se importam com essa contradição entre fala e fatos. O que realmente o ex-presidente deveria evitar é dizer que estudar é o caminho para a insensibilidade, para a grosseria que foi feita no estádio, para os maus modos. Essa defesa da falta de ensino escolar esteve presente em cada palanque que subiu ao longo dos anos que governou e nas campanhas que fez. Essa é a pior forma de prejudicar o país.

Se quiser, Lula que continue com sua estratégia de acusar ricos, cercado de ricos; que ponha a culpa na imprensa pelas revelações sobre os escândalos em série no governo ou na base de apoio, mas poupe a escola de seus ataques. O que o país mais precisa é de valorizar a educação, a escola, o estudo como parte do futuro que precisamos alcançar.

*José Nêumanne: O baixo calão e o 'ódio ao PT'

• O PT de Lula e Dilma é ‘o’ agente do ódio na luta de classe, e não sua vítima preferencial

- O Estado de S. Paulo

Como tudo o que diz respeito ao futebol brasileiro, o grotesco episódio dos insultos à presidente Dilma Rousseff no Itaquerão, na partida de abertura da Copa do Mundo da Fifa de 2014 no Brasil, tem algo de malandragem e algo de paixão cega. Pois neste "país do futebol" tudo vira Fla-Flu. Como tudo o que concerne à política nacional, a grosseria é interpretada e utilizada como convém ao freguês, com excessos de oportunismo cínico e deslavada hipocrisia. Dar-lhe a devida medida depende apenas de respeitar os fatos.

Para começo de conversa, não foi o estádio que invadiu o palácio, mas o palácio que ocupou o estádio. Há sete anos Luiz Inácio Lula da Silva, que pode ser tudo na vida menos bobo, comemorou como feito histórico e obra de seu governo a escolha do País para sediar o mais importante torneio da mais popular atividade esportiva e de entretenimento do planeta. O Mundial de Futebol é organizado e explorado comercialmente pela Fifa, entidade global que não pode ser considerada, nem pelos mais néscios nem pelos maiores adoradores do esporte dado como bretão, um claustro de carmelitas descalças. O noticiário produzido em torno de suas atividades, entre as quais a escolha dos locais para sediarem suas biliardárias disputas, é mais assunto para notícia de polícia do que para ser impresso em breviários e edificantes biografias de santo. Seu presidente, o suíço Joseph Blatter, disputa mais uma reeleição sob suspeita de várias falcatruas.

Trata-se de um negócio privado em que se emprega muito dinheiro e se ganha muito mais em direitos de transmissão pela TV e publicidade do que em ingressos para os espetáculos nas chamadas arenas, cujas rendas movimentam apenas uma ínfima fração de seus emolumentos. É duvidoso se os países escolhidos para sede herdam um "legado" à altura dos dispêndios feitos para a montagem do circo gigantesco, mas não restam dúvidas de que os resultados em publicidade dos que se envolvem com o negócio são fabulosos. E aí repousava o olho gordo de Lula.

A ilusão de que a paixão popular reverte sempre em profusão de votos encanta os políticos brasileiros desde priscas eras. Nunca se constatou que essa mágica resulte em algo efetivo, mas os resultados positivos nas urnas de alguns astros do espetáculo ainda inspiram as ambições de gestores públicos ou políticos cegos a ponto de não perceberem óbvios exemplos históricos. Fala-se muito da derrota do Brasil para o Uruguai no Maracanã em 1950, mas poucos se lembram dos políticos que festejaram o título na concentração da seleção no campo do Vasco, em São Januário, à véspera da final. Como ratos num navio naufragado, foram os primeiros a fugir após o fiasco.

Os políticos têm tanta sede a matar por perto dos potes do poder que perdem os limites. Já se calcula em R$ 35 bilhões o dispêndio público no Brasil para armar o circo na "Copa das Copas". Do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab à presidente Dilma Rousseff, passando pelo tucano Geraldo Alckmin e pelo petista Lula, não houve governante que não garantisse que para um evento em que somente empresas privadas auferem polpudos lucros o gasto público seria zero.

Agora Lula e seus devotos acusam a "elite branca", que pagou ingressos caríssimos para frequentar as arenas na Copa, de falta de educação e de não saber tratar os outros. Fala como se tivesse exigido da Fifa a contrapartida de que seu eleitorado de gente pobre tivesse direito a entrada gratuita para ver os jogos, de vez que não usufrui o "padrão Fifa" nos hospitais desaparelhados nem nas escolas em ruínas com poucas vagas disponíveis para seus milhões de filhos descamisados. Ao contrário, a Fifa exigiu tudo e levou tudo e ninguém pensou em baixar os preços dos ingressos para permitir que os beneficiários do Bolsa Família pudessem aplaudir Lula e Dilma na abertura do evento. E Lula não justificou sua ausência em Itaquera para ver o jogo in loco.

Como Renato Maurício do Prado constatou em sua coluna no Globo, a expressão chula usada contra a presidente no Itaquerão não é useira e vezeira em comícios ou plenários, mas corriqueira em estádios. Torcidas a empregam contra rivais ou árbitros num festival de cafajestice que destes afasta pessoas recatadas que não têm por hábito usar palavrões à mesa do jantar em casa ou no escritório. Consta que a vítima dos insultos na abertura da Copa não recorre a expressões cochichadas em missas para repreender seus subordinados. Mas isso não é motivo para que ela seja alvo desse baixo calão.

Apesar de já ter contado que torceu pelo Atlético no Mineirão numa época em que o estádio ainda não havia sido construído, Sua Excelência não parece ter intimidade com a cafajestice que impera na atividade futebolística no gramado entre jogadores, na torcida entre torcedores e no convívio pouco amistoso de dirigentes de paixão desenfreada e boca suja. As feministas que atribuíram o xingamento ao machismo tampouco têm intimidade com a linguagem destemperada de nossa "pátria em chuteiras" (e não "de chuteiras", por amor a Nelson Rodrigues!).

Pode ser que tenham alguma razão os que reclamam dos insultos à presidente pelo desrespeito ao cargo que ela ocupa. Teriam toda a razão se Dilma se tivesse comportado depois da posse como a presidente de todos os brasileiros, entre os quais os que não votaram nela, e não como chefe de uma facção política ou ideológica, dividindo o país que governa em "nós, os de boa-fé", e "eles, os mal-intencionados".

Mas esse Fla-Flu começou quando, ao constatar que o tucano José Serra tinha sido majoritário nas regiões mais ricas e ele o fora nas mais pobres, Lula declarou guerra a quem se opusesse a seu projeto "socialista". Agora, na convenção do PT paulista, pregou uma catilinária contra o "ódio ao PT". Foi traído pela memória sempre falha: ele e a sucessora é que tornaram seu partido "o" agente, e não a vítima preferencial do ódio entre as classes.

*Jornalista, poeta e escritor

Congresso tem de decidir sobre ‘democracia direta’: O Globo - Editorial

• Como o governo avisa que não volta atrás na criação de comissões que abrirão mais espaço para o aparelhamento, Legislativo precisa revogar o decreto presidencial

Embora o assunto tenha ficado em suspenso devido ao recesso parlamentar da Copa, o governo continua em campo na tentativa de apresentar o decreto-lei 8.243, da “democracia direta”, como simples medida burocrática, para ordenar o que já existe. As comissões, fóruns, “mesas” (jargão chavista) e similares previstos para funcionar junto a ministérios e estatais seriam mais do mesmo.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, em entrevista ao GLOBO, lembrou que conselhos existem desde 1930. Carvalho, segundo o qual o Planalto não recuará no decreto, representa os “movimentos sociais” no governo e foi nomeado pelo 8.243 maestro do Sistema Nacional de Participação Social, instituído pelo édito de Dilma. É fato que há conselhos há muito tempo. Eles funcionam em qualquer democracia. Mas incorre em abissal ingenuidade quem analisar o 8.243 pelas lentes do formalismo, atendo-se apenas à letra fria do texto, sem colocá-lo no contexto político e ideológico da ação do lulopetismo nos 12 anos de poder, notabilizada pelo aparelhamento do Estado.

Qualquer observador da crônica política brasileira desde janeiro de 2003 sabe que a corrente hegemônica dentro do PT tem dificuldades de convivência com o regime de democracia representativa. A instância do Legislativo, com todos seus defeitos e distorções, funciona como barreira a tentações autoritárias, entre outras. E isso incomoda.

Ainda no início do primeiro governo Lula, quando o Planalto cumpria o prometido na Carta ao Povo Brasileiro, no respeito às regras de mercado na economia, tentou-se controlar o conteúdo da produção audiovisual por meio de uma agência (Ancinav), idealizada no Ministério da Cultura. Ao mesmo tempo, ensaiou-se o Conselho Federal de Jornalismo, um ente paraestatal destinado a patrulhar jornalistas. A reação foi ruidosa e, diante da impossibilidade de o Congresso sancionar esses absurdos, os projetos foram engavetados.

Já no fim do segundo mandato de Lula, veio um ensaio geral, percebe-se hoje, para o decreto 8.243: o Plano Nacional de Defesa dos Direitos Humanos 3. À primeira vista, uma burocrática atualização do PNDH-2. Longe disso. Por meio da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, do então ministro Paulo Vannuchi, houve intensa mobilização de “movimentos sociais”, para alinhar inúmeras propostas perigosas. Havia de tudo. De instrumentos para tolher a liberdade de imprensa, pelo “controle social da mídia”, sempre em nome dos “ direitos humanos”, a iniciativas para se rever a Lei de Anistia, causa de uma rusga entre militares e Planalto, contornada pelo então ministro da Defesa Nelson Jobim, com o recuo de Lula. O destino do PNDH-3, como deveria ser, foi as gavetas do Congresso. A questão volta com o 8.243. Desta vez, na surdina para ser fato consumado. Não pode. Como o governo já avisou que não volta atrás, o Congresso precisa votar o projeto de decreto legislativo que revoga a aberração.

O PT e a regulação da mídia: O Estado de S. Paulo - Editorial

Por que, afinal, o Partido dos Trabalhadores (PT) tem verdadeira obsessão pela regulamentação da mídia? Por várias razões. Duas delas, justiça se faça, atendem a imperativos da modernização e aperfeiçoamento do arcabouço legal que regula os meios de comunicação. A primeira: o Capítulo V, artigos 220 a 224, da Constituição de 1988, que trata "Da comunicação social", permanece até hoje desregulamentado. A segunda: o Código Brasileiro de Telecomunicações, de 1962, que normatiza também o rádio e a televisão, é completamente obsoleto. Quando foi promulgado, há mais de meio século, nem a internet existia.

Esgotam-se aí as boas intenções do PT. O que de fato leva o partido a defender o que eufemisticamente chama de "democratização da mídia" é a intenção de controlar os meios de comunicação para viabilizar seu projeto de manutenção no poder a qualquer custo. E essa é a motivação tanto da minoria "ideológica", que entende que a sociedade precisa ser tutelada, como da maioria fisiológica, apegada às benesses do poder.

Quando políticos reverentes ao totalitarismo cubano e simpatizantes das aventuras bolivarianas e do fundamentalismo islâmico falam em "controle social da mídia", só é possível concluir que sejam, também, adeptos da mordaça, do cerceamento da liberdade de expressão e de imprensa. E essa suspeita se agrava quando se observa a maneira oblíqua, ardilosa, como o PT coloca a questão da "democratização" dos meios de comunicação.

Obedecendo à nova estratégia, os porta-vozes petistas da tal "democratização" passaram a distinguir claramente em suas manifestações a mídia impressa (jornais e revistas) da eletrônica (rádio e televisão) com a ressalva de que a primeira não carece de "regulação" como a segunda, que é concessão pública. "Regulação de mídia pode ser feita para rádio e televisão, porque são concessões. Mas não se aplica à imprensa escrita e internet", declarou no último dia 4 o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Faz sentido.

Não fosse por idiossincrasia pessoal, como notoriamente é o caso de Lula, os petistas não teriam razões para se incomodar com a "má vontade" dos jornais e das revistas de maior circulação, a chamada Grande Mídia. Afinal, o hábito de leitura desses periódicos - acreditam os próprios petistas - é praticamente limitado à "elite" que o PT encarniçadamente combate e não impediu que Lula & Cia. vencessem três eleições presidenciais consecutivas. Já o rádio e a televisão falam às massas. São, portanto, potencialmente perigosos, especialmente nas mãos da "direita". Mas até mesmo na mídia eletrônica o conteúdo não pode ser regulado, segundo a Constituição, como admitiu ainda Paulo Bernardo.

De que maneira, então, neutralizar a "influência negativa" da mídia eletrônica sobre a opinião pública? O próprio Lula já deu a receita, em recente entrevista a um semanário: se o rádio e a televisão se recusam a mostrar tudo de bom que o governo faz todos os dias, "vai de rede nacional" sempre que for preciso. Dinheiro para isso não falta. A solução ideal, no entanto, é definir normas, "algumas obrigações", nas palavras do ex-ministro Franklin Martins, para que "o espectro eletromagnético" informe a população com "equilíbrio e isenção".

Martins não deixou claro a quem caberia decidir se uma emissora de rádio ou de televisão está se comportando com equilíbrio e isenção, mas ele próprio esteve à frente de uma iniciativa que fornece pistas importantes: a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em Brasília ao apagar das luzes do governo Lula. Na preparação da Confecom, o governo tomou a precaução de definir previamente, por meio de portarias do Ministério das Comunicações, as instâncias que teriam direito à representação na comissão organizadora, os eixos temáticos a serem discutidos e a sistemática de funcionamento dos grupos de trabalho. Tudo muito bem "regulado".

As conclusões da Confecom revelaram-se, para surpresa de ninguém, perfeitamente afinadas com o pensamento do então ministro Franklin Martins. Talvez por isso o documento que as consubstancia permaneça até hoje na gaveta em que a então recém-empossada presidente Dilma Rousseff o guardou.