• Zwi Skornicki declarou à Procuradoria-Geral da República que a empresa Keppel repassou valores ilícitos para o parlamentar petista que foi relator da Comissão de Inquérito que investigou fraudes na estatal em 2015
Julia Affonso, Fausto Macedo, Ricardo Brandt e Mateus Coutinho – O Estado de S. Paulo
O lobista Zwi Skornicki, delator da Lava Jato, afirmou à Procuradoria-Geral da República que o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) atuou para que ele não fosse convocado a depor na CPI da Petrobrás de 2015. Luiz Sérgio era relator da Comissão Parlamentar de Inquérito que apurava fraudes na estatal.
Na decisão que homologou o acordo de delação de Zwi, o ministro Teori Zawascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), transcreveu trecho de requerimento do Ministério Público Federal.
“Com relação à participação de autoridades com prerrogativa de foro, o colaborador, em seus termos 11 e 13, afirmou que a empresa Keppel pagou parte da propina ajustada com João Vaccari (ex-tesoureiro do PT) em nome do Partido dos Trabalhadores para o deputado Luiz Sérgio Nóbrega de Oliveira. Este mesmo parlamentar teria intercedido para a não convocação do colaborador à CPI da Petrobrás”, afirma a Procuradoria.
Teori destaca ainda outro trecho do requerimento do Ministério Público Federal.
“Embora o referido parlamentar não consta ainda no rol de investigados da Lava Jato, os fatos trazidos pelo colaborador impactam diretamente (pelo menos e por ora) a investigação em curso”, aponta o documento.
Em 22 de outubro do ano passado, a CPI da Petrobrás aprovou o relatório final apresentado pelo deputado Luiz Sérgio. O relatório foi aprovado por 17 a 9, com uma abstenção, conforme informou a Câmara na ocasião.
O relatório de Luiz Sérgio isentou de responsabilidade em irregularidades na Petrobrás o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli.
O criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, defensor de João Vaccari Neto, tem reiterado que o ex-tesoureiro do PT jamais recebeu propinas. Vaccari está preso desde abril de 2015. O ex-tesoureiro já foi condenado pelo juiz Sérgio Moro por corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo D’Urso, todos os valores arrecadados por seu cliente foram destinados ao PT e declarados à Justiça Eleitoral.