sábado, 8 de setembro de 2012

OPINIÃO DO DIA – Dora Kramer: ‘o mensalão maculou a República’ (XXXIV)

A oposição pode ser "suja", a elite "preconceituosa", a imprensa "reacionária" e a Justiça "instrumento de golpistas", como diz o presidente do PT, Rui Falcão.

Mas quem flerta com a possibilidade de ver correligionários na cadeia é o PT.

Dora Kramer, jornalista. Dominío dos fatos. O Estado de S. Paulo, 7/9/2012.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Crise da indústria não afeta emprego
Dia de desfile e protestos
STF já prevê mensalão até novembro
Mensalão é tema de Serra e Haddad

FOLHA DE S. PAULO
Ficha Limpa veta mais PSDB e PMDB
Invasão ucraniana
Serra cita o mensalão pela primeira vez na televisão
Economistas veem risco de PIB medíocre na gestão Dilma
Portugal quer agora que Brasil reconheça seus engenheiros

O ESTADO DE S. PAULO
Serra cita mensalão e Marta estreia na rua com Haddad
Redução do IPI dificulta reeleição
Kassab libera R$ 3 bi para favelas e represas
Proteção ambiental cresce abaixo da meta

CORREIO BRAZILIENSE
Cerco ao juro dos cartões de crédito
Congresso sem margem para ampliar reajuste a servidores
Festa e protesto

ESTADO DE MINAS
Lei das cotas abre corrida para escolas públicas
Salários: Maioria das câmaras ainda sem reajuste

ZERO HORA (RS)
Candidatos já gastaram R$ 2,6 mi na campanha

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
No Recife, dia foi de desfile e protestos

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

STF já prevê mensalão até novembro

UM JULGAMENTO PARA A HISTÓRIA

Ministros do STF temem que o julgamento do mensalão só seja concluído em novembro. Eles querem que Ricardo Lewandowski dê seus votos com mais rapidez.

STF teme que mensalão só acabe em novembro

Carolina Brígido, Evandro Éboli

BRASÍLIA Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) estão preocupados com o ritmo de julgamento do processo do mensalão. Temem que ele só seja concluído após a aposentadoria do presidente da Corte, Ayres Britto, em 17 de novembro. Com exceção do relator, Joaquim Barbosa, e do revisor, Ricardo Lewandowski, os ministros já se convenceram da necessidade de diminuir o tempo de seus votos, e têm levado no máximo duas horas para se pronunciar sobre cada capítulo. Alguns integrantes do STF reclamam que Lewandowski deveria encurtar suas intervenções, especialmente em temas nos quais concorda com o relator.

- Quem não pode resumir aqui é o relator. O revisor, só se for para divergir. Se for para acompanhar o relator, deveria resumir. Não tenho mais esperança de término do julgamento em outubro. Quando houve essa mudança de concepção (sobre o tamanho dos votos dos ministros), imaginei que terminaria no final de setembro. Mas, hoje, já receio que o ministro Ayres Britto não será o presidente na proclamação do veredicto - disse Marco Aurélio Mello.

O ministro, que está no tribunal há mais de duas décadas, lembra que, antigamente, a praxe era os ministros votarem de improviso. Agora, todos leem votos longos. Ele revelou que, no mensalão, tem votado de improviso:

- Na velha guarda, o relator levava um voto escrito, e os demais votavam de improviso. Agora, não sei qual o milagre que acontece, porque eu não tenho tempo de cuidar nem dos meus processos, mas cada qual leva um voto como se fosse o relator. A sessão fica enfadonha. A turma que chegou talvez sinta necessidade de mostrar serviço. Não estou criticando ninguém, mas precisamos conciliar celeridade e conteúdo.

Um outro integrante da Corte afirma que a celeridade do julgamento depende de Lewandowski. Esse ministro concorda que o revisor deveria resumir seus pontos de vista, especialmente quando segue o relator. A interlocutores, Ayres Britto afirma estar esperançoso sobre o fim do julgamento em meados de outubro. E que, se avançar novembro adentro, não ficará insatisfeito por não proclamar o resultado. Barbosa, que vai suceder Ayres Britto na presidência, nutre esperança de ouvir a proclamação da boca do colega.

- Há grandes chances de terminar bem antes de novembro - diz o relator.

Outro ministro também aposta em meados de outubro para o fim do julgamento. Já o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, está otimista:

- É uma previsão difícil. Acredito que leva o mês de setembro. Foi concluído agora o segundo segmento da denúncia e há mais cinco a serem examinados. Deve tomar bastante tempo. É uma causa complexa, com número muito elevado de acusados e, para cada acusado, tem um número elevado de condutas atribuídas pelo Ministério Público. É compreensível que demore, em função de sua complexidade.

Até agora, apenas dois dos sete capítulos do processo foram concluídos: o primeiro levou duas semanas e o segundo, pouco mais de uma semana. A expectativa dos ministros é que o próximo capítulo demande duas semanas, pois estarão em jogo o destino de dez réus. A partir de segunda-feira, serão discutidos os saques feitos em espécie por Marcos Valério e seus aliados no Banco Rural. Segundo o Ministério Público Federal, o dinheiro teve origem no fundo de investimento Visanet e foi gasto com o pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio ao governo em votações importantes no Congresso.

Depois dessa discussão, os ministros julgarão capítulos sobre o pagamento do mensalão: os saques efetuados por políticos e aliados no Banco Rural. Em seguida, analisarão as acusações de evasão de divisas. Por fim, o STF vai julgar se houve formação de quadrilha. Nessa parte, estarão na berlinda integrantes do chamado núcleo político: o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro da legenda Delúbio Soares. Ao final, os ministros votarão o cálculo das penas imputadas a cada um dos acusados.

FONTE: O GLOBO

Mensalão: atrasos equivalem a mais de duas sessões

Tempo perdido no começo dos encontros já supera as 10 horas, ou 12% do julgamento

Rubens Valente

BRASÍLIA - O atraso acumulado de início das sessões de julgamento do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) já passa de dez horas, o equivalente ao horário útil de duas sessões e meia.

A impontualidade consumiu cerca de 12% do julgamento. Desde o início, as sessões têm começado com atraso médio de 31 minutos, segundo a Folha apurou.

As sessões estavam marcadas para começar sempre às 14h -o horário foi anunciado no "Diário da Justiça" do dia 27 de junho-, mas já houve dia em que isso ocorreu às 14h48. Nenhum dos encontros começou no horário.

O atraso ocorre porque o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, seguindo uma tradição do tribunal, aguarda a chegada de todos os ministros antes de entrar no plenário e dar início aos trabalhos. Os juízes ficam reunidos numa sala atrás do plenário.

Mas, se um ministro não chega, ninguém entra. Os retardatários não são revelados à imprensa porque não há acesso à sala.

O único ministro sobre o qual é possível atestar a pontualidade é Marco Aurélio Mello. Ele sempre chega antes das 14h e entra no plenário para falar com visitantes e jornalistas.

Britto não precisa esperar a chegada de todos. Basta atingir o quórum mínimo de seis colegas para dar início à sessão. "Mas ficaria muito chato ver o ministro retardatário entrando sozinho", diz o assessor de um dos juízes.

Indagada sobre os atrasos, a assessoria do STF respondeu: "As sessões plenárias só podem começar com a presença de pelo menos seis ministros, entre os quais o relator. Nem sempre há esse quórum às 14h".

A questão dos atrasos nas sessões ganha relevo porque, caso o julgamento continue no ritmo atual, há risco de o STF perder mais um ministro antes do encerramento do processo -o primeiro foi Cezar Peluso, que se aposentou.

Britto fez um "apelo" aos ministros para que reduzam ao máximo suas intervenções, conforme revelou em plenário nesta semana o ministro Ricardo Lewandowski.

Em resposta, Britto disse "não ter sido bem entendido" e afirmou que havia pedido somente que os debates "não resvalem para a zona do interminável, do infinito".

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Pedro Simon: "Foi um ato de genialidade do Supremo"

Entrevista Pedro Simon

Para o senador gaúcho, a condenação de oito réus no julgamento do mensalão "abre caminho para diminuir a vergonha da impunidade no país." Em entrevista ao Correio, Simon também elogiou a campanha do jornal pelo fim do 14º e do 15º salários

Paulo de tarso Lyra

O senador Pedro Simon (PMDB-RS), acostumado a subir à tribuna da Casa para clamar por um país mais limpo e ético, comemora o fato de não ser mais um pregador perdido no deserto. "Hoje, há um clima de euforia, eu não tenho dúvida. O caminho foi apontado pelo Supremo Tribunal Federal", disse o senador, em entrevista exclusiva ao Correio. Simon elogiou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pela maneira como estruturou a denúncia do mensalão, dividindo o processo em capítulos. O STF deixou o item referente ao ex-chefe da Casa Civil José Dirceu por último. "Foi uma decisão brilhnte", elogiou. O senador criticou a tese dos advogados dos réus de que tudo não passou de caixa 2, lembrando que os ministros desmontaram essa tese. "O engraçado é que o caixa 2 é corrupção, escândalo, roubalheira e imoralidade. Mas como é um crime menor e que já prescreveu, isso virou argumento da defesa. "Não, não tem nada a ver, é caixa 2, ele é um santo", dizem os advogados." Sobre a Lei da Ficha Limpa, Simon lembrou que uma série de candidaturas está sendo vetada e divertiu-se com um comunicado encaminhado pelo presidente de seu partido, o PMDB, senador Valdir Raupp (RO), aos diretórios municipais. O documento diz: "procurem não colocar na eleição candidato que tem problemas com a Lei da Ficha Limpa." Pedro Simon mantém os elogios à presidente Dilma Rousseff, embora ache que o governo está aquém das expectativas. E parabenizou o Correio Braziliense por conta da campanha pelo fim do 14º e 15º salários dos parlamentares. "Foi um ato sério, duro, mas não foi uma agressão gratuita. O jornal prestou um grande serviço ao país". Confira a seguir os principais trechos da entrevista com o senador.

O senhor sempre foi um otimista quanto ao futuro do país. O resultado do julgamento do mensalão no STF, com oito condenações até agora, surpreendeu?

Eu não digo que surpreende, porque havia uma expectativa. Agora, não há dúvida nenhuma de que foi um ato de genialidade do Supremo.

O julgamento representa uma mudança de paradigma? Ou estamos diante de um processo específico, de pressão popular e midiático?

Vamos partir de uma verdade transparente: o Supremo nunca fez algo parecido. Ao final da primeira etapa do julgamento, tivemos uma demonstração de muita competência do STF. Dou nota 10 também para o procurador-geral (Roberto Gurgel). Ele foi perfeito no conteúdo, perfeito no contexto e perfeito na denúncia que organizou. Hoje, há um clima de euforia, eu não tenho dúvida.

O que há de mais importante na primeira fase da análise do mensalão?

Eles (os ministros) sepultaram a tese do caixa 2. O engraçado que o caixa 2 é corrupção, escândalo, roubalheira e imoralidade. Mas como é um crime menor e que já prescreveu, isso virou argumento da defesa. Os advogados dizem "não, não tem nada a ver, é caixa 2, ele é um santo". Mas o voto do (ministro Dias) Toffoli foi triste, ele deveria ter se declarado impedido. Tudo bem, foi autêntico, não quis dar uma de bacana no final e provavelmente pensou: "estou enterrado, vou até o fim."

Hoje, o único exemplo de mudança no país é o julgamento do mensalão?

O mensalão e a Lei da Ficha Limpa são os grandes exemplos. Se fosse só o mensalão, sem a lei, não teria toda essa repercussão. O presidente do PMDB (senador Valdir Raupp) mandou uma circular para os presidentes dos diretórios municipais comunicando que, com a ficha limpa, as coisas complicaram e aconselhou a fazer uma seleção prévia dos candidatos. O texto diz: "procurem não colocar na eleição candidato que tem problemas com a Lei da Ficha Limpa."

Mas a população tem consciência disso?

No horário eleitoral gratuito, tem um espaço destinado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As mensagens sempre foram: "olhe, vote bem, vote com consciência". Agora, o tribunal fala para votar em "candidato ficha limpa" e coloca o rosto de quem foi condenado. É uma cobrança, o tribunal está fazendo um chamamento ao cidadão. O Brasil começa a seguir o caminho para diminuir a vergonha da impunidade que caracteriza a política brasileira. No Brasil, ladrão de galinha vai preso e rico contrata advogado. Lá fora, se você é condenado pode até recorrer, mas é preso. Aqui, você contrata um advogado para empurrar o processo com a barriga.

No imaginário popular, condenação pressupõe cadeia. Muito desses réus não serão presos ou, pelo menos, não serão presos imediatamente. Isso não diminui o impacto do resultado do julgamento?

O ideal é que a pessoa condenada vá para a cadeia. Acho que, dependendo do tamanho das penas, alguém vai para a cadeia, sim. Mas não creio que vai ser como muitas pessoas imaginam.

Depois de 12 anos, o Senado voltou a cassar um senador envolvido em atos de corrupção (Demóstenes Torres). Foi uma decisão específica ou aqui também há uma mudança de percepção em relação ao combate à corrupção?

É uma coisa interessante. O empresário aqui de Brasília (Luiz Estevão) foi cassado porque mentiu no Conselho de Ética. ACM (Antônio Carlos Magalhães) não foi cassado porque renunciou ao mandato. Jader (Barbalho) não foi cassado porque renunciou ao mandato. O Renan (Renan Calheiros), malandramente, renunciou à presidência do Senado para manter o mandato. O caso do Demóstenes é mais de psiquiatria do que de Código Penal. É impressionante a convivência entre as duas personalidades dele. Ele era o mais duro, o mais firme, o mais radical. Era brilhante. No entanto, tinha um outro cara. Ele foi cassado porque ficou com um desgaste muito grande perante a Casa e a sociedade.

E a CPI do Cachoeira? O senhor esperava algum desfecho que apresentasse resultado efetivo?

Uma das primeiras propostas que eu fiz quando cheguei aqui foi de fazer uma CPI dos Corruptores. Nós aqui só fazemos a CPI do ponto de vista do corrupto. De repente, aparece aqui o caso do Carlinhos Cachoeira. A polícia e a procuradoria já investigaram. Tudo o que a CPI está fazendo é não deixar o escândalo aparecer. Isso é um vexame. Já está tudo acertado. É o oposto do que aconteceu com Roberto Jefferson (PTB-RJ)

Como assim?

Esse moço (Jefferson) pode ter vários defeitos. Mas ele é o responsável por tudo o que está acontecendo agora. Quando apareceu o escândalo, ele poderia fazer como tudo mundo faz e tentar se defender. Ele não abaixou a cabeça, foi lá e denunciou tudo (o mensalão).

Há um ano, o senhor elogiou a presidente Dilma, afirmando que ela estava sendo corajosa nesse processo de faxina nos ministérios. Um ano depois, qual a análise? Os elogios estão mantidos?

Em primeiro lugar, eu ainda tenho respeito pela presidente Dilma. Ela demitiu os ministros, não fez muitos mais do que isso porque não tinha condições, mas demitiu. A presidente ainda não conseguiu encontrar "a Dilma da Dilma". Quem é o segundo no governo?

Além do aspecto ético, o governo claudica administrativamente?

Está aquém do que se esperava. Sou obrigado a reconhecer que a crise internacional é séria. Não é o ventinho que dizia o Lula. As coisas estão difíceis, porque está na cara que a Dilma não tem condições de indicar as pessoas que ela quer. Eu tenho medo nesse sentido. É surpreendente o Mantega (Guido Mantega) ter durado tanto tempo. Não consigo esperar dele uma grande ideia. A ministra do Planejamento (Miriam Belchior) a gente nem sabe quem é. E essa sempre foi uma pasta tão importante. Na época do governo militar, era até mais importante do que o Ministério da Fazenda. As grandes obras não andam.

E o fim do 14º e do 15º salários, aprovado pelo Senado mas que continua parado na Câmara? Qual a sua avaliação?

Eu achei sensacional porque tudo o que Senado fez, foi por causa do Correio. Todo mundo votou por causa do jornal. Foi um ato muito bacana do Correio. Um ato de sério, duro, mas que não foi uma agressão gratuita. O jornal prestou um grande serviço.

"O mensalão e a Lei da Ficha Limpa são os grandes exemplos. Se fosse só o mensalão, sem a lei, não haveria toda essa repercussão"

"O caixa 2 é corrupção, escândalo, roubalheira e imoralidade. Mas como é um crime menor e que já prescreveu, isso virou argumento da defesa"

"No Brasil, ladrão de galinha vai preso e rico contrata advogado. Lá fora, se você é condenado pode até recorrer, mas é preso"

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Dia de desfile e protestos

Em Brasília, governador petista é vaiado e manifestantes criticam Lula e mensalão

O governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), foi vaiado no 7 de Setembro ao subir ao palanque ao lado da presidente Dilma, que foi aplaudida. Na Marcha Contra a Corrupção, manifestantes criticaram o mensalão e Lula. O presidente do Supremo, Ayres Britto, estava no palanque. Duas manifestantes do Femen ficaram nuas e foram presas.

Protestos marcam o 7 de Setembro

Governador petista é vaiado, e manifestantes criticam mensalão e Lula; Dilma recebe aplausos

André de Souza, Luiza Damé e Evandro Éboli

BRASÍLIA O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), roubou a cena no desfile de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios. Agnelo foi vaiado por pessoas que assistiam à parada nas proximidades do palanque oficial e que, segundos antes, haviam saudado a presidente Dilma Rousseff. As vaias ocorreram no momento em que o sistema de som anunciava que o governador recepcionaria a presidente no palanque. Agnelo é investigado pela CPI do Cachoeira e alvo de inquérito no Superior Tribunal de Justiça por ligações de integrantes de seu governo com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

- Que vaias? Ah, não vi, não - desconversou o governador.

A estrutura de arquibancadas, com capacidade para 20 mil pessoas, não ficou cheia. A Polícia Militar do Distrito Federal, no entanto, diz que havia 40 mil pessoas na parada. Todo o gramado da Esplanada foi isolado, afastando o público para que a presidente não fosse importunada. O gramado foi cercado com um tapume de mais de dois metros de altura, impedindo a aproximação do público. A arquibancada junto ao palanque da presidente foi destinada a convidados do governo. O público foi acomodado em arquibancadas laterais.

As poucas faixas de manifestação ficaram longe de onde estavam as autoridades. Entre os manifestantes, havia grevistas da Polícia Federal com uma faixa "SOS Polícia Federal". A corporação participou do desfile na apresentação das tropas motorizadas.

Dilma chegou pontualmente às 9h ao palanque oficial, no Rolls-Royce presidencial. Participaram do desfile 2.900 militares e 900 civis. O fogo simbólico foi conduzido pela judoca Sarah Menezes, medalhista de ouro nas Olimpíadas de Londres. O lema do desfile este ano foi "Brasil, um país de oportunidades", e o governo gastou R$ 800 mil com a estrutura.

Pouco depois de Dilma deixar a Esplanada, duas manifestantes do grupo Femen - que faz protestos tirando a roupa - pularam o alambrado, erguendo cartazes com mensagens feministas. Elas usavam somente shorts e tênis. Foram contidas pela PM e levadas à Delegacia de Repressão a Pequenas Infrações. Nesse momento, boa parte das autoridades já havia ido embora, mas a Esquadrilha da Fumaça se apresentava.

Faixa relacionou Lula ao mensalão

Logo após o desfile, manifestantes participaram da Marcha Contra a Corrupção. O julgamento do mensalão foi lembrado em faixas e nas palavras de ordens. "A presunção de inocência não pode impedir a prisão diante da decisão colegiada que reconhece a prática do crime", dizia uma das faixas. Segundo a Polícia Militar, 1.500 pessoas participaram do evento. Os organizadores, calcularam cerca de 5 mil.

Uma das coordenadoras do grupo Brasil Contra a Corrupção, Cláudia Cunha explicou que o movimento não teve o mesmo público de protestos anteriores porque a divulgação nas redes sociais foi menor.

- Ficamos com receio de que os movimentos grevistas dos funcionários públicos tirassem proveito dessa manifestação. O clima entre eles e governo está tenso. Até deixamos nossos filhos em casa - disse Cláudia Cunha.

Uma das faixas com críticas ao mensalão, exposta na Pira da Pátria, na Praça dos Três Poderes, trazia uma versão do jingle "Lula lá", da campanha presidencial de 1989 do petista: "Lula lau, a estrela brilha; Lula lau, no bolso da quadrilha; Lula lau, os seus mensaleiros; Lula lau embolsaram nosso dinheiro".

No final, os jovens já cantavam de tudo e criticavam o preço da passagem do ônibus: "Que vergonha, a passagem tá mais cara que maconha".

Além de Dilma e Agnelo, participaram da cerimônia o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ayres Britto; o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), e 17 ministros de Estado. Também estava presente a família de Dilma: a filha Paula Araújo, o genro Rafael Covolo, e o neto Gabriel, que dormiu no início do desfile.

FONTE: O GLOBO

Punição aos “mensaleiros” por todo o País

SETE DE SETEMBRO

Marchas contra a corrupção foram marcadas por cobranças ao Supremo de punição aos réus do mensalão

SÃO PAULO - Pelo segundo ano no feriado de 7 de Setembro, uma manifestação contra a corrupção organizada pelo Facebook espalhou-se por todo o País. Uma dqas princuipais bandeiras do movimento foi a punição dos réus que estão sendo condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão. Em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, manifestantes – que se diziam apartidários – tomaram conta da Avenida Paulista. Havia em torno de mil participantes segundo estimativa da Polícia Militar do Estado. “Não sou trouxa, quero mensaleiro na prisão”, gritavam os manifestantes.

Para o comunicador Felipe Mello, um dos organizadores do protesto, o momento é de “tolerância ativa” em relação ao mensalão. “Afinal, o julgamento ainda está andado. Mas o que esperamos é que haja punição”, cobrou.

Entre outras reivindicações do protesto em São Paulo estavam o fim do voto secreto no Congresso Nacional e a transformação da corrupção em crime hediondo. Grupos exibiam faixas pedindo pena de morte para políticos corruptos.

“Não é que queremos a pena de morte. É apenas uma manifestação para chocar e fazer refletir”, afirmou o professor Rodrigo Riente, que carregava a faixa.

Os protestos contra a corrupção também ocorreram em mais 73 cidades do País. Em Brasília (DF), os integrantes do movimento criticaram a organização do desfile do 7 de Setembro, que colocou tapumes entre o local da marcha contra corrupção e a parada militar, segundo eles impedindo que a população que assistia ao desfile também conferisse o protesto. A principal reivindicação do movimento na capital federal também foi a condenação dos réus do julgamento do mensalão.

Recife

Boa Viagem foi o local escolhido pelos manifestantes para o ato no Recife. Jovens vestidos de preto com nariz de palhaço e cartazes que lembravam os casos emblemáticos de corrupção no País – como o do mensalão – foram carregados pelos mais de 50 integrantes que percorreram a Avenida Boa Viagem, Zona Sul.

“Ainda vamos realizar muitas outras marchas como essa porque queremos mobilizar mais e mais pessoas na tentativa de fazer essa causa ganhar contornos cada vez maiores”, destacou Arthur Accioly, um dos coordenadores da Organização Pernambucana Contra a Corrupção (Opecc).

O aumento dos vereadores do Recife, auto-concedido no apagar das luzes da última legislatura, também pautou o protesto.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Dia de protesto e de pressão por reajuste

Em meio a aplausos para a presidente Dilma, servidores reivindicam aumento salarial e manifestantes clamam o fim da corrupção

João Valadares, Paula Filizola, Vera Batista e Paulo de Tarso Lyra

Tropa em revista: presidente recebeu aplausos do público que lotou as arquibancadas da Esplanada

Mais do que um mero desfile militar para marcar a Independência do Brasil, o 7 de Setembro é o dia oficial do protesto. E ontem não foi diferente. Servidores públicos insatisfeitos com baixos salários e manifestantes que clamavam pelo fim da corrupção e impunidade no país saíram de casa cedo com uma tarefa: constranger o governo federal e mostrar o tamanho da indignação. Policiais federais vaiaram e deram as costas para colegas que desfilavam, e mulheres de integrantes das Forças Armadas exibiram faixas cobrando reajuste salarial para a categoria. Em meio ao clima de insatisfação, o Palácio do Planalto se precaveu e blindou com divisórias metálicas todo o trajeto do desfile.

Fórmula perfeita para garantir a presidente Dilma Rousseff longe de qualquer grito de insatisfação. Deu certo. Em carro aberto, o Rolls Royce da Presidência da República, Dilma foi aplaudida pelo público que lotava as arquibancadas montadas antes do palanque presidencial. Os manifestantes se posicionaram após o local reservado às autoridades. Ao descer do veículo, a presidente escutou mais aplausos. Na saída, o mesmo script. Alguns gritos de longe foram abafados pela banda dos Dragões da Independência.

A presidente saiu sem perceber uma faixa posicionada mais à frente que dizia "Acorda, Brasil. Militar, não vote no PT. Eles querem acabar com você." No momento em que a Polícia Federal realizava o desfile, Dilma fez questão de se levantar e acenar para todos os agentes que dirigiam as patrulhas.

Concentração

A poucos metros de distância do palanque presidencial, milhares de pessoas se organizavam na Esplanada dos Ministérios para participar da IV Marcha Contra a Corrupção. O ato foi organizado pelo Movimento Brasil Contra a Corrupção (MBCC), criado há um ano com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

A estimativa da organização do evento é que mais de 5 mil pessoas participaram da passeata ontem. Já a Polícia Militar contabilizou de 1,5 mil a 2 mil pessoas. Concentrados desde as 8h em frente à Biblioteca Nacional, os manifestantes tomaram três pistas do Eixo Monumental por volta das 11h30 e seguiram até a Praça dos Três Poderes, onde cantaram o Hino Nacional. A organização do evento preferiu esperar o fim do desfile para garantir segurança. Poucos minutos antes de iniciar a marcha, a organização do MBCC anunciou que o carro de som não poderia seguir pela Esplanada, porque havia sido proibido pela Presidência da República.

Irreverência na passeata

A assessoria do Palácio do Planalto negou a informação, bem como o Ministério da Defesa. A segurança durante toda a marcha foi bastante reforçada. O comandante do 6º Batalhão Responsável pelo Efetivo de Manifestação, coronel Gouveia, afirmou que mais de 2 mil homens acompanharam o percurso, principalmente próximo ao Congresso, Ministério da Justiça, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto.

Entre os manifestantes, alguns chamaram atenção pela criatividade. O médico Guilbert Nobre, 44 anos, veio de São Paulo para protestar contra a rede pública de saúde. Com uma caixa de papelão na cabeça, ele afirmou que a população hoje não tem vontade própria e, por isso, não reivindica seus direitos. Já a gestora pública Sandra Mandioli, 45 anos, colocou um macacão listrado, representando um preso, e pediu punição aos corruptos. "Meu protesto é contra a impunidade, então o mensalão está junto. Bandido não pode ter exceção", disse a manifestante.

O público adolescente, porém, era maioria. As colegas de turma Giovanna Baptista e Amanda Araújo, ambas de 15 anos, mobilizaram os alunos do Sigma, onde estudam, para participarem da marcha. As meninas contaram que têm acompanhado o julgamento do mensalão e se interessam bastante por política. "Fomos de sala em sala falando da marcha. Acho que as pessoas precisam evoluir sua consciência política, principalmente os brasilienses, já que estamos na capital federal", opinou Giovanna. Amanda estava acompanhada do pai, o engenheiro agrônomo João Araujo, 48 anos, e da irmã Gabriela, de 10 anos.

João contou que em casa incentiva a discussão sobre política e participou da passeata para estimular as filhas. A pluralidade de grupos chamou atenção durante a marcha contra a corrupção. Três pessoas do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos, em parceria com o Movimento Feminino Popular, carregaram uma faixa pedindo punição para os torturadores da ditadura militar. Em nota, o grupo afirmou que a Comissão da Verdade precisa ser transparente em suas investigações.

A religião também esteve presente. O filósofo e educador Inri Cristo saiu de seu templo para orar "pelo ideal de um governo transparente, íntegro, que sirva ao povo, em vez de servir-se do povo". Inri, trajando branco, com uma imitação de coroa de espinhos na cabeça, foi carregado em um trono durante o trajeto da passeata. "Concordei em vir quando comprovei que o movimento era apolítico e arreligioso. E porque entendo que a corrupção está em todo o tipo de governo, seja socialista, comunista ou capitalista. Temos é que ter leis adequadas para diminuir esse descalabro", destacou.

Vaias para o governador

O governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), foi vaiado após o locutor oficial do desfile militar anunciar que ele iria recepcionar, ao lado do ministro da Defesa, Celso Amorim, a presidente Dilma Rousseff. As vaias partiram da arquibancada posicionada quase em frente ao palanque presidencial. Entre os manifestantes, havia mulheres de militares que reivindicam melhorias salariais para os maridos. Depois do desfile, ao ser questionado, Agnelo disse que não ouviu a manifestação popular. "O clima era de total harmonia", disse.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Novas práticas - Merval Pereira

O julgamento do mensalão está provocando na opinião pública um debate que até bem pouco não se considerava possível, dentro da tradição brasileira de leniência com a corrupção pública.

Éverdade que não houve mobilização para grandes manifestações nas ruas das principais capitais do país, e nem mesmo em Brasília houve a movimentação que se esperava, a ponto de o Supremo Tribunal Federal ter contratado segurança particular reforçada. Mas também o mensalão não virou "piada de salão", como está prestes a descobrir na própria pele o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que fez essa previsão anos atrás, quando se considerava inalcançável pela Justiça brasileira.

A repercussão de suas consequências já se faz sentir tanto nas redes sociais, que escolheram o ministro relator Joaquim Barbosa como seu herói, quanto nas pesquisas eleitorais que estão mostrando a perda de substância política do PT em áreas onde sempre foi bem votado ultimamente, como o Nordeste.

As capitais do país, onde a classe média tem mais peso, estão até o momento rejeitando os candidatos petistas, mesmo que o tema mensalão não tenha entrado com toda força nas campanhas eleitorais e que se saiba que questões locais têm grande influência nas eleições municipais.

O ex-presidente Lula tinha razão quando tentou, ultrapassando todas as margens de segurança e civilidade democrática, adiar o julgamento para depois das eleições. Ele sabia que a combinação dos dois não faria bem à saúde do PT, muito embora os demais partidos também tenham suas culpas parecidas.

O problema do PT é que o julgamento dos políticos do DEM e do PSDB envolvidos em mensalões semelhantes em Brasília e em Minas não está sendo realizado neste momento.

No entanto, a jurisprudência que está sendo criada pelo Supremo Tribunal Federal certamente levará a que os próximos julgamentos desse tipo de crime ocorram sob critérios mais rigorosos do que, por exemplo, aquele que liberou o ex-presidente Collor de Mello.

Além do fato de ele ter sido impedido pelo Congresso, no que parecia ser na ocasião uma punição mais que suficiente por inédita, os hábitos e costumes do país foram se aperfeiçoando, embora estejam longe do ideal.

Uma demonstração clara dessa mudança cultural que vai se forjando no país é a reação generalizada dos advogados criminalistas, e não só os de defesa, e dos petistas ao posicionamento dos juízes do STF. Alguns dos maiores criminalistas do país estão sendo derrotados, uns por unanimidade, porque basearam suas defesas em teses anacrônicas que o plenário do Supremo está se encarregando de destruir. E tudo dentro dos melhores preceitos constitucionais e da jurisprudência da Corte.

Da mesma maneira, seria impensável há poucos anos a aprovação de uma lei como a do Ficha Limpa, que a muito custo estamos implantando. Também é novidade bem recebida a devolução do dinheiro roubado em diversas instâncias, como começou a ser feito agora no país.

O deputado federal Paulo Maluf luta há anos para preservar o dinheiro que jura não ter no exterior, mas mais cedo ou mais tarde terá que devolvê-lo aos cofres públicos. O ex-senador Luiz Estevão vai devolver R$ 468 milhões após acordo com Advocacia Geral da União, parte dos recursos desviados do TRT de São Paulo em um dos maiores escândalos de corrupção no país.

Também com relação ao mesmo escândalo, a Suíça autorizou repatriar US$ 7 milhões de conta de ex-juiz Nicolau, dinheiro que estava retido desde 1999 em conta de um banco suíço.

A surpresa das condenações de réus do mensalão já faz com que a opinião pública fique, em vez de saciada em sua sede de Justiça, mais exigente.

Afinal, se deputados federais e ex-ministros estão prestes a ir para a cadeia, e também banqueiros há muito tempo envolvidos em irregularidades nunca punidas, por que não sonhar mais longe e pensar além?

Se o dinheiro roubado é público, como decidiu a maioria do plenário do STF, quem vai reembolsá-lo ao governo? O PT? Os demais ladrões? O Banco Rural?

Até o momento nenhum juiz tocou nesse assunto, que certamente será abordado, assim como o ministro Cezar Peluso, antes de se aposentar, incluiu na pena do réu João Paulo Cunha a cassação de seu mandato.

Deveria ser uma consequência natural da condenação, mas ainda assim a Câmara dos Deputados reage à punição, tentando transformá-la em um assunto interna corporis, quando se trata de um servidor público que desmereceu o cargo que ocupa.

FONTE: O GLOBO

Fora do lugar - Fernando Rodrigues

Dilma Rousseff usou cadeia nacional de TV para fazer o tradicional pronunciamento presidencial de 7 de Setembro, nesta semana. Falou por 11 minutos.

A Folha já havia anunciado o que era para ter sido a principal novidade concreta -a promessa de reduzir a tarifa de energia elétrica. Sobrou então algo que ficou fora do lugar. Dilma deu uma pedrada na administração de Fernando Henrique Cardoso.

Foi um "momento Zagallo" da presidente da República. Assim como o ex-técnico da seleção brasileira de futebol, Dilma achou um espaço para ser ranzinza e reclamar de seus críticos no meio de uma festa.

O 7 de Setembro é um momento de alegria. A presidente estava dando um presente aos brasileiros (a redução na conta de energia). O Brasil completou 190 anos de independência. Mas Dilma decidiu criticar FHC, mesmo ainda que não tenha citado o tucano nominalmente. Comparou PT e PSDB ao tratar do modelo de concessões de serviços federais à iniciativa privada.

A privatização petista, disse Dilma, será "um novo tipo de parceria" e "que trará benefícios para todos os setores da economia e para todo o povo brasileiro".

Já o processo seguido por FHC foi diferente. O "modelo de privatização de ferrovias" foi "questionável", pois "torrou patrimônio público para pagar dívida, e ainda terminou por gerar monopólios, privilégios, frete elevado e baixa eficiência".

Os defeitos nas privatizações tucanas são incontestáveis. Mas o ponto aqui é outro. É apropriado a presidente usar uma rede nacional de TV para atacar seus adversários políticos? Os partidos têm, a cada seis meses, direito de ir à TV. Dilma pode falar o que bem entender na propaganda do PT.

Ao rasgar a fantasia e fazer política partidária sentada na cadeira presidencial, Dilma Rousseff manda um aviso: 2014 chegou e ela está em campanha pela reeleição.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Serra acusa Dilma de usar pronunciamento para fazer ‘política eleitoral’

Presidente anunciou anteontem corte na tarifa de energia e criticou concessões no governo FH

Leonardo Guandeline

SÃO PAULO – O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, classificou nesta sexta-feira de “política eleitoral” o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff (PT) feito na véspera, em cadeia nacional de rádio e televisão. Durante anúncio de corte de 16,2% na tarifa de energia elétrica residencial a partir do ano que vem, Dilma criticou as concessões durante o governo Fernando Henrique Cardoso e bateu duro contra os bancos.

- Ela está usando a cadeia nacional para fazer política eleitoral. Isso não é novidade. O PT sempre usou dessa prática. Ela fazer campanha eleitoral é normal, faz parte do jogo. Agora, usar a cadeia nacional para fazer política eleitoral está muito errado – ressaltou o tucano.

O tucano esteve nesta sexta-feira no bairro da Liberdade, centro de São Paulo, reunido com lideranças de movimentos por moradias populares. Durante discurso a uma plateia de cerca de 700 pessoas, criticou o adversário Fernando Haddad, dizendo que as promessas de campanha do petista no horário eleitoral são “delírios digitais”, em alusão aos efeitos especiais utilizados na propaganda de Haddad.

- Campanha não é mercado para vender ilusões. Não é ficar apresentando efeitos especiais de internet, com tecnologia digital.

Serra, no entanto, não quis comentar as recentes trocas de farpas entre o candidato Celso Russomanno (PRB) e o prefeito Gilberto Kassab (PSD), aliado do tucano, sobre políticas de segurança pública em São Paulo. Após Kassab classificar de “loucura” uma das propostas do candidato – a de cadastrar os guardas nortunos da cidade e dar a eles um rádio para que possam se comunicar com a polícia-, Russomanno rebateu, dizendo que o prefeito “devia enfiar o rabo entre as pernas”, pois nada fez pela cidade na área. Hoje, o candidato do PRB defendeu a sua proposta.

- Quem é que começou a baixar o nível? – retrucou o ex-governador, questionado sobre as rusgas envolvendo o líder nas pesquisas e o atual prefeito paulistano.

O tucano disse que pretende, além de construir moradias populares nos próximos 4 anos e expandir a carta de crédito à população, urbanizar mais 200 favelas na capital paulista, transformando-as em bairro.

FONTE: O GLOBO

Embate inflama petistas e tucanos

Em mais um capítulo da troca de farpas entre Dilma e FHC, adversários partidários avaliam que as divergências estão ligadas ao mensalão e às eleições municipais

Paulo de Tarso Lyra, João Valadares

A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estão amuados e o relacionamento político entre os dois não é mais como era antigamente. O julgamento do mensalão, as disputas municipais — com ênfase na batalha pela prefeitura de São Paulo — e o debate conceitual entre concessões e privatizações marcaram uma semana que se iniciou com um artigo de Fernando Henrique Cardoso, prosseguiu com uma nota da presidente e terminou com um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão. Em todos eles, farpas, divergências e um rompimento que não se sabe se será eterno.

Na noite de quinta-feira, em pronunciamento de rádio e televisão para celebrar a Independência do Brasil, Dilma anunciou a redução dos preços da energia elétrica para consumidores residenciais e empresários. Mas não deixou de alfinetar os tucanos. "Ao contrário do antigo e questionável modelo de privatização de ferrovias, que torrou patrimônio público para pagar dívida, e ainda terminou por gerar monopólios, privilégios, frete elevado e baixa eficiência, o nosso sistema de concessão vai reforçar o poder regulador do Estado para garantir qualidade, acabar com os monopólios e assegurar o mais baixo custo de frete possível", disse a presidente.

Petistas e tucanos têm suas próprias justificativas para o fim da lua de mel política. Líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR) afirma que, na verdade, as palavras da presidente embutem o desespero petista de naufragar nas eleições municipais de outubro. Vai além: afirma que a possível rejeição dos candidatos do PT — em Recife, Fortaleza, Salvador e Belo Horizonte, por exemplo, a legenda enfrenta dificuldades — não é apenas motivada por análises administrativas.

Segundo ele, os eleitores estão levando em conta o julgamento do mensalão, no Supremo Tribunal Federal, para descartar um voto em candidatos petistas. E que Dilma, ao assumir o papel de crítica acirrada de Fernando Henrique, repete o receituário que sempre foi adotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ela demonstrou ser uma aluna disciplinada e obediente do ex-presidente Lula. O discurso proferido é ufanista e não é sincero. A presidente faz ataques a feitos anteriores para justificar fracassos atuais."

Repetição

Alvaro Dias viu poucas novidades na fala da presidente. "Ela fez apenas uma repetição de anúncios. Concessão é o apelido moderno de privatização. Em sua fala, apresentou-se ao povo brasileiro como generosa porque vai reduzir a conta de energia, mas não salientou que isso só ocorreu em virtude de uma decisão do Tribunal de Contas da União."

O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), divertiu-se ao saber que os tucanos seguem comparando as concessões do governo Dilma com as privatizações do governo FHC. "Isso só pode ser brincadeira. Eles fogem do debate porque sabem que vão perdê-lo." Para o líder petista, a intervenção da presidente foi importante, justamente, para se contrapor ao discurso entoado pelo tucanato. "A presidente precisava marcar essa diferença", completou.

Além do mensalão e do debate concessão versus privatização, o aumento no tom dos discursos tem como pano de fundo as eleições municipais de São Paulo. Coincidência ou não, nesta semana tanto Fernando Henrique Cardoso quanto a presidente Dilma Rousseff entraram oficialmente nas propagandas eleitorais. Dilma gravou para o candidato do PT, Fernando Haddad, enquanto Fernando Henrique participou do horário eleitoral de José Serra. "Ele precisa, de fato, ajudar o Serra, que está derretendo a olhos vistos nas pesquisas eleitorais", disse ao Correio o presidente municipal do PT em São Paulo, Antonio Donato.

Nas últimas pesquisas extraoficiais feitas pelo PT — os chamados trackings —, Serra aparece empatado com Haddad, com 16%. Donato garante ter visto um levantamento de uma legenda que está na coligação serrista mostrando o candidato tucano com 15,4%, para provar que não é má vontade do comando de campanha do PT em São Paulo.

Além disso, ele garante que o candidato do PSDB está definhando a olhos vistos na chamada extrema periferia de São Paulo. "O PSDB sempre teve entre 20% e 25% nessas regiões, frutos de alguns programas estaduais e dos genéricos, principal marca de Serra no Ministério da Saúde. Nós já identificamos que esse percentual, atualmente, está em 10% e 12%", completou Donato.

Um dos poucos políticos que utilizaram a imagem de Fernando Henrique na própria campanha — e foi eleito por isso — é o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP). "Eu usei e acredito que tenha acertado na decisão. Foi importante para mim, pois era pouco conhecido e Fernando Henrique lembrou que eu tinha sido ministro dele", completou.

Reviravolta

21 de fevereiro de 2011
Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso se cumprimentam no aniversário de 90 anos do jornal Folha de S.Paulo. A presidente diz que gostaria de conversar com o tucano e este se coloca à disposição.

18 de março de 2011
Dilma convida Fernando Henrique e outros ex-presidente para almoço no Itamaraty em homenagem ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Lula não aparece.

12 de junho de 2011
Dilma encaminha telegrama ao ex-presidente parabenizando-o pelo aniversário de 80 anos. Reconhece, inclusive, a importância da estabilidade econômica implantada na gestão de FHC, com a criação do Plano Real.

25 de outubro de 2011
Dilma recebe Fernando Henrique e demais integrantes do The Elders, grupo formado por ex-governantes voltado para debater soluções para problemas mundiais, para um jantar no Palácio da Alvorada. Além de FH, participaram do encontro a ex-primeira-ministra da Noruega Gro Bruntland; a indiana Ela Bhatt e o ex-presidente americano Jimmy Carter.

25 de janeiro de 2012
Dilma e Fernando Henrique voltam a trocar elogios públicos na cerimônia de entrega de uma medalha comemorativa do aniversário de São Paulo.

2 de setembro de 2012
Fernando Henrique publica artigos em dois jornais criticando o governo Lula e dizendo que a presidente recebeu uma "herança maldita".

3 de setembro de 2012
Dilma divulga dura nota oficial defendendo o antecessor, afirmando que recebe uma "herança bendita" e não um país recém-saído de um apagão e com um empréstimo enorme do FMI.

6 de setembro de 2012
Em cadeia de rádio e televisão, Dilma afirma que concessões não são privatizações e que essas serviram para se "torrar o patrimônio para o pagamento da dívida pública".

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Verdade conveniente - Míriam Leitão

Quem olhar só os números achará que o governo Barack Obama aumentou o desemprego, o déficit e a dívida. Mas quem sabe o que se passou na história recente americana entende que estourou no colo do presidente uma bomba de efeito retardado. Os republicanos, claro, apresentaram só os números em sua convenção. Os democratas tentaram contextualizar a crise.

Na comparação das duas convenções, um fato salta aos olhos. Os republicanos não levaram o ex-presidente deles. George Bush atrapalharia. Os democratas deram o momento de honra ao ex-presidente deles. Coube a Bill Clinton oficializar a candidatura de Obama num discurso em que esbanjou charme e argumentos. Clinton tem mais popularidade que Obama e sua presença traz a lembrança dos velhos e bons tempos.

Nos anos dourados de Clinton houve quase pleno emprego, a economia aumentou a produtividade, o país teve superávit, a dívida bruta caiu para 54%. Essa herança foi dilapidada por Bush, que teve déficit todos os oito anos, pelos enormes custos das duas guerras que iniciou.

Quem olhar o desemprego e não souber do contexto achará a administração Obama um desastre. A taxa salta de 6% para quase 10% no primeiro ano de governo. Mas isso foi uma crise herdada. Clinton repôs o contexto. Lembrou que nas seis semanas antes de Obama ser eleito o país viveu o pior crash desde a Grande Depressão. E fez outra conta:

- De 1961 para cá, os republicanos governaram o país por 28 anos, e os democratas, por 24 anos. Nesse período, foram criados 66 milhões de empregos: 24 milhões pelos republicanos e 42 milhões pelos democratas.

Ele creditou essa diferença aos valores do Partido Democrata. A diversidade, as oportunidades iguais, a rede social são, disse Clinton, boas para a economia. O que não disse é que Obama conquistou avanços, mas ficou aquém da revolução que prometeu ser.

Na política é assim. Cada um conta sua verdade conveniente. Lá e cá. A briga entre o ex-presidente Fernando Henrique e a presidente Dilma mostrou isso. FH errou ao tentar separar Lula e Dilma. A presidente não estaria em sua cadeira se não fosse Lula. Ela tem inegáveis méritos, mas sem Lula sequer seria escolhida pelo partido.

Quando respondeu, a presidente desafinou. O país não estava sob intervenção do FMI quando FH entregou o governo. Fora pedido um empréstimo ao Fundo para ser quase todo liberado no governo Lula. Era para ajudar a transição. A fuga de capitais era medo do velho programa econômico do PT, em boa hora abandonado. Não havia risco de apagão em 2003. Houve em 2001. Quando Lula assumiu, o problema estava resolvido.

A nota da presidente ataca FH, mas não rebate seus argumentos. Fernando Henrique, por sua vez, ataca a "crise moral", mas no caso de Eduardo Azeredo o PSDB o defendeu e, na época, o manteve na presidência do partido. Dilma disse que Lula é "um democrata que não caiu na tentação de mudança constitucional que o beneficiasse". FH carregará sempre o peso de ter aprovado a reeleição no meio do mandato, mas o PT no poder não a aboliu.

Dilma disse ter recebido "uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recordes". As reservas eram recorde, a inflação estava sob controle porque foram mantidas as bases do Plano Real de FH. Os investimentos em infraestrutura foram baixos nos dois governos. Agora, se o crescimento era mesmo "robusto", a culpa do pibinho dos últimos dois anos recai inteiramente sobre ela. E essa ideia não é conveniente para a governante.

FONTE: O GLOBO

Em Recife, O anti-Lula estreia nas ruas com Geraldo

JARBAS COM O PSB

Principal oponente de Lula e aliado do PSDB nas cinco últimas eleições presidenciais, Jarbas Vasconcelos debuta hoje, nas ruas, com Geraldo e Eduardo

Ana Lúcia Andrade

O PSB do governador Eduardo Campos pensou em tudo. Ciente do risco de que a imagem de “anti-Lula” – impressa na presença do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) – poderia prejudicar o palanque do candidato a prefeito Geraldo Julio, e convicto de que o PT tiraria proveito dessa aliança, o partido traçou um papel bem específico para o peemedebista cumprir na campanha. Jarbas vai às ruas hoje com Geraldo mas, assim como no programa eleitoral gratuito, será apresentado como o “aprovado” ex-prefeito do Recife, abastecido pelas ações que deram certo nas duas passagens do senador pela prefeitura.

Não é à toa que a área escolhida para o desfile será Casa Amarela, um dos bairros mais “simpáticos” à gestão e ao político peemedebista. No programa eleitoral de Geraldo Julio, o senador foi escalado para preencher o vácuo deixado pelas gestões do PT no bairro do Recife Antigo. A área recebeu de Jarbas atenção especial que terminou “obrigando” os petistas a não interromperem alguns projetos, como o Festival da Seresta.

Outra forma que o PSB encontrou de não “contaminar” o palanque de Geraldo Julio com a pecha do “anti-Lula” de Jarbas foi a de não embarcar na nacionalização da disputa alimentada pelo PT. Trabalham com todo cuidado para que o palanque de Geraldo se alimente apenas do valor de Jarbas que, na avaliação dos estrategistas da campanha, agrega à campanha do candidato socialista: o de bom gestor. O senador também colabora com o discurso que proclama Eduardo Campos: o da união de todos por “um novo Recife”.

Estratégias à parte, o fato é que na “folha corrida” de Jarbas Vasconcelos, principalmente em sua atuação como senador de oposição ao ex-presidente Lula no Senado, há uma longa lista de duras críticas e fortes acusações contra o petista (leia frases em destaque nesta página). Aliado do PSDB nas últimas cinco eleições presidenciais, Jarbas foi mordaz nos ataques ao ex-presidente, principalmente nas disputas em que o candidato tucano era José Serra, com quem nutre além da relação política uma grande amizade.

Se esse “passivo” do senador Jarbas Vasconcelos lançará sobre o palanque do PSB no Recife algum vestígio anti-Lula, os últimos dias da campanha dirá. Provavelmente não. Ajudado principalmente pelo próprio ex-presidente que passou a campanha inteira longe do Recife e, em momento algum, deu voz a esse discurso.

Na estreia de Jarbas, hoje, na campanha de rua de Geraldo Julio, está prevista a participação de peemedebistas históricos ligados ao senador, no evento batizado pelo PSB como “a maior caminhada da campanha” de Geraldo Julio. Jarbas estará ao lado do governador Eduardo Campos (PSB,) que já participou de três eventos “corpo a corpo” do seu candidato a prefeito do Recife. A caminhada de hoje também marca o retorno de Jarbas e Eduardo juntos nas ruas, após mais de 20 anos em campos opostos.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Em Recife, esforço de campanha para levar no 1º turno

Manoel Guimarães

Líder nas pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura do Recife, após ter largado em quarto lugar, o candidato do PSB, Geraldo Julio, alfinetou o adversário Humberto Costa (PT), durante evento ontem na praia de Boa Viagem, em resposta à iniciativa da equipe jurídica do petista de solicitar à Justiça Eleitoral os questionários e documentos relativos à pesquisa JC/IPMN divulgada quinta-feira (6). Na amostragem, Humberto caiu para 26% e foi ultrapassado por Geraldo, que obteve 34%.

“Cada candidato escolhe o seu comportamento. O meu é propositivo”, provocou o socialista. Apesar da liderança nas pesquisas, Geraldo disse que pretende continuar ampliando a divulgação de sua candidatura no esforço de ganhar a eleição no primeiro turno. “Vamos intensificar a campanha, continuar ampliando o conhecimento da nossa candidatura e firmar mais compromissos com a população”, prometeu.

Na praia, o socialista inaugurou a barraca “Ponto 40”, local que servirá como ponto de encontro dos militantes e não de distribuição de material, segundo informou o socialista. Neste fim de semana, além de comandar hoje a caminhada em Casa Amarela com as presenças do governador Eduardo Campos (PSB) e do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), Geraldo gravará para o guia eleitoral e participará do debate da Rede TV!/Folha de S.Paulo, amanhã, no Empresarial JCPM.

FONTE; JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Lula e Aécio medem força em Minas

BELO HORIZONTE – A predominância do uso de cabos eleitorais de peso como ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB), que marca as campanhas de Patrus Ananias (PT) e do prefeito Marcio Lacerda (PSB) para a Prefeitura de Belo Horizonte, não está restrita à capital. A participação do petista e do tucano também têm peso decisivo nas estratégias eleitorais de candidatos em diversos municípios do interior de Minas Gerais e os dois já começam a aparecer nas propagandas eleitorais gratuitas locais.

Quando esteve em Belo Horizonte para um comício de Patrus, no último dia 31, Lula participou de sessões de fotos e gravações com cerca de 40 candidatos do PT a prefeitos de municípios mineiros acima de 50 mil habitantes. O material já começou a ser divulgado em cidades como Montes Claros, no norte do Estado, nos programas do candidato a prefeito do PT, deputado estadual Paulo Guedes.

Também está prevista a veiculação de programa dos candidatos petistas às prefeituras de Contagem e Betim, na região metropolitana da capital mineira, onde Lula aparece batendo papo respectivamente com o deputado estadual Durval Ângelo e a prefeita Maria do Carmo Lara, que disputa a reeleição “O presidente Lula é muito querido e sua participação pode ser decisiva nas campanhas”, avaliou um dos dirigentes do PT mineiro.

O senador Aécio Neves, por sua vez, já gravou declarações de apoio para cerca de 200 candidatos a prefeitos do PSDB e de partidos aliados, a maioria deles de Minas. Na mesma Montes Claros, o senador e o governador do Estado, Antonio Anastasia (PSDB), também já aparecem no material veiculado pelo candidato Jairo Ataíde (DEM), ressaltando a possibilidade de “parceria” entre uma eventual gestão do democrata e o Executivo estadual.

O senador também já começou a se engajar pessoalmente nas campanhas de correligionários como Toninho Andrada, de Barbacena, e Custódio Mattos, em Juiz de Fora, cidades nas quais Aécio participou de atos de campanha durante a semana. “Vamos todos juntos a partir de hoje (ontem)”, declarou o tucano.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Milícias: candidato do PSOL nega crise e critica postura de Paes

Na Zona Oeste, prefeito diz que esse é um assunto apenas do adversário

Vera Araújo

O candidato à prefeitura do Rio pelo PSOL, Marcelo Freixo, negou ontem que o partido esteja enfrentando uma crise, depois da descoberta de um candidato a vereador suspeito de ligações com milicianos. Segundo ele, o PSOL foi rápido na decisão de expulsar da legenda Rosenberg Alves do Nascimento, o Berg Nordestino, e agiu com coerência para o enfrentamento ao crime organizado.

No entanto, Freixo não deixou de alfinetar a coligação que apoia o prefeito Eduardo Paes (PMDB), dizendo que até agora nada foi feito contra o candidato a vereador Wagner Nicácio de Souza, o Wagner Bororó, presidente licenciado da Associação de Moradores da Grota, no Complexo do Alemão, investigado pela polícia como suspeito de negociar apartamentos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

- É evidente que não podemos atribuir isso ao prefeito. Esse candidato (Bororó) continua fazendo campanha. O problema é como você reage a isso. O diretório estadual do PSOL agiu com firmeza e rapidez expulsando ele (o Berg) por manter relações políticas com milicianos que nós enfrentamos.

Em nota o deputado federal do PSOL Chico Alencar, enfatizou que o partido agiu prontamente: "Os partidos fazem cara de paisagem, enquanto nós cortamos o mal pela raiz. É palmar que reconhecemos o erro e vamos apertar ainda mais os nossos mecanismos de triagem - éticos, políticos, ideológicos - para filiação e candidaturas.

Paes: "Isso compete ao PSOL"

Freixo esteve ontem de manhã na concentração do evento "Grito dos Excluídos", na esquina da Avenida Presidente Vargas com Rua Uruguaiana, próximo ao local do desfile de 7 de setembro.

O candidato do PSOL foi além, lembrando que, o secretário da Casa Civil, Pedro Paulo Carvalho, que é um dos coordenadores da campanha de Paes, sabia sobre os milicianos, porque foi integrante da CPI das Milícias, em 2008.

Em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, principal área de ação dos milicianos na cidade, Eduardo Paes disse que não vai comentar mais sobre o assunto. Durante "correata", mistura de passeata com carreata, na Colônia Juliano Moreira, o prefeito chegou a afirmar que o assunto é passado:

- Não vou ficar comentando. Isso compete ao PSOL e não a mim.

FONTE: O GLOBO

Mensalão é tema de Serra e Haddad

Após mais de um mês de julgamento, o escândalo do mensalão virou tema de campanha em São Paulo. O tucano José Serra mencionou o caso na TV e fez críticas ao PT. O petista Fernando Haddad reagiu acusando Serra de baixar o nível da campanha.

Serra fala do mensalão na TV, e Haddad reclama de "provocação"

Tucano critica pronunciamento de Dilma; Marta estreia na campanha do PT

Leonardo Guandeline, Silvia Amorim

SÃO PAULO O escândalo do mensalão esquentou a eleição em São Paulo ontem. Em seu programa de rádio e TV, o candidato do PSDB à prefeitura, José Serra, mencionou, pela primeira vez, o caso que está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O candidato do PT, Fernando Haddad, reagiu acusando Serra de baixar o nível da campanha.

- Não adianta dizer que faz o bem, agindo mal. Eu falo isso porque São Paulo e o Brasil estão vendo o STF julgar o mensalão, mandando para a cadeia um jeito nefasto, maléfico de fazer política - disse Serra, que está empatado tecnicamente nas pesquisas com Haddad.

O petista classificou como "provocação" a estratégia de Serra, e disse que o tucano deveria usar a TV para explicar por que a gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) é mal avaliada:

- Não vou responder a esse tipo de provocação porque não vai contribuir para o debate. Em vez de justificar o legado que estão deixando para a cidade, ele parte para uma ofensiva pessoal que não vai levar a nada e não diz respeito à nossa candidatura.

Serra critica pronunciamento de Dilma

Serra também classificou de "política eleitoral" o pronunciamento feito pela presidente Dilma Rousseff, na véspera, em cadeia nacional de rádio e TV. Durante anúncio de corte de 16,2% na tarifa de energia elétrica residencial a partir do ano que vem, Dilma criticou as concessões durante o governo Fernando Henrique Cardoso e bateu duro contra os bancos.

- Ela está usando a cadeia nacional para fazer política eleitoral. Isso não é novidade. O PT sempre usou dessa prática. Ela fazer campanha eleitoral é normal, faz parte do jogo. Agora, usar a cadeia nacional para fazer política eleitoral está muito errado - ressaltou o tucano.

Serra esteve ontem no bairro da Liberdade, no Centro de São Paulo, reunido com lideranças de movimentos por moradias populares. Durante discurso para 700 pessoas, criticou Haddad, dizendo que as promessas de campanha do petista no horário eleitoral são "delírios digitais", em alusão aos efeitos especiais utilizados:

- Campanha não é mercado para vender ilusões. Não é ficar apresentando efeitos especiais de internet, com tecnologia digital.

Em sua estreia ontem na eleição em São Paulo, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) ofuscou Haddad numa carreata na periferia da Zona Sul da cidade. Em quase duas horas de percurso entre ruas e vielas com esgoto a céu aberto e moradias irregulares, Marta atraiu a atenção dos eleitores. Foi a primeira vez que os dois apareceram juntos nesta eleição.

- É notável o carinho que as pessoas têm por ela. Marta tem aqui o prestígio que o Lula tem em muitos rincões do Brasil - comentou Haddad.

Marta entrou na eleição depois de uma conversa com o ex-presidente Lula. De cima de um veículo aberto, a ex-prefeita e o ex-ministro acenaram e pediram voto. À senadora, mães pediam que segurasse seus filhos para fazer fotos. Um outro eleitor aproximou-se de Haddad, já durante a carreata, e estendeu-lhe a mão. Não era um cumprimento, mas um pedido para que entregasse a Marta um papel para ela autografar. Haddad atendeu. Eleitores chegaram a se confundir a respeito de quem é o candidato petista.

- Você vai vencer, Marta - disse um rapaz, no fim da carreata.

Hoje está prevista outra carreata com Marta.

FONTE: O GLOBO

PT e PSDB dividem o favoritismo no 'clube do 2º turno'

Somadas, siglas lideram quase metade das pesquisas em 71 cidades com mais de 200 mil eleitores; PMDB e PSB são 3º e 4º na lista

Daniel Bramatti

Nos 71 municípios com mais de 200 mil eleitores onde já foram realizadas pesquisas de intenção de voto, PSDB e PT são os partidos com mais candidatos favoritos nas disputas pelas prefeituras. Nessas cidades, cujo tamanho do eleitorado permite a realização de dois turnos, há 17 tucanos e 16 petistas em primeiro lugar.

Em distantes terceiro e quarto lugar, com nove e sete favoritos, respectivamente, PMDB e PSB vêm a seguir no ranking. O PSDB e o PT se distanciam dos demais em número de líderes, mas há um certo equilíbrio quando se leva em conta o tamanho do eleitorado que cada partido governaria no "clube do segundo turno", caso as eleições fossem hoje.

O PMDB, da mesma forma que o PSDB, está na frente em cidades que concentram 16% do eleitorado desse universo de 71 cidades. PT e PSB também aparecem empatados, com 13%. Ainda há 12 cidades com mais de 200 mil eleitores onde não foram realizados levantamentos de intenção de voto.

Peso político. O desempenho do PSB mostra que o partido do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, está bem posicionado para, eventualmente, até ultrapassar o PT em importância nas cidades grandes e médias.

Candidatos da legenda lideram em capitais de grande peso político em todas as regiões, com exceção da Norte: Belo Horizonte, em Minas Gerais; Curitiba, no Paraná; Recife, em Pernambuco; e Cuiabá, em Mato Grosso. Em Fortaleza, O PSB tem um representante em segundo lugar, mas em ascensão. No Recife, por exemplo, o candidato do PSB à prefeitura, Geraldo Júlio, apoiado por Campos, cresceu 17 pontos porcentuais em 17 dias e, conforme último levantamento do Ibope, chegou à liderança da pesquisa de intenção de votos na capital pernambucana, com 33%, ultrapassando o senador petista Humberto Costa. O candidato do PT sete pontos porcentuais em relação à pesquisa anterior, e aparece em segundo, com 25%.

Já o PT, que hoje administra sete capitais, está à frente em apenas duas, ambas de importância relativa: Goiânia (GO) e Rio Branco (AC). O partido espera reverter o possível quadro de encolhimento com uma eventual vitória em São Paulo, mas o petista Fernando Haddad nem sequer assegurou ainda sua passagem para o segundo turno.

Nanico. Se vencer, Celso Russomanno, líder nas pesquisas na capital paulista, pode fazer o nanico PRB ficar à frente dos grandes partidos no ranking de eleitores governados no clube do segundo turno. Na última pesquisa Datafolha, Russomanno ampliou a liderança. Ele aparece com 35% das intenções de voto. José Serra (PSDB) vem em segundo com 21%, seguido por Haddad com 16%. O tucano e o petista estão em situação de empate técnico.

A cidade de São Paulo, sozinha, concentra 17% do eleitorado das 83 cidades onde a eleição pode ser decidida em duas rodadas. Em 40 das 71 cidades avaliadas pelo Estado, o líder nas pesquisas tem menos de 40% das intenções de voto. Isso significa que sua posição não está consolidada, e que a maioria das disputas pode ser decidida no segundo turno. Do total de pesquisas analisadas, 80% foram feitas em agosto ou setembro.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Economistas veem risco de PIB medíocre na gestão Dilma

O Brasil está predestinado a registrar crescimento medíocre no governo Dilma, porque o modelo econômico da era Lula está esgotado, na avaliação do economista Samuel Pessoa. Para Armínio Fraga, o crescimento da demanda precisa vir com o da oferta, "o que não acontece". Outros discordam e veem uma "nova realidade" com PIB menor.

Dilma não repetirá o ritmo de Lula, analisa economista

Para pesquisador da FGV, modelo de crescimento dos últimos anos esgotou-se

Artigo, que gerou controvérsias, diz que presidente é "mais ideológica" e agirá para proteger a indústria

Patrícia Campos Mello

SÃO PAULO - O Brasil está fadado a ter crescimento medíocre no governo Dilma Rousseff, porque o modelo econômico dos últimos anos está esgotado. Esse é o argumento do economista Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, no artigo "O contrato social da redemocratização e seus limites", publicado na revista "Interesse Nacional".

No momento em que se debate se a desaceleração da economia é conjuntural ou estrutural -o PIB cresceu menos de 1% no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período de 2011-, o artigo gerou discussão nos meios econômicos.

O crescimento no período Lula foi calcado na redução do desemprego e na elevação da capacidade utilizada, dois fenômenos que não voltarão a ocorrer, diz Pessôa, que é colunista da Folha.

Ele afirma que, de 2005 até hoje, o crédito e o aumento da renda real das classes menos favorecidas alimentaram o consumo e foram o combustível do crescimento.

A taxa de crescimento de consumo e investimento somados -taxa de absorção- ficou acima da taxa de crescimento da produção.

Esse modelo chegou a um limite porque eleva salários, corrói a competitividade e gera desindustrialização. "E Dilma é mais ideológica, faz a leitura de que a indústria é um setor especial, não vai permitir que a desindustrialização continue avançando."

Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores, é uma das vozes discordantes. "A ideia de que o modelo dos anos anteriores estaria esgotado não me convence", escreveu Borges em artigo na Folha semana passada.

"Primeiro, porque aqueles que advogam essa tese apontam que esse modelo teria se esgotado por ser baseado apenas em expansão do consumo, sem a contrapartida do investimento. Mas os próprios dados do IBGE mostram que esse não foi o caso: o peso do investimento no PIB, que foi de pouco mais de 16% na média de 2000 a 2007, saltou para cerca de 19% na média de 2008 a 2011."

Para Alexandre Schwartsman, professor do Insper e ex-diretor do Banco Central, o modelo só foi efetivo enquanto houve ganhos crescentes nos preços de commodities -que em 2011 atingiram um pico histórico.

"Com a desaceleração global, não vamos manter esses ganhos ano após ano", diz o colunista da Folha. "O modelo não está necessariamente esgotado, mas, com a nova realidade, ficamos com um crescimento bem abaixo do teto de 3%, em vez de 4,5%."

Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e fundador da Gávea Investimentos, concorda com Pessôa.

"É natural e desejável que o consumo cresça, e que parte desse crescimento ocorra através do crédito, mas sem exageros. No entanto, o crescimento da demanda precisa vir acompanhado do crescimento da oferta, o que não vem acontecendo em ritmo suficiente para manter o crescimento do PIB em 4%, 5% ao ano", disse à Folha.

Segundo o Banco Central, o endividamento das famílias é de 43,4% da renda.

Juros

No texto, Pessôa diz que uma das grandes bandeiras da presidente -a redução da taxa de juros- tem seus efeitos superestimados. Segundo ele, a redução do custo de rolagem da dívida pública terá impacto pequeno.

O setor público paga cerca de 5% do PIB de juros. Descontada a correção monetária e a tributação sobre os juros, os ganhos não passariam de 1,5% do PIB. "O efeito não é desprezível, mas não é a salvação da lavoura que vem sendo anunciada."

Mais à esquerda, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor titular do Instituto de Economia (IE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), vê simplismo nessa conclusão.

"A queda da taxa de juros vai gerar outros benefícios além da economia com o pagamento, os bancos estão criando novos instrumentos financeiros mais compatíveis com financiamento de longo prazo, que terão impacto no crescimento", diz.

No artigo, Pessôa também afirma que a série de medidas de desoneração e conteúdo nacional adotadas pelo governo nos últimos anos para estimular a indústria e o consumo reduzem a eficiência e a produtividade.

Segundo Schwartsman, o governo tenta usar o mesmo remédio aplicado após a crise de 2008 -mas dessa vez não está funcionando.

"Em 2008, as medidas de estímulo tiveram mais efeito porque saíamos de um nível de desemprego mais alto e utilização de capacidade mais baixa. Agora, a eficácia dessas mesmas medidas, que o governo tentou usar novamente, é limitada."

Luiz Fernando de Paula, presidente da Associação Keynesiana Brasileira e professor titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), discorda.

"Dada a conjuntura atual, de forte tendência à desindustrialização, é melhor do que nada. Fundamental é mexer no binômio taxa de juros alta/câmbio apreciado, combinado com uma política industrial inteligente que estimule exportações de maior valor agregado."

Economistas à esquerda e à direita concordam em um ponto: o novo pacote de concessões anunciado pela presidente Dilma, caso bem executado, vai no caminho correto -aumentar investimentos, a capacidade de oferta da economia brasileira.

É o contrário das medidas de estímulo dos últimos meses -mais focadas em aumentar o consumo com reduções de impostos.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

O sabor do bolo - Cristovam Buarque

Por 50 anos, as forças conservadoras têm dito que é preciso crescer o bolo para depois distribuir; e as forças progressistas afirmam que é preciso distribuir para fazer o bolo crescer. O bolo cresceu, mas ficou amargo. É hora de pensar qual o sabor que desejamos para o bolo produzido pela economia brasileira.

Nesse período, a produção cresceu e nos fez a sexta economia do mundo, com R$ 4,1 trilhões por ano, sendo R$ 21 mil para cada brasileiro; as ruas estão cheias de carros, e as casas, de eletrodomésticos. Mas, ao redor desta abundância, o país continua entre os mais desiguais do mundo, com 10% de sua população analfabetos; 3,8 milhões de crianças fora da escola, das quais muitas nas ruas; as notas do Ideb envergonham e amarram o progresso; as florestas queimam; os campos estão vazios e as cidades, inviáveis. Além disso, a violência no trânsito e no crime deixam cerca de 100 mil mortos por ano, além de dezenas de milhares de deficientes que fazem o Brasil parecer um país recém-saído de uma guerra.

O crescimento econômico baseado no aumento do consumo no mercado interno e na produção de commodities está se esgotando pela falta de poupança e investimentos, pelo endividamento das famílias, por razões ecológicas ou pelo risco de redução na demanda externa. O estado de bem-estar, incluindo as transferências de renda, não está criando portas de saída para a pobreza e se esgota financeiramente.

O futuro, mesmo se o bolo crescer, não parece promissor. No lugar de crescer para distribuir ou distribuir para crescer, é preciso mudar a receita do bolo, reorientar o propósito do padrão do avanço econômico, social, ecológico e cultural.

O crescimento econômico deve ser visto como um meio para alcançarmos uma sociedade na qual as pessoas possam andar sem medo; sem a vergonha da posição no campeonato mundial de concentração de renda. Tenha competitividade decorrente de uma população educada e culta; com um sistema de saúde que atenda nossa população; com todas as crianças bem cuidadas, em boas escolas; com um Estado eficiente, capaz de reduzir a carga fiscal e usar os recursos obtidos para oferecer serviços com qualidade ao público de hoje e do futuro; com processo produtivo capaz de concorrer no mercado internacional, não apenas por custo baixo, mas, sobretudo, pela capacidade de inovar e oferecer novos produtos baseados em alta tecnologia.

Tudo isso deve ser parte da receita para o bolo que, ao crescer, carregará o bem-estar social e a distribuição dos benefícios no presente e no futuro.

Para construir esse novo bolo, é preciso mudar o perfil do PIB, não apenas fazê-lo crescer. Ele deve ser produzido a partir do respeito ao meio ambiente e equilíbrio social e priorizar investimentos que levem o país a ter um novo retrato, especialmente na educação de qualidade para todos. Porque a educação é o principal condimento do sabor desejado para o bolo que queremos.

FONTE: O GLOBO