Eu & / Valor Econômico
Só demagogos defendem soluções mágicas. Os
retornos obtidos com a redução de despesas advindas de uma reforma
administrativa virão ao longo de anos
Toda vez que o Congresso Nacional anuncia
que fará uma reforma administrativa, muitos compram a ideia de que sairá daí
uma solução rápida e salvadora para reduzir os gastos públicos. Embora seja
fundamental e possível cortar várias despesas que são ineficientes e injustas,
qualquer grande projeto de reformulação da gestão pública tem de se guiar por
um objetivo maior: criar as condições para servir melhor aos cidadãos. Mais do
que uma proposta restritiva de administração pública, precisamos capacitar o
Estado para responder efetivamente à sociedade.
Há 30 anos pesquiso o tema da reforma do
Estado e da gestão pública. Aprendi muito com minhas pesquisas e consultorias,
e obviamente muito mais com outros estudiosos brasileiros e estrangeiros, sem
me esquecer do aprendizado advindo do convívio com gestores públicos e da
conversa com os vulneráveis que mais dependem das políticas públicas.
Mas meu grande mestre no tema sempre foi Luiz Carlos Bresser-Pereira, com sua sabedoria de fazer as perguntas mais profundas, sua criatividade em propor soluções práticas e inovadoras, sua integridade em lidar com a coisa pública e, não posso esquecer, sua generosidade no debate intelectual. E, dos ensinamentos dele, nunca esquecerei o mais importante: a reforma do Estado tem como pressuposto último melhorar a vida dos cidadãos - o resto deve vir para realizar esse intento.