Valor Econômico
No governo Lula 3, todos são sócios e
concorrentes entre si
O retorno de Lula, em decorrência da
anulação de suas condenações pelo Supremo Tribunal Federal, detonou uma
reconfiguração no jogo do poder tão significativa que a vitória sobre Jair
Bolsonaro foi apenas o primeiro capítulo de uma história que ainda terá muitas
reviravoltas até o final do seu mandato.
Terremoto que abalou as estruturas da
política brasileira, a Operação Lava-Jato decretou o fim da carreira de figurões
de Brasília e dizimou o patrimônio eleitoral de alguns dos partidos mais fortes
da República. De 2014 a 2018, muitos tentaram se apresentar como o novo e
ocupar o vazio provocado pelas prisões e acordos de delação premiada - até que
surgiu Bolsonaro.
Quando Lula deixou a prisão em Curitiba,
abriu-se a possibilidade concreta não apenas de sua volta à Presidência da
República, mas da restauração da ordem política institucional devastada pela
Lava-Jato e pela gestão de Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto.
O terceiro mandato de Lula precisa ser interpretado como a passagem para um futuro que, em muitos sentidos, é também passado. E isso fica muito claro pelos lemas adotados nestes primeiros quatro meses de governo: “União e Reconstrução” e “O Brasil Voltou”.