O Globo
O presidente tem um alto índice de
rejeição. É algo que não se resolve nos últimos dias, porque representa o
julgamento de todo um governo
Esta semana pode ser a última de uma época
marcada pela passagem da extrema direita no poder. Bolsonaro se inspirou no
governo militar, mas a História não se repete. Ele chegou pelo voto e será
despachado pelo voto.
No período militar, a Guerra Fria dominava
o contexto, o comunismo era visto como uma grande ameaça. O medo da época
concentrava-se muito na estatização, na ameaça à propriedade privada.
Bolsonaro manteve o discurso anticomunista,
mas agora centrado nos temas culturais. Os grandes países comunistas não
tiveram peso em suas diatribes, mas sim as organizações multilaterais. Agora
era preciso defender Deus, pátria e família de elementos morais que poderiam
desintegrá-los.
O Brasil era complexo demais para uma visão tão estreita. Mas sua complexidade nos mostrou que há espaço para a extrema direita e que teremos de conviver com ela como uma força considerável, como na França. Possivelmente, aqui como lá, dificilmente será majoritária. Na França, chegou duas vezes ao segundo turno e fracassou.