Tive
um avô que comia doce escondido, fugindo das prescrições médicas. Lembrei-me
dele quando o general Luiz Eduardo Ramos confessou que tomou vacina escondido,
para respeitar a medicina e a ciência:
—
Tomei e vou ser sincero. Como qualquer ser humano, quero viver, pô.
As
coisas mudaram no Brasil de hoje. Um general do Exército toma vacina escondido
porque sabe que, para o governo a que está ligado, isso é uma heresia.
O
que o general esconde é para ele o impulso de qualquer ser humano. Se for um
pouco mais longe, perceberá que está presente em todos os seres vivos.
O
belo documentário sobre os ensinamentos de um polvo mostra suas estratégias de
sobrevivência, ora caçando um camarão, ora escapando de um tubarão, ou mesmo
colocando seus ovos em lugar seguro. Além de sobreviver, os seres vivos tendem
a perpetuar sua espécie, general.
Na
mesma gravação em que confessa sua escapada para a vida, o general Luiz Eduardo
Ramos afirma que está na luta para convencer Bolsonaro a se vacinar também:
—
Não podemos perder o presidente para um vírus desses.
Mas, de certa forma, o general e alguns eleitores de Bolsonaro já o perderam para o vírus desde o momento em que o presidente decidiu negá-lo. Bolsonaro não poderia combater o que não existe, o que não é mais do que uma gripezinha.