segunda-feira, 3 de maio de 2021

Fernando Gabeira - O general pulou a cerca

- O Globo

Tive um avô que comia doce escondido, fugindo das prescrições médicas. Lembrei-me dele quando o general Luiz Eduardo Ramos confessou que tomou vacina escondido, para respeitar a medicina e a ciência:

— Tomei e vou ser sincero. Como qualquer ser humano, quero viver, pô.

As coisas mudaram no Brasil de hoje. Um general do Exército toma vacina escondido porque sabe que, para o governo a que está ligado, isso é uma heresia.

O que o general esconde é para ele o impulso de qualquer ser humano. Se for um pouco mais longe, perceberá que está presente em todos os seres vivos.

O belo documentário sobre os ensinamentos de um polvo mostra suas estratégias de sobrevivência, ora caçando um camarão, ora escapando de um tubarão, ou mesmo colocando seus ovos em lugar seguro. Além de sobreviver, os seres vivos tendem a perpetuar sua espécie, general.

Na mesma gravação em que confessa sua escapada para a vida, o general Luiz Eduardo Ramos afirma que está na luta para convencer Bolsonaro a se vacinar também:

— Não podemos perder o presidente para um vírus desses.

Mas, de certa forma, o general e alguns eleitores de Bolsonaro já o perderam para o vírus desde o momento em que o presidente decidiu negá-lo. Bolsonaro não poderia combater o que não existe, o que não é mais do que uma gripezinha.

Luiz Carlos Azedo - Apagão de emprego e capital

- Correio Braziliense / Estado de Minas

Publicado em 02/05/2021

Além dos 400 mil mortos, uma tragédia social está acontecendo na pandemia, com milhões de brasileiros mergulhados na miséria absoluta, sem ter nem o que comer em casa

O pastor anglicano Thomas Malthus era um pessimista, em meio ao otimismo iluminista do final do século 18. Atribuía aos impulsos sexuais o crescimento da população e, em decorrência, o aumento da pobreza. Era um darwinista social, como o ministro da Economia, Paulo Guedes, que acha absurdo as pessoas quererem viver até os 100 anos e os filhos de porteiros sonharem com aquele canudo de papel do samba O pequeno burguês, grande sucesso de Martinho da Vila.

Somente Thomas Malthus explica a naturalidade com que o presidente Jair Bolsonaro e Guedes estão lidando com a crise sanitária e os 400 mil mortos pela covid-19 já contabilizados no Brasil. A teoria econômica malthusiana sustentava-se na tese de que a produção de alimentos não acompanharia o crescimento da população; porém, com a má alimentação e as doenças, haveria um reequilíbrio, com a redução da expectativa de vida e da taxa de natalidade. Mais semelhança com pensamento dominante no Palácio do Planalto e no Ministério da Fazenda, impossível.

Carlos Pereira* - Governar sai caro para Bolsonaro

- O Estado de S. Paulo

 O custo de governo depende das suas relações com o eleitor e com o Congresso

 O Brasil foi surpreendido com a notícia de que a Lei Orçamentária Anual, além de ter sido aprovada muito tardiamente, alocou o valor de R$ 49,3 bi em emendas dos parlamentares ao Orçamento. Políticas públicas provenientes dessas emendas são peça-chave para a sobrevivência eleitoral de parlamentares, pois, ao nutrir as suas redes locais de interesse nos municípios, elas aumentam as chances de reeleição dos legisladores.

Esse valor é substancialmente maior do que os alocados em anos anteriores. Na realidade, tanto a demanda dos parlamentares por emendas como seu gasto efetivo durante o governo Bolsonaro quase triplicaram: de R$ 19,2 bi para R$ 46,3 bi (LOA) em 2019 e de R$ 5,7 bi para R$ 16,1 bi (pagas) em 2020, respectivamente.

Para abrir espaço a essa demanda vultosa de emendas, os parlamentares subestimaram alguns dos gastos obrigatórios do governo. Diante dos riscos de que essa escolha abrisse flancos jurídicos com a Lei de Responsabilidade Fiscal e com o teto de gastos, o governo foi obrigado a vetá-las parcialmente para o montante de R$ 35,5 bi.

Por que o governo Bolsonaro tem sofrido esse expressivo aumento nos custos de governabilidade?

Moisés Naím - O grande descompasso

- O Estado de S. Paulo

Os políticos deveriam adotar o espírito de experimentação que sempre definiu a ciência

Os cientistas nunca tiveram dúvidas de que teríamos uma vacina contra a covid19. E não estavam errados. Muito poucos, entretanto, previram que tal vacina estaria disponível tão rápido. Acertaram ao presumir que teríamos uma vacina contra esse vírus, mas erraram em suas estimativas da velocidade com que isso aconteceria. A experiência histórica indicava que levaria anos para a vacina se desenvolver e se tornar disponível em grande escala. Os cientistas começaram a pesquisar a covid-19 em janeiro de 2020 e pouco depois estavam prontos para iniciar a fase 3 dos testes clínicos, a qual avalia a eficácia da vacina em um grande número de pessoas. Normalmente, passam-se anos até que qualquer medicamento ou tratamento esteja pronto para os estudos de fase 3. Nesse caso, foram seis meses.

O mesmo está acontecendo com as mudanças climáticas e a revolução digital baseada na inteligência artificial. Os especialistas identificam corretamente as tendências das mudanças, mas subestimam a velocidade com que ocorrem.

O desenvolvimento científico e tecnológico é uma das tendências que sempre definiram a humanidade. Outra tendência histórica é que as novas tecnologias tendem a ter consequências imprevistas na sociedade, na economia e na política. E, claro, nos governos, que estão sempre desatualizados e atrasados nas mudanças tecnológicas.

Bruno Carazza* - A volta dos que não foram

- Valor Econômico

Com CPI da covid, velhas raposas voltam a dar as cartas

No ciclo de 2013 a 2018, as estruturas da política brasileira foram sacudidas por três fenômenos consecutivos e de certa forma inter-relacionados. Os movimentos sísmicos começaram com as manifestações de junho de 2013 e a ascensão do discurso do “não me representam”. Na sequência, muitas lideranças partidárias desabaram diante do terremoto que foi a Operação Lava-Jato. Por fim, nas eleições de 2018, o bolsonarismo chegou como um tsunami, derrubando quase tudo o que restou da velha ordem da Nova República.

Por condenações judiciais ou derrotas impostas pelos eleitores, a lista das vítimas é imensa. Para ficar apenas nos nomes mais significativos que tiveram suas carreiras interrompidas nesse processo estão os petistas Dilma Rousseff, Antonio Palocci, Fernando Pimentel, Jorge Viana e Delcídio do Amaral. Entre os tucanos, não conseguiram ser eleitos ou perderam seus cargos Geraldo Alckmin, Marconi Perillo e Beto Richa.

No MDB tombaram Romero Jucá, Eduardo Cunha, Eunício Oliveira, Garibaldi Alves, Valdir Raupp, Edison Lobão e Geddel Vieira Lima. Entre os membros do DEM, foram abatidos José Agripino, Heráclito Fortes e José Carlos Aleluia. No Centrão caíram ainda Valdemar da Costa Neto e Alfredo Nascimento (PL), além de Roberto Jefferson (PTB), entre muitos outros “peixes pequenos”.

Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República, portanto, com um Congresso em terra arrasada. Além da diminuição no número de políticos experientes, o índice de “senioridade” na atual legislatura caiu (nas minhas contas, 82 deputados eleitos nunca haviam disputado uma eleição sequer na vida) e o grau de pulverização elevou-se - PT e PSL, os dois partidos com maior representatividade no plenário da Câmara, possuem pouco mais de 10% das cadeiras.

Sergio Lamucci - A bonança externa e a oportunidade perdida

- Valor Econômico

Num cenário marcado por diversas indefinições, o Brasil perde a oportunidade de se beneficiar com mais intensidade da atual bonança externa

Com a disparada das commodities, o Brasil vive um choque externo positivo. No primeiro trimestre, os preços de exportação dos produtos básicos subiram 20% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo números da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). Os termos de troca (a relação entre os preços das vendas e das compras externas) estão nos níveis mais elevados desde 2011, o pico do chamado superciclo de commodities, que ganhou força especialmente a partir de meados da década passada.

O país, porém, não aproveita como poderia o efeito favorável do atual quadro externo. A pandemia e as dificuldades fiscais e políticas mantêm a incerteza em nível elevado, impedindo que resultados expressivos dos setores ligados a commodities impactem ainda mais a economia, como diz o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale.

Gustavo Loyola* - Incertezas crescentes, economia estagnada

- Valor Econômico

Foi criado um monstro orçamentário que abre espaço para a violação sistemática do teto de gastos

A “solução” para a questão do orçamento federal de 2021, por meio de alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), configura um atentado grave à responsabilidade fiscal. Foi criado um monstro orçamentário que abre espaço para a violação sistemática do teto de gastos estabelecido pela Emenda Constitucional 95, que tende a virar letra morta como mais uma das leis que não pegaram no Brasil. Tudo resultado de um processo orçamentário caótico, em que falharam a equipe econômica e a articulação política do governo, agravado pelo pouco compromisso do Congresso com a higidez e qualidade das contas públicas.

Há pelos menos dois problemas sérios com o orçamento aprovado para 2021. O primeiro decorre do volume extraordinariamente elevado de despesas - mais de R$ 100 bilhões - que ficam fora do teto de gastos, por estarem ligadas ao enfrentamento da pandemia (gastos com saúde e com programas como o Pronampe) e que serão cobertas por créditos extraordinários. O segundo deriva dos vetos do Executivo que foram necessários nas rubricas relativas às despesas discricionárias, com vistas a acomodar o exagerado volume de emendas introduzidas pelo Legislativo, que podem inviabilizar o funcionamento da máquina estatal e a continuidade de políticas públicas essenciais ao país.

Marcus André Melo* - Lava Jato & Mani Pulite

- Folha de S. Paulo

Só será possível avaliar o impacto da operação após as eleições de 2022

Sérgio Moro e Filippo Mancuso têm duas coisas em comum: ocuparam a pasta da Justiça sob Bolsonaro e Berlusconi. E perderam os cargos em meio às disputas da Lava Jato e de sua congênere italiana, a Operação Mani Pulite (1992-1993).

Mas há também diferenças marcantes entre os dois. Moro foi demitido por Bolsonaro; Mancuso foi destituído do cargo por meio de uma moção de censura no parlamento.

Moro perdeu o cargo por não se curvar a Bolsonaro em sua estratégia de proteger o clã familiar das investigações sobre rachadinhas. Mancuso foi punido por proteger Berlusconi e interferir nas investigações da Mani Pulite e contra a máfia. No parlamento se uniram a esquerda e a Lega Nord.

Sim, a comparação entre o Brasil e a Itália sugere importantes paralelos, mas leva também a erros interpretativos. O sinal político está trocado. As operações anticorrupção levaram à debacle eleitoral dos principais partidos. Na Itália, aconteceu com a Democracia Cristã (DC), de centro-direita, e o Partido Socialista (PSI), de centro-esquerda, da coalizão que estava no poder, e à qual pertenciam 84% dos políticos indiciados. A DC minguou e mudou de nome; o PSI, não elegeu ninguém. Ambos os partidos desapareceram, o que não ocorreu no Brasil.

Celso Rocha de Barros – O governo Bolsonaro está desmoronando

- Folha de S. Paulo

Resta-nos confiar no que ainda temos de burocracia profissional no país

No sábado (1º), velhos vacinados pelo Doria foram às ruas em apoio a Bolsonaro. Parabéns para os chineses: os manifestantes pareciam bem fisicamente, e seus evidentes problemas mentais eram claramente preexistentes.

Mesmo a maior manifestação, no Rio de Janeiro, não reuniu mais do que quatro ou cinco dias de brasileiros mortos durante a pandemia por culpa do governo Bolsonaro. Se a ideia era dizer “se tentarem derrubar Bolsonaro, terão de se ver conosco”, ninguém ficou assustado.

A demonstração de força dos bolsonaristas fracassou, mas o que interessa é que precisaram tentá-la. Eles sabem que Bolsonaro está perdendo.

Ana Cristina Rosa- Biden reconhece o problema

- Folha de S. Paulo

O presidente dos EUA teve a coragem de encarar uma realidade que há séculos macula a história do país

Não é preciso ser formado em psicologia para saber que a solução de qualquer problema passa pelo reconhecimento de que o problema existe. Nesse sentido, o pronunciamento do presidente dos EUA, Joe Biden, ao Congresso foi um bálsamo. Ele não só reconheceu a ferida do “racismo sistêmico” presente na maior democracia do ocidente, mas também admitiu a necessidade de enfrentar a questão.

“Precisamos nos unir para curar a alma desta nação”, disse o democrata. “Depois da condenação do assassino de George Floyd, todos vimos a injustiça na ação contra os negros americanos. Agora é nossa oportunidade de fazer progresso real. (...) Temos uma oportunidade gigante de acabar com o racismo sistêmico que mancha os EUA.”

Ruy Castro - Paixões que pervertem e convertem

-Folha de S. Paulo

Lúcio Cardoso está de volta às livrarias; quem nunca o leu levará um susto

Em 1957, Lúcio Cardoso (1913-68) pediu emprego numa agência de propaganda. Para ser contratado, teve de submeter-se a uma redação. Foi reprovado. O profissional que o avaliou não sabia quem ele era. Ou talvez soubesse muito bem, razão pela qual achou que ele não serviria —e teria razão. Não seria preciso ler “Crônica da Casa Assassinada”, o romance que Lúcio estava escrevendo naquele ano, para saber que ele não se daria bem entre anúncios de sabão de coco ou palha de aço.

Há anos, em meu livro “Ela é Carioca”, arrisquei que, se o Brasil um dia acordar para Lúcio Cardoso, haverá quem se pergunte sobre onde estávamos com a cabeça. Lúcio foi ignorado por não ser “realista”, nem de “esquerda”, nem de “vanguarda” ou qualquer exigência então em moda. Era um autor de livros com mais reflexão que ação, passados nos quartos escuros da alma, num ritmo que não se media por relógios.

Demétrio Magnoli - Envelhecer antes de enriquecer

- O Globo

 ‘Três Anos de Desastres Naturais’ — foi assim que, cinicamente, o Estado maoísta batizou um dos maiores ciclos de fome registrados na história. Na China, entre 1959 e 1962, algo entre 15 e 55 milhões de pessoas morreram de fome. Os “Três Anos de Dificuldade”, na terminologia reinventada em 1981, configuraram o solitário período de declínio populacional desde a fundação da República Popular da China, em 1949. Agora, um tanto ressabiado, o regime chinês prepara-se para anunciar que o declínio populacional tornou-se o novo normal.

O Brasil, sob Bolsonaro, já não consegue realizar censo. A China completou em dezembro seu censo decenal — e descobriu, com alguma surpresa, que sua população não atingiu 1,4 bilhão. Na Grande Fome, a taxa de fertilidade desabou bruscamente de 6,4 filhos por mulher, em 1957, para 3,3, em 1961, antes de se recuperar. Hoje, é de 1,7, pouco menor que a dos EUA (1,8) e aproximando-se da taxa da União Europeia (1,55). A China é o singular exemplo histórico de país que envelheceu antes de enriquecer.

Antônio Gois - Democratização do ensino superior em risco

- O Globo

Na semana passada, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) divulgou um estudo que merece ser lido por todos aqueles que querem entender melhor os avanços e os limites das políticas públicas que levaram a um aumento da democratização do ensino superior brasileiro nos últimos 20 anos. No trabalho, publicado no volume 4 dos Cadernos de Estudos e Pesquisas em Políticas Educacionais, o pesquisador Adriano Souza Senkevics mostra que, até 1998, 75% dos jovens de 18 a 24 anos matriculados em cursos superiores pertenciam aos 20% mais ricos da população brasileira. A partir daquele ano, porém, esse percentual começa a cair sucessivamente até chegar ao patamar de 39% em 2015. 

O grupo que mais ampliou sua participação é o de universitários com renda domiciliar per capita entre o 2º (média de R$ 1.503) e o terceiro (R$ 955) quinto de distribuição de renda. Esses dois grupos intermediários na pirâmide da riqueza expandiram de cerca de 20% para 45% sua participação no ensino superior. Os 40% mais pobres também viram sua fatia crescer, mas ainda são apenas 15% (antes eram menos de 5%) dos universitários.

O que a mídia pensa: Opiniões / Editoriais

EDITORIAIS

Tudo em família

O Estado de S. Paulo

O PRTB é o estado da arte dos partidos de fachada. É isso que deseja Bolsonaro: um partido que defenda os interesses pessoais de sua parentada, e nada mais.

O presidente Jair Bolsonaro, hoje sem partido, está em tratativas com o PRTB para eventualmente se filiar à sigla. Ainda que a negociação não prospere, Bolsonaro, candidato à reeleição, terá que encontrar algum partido em breve, pois a Constituição não permite candidaturas avulsas. Para Bolsonaro, contudo, trata-se apenas de uma formalidade burocrática, pois jamais se preocupou com a natureza ou as propostas dos diversos partidos pelos quais concorreu. E foram muitos.

Como se sabe, Bolsonaro foi incapaz, até agora, de formar o próprio partido, a despeito de seu festejado capital político-eleitoral. O anunciado Aliança pelo Brasil, partido da família Bolsonaro, ainda não saiu do papel, e o próprio presidente duvida que a legenda seja homologada a tempo da eleição do ano que vem. Esse fiasco obriga Bolsonaro a negociar com outras legendas.

No momento, a única exigência de Bolsonaro é que o partido que vier a acolhê-lo esteja inteiramente à sua mercê. Em março, o presidente declarou que quer uma legenda da qual seja “dono”, o que significa ter controle total sobre o dinheiro e os diretórios regionais. Foi essa pretensão, aliás, que causou sua ruptura com o PSL, partido pelo qual ele se elegeu presidente e que frustrou seu projeto de domínio absoluto.

O PSL era insignificante até a eleição de 2018 e hoje está entre as maiores bancadas do Congresso graças à onda que elegeu Bolsonaro. É justamente esse potencial eleitoral de Bolsonaro que seduz legendas de aluguel como o PRTB, que já se imaginam nadando no dinheiro do fundo partidário com a eleição de diversos parlamentares associados ao bolsonarismo. Hoje, o partido não tem nenhum deputado federal e só aparece no noticiário quando se recorda que é a legenda do vice-presidente Hamilton Mourão.

Música | Chico Buarque, Caetano Veloso & Paulinho da Viola - Escurinho / Preconceito

 

Poesia | Bertold Brecht - As boas ações

Esmagar sempre o próximo

não acaba por cansar?

Invejar provoca um esforço

que inchas as veias da fronte.

A mão que se estende naturalmente

dá e recebe com a mesma facilidade.

Mas a mão que agarra com avidez

rapidamente endurece.

Ah! que delicioso é dar! Ser generoso

que bela tentação!

Uma boa palavra brota suavemente

como um suspiro de felicidade!