quarta-feira, 28 de março de 2018

Opinião do dia: Roberto Freire

Lula é um ficha suja e está fora da campanha. Ele não pode ser candidato. Evidentemente que o STF não pode em hipótese alguma admitir que ele [Lula] venha gerar ainda mais insegurança como o salvo conduto que o STF [Supremo Tribunal Federal] deu julgando contra suas próprias decisões na questão do habeas corpus, gerando algo inadmissível numa sociedade democrática. Que essa questão, a confirmação da sentença com a negação dos embargos, faça com que comecemos a dar valor aquilo que é fundamental ao Estado Democrático de Direito, que é a segurança jurídica e que a lei seja cumprida.

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Roberto Freire é deputado federal (SP) e presidente nacional do PPS.

Lula, o 'ficha-suja': Editorial | O Estado de S. Paulo

Se a Lei da Ficha Limpa vale o papel em que está escrita, o ex-presidente Lula da Silva tornou-se na segunda-feira passada, oficialmente, um “ficha-suja” – isto é, não pode ter sua candidatura a qualquer cargo eletivo aceita pela Justiça Eleitoral, em razão de condenação judicial em duas instâncias.

A ressalva sobre a validade da lei é necessária porque, diante do atual comportamento errático do Judiciário, muitas vezes contrário à própria Constituição, pode ser que a Lei da Ficha Limpa acabe sendo ignorada nos tribunais superiores em favor do poderoso demiurgo de Garanhuns.

Em situação normal, a decisão da 8.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) de negar o derradeiro recurso da defesa de Lula contra a condenação a 12 anos e 1 mês de prisão, por corrupção e lavagem de dinheiro, enquadra o ex-presidente na Lei da Ficha Limpa, sem qualquer sombra de dúvida. Conforme o texto da lei, são considerados “ficha suja”, ou seja, inelegíveis, os que, como Lula, forem condenados por corrupção e lavagem de dinheiro “em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado”. O órgão judicial colegiado, neste caso, é a 8.ª Turma do TRF-4, composta por três desembargadores, que impuseram a Lula uma nova derrota por 3 a 0.

Mas o País não vive uma situação normal. Nada garante que criativos luminares da hermenêutica jurídica nos tribunais superiores permitam que prevaleça uma interpretação marota da Lei da Ficha Limpa, sob medida para Lula, tornando-a letra morta. Não é difícil imaginar tal desfecho. Basta lembrar que o ex-presidente já poderia estar preso, mas continua livre e verboso graças a uma heterodoxa decisão do Supremo Tribunal Federal, que lhe concedeu generoso salvo-conduto, válido pelo menos até o julgamento de seu pedido de habeas corpus, marcado para o próximo dia 4 – isso se nenhum ministro pedir vista, postergando a conclusão do processo para as calendas.

Do futuro de Lula depende a impunidade de muitos: Editorial | O Globo

Benefícios a incontáveis políticos explicam tensão e pressões que cercam o julgamento do habeas corpus e a possibilidade de a prisão em segunda instância ser revista

O “princípio Lula”, pelo qual o acusado não pode ser punido por atrasos jurisdicionais — por exemplo, devido ao juiz que não pode ficar até o fim do julgamento porque precisa apanhar um voo —, e por isso recebe um salvo-conduto para não ser punido, o que aconteceu com o ex-presidente, já tem sido usado por advogados.

A defesa de Geddel Vieira, por exemplo, protocolou pedido ao ministro do Supremo, Edson Fachin, a fim de que o liberte, porque há um recurso desde outubro de 2017 sem resposta na Corte. Argumenta que Geddel também não pode ser prejudicado pela demora do STF e, no mesmo sentido do que aconteceu com Lula, deve ser libertado até que o recurso seja julgado.

Sem entrar no mérito do processo de cada um, a comparação procede, pois a sessão de quinta passada, que julgaria um habeas corpus impetrado a favor de Lula, não pôde julgar o mérito do HC, porque o juiz Marco Aurélio Mello precisava seguir para o aeroporto, outros ministros também tinham problemas de agenda, e a solução encontrada foi dar um raro salvo-conduto a Lula, para que continuasse solto até 4 de abril. Sem risco de ser preso caso seus recursos à segunda instância, TRF-4, de Porto Alegre, fossem rejeitados na segunda-feira. Foi o que aconteceu, e assim terminou bem-sucedido o teste prático do “princípio Lula”.

Crédito retoma expansão e bancos elevam margens: Editorial | Valor Econômico

O crédito começou a deslanchar no primeiro bimestre do ano, mas com juros mais altos - paradoxalmente, quando a taxa básica, a Selic, atinge recordes de baixa. Os empréstimos para pessoas físicas feitos com recursos livres, que passaram a crescer bem antes do que aqueles destinados às empresas, caíram em fevereiro, mas no ano mostram expansão de 16,6%, ainda que tenham recuado mais de 10% em fevereiro. O crédito corporativo, severamente contido até janeiro, acertou o passo com o das pessoas físicas e avançou 15,8% no ano.

Na ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária divulgada ontem, o Banco Central acenou para um novo corte dos juros e tornou praticamente certa uma redução de mais 0,25 ponto percentual, apontando corretamente que a economia ainda precisa de mais estímulos da política monetária. O aumento dos spreads bancários, acompanhado ou não da elevação da taxa de juros nos empréstimos pelos bancos, porém, representa um obstáculo a que a política monetária acomodatícia possa dar plena e rapidamente frutos.

Desde que começou a cortar os juros, a taxa Selic caiu 7,25 pontos percentuais. O spread bancário é a diferença entre os custos de captação dos bancos, que são distintos e hoje pouca coisa superiores à Selic, e as taxas pelas quais emprestam a seus clientes. Houve aumento desses spreads em janeiro e fevereiro, exatamente quando a demanda por empréstimos começou a reagir nas empresas e manteve-se bastante ativo para os consumidores. Os spreads subiram mais para pessoas físicas, que pagam o triplo do que os bancos obtêm com os clientes corporativos. A inadimplência, por sua vez, manteve-se estável, com tendência de queda.

Saúde debilitada: Editorial | Folha de S. Paulo

Importação de medicamentos para doenças raras gera discórdia entre ministério e Anvisa

Somente o oportunismo político-eleitoral pode explicar a mais recente escaramuça a opor Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em condições normais e tempos racionais, as repartições deveriam operar de modo concertado, e não andariam às turras.

Ricardo Barros (PP) está deixando o cargo de ministro para recandidatar-se à Câmara dos Deputados pelo Paraná. Nos derradeiros dias de primeiro escalão, investiu contra a credibilidade da Anvisa e de seu presidente, Jarbas Barbosa.

A discórdia envolve a importação de medicamentos para doenças raras determinada pela Justiça. Em 2017, tais decisões implicaram valor de cerca de R$ 1 bilhão —sinal, aliás, dos custos da exagerada judicialização do setor.

Num caso, a pasta contratou em outubro a empresa Global Gestão em Saúde S.A. para adquirir as drogas Aldurazyme, Fabrazyme e Myozyme. A compra não se efetivou porque a Global não apresentou a Declaração de Detentor de Registro (DDR) emitida pela Anvisa.

Merval Pereira: Pingo é letra

- O Globo

A evolução dos processos contra o ex-presidente Lula está demonstrando sua formidável resiliência política, e como acertou na estratégia de manter a disputa jurídica sem abrir mão de sua candidatura presidencial. Ele entende com profundidade o espírito de nosso sistema político-jurídico.

No caso do Lula, a estratégia já foi a de simplesmente se livrar da cadeia, e agora já se vislumbra uma tentativa, incipiente, mas clara, de tentar superar a Ficha Limpa e conseguir chegar à urna eletrônica em outubro.

A Lei de Ficha Limpa existe desde 2010 e é muito clara: quem é condenado em segunda instância fica inelegível. A formalização dessa inelegibilidade é que depende do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mais adiante. Mas, de qualquer maneira, Lula não pode se candidatar, o PT normalmente não deveria nem indicá-lo para registro como candidato do partido.

Vai indicar, vai criar um fato político, o TSE vai recusar, eles vão tentar um recurso ao Supremo, que não está previsto na legislação. O único recurso existente é no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que a defesa dele tem que fazer agora, assim que se encerrar o processo de recursos no TRF-4.

A única maneira de Lula recuperar a condição de ser elegível é o STJ anular a decisão do TRF-4, descobrindo uma ilegalidade formal durante o julgamento, o que é muito difícil de acontecer. Caso contrário, o recurso contra a condenação e a inelegibilidade será negado.

Vera Magalhães: O caminho de Barbosa

- O Estado de S.Paulo

Joaquim Barbosa obteve o aval para se filiar ao PSB, mas o caminho até se saber se será candidato ainda é longo e sinuoso. Ele deve assinar a ficha bem próximo ao prazo final de filiação, em 7 de abril. Mas não terá garantia de que será candidato a presidente pela sigla. A conversa mais definitiva foi com o vice-governador de São Paulo, Márcio França, que foi explícito quanto às dificuldades de compatibilizar palanques regionais.

Ao analisar as chances de Barbosa, mal chegando, já sentar na janelinha da candidatura presidencial, um veterano lembra que até Eduardo Campos, que era herdeiro da capitania hereditária de Miguel Arraes e duas vezes governador de Pernambuco, enfrentou resistências regionais. Ele precisa, antes de tudo, se filiar, para que a conversa sobre a candidatura possa prosperar. Ainda assim, os mais céticos lembram que talvez seja uma filiação “tardia demais”.

Mas alguns fatores ajudaram a quebrar um pouco a oposição interna ao ex-presidente do STF. O principal foram pesquisas encomendadas por pessebistas e também por potenciais adversários mostrando o potencial de crescimento eleitoral de Barbosa. Numa delas, no cenário sem Lula, o ex-ministro fica na faixa de 20%.

De qualquer maneira, se avançar, a postulação de Barbosa deve conviver com uma liberalidade para mais de um palanque em vários Estados, entre eles São Paulo. França não vai abrir mão de associar sua própria candidatura ao governo à do tucano Geraldo Alckmin. O mesmo deve valer para Pernambuco, onde a aliança de Paulo Câmara à reeleição pode se dar com o PT.

Miriam Leitão: Contradições e perigos

- O Globo

O juiz Sérgio Moro deu ao Roda Viva o dado definitivo sobre a importância de se manter o cumprimento da pena após a condenação em segunda instância. Desde 2016, só na 13ª Vara Federal em Curitiba, houve 114 execuções de pena por esse motivo. Desses, 12 são da Lava-Jato. Os outros 102 foram de “peculatos milionários” e também “traficantes, pedófilos, doleiros”. Será que o STF quer soltar todos eles? Q uando, depois da Semana Santa, os ministros do STF se reunirem para decidir sobre o habeas corpus para o ex-presidente Lula, precisam ter em mente o que farão com todos os inúmeros condenados que, pelos crimes mais diversos, estão cumprindo pena no país. Porque o impressionante número de 114, em menos de dois anos, se refere apenas à 13ª Vara Federal. Quantos são os condenados na mesma situação no resto do país? O habeas corpus para Lula pode ter fundamento e, se for o caso, que eles o expliquem. Mas se suspenderem o cumprimento da pena após o julgamento colegiado do mérito terão aberto o caminho da impunidade. De todo o tipo de criminoso. Do político corrupto, do funcionário público que desviou dinheiro público, do traficante, do doleiro, do pedófilo e do assassino.

O país voltará da Páscoa para a semana em que o STF ficará de frente com as suas contradições, de ter dado um salvo-conduto ao ex-presidente contra suas próprias súmulas e entendimentos. Há situações difíceis de explicar, como a decisão de ontem na 2ª Turma que favoreceu o senador Romero Jucá. Os ministros disseram que a denúncia de que houve doação ilegal do grupo Gerdau a Jucá é fraca e, claro, diante disso a decisão certa foi a que tomaram. Mas sobre o senador pairam tantas dúvidas que seu sonho, como ele bem a expressou, é de parar a Lava-Jato.

Fernando Exman: Dinâmica das eleições passa pelo Supremo

- Valor Econômico

Decisões do STF vão influenciar capital político de Lula

O Supremo Tribunal Federal adiou, para o dia 4 de abril, o possível desfecho do julgamento do pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas não conseguirá sair do centro das discussões sobre o futuro do cidadão e o destino do legado político do ex-presidente - um desafio imenso para uma instituição que está dividida e, apesar das palavras de sua presidente, tem se apequenado perante a sociedade.

A Justiça Eleitoral deve ainda levar um bom tempo até se pronunciar formalmente que Lula de fato está inelegível em razão da Lei da Ficha Limpa. Até lá, no entanto, as articulações das chapas, o desempenho do próprio Lula nas pesquisas e sua potencial capacidade de transferir votos para algum aliado dependerão das condições em que o ex-presidente se encontrar nos próximos meses. Por isso o posicionamento definitivo do Supremo em relação ao pedido de habeas corpus de Lula ou uma rediscussão sobre a legalidade da prisão de condenados na segunda instância devem ter impacto em toda a dinâmica eleitoral.

Pelo menos até agora, Lula não abre mão do figurino de pré-candidato e dirigentes do PT demonstram disposição de iniciar uma batalha jurídica para garantir o nome e a foto do ex-presidente nas urnas que serão enviadas a todos os colégios eleitorais do país em outubro. Assim, a disputa tende a se prolongar no campo judicial nos próximos meses, enquanto militantes do PT buscarão sustentar o discurso que "eleição sem Lula é fraude" e os demais pré-candidatos à Presidência da República brigarão pelo potencial espólio eleitoral do petista. Tudo isso num cenário em que não param de proliferar pré-candidatos e, de acordo com as pesquisas, há uma dispersão dos votos do petista no cenário em que ele é impedido de tentar voltar ao Palácio do Planalto.

Bruno Boghossian: Técnicos e políticos

- Folha de S. Paulo

Sob pressão de técnicos e aliados políticos, Michel Temer quer manter Gilberto Occhi no comando da Caixa para evitar uma disputa pela sucessão no banco. O presidente tentará convencer o PP a desistir de deslocar seu apadrinhado para o Ministério da Saúde e escolher outro nome para a pasta.

Ao travar a substituição, a ala política do Planalto busca reduzir a força que o grupo técnico da equipe econômica poderá ganhar no governo. Temer prometeu que o próximo presidente da Caixa terá que passar pelo crivo do Banco Central, o que poderá criar entraves para a manutenção de influência partidária na escolha.

Se Occhi continuar no cargo, Temer dribla o problema: restringe o número de trocas que precisarão de aval dos técnicos e preserva um feudo estratégico para agradar aos dirigentes de sua base aliada. O PP, porém, avisa que não quer ceder.

A dúvida sobre a mudança na Caixa é um sinal da indisfarçável tensão entre tecnocratas e políticos profissionais na ocupação de ministérios e empresas estatais.

A concorrência se acirra às vésperas de uma eleição com agudas restrições de financiamento, em que a máquina pública pode desequilibrar o jogo a favor dos governistas. A Caixa é um instrumento de poder sobre milhares de municípios, com um estoque de R$ 60 bilhões emprestados a governos estaduais e prefeituras.

Bernardo Mello Franco: O fantasma da violência e a porta arrombada

- O Globo

A s ameaças ao ministro Edson Fachin e os tiros na caravana do expresidente Lula acrescentam um novo círculo ao inferno político-judicial do país. A violência armada, que já assombrava as ruas das cidades brasileiras, também passou a rondar a cúpula da Justiça e a eleição presidencial.

O ministro Fachin relatou as ameaças ao jornalista Roberto D’Avila, da GloboNews. O Supremo reforçou sua segurança, mas ele indicou que não está satisfeito com as providências. “Nem todos os instrumentos foram agilizados, mas eu efetivamente ando preocupado com isso, e esperando que não troquemos fechadura de uma porta já arrombada”, desabafou.

Fachin é relator dos processos da Lava-Jato, que envolvem grandes empresários e políticos de diversos partidos. O ministro não ligou as intimidações a um caso específico. Na virada do ano, 67 inquéritos corriam em seu gabinete.

Na caravana de Lula, a violência já saiu do campo das ameaças. Desde a semana passada, a comitiva tem sido alvo de pedradas e bloqueios em rodovias da Região Sul. Ontem à noite, três tiros atingiram os ônibus que transportam o ex-presidente e sua equipe. Os disparos perfuraram a lataria dos veículos, mas não deixaram feridos. No sábado, uma pedra atingiu o ex-deputado Paulo Frateschi, que teve a orelha macerada.

Ricardo Noblat: Mais um atentado à democracia

- Blog do Noblat

Quando balas substituem o conflito saudável de ideias

Pouco importa que o PT tente tirar proveito político dos quatro tiros disparados ainda não se sabe por quem contra dois ônibus que, ontem, no interior do Paraná, conduziam parte da caravana que acompanha Lula na visita a Estados do Sul e do Sudeste. Que partido não o faria?

(Lembra-se da bolinha de papel jogada na cabeça de José Serra quando ele disputou e perdeu para Dilma a eleição de 2010? Depois se disse que o “objeto contundente” era um rolo de fita adesiva. Nada se provou. A bolinha ou o rolo foi usado para ordenhar todos os votos possíveis.)

Pouco importa que configure escandaloso exagero a declaração feita pela senadora Gleisi Hoffman, presidente do PT, de que “tentaram matar Lula”. Se quisessem matá-lo já o teriam feito dado ao grau de exposição em que ele vive, e ao qual tem direito. Nada seria mais fácil.

Não mataram a vereadora Marielle Franco (PSOL) no centro do Rio? Quinze depois de sua bárbara execução, a Polícia Civil, a militar, os órgãos de inteligência do governo federal não fazem a mínima ideia da autoria do crime. Muito menos de quem o encomendou.

Elio Gaspari: Vale a pena ver ‘O mecanismo’

- O Globo

José Padilha enfiou uma novela na série da Lava-Jato, mas contou a trama do andar de cima com correção

É bom negócio ver a “O mecanismo”, a série de José Padilha na Netflix. Seus oito episódios contam a história da Lava-Jato até as vésperas da prisão de Marcelo Odebrecht. Eles giram em torno de dois eixos.

O primeiro é uma novela-padrão onde há sexo, traições, doenças, rivalidades, muitos palavrões e até mesmo uma menina com deficiência. A quem interessar possa: o agente Ruffo nunca existiu. Pena que ele seja um narrador do tipo “faço sua cabeça”, numa espécie de reencarnação do Capitão Nascimento de “Tropa de elite”. A agente Verena é uma exagerada composição.

É a segunda história, a da Operação da Lava-Jato, que valoriza a série. E é ela que vem provocando a barulheira contra Padilha. A ex-presidente Dilma Rousseff (Janete Ruskov na tela) acusa “O mecanismo” de duas fraudes. Jogaram para dentro do consulado petista a operação abafa que decapitou as investigações das lavagens de dinheiro do caso Banestado, ocorrido durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. (Há uma referência a “dez anos depois”, mas ela ficou embaralhada.) Noutro lance, puseram na boca de Lula (Higino, igualzinho ao original, graças ao ator Arthur Kohl) a frase “é preciso estancar a sangria”, do senador Romero Jucá. Também não há prova de que “Higino” tenha pedido a “Janete” para trocar a direção da “Polícia Federativa”.

Luiz Carlos Azedo: O regresso

- Correio Braziliense

O ministro Dias Toffoli liberou para julgamento a ação que discute restrição ao foro privilegiado no STF, o que pode jogar para a primeira instância os políticos envolvidos na Lava-jato

Uma das características negativas do processo eleitoral em curso — sim, porque as pré-campanhas já começaram — é o caráter regressivo da polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), cujos discursos parecem sair das páginas dos jornais dos anos 1960. Se fosse apenas nostalgia, como alguns imaginam, não haveria nenhum risco para a sociedade. Mas acontece que são projetos de poder que se contrapõem radicalmente, ambos de vieses nacionalista e populista, um à direita e outro à esquerda. Ambos anacrônicos em relação às necessidades de integração do Brasil ao mundo globalizado, cosmopolita e democrático, principalmente à revolução digital em curso, mas perfeitamente factíveis se olharmos para o que está acontecendo na política mundial.

Numa cena típica dos anos de Guerra Fria, um ex-espião da antiga KGB (que pode ter sido agente duplo do MI6, o serviço secreto britânico) e sua filha sofreram um atentado com o gás nervoso novichok na cidade de Salisbury, na Inglaterra, o que provocou a mais séria crise diplomática entre Rússia e Ocidente desde a anexação da Crimeia, em 2014. Em solidariedade ao governo britânico, que expulsou 22 diplomatas russos, EUA, Canadá, Austrália, 23 países europeus e a Otan (aliança militar ocidental) também determinaram a saída de diplomatas russos de suas dependências.

Vinicius Torres Freire: Uma foto da ruína para o novo presidente


- Folha de S. Paulo

Discussão econômica quase sai da conversa pública, mas problema graves perduram

No país que desceu ao fundo do maior buraco recessivo em mais de 30 anos e ainda se arrasta para sair das profundezas desse inferno, não houve revoltas de sentido socioeconômico. Depois da falação de reformas de 2016-17, a economia está quase ausente do debate público.

As manobras de sobrevivência da elite política, a multiplicação de candidaturas aventureiras, arremedos de acordão e mumunhas da casta burocrática em geral ocupam a conversa, além das batalhas culturais nas redes insociáveis.

Os números deste início de 2018, que confirmam a lerdeza da retomada, tampouco causam maiores protestos. Na verdade, não servem de mote nem para campanhas políticas ou ataques da oposição, na prática morta.

Um balanço rápido da economia no primeiro trimestre, no entanto, dá pano para a manga dos problemas que o próximo governo vai enfrentar daqui a nove meses ou menos, pois espera-se que os eleitos comecem a tomar conta da casa caída já em novembro.

Cristiano Romero: Uma janela de dois anos antes das reformas

- Valor Econômico

Mesmo sem a aprovação da reforma da Previdência, a equipe econômica do governo Temer conseguiu criar uma janela de dois anos para gerir as contas públicas sem desrespeitar o teto constitucional das despesas. O adiamento da reforma para o próximo governo foi ruim, preocupa, mas não é uma tragédia, justamente porque o Ministério da Fazenda adotou medidas para conter o aumento da dívida pública enquanto as mudanças das regras de aposentadoria não são aprovadas pelo Congresso. É isso o que explica a relativa calmaria do mercado, mesmo às vésperas de uma campanha eleitoral "nervosa", para dizer o mínimo.

O segredo está no corajoso e histórico corte promovido pelo governo na concessão de crédito subsidiado, um dos principais fatores de elevação da dívida bruta durante os governos Lula e Dilma. Como se sabe, entre 2008 e 2015, apenas o BNDES recebeu mais de R$ 500 bilhões em empréstimos do Tesouro Nacional, para conceder crédito subsidiado, principalmente, a grandes empresas - a indústria que mais tomou financiamento naquele período pelo PSI, linha que oferecia juros nominais de 2% a 3% ao ano (negativos, portanto, porque inferiores à inflação), foi a automobilística, integrada por multinacionais com acesso a dinheiro barato em seus países.

Monica de Bolle: Abrir é preciso

- O Estado de S.Paulo

Quanto mais se investe, mais se aumenta a capacidade produtiva e, portanto, mais é possível crescer

A imprensa brasileira noticiou, mas a repercussão também foi grande entre os jornais internacionais de grande circulação. O New York Times e o Wall Street Journal, entre outros, fizeram excelentes matérias sobre o igualmente excelente estudo produzido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) intitulado “Abertura Comercial para o Desenvolvimento Econômico”. Trata-se de relatório com evidências conclusivas sobre os benefícios que a maior abertura do comércio trariam ao País.

É certo que, de um lado, discutir abertura comercial em momento de rompantes protecionistas mundo afora, sobretudo na maior economia do planeta, os EUA, não é fácil. Por outro lado, como mostraram os países integrantes do repaginado Acordo Transpacífico (TPP), agora conhecido por sua nova sigla, CPTPP, é possível avançar na integração do comércio e do investimento sem a liderança dos Estados Unidos.

Mais do que isso, neste momento em que o governo Trump prepara medidas duras contra a China, e a China finca posição, é importante que países se protejam dos projéteis não fugindo do comércio, mas aderindo a ele. Afinal, a verdade é que ainda que ocorra algo da guerra comercial que todos hoje temem, o mundo e a indústria já não funcionam mais com peças isoladas. Ao contrário, a simbiose é completa. Não à toa, multinacionais americanas que dependem do comércio com empresas chinesas fabricantes de partes, componentes, e tecnologia, tão assustadas estão com a perspectiva de que a quixotesca guerra de Trump acabe tendo inúmeras consequências indesejáveis para os empregos, para o investimento, para o crescimento dos EUA.

STF reforça segurança de Fachin após ameaças

Relator dos processos da Operação Lava-Jato no STF, o ministro Edson Fachin afirmou que membros de sua família vêm recebendo ameaças. A presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, autorizou aumento da escolta para Fachin e familiares.

Tiros e ameaças

No mesmo dia, ônibus de Lula é alvejado, e Edson Fachin relata intimidação a familiares
Dois episódios distintos revelaram o clima de tensão crescente no país, às vésperas do início da campanha eleitoral e em meio ao avanço da Operação Lava-Jato.

No Paraná, dois ônibus da caravana do ex-presidente Lula, que mobiliza aliados e opositores do petista na Região Sul, foram alvo de três tiros quando deixavam a cidade de Quedas do Iguaçu em direção a Laranjeiras do Sul. Ninguém saiu ferido.

Os eventos do ex-presidente, que começaram pelo Rio Grande do Sul, estão sendo marcados por atos de hostilidade, com barreiras em estradas e ataques com pedras e ovos. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, classificou o episódio de “inaceitável” e pediu ao governo do Paraná que reforce a segurança nos atos de Lula.

Em Brasília, a Polícia Federal foi acionada para investigar ameaças sofridas por familiares do relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin. A intimidação foi revelada pelo próprio magistrado, em entrevista ao jornalista Roberto D’Avila, da GloboNews.

No relato, Fachin afirma que já pediu “providências” à presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, para apurar a origem das ameaças e revelou temor de ser vítima de um atentado.

Edson Fachin pede ao STF e à Polícia Federal medidas de proteção à família

Em entrevista, ministro sinaliza que algumas providências de apoio não foram atendidas

André de Souza, Bruno Abudd, Jailton de Carvalho e Renata Mariz| O Globo

-RIO E BRASÍLIA- O relator dos processos da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) pediu providências à Polícia Federal e à ministra Cármen Lúcia, presidente da Corte, para investigar ameaças endereçadas a seus familiares. Na entrevista à GloboNews, Fachin não detalhou o teor das intimidações.

— Uma das preocupações que tenho não é só com julgamento, mas também com a segurança de membros da minha família — disse o ministro, antes de completar: — Tenho tratado desse tema e de ameaças que têm sido dirigidas a membros da minha família.

Fachin substituiu o ministro Teori Zavascki, morto em janeiro de 2017 em acidente aéreo, em Paraty, na relatoria dos processos da Lava-Jato no Supremo. Na entrevista, ele afirmou ainda ter solicitado “algumas providências” à presidente do STF e à PF “por intermédio da delegada que trabalha no tribunal”.

— Nem todos os instrumentos foram agilizados, mas eu efetivamente ando preocupado com isso e esperando que não troquemos fechadura de uma porta já arrombada também nesse tema — disse o magistrado, em programa gravado anteontem.

Fachin salientou que a família não pode sofrer por causa de sua carreira na magistratura.

— De fato, essas circunstâncias não são singelas, mas em relação a mim, que aqui estou por ter respondido afirmativamente a esse chamamento que a vida me fez, e sou grato à vida por isso, fico preocupado, sim, com aqueles que, membros da minha família, não fizeram essa opção e poderão eventualmente sofrer algum tipo de consequência. Mas espero que nada disso se passe.

Depois da entrevista, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, anunciou que a PF está à disposição do ministro. Jungmann diz que a PF tem duas equipes prontas, uma para ajudar na segurança do ministro, se for necessário. A outra será para abrir um inquérito sobre o caso. Fachin informou à PF, no entanto, que, por enquanto, não precisa reforçar sua segurança pessoal.

A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, informou, por meio da assessoria da Corte, que já autorizou medidas para reforçar a proteção ao ministro Edson Fachin, antes mesmo de ele relatar à imprensa as ameaças sofridas. Ela determinou aumento de agentes que fazem a escolta permanente do ministro e de familiares dele em Curitiba.

Por solicitação da ministra, duas delegadas da Polícia Federal, especializadas em segurança para casos envolvendo magistrados ameaçados no país, foram à capital paranaense para verificarem as providências mais eficazes a serem adotadas.
Sobre a afirmação de Fachin, de que “nem todos os instrumentos foram agilizados”, a assessoria de Cármen foi procurada, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.

OFÍCIO A TODOS OS MINISTROS
Cármen Lúcia também encaminhou ofício a todos os ministros do STF para saber da necessidade de alteração e aumento do número de agentes de segurança. A Corte não divulga quais ministros têm escolta nem o número de servidores envolvidos na proteção de cada um por questões de segurança.

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), considerou “grave” o fato de Fachin e sua família estarem sofrendo ameaças. Maia disse que a PF deverá tomar medidas duras para coibir estas práticas.

— Ele (Fachin) já relatou ao Ministério Público e à Polícia Federal que certamente tomarão providências de forma enérgica. É grave em relação a qualquer cidadão que recebe ameaças, principalmente na posição em que ele está.

Dois ônibus da caravana de Lula são atingidos durante viagem pelo Paraná

Veículos ainda tiveram pneus furados; Polícia vai tratar o caso como tentativa de homicídio

Sérgio Roxo enviado especial | O Globo

 LARANJEIRAS DO SUL (PR)- Dois ônibus que levam a comitiva de Lula foram alvo de disparos pouco depois de deixar o perímetro urbano de Quedas do Iguaçu, assim que entraram na rodovia a caminho de Laranjeiras do Sul, ambas no Paraná. Segundo o delegado Fabiano Oliveira, de Laranjeiras do Sul, foram constatados três tiros nos veículos, e uma marca de pedrada no vidro de um dos ônibus.

PT 'colhe o que planta', diz Alckmin sobre ataque a tiros a caravana de Lula

Doria diz que o PT sempre utilizou da violência e agora sofreu da própria violência

Anna Virginia Balloussier | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Para o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), o ataque a tiros que atingiu dois ônibus da caravana de Lula (PT) no Paraná, que levavam jornalistas a trabalho, foi um efeito colateral produzido pelos próprios petistas.

"Acho que eles estão colhendo o que plantaram", disse o tucano nesta terça-feira (27), antes de assistir à pré-estreia de "Nada a Perder", cinebiografia do bispo Edir Macedo.

Alckmin, que rivalizará com Lula ou outro candidato apoiado pelo PT na eleição presidencial, acusou a legenda rival de "sempre partir para dividir o Brasil, nós contra eles". Agora, disse, "acabaram sendo vítimas" dessa polarização.

O governador acrescentou que não defende a violência, e sim "o debate de ideias".

Também no evento que prestigiou o líder da Igreja Universal, o prefeito paulistano, João Doria (PSDB), seguiu na mesma toada do colega de tucanato.

"O PT sempre utilizou da violência, agora sofreu da própria violência", disse Doria, que deixará o cargo para disputar a sucessão de Alckmin. "Mas não recomendo ovos, e sim prisão para ele", afirmou, em referência à ovada que a caravana lulista levou.

Casuarina - Eu já pedi / Sandália amarela

Carlos Drummond de Andrade: A rua diferente

Na minha rua estão cortando árvores
Botando trilhos
Construindo casas.

Minha rua acordou mudada.
Os vizinhos não se conformam.
Eles não sabem que a vida
tem dessas exigências brutas.

Só minha filha goza o espetáculo
e se diverte com os andaimes,
a luz da solda autógena
e o cimento escorrendo nas formas