Folha de S. Paulo
Dois exemplos do perverso empenho do
presidente em desmanchar tudo o que estava em ordem
O governo Bolsonaro mais parece uma empresa
de demolição, que ou detona de um só golpe políticas estabelecidas, ou provoca
a sua lenta erosão. O resultado é a degradação da gestão pública, dos
conhecimentos e instrumentos nela acumulados em décadas.
Eis dois exemplos recentes do perverso
empenho do presidente e de seu pessoal em desmanchar tudo o que estava em ordem
quando puseram os pés em Brasília.
O programa Bolsa Família —elogiado no exterior— foi abatido pela medida provisória que criou o Auxílio Brasil, mal concebido, carente de foco, bem assim da clareza quanto à duração e às formas de articular um desconjuntado rol de nove benefícios acoplados ao arrimo básico das famílias. Tampouco se sabe ao certo como será financiado de forma duradoura. Em suma, extinguiu-se um programa com começo, meios e fins para pôr no lugar uma geringonça gestada por autoridades que desdenham o que nem sequer conhecem: a rica bagagem do país em matéria de iniciativas de combate à pobreza.