O Globo
Ministro Alexandre de Moraes citou em seu
relatório que a conclusão do Ministério da Defesa é a mesma a que chegaram
diversas instituições fiscalizadoras: não houve fraude no processo eleitoral
O mistério, com objetivos políticos, sobre
o relatório de técnicos do Ministério da Defesa a respeito das urnas
eletrônicas apenas explicita o retrocesso democrático que vivemos nestes
últimos quatro anos, que precisa ser estancado. Em tempos normais, os militares
não teriam sido chamados para auditá-las, tarefa que sempre foi delegada a
universidades e institutos tecnológicos, além de aos próprios partidos
políticos, que usavam seus especialistas para atestar a higidez do sistema.
Depois de mais de 25 anos de uso, nunca
houve comprovação de fraude no sistema, invejado por vários países que, como os
Estados Unidos, ainda usam o voto impresso em muitos estados. No Brasil, temos
exemplos das trapaças mais diversas no tempo do voto impresso, que ficou
caracterizado como um sistema falho e suscetível a fraudes, sucessor do “voto a
bico de pena” da República Velha.
O (ainda) presidente Jair Bolsonaro levou quase dois dias para falar sobre o resultado da eleição, tendo admitido a derrota apenas implicitamente, após agradecer os mais de 58 milhões de votos que obteve. Enquanto isso, empresários ligados a esquemas golpistas interrompiam as estradas do país, numa evidente tentativa de tumultuar. Como não deu certo, e o bloqueio das estradas prejudicou a população, o presidente Bolsonaro teve de pedir que seus apoiadores desobstruíssem as rodovias e voltou à mudez à espera do tal relatório, que saiu ontem.