domingo, 25 de setembro de 2011

Opinião do dia – Mahmoud Abbas - Dia histórico

"Estamos na hora da verdade e meu povo espera para ouvir a resposta do mundo. Será que a comunidade internacional vai permitir que Israel continue com a sua ocupação, a única ocupação em todo o planeta? Vai permitir que Israel continue a ser um país acima da lei e da responsabilidade? Vai permitir que Israel siga rejeitando as resoluções do Conselho de Segurança, da Assembleia Geral das Nações Unidas e do Tribunal Internacional de Justiça, bem como a posição da grande maioria dos países do mundo?

É chegada a hora de nossos homens, mulheres e crianças viverem vidas normais, de poderem dormir sem esperar pelo pior que o dia seguinte trará; de as mães terem a certeza de que seus filhos voltarão para casa sem temer que sejam mortos, detidos ou humilhados; de os estudantes poderem ir para suas escolas e universidades sem serem obstruídos por postos de controle. É chegada a hora de os doentes poderem chegar aos hospitais normalmente, e de nossos agricultores poderem cuidar de sua boa terra sem temerem que a ocupação confisque seu terreno e sua água, até os quais a muralha lhe impede de chegar, e sem temer os colonos, para os quais assentamentos estão sendo construídos na nossa terra e que estão arrancando e queimando as oliveiras que existem a centenas de anos. É chegada a hora dos milhares de prisioneiros serem libertados das prisões, voltarem às suas famílias e aos seus filhos e se tornem parte da construção da sua pátria, em nome de cuja liberdade eles se sacrificaram.

A OLP e o povo palestino declaram sua renúncia à violência, rejeitando e condenando todas as formas de terrorismo, principalmente o terrorismo de Estado, e defenderão todos os acordos assinados entre a Organização pela Libertação da Palestina e Israel.

Em um momento em que o povo árabe afirma sua luta pela democracia na chamada Primavera Árabe, chegou a hora também da primavera palestina, a hora para a independência

Gostaria de informá-los que, antes de fazer este discurso, eu, na minha capacidade de presidente do Estado da Palestina e presidente do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina, entreguei à sua excelência, o sr. Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas, um pedido para a admissão da Palestina como membro pleno da ONU com base nas fronteiras de 4 de junho de 1967, tendo como sua capital Al-Quds Al-Sharif. "

Mahmoud Abbas, presidente da OLP e do Estado da Palestina. Do discurso na ONU, 23/9/2011

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Excesso de leis urbanas estimula ilegalidade no Rio
Exportadoras podem perder 2 bi com dólar
Mordomias do socialista Chávez
No Brasil, faltam 30 mil peritos

FOLHA DE S. PAULO
Má gestão coloca em risco legado da Copa
Amorim vetou contato com exilados de Cuba nos EUA

O ESTADO DE S. PAULO
Ministério do Trabalho vira balcão do PDT
Faxina está incompleta
Alta do dólar eleva custos e pega indústria no contrapé
Jurista critica ameça de cerceamento do CNJ

CORREIO BRAZILIENSE
Justiça vai leiloar mansão de Durval
Consumidor é indenizado por atraso de imóvel
O dólar subiu, ai! O dólar caiu, ui!
Um partido que vale 7,2 milhões de votos

ESTADO DE MINAS
Crimes sem castigo
Hospitais fecham portas para crianças

ZERO HORA (RS)
O quilombo que pode gerar novos sem-terra
Cargos difíceis de preencher

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Preço dos serviços puxam a inflação

Exportadoras podem perder 2 bi com dólar

A disparada do dólar pode elevar em R$ 2 bi encargos de oito grandes empresas exportadoras do país. O valor considera aumento da dívida em moeda estrangeira e operações no mercado futuro.

Um risco que vem do dólar

Oito grandes exportadores podem perder R$2 bilhões com disparada da moeda

Bruno Villas Bôas

A escalada na cotação do dólar nas últimas semanas - a moeda americana avançou 14,81% desde 31 de agosto, para R$1,829 na sexta-feira passada, após bater R$1,963 na máxima de quinta-feira - pegou exportadores brasileiros mais expostos ao risco cambial. Os balanços de oito das maiores exportadoras mostram que o avanço do câmbio para uma faixa de R$1,95 a R$2,08 cria um risco de perdas cambiais das companhias de R$2,15 bilhões. O valor considera operações com derivativos cambiais (contratos da moeda no mercado futuro), dívidas em moeda estrangeira e outras exposições. Num cenário mais dramático, com a moeda cotada entre R$2,40 e R$2,50 frente ao real, o retrato ficaria mais preocupante, com perdas possíveis de R$4,2 bihões. As simulações levantadas pelo GLOBO, com auxílio de especialistas em contabilidade, são das próprias empresas e foram informadas na chamada "análise de sensibilidade" de seus balanços do segundo trimestre deste ano.

Especialistas acreditam, no entanto, que as companhias brasileiras não devem repetir os episódios de Aracruz, Sadia e Votorantim, que, juntas, perderam R$5 bilhões e quase quebraram na crise financeira de 2008 por causa de apostas erradas no mercado de derivativos (câmbio no mercado futuro). E lembram que desde a publicação dos balanços em 30 de junho as empresas podem ter percebido a mudança de tendência da moeda e buscado mais proteção contra o câmbio, evitando as perdas. Todos temem, no entanto, impactos nos lucros.

A JBS, por exemplo, tinha uma necessidade de proteção cambial de US$3,8 bilhões contra a alta do dólar em 30 de junho - data do último balanço divulgado. Essa exposição tinha origem principalmente na dívida da empresa em moeda estrangeira. Cerca de US$1 bilhão desse valor estava "blindado" contra a alta da moeda por meio de contratos de hedge (proteção) no mercado futuro. Como outra parte estava exposta ao risco cambial, a maior exportadora de carnes do mundo teria perda de R$315,1 milhões no cenário de valorização de 25% da moeda americana, a R$1,951. Se o dólar subisse para a R$2,34, as perdas dobrariam para R$630,17 milhões.

- A empresa pode ter um impacto neste trimestre. Seria um efeito contábil, já que as dívidas não necessariamente precisariam ser pagas agora, com o câmbio alto - explica Ivan Nacsa, sócio do Grupo FBM, especializado em auditoria e contabilidade de hedge.

Empresas correm para se proteger

Como a JBS, as empresas se endividaram em moeda estrangeira este ano aproveitando o dólar barato e a farta oferta de crédito no mercado externo. Segundo dados da Economatica, a dívida em moeda estrangeira de 242 empresas brasileiras de capital aberto subiu R$21,96 bilhões com a alta do dólar desde 30 de junho até a terça-feira passada, numa escalada de R$151,8 bilhões a R$173,7 bilhões. E muitas dessas empresas não protegeram essa dívida do câmbio.

- Ninguém esperava uma alta do dólar com tamanha intensidade em tão pouco tempo e não se cobriram. Vi seis a sete empresas correrem ao mercado para tentar conter seus prejuízos - disse João Ferreira, da corretora Futura. - No mercado não há sinais de empresa com risco forte. O que preocupa é o mercado de balcão, onde exportadores e bancos fazem contratos que não são transparentes. Só saberemos ao certo se existe problema nos próximos balanços.

Segundo especialistas, as empresas podem ter iniciado setembro mais expostas ao câmbio não apenas pela "surpreendente" virada do dólar. Mas também por causa de medidas anteriores do governo para impedir a valorização do real. O Ministério da Fazenda criou, em 27 de julho, um Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para posições líquidas vendidas (apostas contra o dólar) acima de US$10 milhões no mercado futuro.

Para Wolfgang Walter, analista da Global Hedging, especializada em risco e instrumentos derivativos, isso encareceu o custo de proteção contra a flutuação do câmbio. Empresas então podem ter passado a cobrir uma parte menor de suas dívidas em moeda estrangeira.

- Esse movimento também pegou empresas que não são exportadores de surpresa, como importadoras de insumos - acredita.

Companhias minimizam impacto

Um dos casos que mais chama a atenção é o da Marfrig. Um avanço de 25% da moeda americana (para R$1,95) poderia provocar uma perda R$528,70 milhões na empresa. Segundo Cauê Pinheiro, analista da SLW Corretora, a Marfrig pode registar neste trimestre um prejuízo por causa das perdas contábeis com o câmbio:

- A Marfrig tem algo como 70% da sua dívida líquida em dólar. Ela vai ter que registrar essa variação no próximo balanço - disse Pinheiro, para quem o temor do câmbio é um dos fatores do tombo de 17,3% nas ações da empresa na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) na semana passada.

O Banco Central (BC) tem monitorado mais de perto as empresas após os casos de Sadia, Aracruz e Votorantim. O presidente do BC, Alexandre Tombini, alertou diversas vezes que o câmbio "flutua para os dois lados" quando a moeda americana estava em tendência de desvalorização - o dólar chegou a ser vendido a R$1,537 em 26 de julho, menor cotação desde a maxidesvalorização do real, em 1999.

O GLOBO procurou as oito exportadoras avaliadas no levantamento. Quatro delas responderam. A JBS informou que fez uma captação de US$2,06 bilhões na subsidiária americana, para pagar dívidas tomadas em dólar aqui no Brasil. Como a captação foi nos EUA, isso eliminaria efeitos das oscilações e reduziria a exposição em moeda estrangeira. A Fibria informou que possui "sólida política de proteção de seu fluxo de caixa" e que o impacto teria efeito "apenas contábil". A Embraer se disse segura sobre a exposição cambial e que "controla no dia a dia as operações". Para a Marfrig, sua posição de caixa e de aplicações financeiras era de R$4 bilhões em junho, "com uma folga de 71% em relação aos compromissos de endividamento financeiro dos próximos 12 meses".

FONTE: O GLOBO

Alta do dólar eleva custos e pega indústria no contrapé

A brusca variação do dólar, que saiu de R$ 1,59 no fim de agosto para R$ 1,84 na sexta-feira, pegou as empresas no contrapé. Companhias relatam que os custos já estão subindo à medida que faturam os insumos nos portos. "Com alta de 15% a 20% nos custos em 40 dias, não tem matemática que resolva", diz executivo da Samsung sobre eventual repasse aos preços.

Alta do dólar pega indústria no contrapé

Nos últimos anos, empresas se endividaram em dólar e desmontaram redes de fornecedores locais para trazer insumos baratos do exterior

Raquel Landim e Luiz Guilherme Gerbelli

SÃO PAULO - A indústria está sempre reclamando do real forte, que prejudica a competitividade, reduz a utilização de insumos locais e desestimula investimentos. Mas quando a tão esperada desvalorização parece ter chegado, a notícia não é tão boa assim. A brusca variação do dólar - que saiu de R$ 1,59 no fim de agosto para R$ 1,84 na sexta-feira, alta de 15,5%, e bateu R$ 1,91 na quinta - pegou as empresas no contrapé.

O setor privado não esperava mais por esse movimento e não criou mecanismos de defesa contra o câmbio valorizado. Nos últimos anos, as companhias se endividaram em dólar e desenvolveram uma extensa rede de fornecedores no exterior. Em setores como eletrônicos, bens de capital e até autopeças, o problema pode ter se tornado crônico, porque ocorreu um desmonte das cadeias produtivas locais.

Se a reviravolta do mercado de câmbio não for um ponto fora da curva como na crise de 2008, as empresas vão sofrer com a alta dos insumos importados e das despesas financeiras em dólar. Companhias relatam que os custos já estão subindo à medida que faturam os insumos nos portos. Até agora, optaram por absorver a alta dos custos com redução do lucro, mas, se o real ficar acima de R$ 1,80, os reajustes serão incontornáveis, com consequências para a inflação.

"Vamos suportar com redução de margem, mas será inevitável algum repasse, que varia muito conforme a mercadoria", diz Benjamin Sicsú, vice-presidente de novos negócios da Samsung. "Com alta de 15% a 20% nos custos em 40 dias, não tem matemática que resolva", completa. Domingos Dragone, diretor comercial da Black & Decker, conta que o mercado está agitado, mas não é sensato reajustar preço enquanto a direção do câmbio está indefinida.

"O que choca é a sensação de que seguimos sujeitos a chuvas e trovoadas no câmbio."Para Fernando Ribeiro, economista-chefe da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), "a indústria brasileira se tornou estruturalmente dependente de insumos importados, num processo que começou na década de 90, mas se intensificou nos últimos sete anos". A participação dos importados no consumo de bens industriais saiu de 10,5% em 2003 para 20,4% em 2010. Com essa mudança, variações bruscas do câmbio desorganizam os negócios.

Na semana passada, a Assistecwaff, que fabrica máquinas para a indústria alimentícia e importa insumos, negociava uma encomenda de R$ 4 milhões. Maurício Alvarenga, diretor comercial, não sabia como agir. "Não sei como estará a cotação do dólar daqui a seis meses, que é o tempo necessário para construir a máquina. É um tiro no escuro." No setor de máquinas, a fatia dos importados saltou de 28,7% em 2003 para 47,2%em 2010.

A fabricante de autopeças Mecano importa barras de aço da Itália. Ricardo Galvanese, coordenador de comércio exterior, conta que a importação foi negociada com o euro a R$ 2,20, mas a divisa pulou para R$ 2,50 semana passada. "Se o real seguir em queda, dificilmente vamos repassar para as montadoras. O prejuízo será nosso."

Dívidas. Outra maneira de aliviar o peso do real forte foi se endividar em dólar. A dívida externa do setor privado saltou de R$ 160,5 bilhões em 2007 para R$ 346,9 bilhões em agosto deste ano, segundo o Banco Central. Nos últimos dias, empresas correram para fazer "hedge" (proteção) no mercado financeiro, evidenciando sua vulnerabilidade. "Os custos de mão de obra e energia já vinham altos. Com a virada do câmbio, as margens de lucro das empresas estreitaram ainda mais", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial (Iedi).

O economista David Kupfer diz que a queda do real impacta imediatamente nos custos, mas o problema pode ser amenizado por exportações mais rentáveis. Ele afirma que as empresas brasileiras desenvolveram flexibilidade para fazer o caminho contrário e buscar fornecedores locais, mas o processo dura cerca de um ano. "Por isso, é importante que a desvalorização não seja rápida demais para evitar o impacto inflacionário."

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Guinada na política econômica do governo Dilma divide analistas

Metas de inflação e câmbio flutuante estariam sendo postos em xeque

Liana Melo

Morto há 65 anos, o economista inglês John Maynard Keynes nunca esteve tão vivo. Suas ideias e convicções parecem inspirar a equipe econômica do governo Dilma Rousseff. É como se a epígrafe de Keynes, de que "quando a realidade muda, minhas convicções também mudam", estivesse norteando a decisão de abandonar a política econômica, que vinha sendo implementada desde 1999. Pondo a culpa na crise internacional, o governo vem, lentamente, afastando-se do tripé formado por metas de inflação, câmbio flutuante e superávit fiscal. Essa constatação ganhou mais força com a alta do dólar de 5,54% só na última semana, em meio a novas intervenções do Banco Central (BC) no câmbio. Para alguns, a mudança é necessária, já que a realidade mudou, com o acirramento da crise da dívida na Europa. Para outros, a guinada é sinal de perigo, com inflação em alta e previsibilidade em baixa.

Para o diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Brasil e outros oito países, Paulo Nogueira Batista Júnior, o tripé continua intacto, o que houve foi uma "reorientação da política econômica". A mudança começou a ser delineada, lembra ele, na segunda metade do segundo mandato do governo Lula. Desde então, aprofundou-se o viés desenvolvimentista.

Batista concorda que o governo Dilma está ficando, sim, mais heterodoxo, mas não estaria sozinho nesta opção. O mundo inteiro, diz ele, inclusive o FMI, os Estados Unidos e a Europa, está seguindo esta orientação.

- Quando há um risco de grande depressão, como houve em 2008 e voltou a ocorrer agora com a crise internacional, as políticas precisam ser reorientadas - analisou o economista, comentando, no entanto, que, no caso do Brasil, o tripé de sustentação da política econômica está sendo mantido. - Só que este tripé é meio mítico, ele é apenas uma orientação básica.

Para ele, o governo não tem qualquer intenção de mexer no câmbio flutuante, nem no regime de metas, assim como continua perseguindo o superávit primário. Pelas projeções do Fundo, a inflação este ano deverá ficar em 6,3% e, em 2012, voltará para o centro da meta. Quanto ao câmbio, explicou, nenhum país adota um regime de câmbio flutuante puro.

O economista e consultor Alexandre Schwartzman está entre aqueles que acha que o governo não está se afastando do tripé, simplesmente porque já "o derrubou há muito tempo":

- E a crise global vem sendo usada mais como um pretexto do que um motivo real para a mudança. O que acabou criando um paradoxo, já que todos agora passaram a torcer por uma piora no cenário mundial.

Fazendo um contraponto à visão de Schwartzman, o economista Antonio Corrêa de Lacerda, da PUC, de São Paulo, está convencido de que mexer no tripé é fundamental. Caso contrário, diz ele, acabaria virando "uma camisa de força":

- A avaliação correta do cenário externo e seus impactos será fundamental para a mudança de rota na política econômica. Sim, temos que mudar, porque o panorama mudou. Não adianta ficar olhando o espelho retrovisor e repetir o erro cometido na crise de 2008. Enquanto o mundo despencava, estávamos cá a aumentar os juros!

Lacerda, adepto das ideias de Keynes, não acha que o tripé foi totalmente abandonado. Admite, no entanto, que ele está "um pouco desequilibrado", o que não é um problema, porque o "mundo todo, inclusive o Fundo Monetário Internacional, está ficando mais heterodoxo":

- Se fala muito que o governo abandonou as metas de inflação. Mas vamos lá: inflação em alta é um fenômeno com data marcada para terminar. Assim que o cenário de desaquecimento, talvez recessão, se consolidar em economias como os Estados Unidos, a Europa e o Japão, que representam mais da metade do PIB mundial, os preços vão cair. Se no passado recente tivemos o efeito da pressão inflacionária internacional, a direção vai se inverter, com a desinflação vinda de fora.

Tripé abandonado e BC no alvo das críticas

A economia Cristiane Schmidt, da Fundação Getulio Vargas (FGV), admite que o governo não chegou a abandonar totalmente o tripé, mas, desde dezembro último, na época da saída do então presidente do BC Henrique Meirelles, "o tripé vem sendo atacado". E exemplifica cada uma das mudanças que vêm sendo implementadas pelo governo.

O câmbio, diz ela, de flutuante não tem nada. Já que a intervenções de compra e de venda deveriam ocorrer apenas esporadicamente.

- As intervenções não deveriam ocorrer quando o câmbio é puramente flutuante, ou, ocorrer raramente, quando é quase flutuante - analisa Cristiane, comentando que o Banco Central passou a fazer intervenções desde o começo do ano.

Quanto à meta de inflação, Cristiane critica o presidente do BC, Alexandre Tombini, comentando que, se seu objetivo é levar a inflação para a meta, "tem falhado enormemente". A prova, diz, foi a decisão da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ao cortar a Selic em 0,50 ponto percentual, a 12% ao ano:

- E agora que o dólar está subindo e pressionará mais a inflação? Se Tombini fosse um gestor de uma empresa privada, não cumpriria a meta nem em 2011 nem, provavelmente, em 2012.

FONTE: O GLOBO

O PSD é legal e legítimo

João Bosco Rabello

Na próxima terça-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) volta a se reunir para decidir o pedido de registro do PSD, decisivo para que a nova legenda possa participar das eleições municipais de 2012. À parte a polêmica artificial produzida pelos seus opositores, e o apego de alguns ministros a formalismos menores, o PSD nasce dentro das regras eleitorais e com absoluta legitimidade política.

O partido cumpriu as formalidades jurídicas impostas pela legislação, como atestam os tribunais regionais eleitorais e o texto da relatora, ministra Nancy Andrighi, defendendo a aprovação do registro. Os ministros divergentes na sessão da última quinta-feira entediaram os espectadores com tecnicismos que passam ao largo do mais importante: a questão política.

O PSD poderia não existir se os seus idealizadores tivessem alegado justa causa para deixar o DEM, onde foram vítimas de uma fraude comprovada que destituiu os poderes do Conselho Político, e migrado para outras legendas. Mas optaram por resgatar o ideário liberal e devolver ao cenário político uma representação com 60 parlamentares, assumidamente conservadora, capaz de reequilibrar o quadro partidário, quebrando a hegemonia nociva de PMDB e PT.

Importante alternativa para governos submetidos a uma base com poder de chantagem, o partido é um oxigênio para o debate político e uma opção indispensável para a diversidade ideológica.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Um partido que vale 7,2 milhões de votos

Se aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral, o PSD nasce com cacife de causar inveja: 49 deputados, dois senadores e dois governadores. Além de, segundo consta nos bastidores do Palnalto, a bênção de Dilma Rousseff e de Ciro Gomes.

PSD atropela prazos e tenta registro a jato

Sigla consegue assinaturas e CNPJ em tempo recorde e briga para concorrer no pleito do próximo ano. Com o registro, cacife da legenda soma 7,2 milhões de votos e oposição teme aumento da força da base governista

Alana Rizzo e Diego Abreu

O Partido Social Democrático (PSD) já nasce, se aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com uma estrutura de fazer inveja aos concorrentes. Começará com 7,2 milhões de votos — cálculo aproximado de quanto receberam em 2010 os deputados federais, senadores e governadores que irão se filiar ao partido. Deverá ocupar a terceira ou quarta maior bancada no Congresso, com, até agora, 49 deputados, que representam 4,4 milhões de votos, dois senadores e um par de governadores. Também terá forte representação nos estados. Mas não é só isso.

Todos os que estão de malas prontas para desembarcar na agremiação idealizada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM), querem trocar de legenda sem o risco da perda do mandato por infidelidade partidária. A maioria ainda pretende deixar de ser oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff. O PSD surgirá como uma sigla independente, com tendência à base aliada do governo. Prova disso é a proximidade com o PSB, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, escudeiro do governo Dilma.

Mesmo antes de ser criado, o PSD tem dado demonstrações de que, além de ser "bom de voto", é bom também na hora de superar a burocracia. Em nove meses, já trocou de nome e ainda afirma ter conseguido todos os documentos para obter o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O processo de criação de um partido leva, em média, um ano e meio. A sigla, no entanto, conseguiu façanhas como obter um número de CNPJ na Receita Federal no mesmo dia em que deu entrada no pedido no cartório, ter registros deferidos em tribunais regionais em sessões que duraram menos de 10 minutos, além de reunir 500 mil assinaturas em pouco mais cinco meses.

Para a Procuradoria-Geral Eleitoral, "proeza" quase impossível, visto que a coleta de assinaturas para a criação das leis da Ficha Limpa e da Compra de Votos, por exemplo, levaram mais de dois anos —, enquanto para a criação de um partido é necessário reunir 492 mil adesões, para uma lei de iniciativa popular, o número gira em torno de 1 milhão.

Nos bastidores, os próprios aliados do Palácio do Planalto admitem que a criação do PSD conta com as bênçãos de Dilma e com a articulação do ex-deputado Ciro Gomes (PSB). Nem ele nem o irmão, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), dizem cogitar mudança de partido. Mas a fusão das duas legendas chegou a ser idealizada por algumas lideranças.

Prefeitura

A ideia de Kassab de construir um novo partido surgiu depois de o prefeito cogitar a transferência para o PSB. O receio de perder o comando da prefeitura paulistana por infidelidade partidária, porém, motivou Kassab a rodar o país em busca de apoio para a criação de uma sigla. O surgimento do partido em tempo de disputar o pleito municipal de 2012 parecia improvável no começo do ano, quando foi iniciada a coleta das assinaturas. Hoje, a 12 dias do prazo para que a o PSD consiga o registro, as chances de o partido ser concebido a tempo são grandes, embora o julgamento iniciado na última quinta-feira pelo TSE tenha sido adiado.

Se de um lado a criação do PSD interessa ao governo federal, que aposta num enfraquecimento ainda maior da oposição, de outro, partidos críticos à gestão de Dilma trabalham incessantemente pela desconstrução da imagem da legenda. Além de DEM e PTB, que batalham para que o TSE não conceda o registro ao PSD, o Ministério Público Eleitoral (MPE) também se empenha para barrar a criação do partido. O motivo é o desorganizado processo de registro da agremiação, que, antes mesmo de contar com a quantidade necessária de assinaturas certificadas pelos Tribunais Regionais Eleitorais, resolveu dar entrada no pedido de aprovação do estatuto no TSE.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Ministério do Trabalho vira balcão do PDT

Lupi pôs dez dirigentes do partido na direção da pasta, que financia entidades ligadas a centrais sindicais

O Ministério do Trabalho sob a gestão de Carlos Lupi transformou-se numa espécie de anexo do PDT, seu partido. Lupi mantém dez integrantes da executiva nacional da legenda em postos de comando da pasta. O tesoureiro do partido, Marcelo Panella, foi chefe de gabinete de Lupi até o início do mês passado, auge da faxina ministerial. O ministro confirmou que a filiação deles pesou na nomeação, mas disse que os cargos são de "livre provimento" - ou seja, podem ser preenchidos como Lupi bem entender. Presidente licenciado do PDT, o ministro mantém reuniões políticas durante viagens oficiais. Ele negou que uma atividade interfira na outra, porque as reuniões são feitas "após o horário do expediente". Entidades vinculadas a centrais sindicais impedidas pelo Tribunal de Contas da União de receber dinheiro público levaram R$ 11 milhões do ministério só neste ano.

Ministro do Trabalho abriga cúpula do PDT e turbina central aliada com verba

Esplanada loteada. Carlos Lupi mantém dez integrantes da Executiva Nacional do seu partido em postos de comando do ministério e somente neste ano entidades vinculadas a sindicatos já receberam R$ 11 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador

Iuri Dantas, Marta Salomon

BRASÍLIA - No comando do rateio de recursos milionários do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, abrigou parte da cúpula do seu partido, o PDT, na pasta e encontrou brecha para turbinar centrais sindicais, impedidas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de receber dinheiro público por causa de irregularidades no passado. Só neste ano, entidades vinculadas a centrais já receberam R$ 11 milhões.

O ministro mantém dez integrantes da Executiva do PDT em postos de comando do ministério e um outro personagem da cúpula partidária na Fundacentro, instituição ligada à pasta. O tesoureiro do partido, Marcelo Panella, foi chefe de gabinete de Lupi até o início do mês passado, auge da faxina ministerial, quando deixou o cargo a pretexto de cuidar de negócios pessoais.

"Todos são filiados ao PDT, o que pesou, sim, para suas nomeações", disse o ministro ao Estado, confirmando a lista de correligionários que nomeou. "Reitero que todos os seus cargos são de livre provimento", completou. No jargão burocrático, isso significa que Lupi considera caber a ele preencher os cargos da forma que entender melhor.

Panella e Lupi são amigos há 25 anos, segundo o próprio ministro. Os dois chegaram a ser sócios no Rio de Janeiro, no Auto Posto São Domingos e São Paulo, mas a falta de alvarás não permitiu o funcionamento do negócio.

Sucessor de Leonel Brizola na presidência do PDT, Lupi chegou ao bloco F da Esplanada dos Ministérios em 2007, após perder a disputa para governar o Rio e ter apoiado a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele tirou licença do comando do PDT para assumir o ministério, mas continuou mandando na legenda, numa confusão de fronteiras entre o cargo no governo e a militância partidária.

Loteamento. O critério político-partidário pesou na escolha de alguns dos principais cargos do ministério. Além de Lupi, o secretário executivo da pasta, Paulo Roberto Santos Pinto, também é integrante da Executiva Nacional. Da mesma forma, comandam o partido quatro assessores diretos do ministro: o secretário de Políticas para o Emprego, Carlo Roberto Simi, e a diretora de Qualificação, Ana Paula da Silva.

Completam a lista dois coordenadores-gerais: o responsável por Estudos, Anderson Brito Pereira, e Rafael Oliveira Galvão, que cuida de empreendedorismo juvenil. A Fundacentro, instituição de pesquisa sobre segurança do Trabalho, vinculada ao ministério, também é comandada por um membro da Executiva do PDT, Eduardo de Azeredo Costa. Neste ano, a Fundacentro recebeu R$ 45,7 milhões.

O Estado apurou que Panella tinha ascendência sobre os demais pedetistas. A maioria dos secretários ia ao seu gabinete despachar. Isso significa que a proximidade com Lupi se impunha à hierarquia do ministério.

Manobra. No ano em que assumiu o ministério, Lupi abriu caminho para o repasse de verbas do FAT a centrais sindicais, por meio de convênios com sindicatos ligados às centrais, proibidas pelo TCU de receber dinheiro público por fraudes e irregularidades na prestação de contas. A justificativa foi "a necessidade de novos parceiros" para cuidar da intermediação de emprego nas cidades de São Paulo e do Rio.

Com a medida adotada Lupi, a Força Sindical tomou a liderança do repasse de verbas para agências de emprego. O convênio em curso com a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos soma R$ 46,4 milhões. A confederação é comandada por Monica de Oliveira Lourenço Veloso, que também é diretora da Força. A central sindical é presidida por Paulo Pereira da Silva (SP), deputado federal pelo PDT e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo.

A brecha aberta em dezembro de 2007 também resultou na contratação de entidade que atende pelo nome de Sindicato dos Oficiais Alfaiates, Costureiras e Trabalhadores nas Indústrias de Confecção de Roupas e de Chapéus de Senhoras do Rio de Janeiro. A entidade usou parte do convênio de R$ 6 milhões para reformar e mobiliar sua sede, reativando um Centro de Atendimento ao Trabalhador, no bairro de São Cristóvão.

O sindicato é filiado à União Geral dos Trabalhadores (UGT). "Isso dá visibilidade às centrais", disse o deputado Roberto Santiago (PV-SP), vice-presidente da UGT, que intermediou o convênio. "Fiquei intercedendo junto ao Lupi, deu trabalho", contou.

Lupi alegou que a escolha das entidades obedeceu a um "edital de chamada pública de parceria" com ampla divulgação no Diário Oficial.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Rio: PMDB e PT não mantêm as alianças no estado

Casados nacionalmente, peemedebistas querem eleger 45 prefeitos e petistas, 25; haverá embate em 22 cidades fluminenses

Cássio Bruno e Marcelo Remígio

O PMDB quer reinar soberano nas eleições municipais de 2012 no Estado do Rio, nem que para isso passe com seu rolo compressor por cima do principal aliado nacional, o PT. Das 45 prefeituras que os peemedebistas estimam conquistar - a legenda tem hoje 35 -, em pelo menos 21 o PMDB e o PT estarão em lados opostos. O total é próximo à meta traçada, até o momento, pelos petistas para o ano que vem: concorrer como cabeça de chapa e vencer em 25 municípios.

A Baixada Fluminense e a Região Metropolitana são os alvos mais cobiçados por PT e PMDB, representando, juntas com a capital - onde os partidos fecharam aliança pela reeleição do prefeito Eduardo Paes (PMDB) -, 74% dos cerca de 12 milhões de eleitores no estado. Os orçamentos das cidades também pesam na disputa. As áreas serão estratégicas para a eleição do próximo governador.

Mas o impasse pode aumentar até março, quando o PMDB fechará a lista de candidatos a prefeito. Em nove municípios os nomes ainda não foram definidos, podendo ou não haver alianças. Nos locais onde houve consenso, PMDB e PT se armam para a luta contra o PR, maior adversário no estado.

- O nosso adversário mais difícil será o PR. Fechamos algumas alianças com o PT. Mas onde tivermos chances de vitória, vamos lançar candidatos e buscar a vitória. Onde não há, ficamos com os partidos aliados e indicamos vices em algumas chapas - diz o presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, evitando polemizar com os petistas ao apresentar uma lista de alianças, na qual PP e PDT superam a participação do PT.

Enquanto Picciani limita o combate à campanha, sem antecipar publicamente o confronto - nos bastidores, o cacique se mune de pesquisas de intenções de voto e avaliações de prefeitos feitas em todos os municípios, e de sua longa experiência em negociar alianças e filiações -, alguns petistas, que já se sentem ameaçados, não poupam críticas ao aliado nacional:

- O PMDB adora que o PT o apoie. Mas o PMDB detesta apoiar o PT. Esse embate acontecerá no resto do país porque os dois querem lançar candidaturas próprias para prefeito em todas as capitais, exceto no Rio, onde há aliança - diz um petista da executiva nacional.

Na capital, o PT indicou o vereador Adilson Pires para vice na chapa de Eduardo Paes. A decisão foi selada, recentemente, em um jantar, na casa do prefeito, com o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB); o presidente nacional do PT, Rui Falcão; o senador Lindbergh Farias (PT); e o presidente regional do PT, Jorge Florêncio.

Em troca da aliança, o PT exigiu do PMDB, inicialmente, o apoio a prefeitos petistas candidatos à reeleição. Entre as cidades estão Belford Roxo, Petrópolis, Paracambi, Conceição de Macabu e Silva Jardim. No entanto, somente em Paracambi o acordo foi fechado. Nas demais, o PMDB lançará candidatos.

Sem alianças em São Gonçalo, Niterói e Macaé

Número de eleitores e orçamentos definem prioridade de partidos

PMDB e PT não chegaram a um consenso em quatro municípios considerados estratégicos para os partidos: Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu e Campos. Em Niterói, onde o PDT lançará a candidatura à reeleição do prefeito Jorge Roberto Silveira, o PMDB terá a vaga de vice, deixando na estrada e sem apoio o candidato petista, o secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Neves.

Em São Gonçalo, segundo maior colégio eleitoral fluminense, com cerca de 700 mil eleitores, o PT tem três pré-candidatos, entre eles o deputado estadual Gilberto Palmares.

- Vamos apoiar o PMDB no Rio. Por que eles não podem nos apoiar em outros locais? - questiona Jorge Florêncio.

- Prefeito com menos de 45% de aprovação ou rejeição superior a 25% não se elege. Candidato com poucas intenções de voto, também não. Vamos lançar ou apoiar quem tem chances - diz Picciani.

Em São Gonçalo, o PMDB lançará o deputado federal Edson Ezequiel. Mas fechou acordo com PSB, PPS e PRB. O partido que tiver o candidato com melhor densidade eleitoral até o ano que vem fica com a vaga.

Em Nova Iguaçu, o ex-prefeito Lindbergh Farias não apoiará a prefeita Sheila Gama (PDT), que foi sua vice. Ele já deixou claro que também não fará campanha para o candidato do PMDB, o deputado federal Nelson Bornier, dificultando um acordo entre os dois partidos. Lindbergh tem forte ligação com o candidato do DEM, Rogério Lisboa.

Campos é outra cidade que será palco de batalha, mas com a possibilidade de acordo no segundo turno. O PMDB apoiará Roberto Henriques (PSD), oferecendo tempo de TV na propaganda política, e o PT pretende lançar Mackoul Moussallem. Oposição à prefeita Rosinha Garotinho, os partidos firmaram acordo com o PCdoB e o PSD para que sejam lançadas várias candidaturas, forçando um segundo turno. As legendas se unirão em um possível embate contra Rosinha no segundo turno.

Apesar de o mapa eleitoral preliminar do PT estar concentrado em cidades com mais eleitores, municípios com orçamentos engordados pelos royalties do petróleo, como Macaé, também serão prioridades.

PMDB e PT seguirão separados em Macaé, Mesquita, Barra Mansa, Angra dos Reis, Parati, Maricá, São Pedro da Aldeia, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Vassouras, Bom Jesus do Itabapoana, Itatiaia, Paty do Alferes, Conceição de Macabu, Italva e Itaperuna.

FONTE: O GLOBO

A cartada de Alckmin: uma cara nova com sobrenome de peso

Cenário eleitoral agitado por estreantes como Fernando Haddad e Gabriel Chalita leva tucano a apostar em Bruno Covas para 2012

Julia Duailibi

Na terça-feira, o governador Geraldo Alckmin escalou dez de seus secretários para um jantar na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes. Na pauta, a eleição de 2012. Com o objetivo de ampliar o tempo de TV do futuro candidato do PSDB, o tucano resolveu atuar diretamente na busca de aliados para a corrida pela Prefeitura de São Paulo.

Entre políticos do PPS, PV e DEM e outros seis tucanos, o titular da pasta do Meio Ambiente, o mais jovem da mesa, manteve a discrição. Minutos antes, Bruno Covas tivera uma conversa particular com o governador.

Ao ser convocado para o encontro, um dia antes, pedira ao secretário particular de Alckmin uma conversa a sós. Conseguiu meia hora na agenda, mas não precisou de todo o tempo. Em poucos minutos, na sala próxima à de jantar, disse a Alckmin que mudaria o domicílio eleitoral de Santos para a capital - o anúncio será feito amanhã. Estava, portanto, apto a entrar na sucessão de Gilberto Kassab.

Era o que o governador esperava. Desde que o escolheu para o Meio Ambiente, Alckmin já sinalizava que o neto de Mario Covas seria seu candidato em 2012, num cenário sem José Serra na disputa. A tese ganhou força à medida que o ex-governador passou a negar a entrada na corrida e o quadro eleitoral decantou em favor de nomes novos, como o ministro Fernando Haddad (Educação), no PT, e o deputado Gabriel Chalita, no PMDB. Aos 31 anos, Bruno veste o figurino da novidade eleitoral.

Numa eleição em que o governador pode pôr em xeque seu prestígio e até seu futuro, como uma eventual reeleição em 2014, Bruno atende a algumas conveniências. Tem autonomia política menor que outros pré-candidatos, como os secretários José Aníbal (Energia) e Andrea Matarazzo (Cultura). Além disso, na contabilidade eleitoral tucana, um apoio ao neto do padrinho político fará bem à imagem do governador. A população enxergaria no gesto uma retribuição.

Dois dias depois do encontro com Alckmin no palácio, Bruno preparou-se para a primeira atividade pública como pré-candidato. No primeiro Dia Mundial Sem Carro como secretário do verde, não teve como escapar da atividade física, que não é seu ponto forte: caminhou 30 minutos até o trem, pegou metrô para a Avenida Paulista e pedalou 6 km até a secretaria. O trajeto do apartamento, no Alto de Pinheiros, zona nobre de São Paulo, até o gabinete é feito normalmente no conforto do ar-condicionado do carro e em dez minutos.

"Você vai por aí que estou levando roupa na mochila, né? Não trabalho assim", disse logo no começo da caminhada, para a qual chegou vestindo bermuda e camiseta. Trazia na mão um boné promocional da secretaria que não coube na cabeça. Foi parar na mochila.

Caminhada. Bruno não tem relação de proximidade com Alckmin. Não fez parte do pequeno grupo de tucanos que permaneceu a seu lado no racha do PSDB paulista, na eleição municipal de 2008.

Na caminhada, evitou falar do chefe, a quem se refere com certa reverência. Próximo ao Parque Villa-Lobos, ligado a sua pasta, comentou: "Na segunda-feira, o governador passou de helicóptero por aqui e me ligou para saber se o Cirque du Soleil pagava para usar esse espaço. Paga R$ 1,5 milhão pela temporada".

Pouco depois, na estação do trem, não se conteve. Imitou Alckmin, escandindo as sílabas como o governador. Falou dos "se-gun-dos" que o trem economizará para chegar à estação após os "bi-lhões in-ves-ti-dos pe-lo Es-ta-do". "Ele adora um número", concluiu.

Eleito duas vezes deputado estadual - em 2010, foi o mais votado do Estado, com 239.150 eleitores -, Bruno não é um político reconhecido na rua. Ao desembarcar na Estação Pinheiros do Metrô, um jovem disse: "Votei em você". O secretário brincou com a assessora: "Esse daí foi o cara que você contratou?"

Apesar de ser de Santos, a maior parte de sua votação veio da capital. Abusou da propaganda de deputado mais atuante, após ganhar o rótulo do Movimento Voto Consciente. Na Assembleia, transformou em lei a Virada Cultural e aprovou projeto tornando obrigatória a castração de animais. Apresentou, sem sucesso, projeto de responsabilidade administrativa, que prevê a continuidade de políticas públicas.

Na campanha de 2010, gastou R$ 1,3 milhão, acima da média de R$ 400 mil dos eleitos para o cargo. O maior doador: Açúcar Guarani, que atua na produção de cana de açúcar, atividade alvo de entidades ambientalistas.

Herança. Entrou na política inspirado pelo avô, com quem morou no Palácio dos Bandeirantes até 2001, quando Covas morreu. Quando disse que queria seguir a mesma carreira, o avô retrucou: "Então vai estudar". Formou-se em direito na USP e em economia na PUC.

"Sempre tinha alguém que olhava com receio por causa do sobrenome, mas ele mostrou que queria aprender", afirmou José Alexandre Araújo, ex-presidente da juventude tucana, que foi depois dirigida por Bruno.

"Ele é uma cara nova, parece ser responsável. Mas totalmente despreparado tanto para enfrentar uma candidatura quanto para ser prefeito. Considero uma temeridade essa ideia do Geraldo", bradou um cacique tucano. Um dos outros pré-candidatos do PSDB à Prefeitura o chamou de "dissimulado" e disse que seu único ativo era o "sobrenome".

O avô tinha comportamento mais visceral. Bruno é mais calculado. "Não é dado a lances inesperados", conta Oswaldo Martins, secretário de Comunicação de Covas. "São temperamentos diferentes. O Bruno lida melhor com a comunicação que o avô. Mario Covas ignorava isso."

Colegas da juventude tucana dizem que Bruno tem uma postura conservadora. "É o jovem mais velho que conheço", disse um deles. O grupo de Bruno, que o acompanha na secretaria, participou de um quebra-quebra no diretório do PSDB em 2003. Um militante chegou a parar no hospital.

Se realmente for candidato, Bruno não será o único Covas na eleição. O tio, Mario Covas Neto, o Zuzinha, quer se candidatar a vereador paulistano. Mas o projeto não é bem-visto no palácio. "Não dá. Imagina se puxarem o fio, começa a aparecer Goro Hama e companhia", disse um aliado de Alckmin, em referência a integrantes da equipe de Covas que, assim como Zuzinha, tiveram os nomes envolvidos em escândalo na CDHU.

Secretaria. Ainda no metrô, o celular do secretário toca pouco depois das 9 horas. É o governador. Bruno se encurrala na plataforma para conversar com Alckmin. Quando desliga, pede uma ligação para a Cetesb. "Ele queria uns dados." Nada de política? "Não, ele não fala disso nesta hora."

A indicação de Bruno para o Meio Ambiente foi calculada. A pasta ganhou peso eleitoral na campanha de 2010. A atuação na secretaria daria experiência administrativa e projeção a ele. Com a missão, parou de dar aulas numa faculdade, onde ganhava R$ 800 por mês. Optou pelo salário de deputado, R$ 20.042. Mais que os R$ 14.009 pagos aos secretários.

Na saída do metrô, Bruno encontrou um grupo de ciclistas. Num estilo parecido com o de Alckmin, cumprimentou um por um, tomou cafezinho e posou para fotos ao lado de um boneco do Toddynho. Um dos jovens, programador visual de 24 anos, disse não saber quem ele era. Diante da resposta de que se trata do secretário do Meio Ambiente, afirmou: "Eu ia dizer isso. Mas na eleição tinha um monte de placa dele poluindo a (avenida) Henrique Schaumann".

Depois de 40 minutos pedalando, chega arfante à secretaria. "Me falaram que era só uma subida", disse. À frente da pasta, não é apontado como um formulador de políticas. Mas é considerado dedicado e aberto ao diálogo. "Apesar de não ter tido uma experiência anterior mais profunda com o tema, ele montou uma equipe competente", avalia Lina Pimentel Garcia, advogada especialista em direito ambiental do escritório Mattos Filho. A principal ação de sua gestão até agora sairá na próxima semana: o lançamento do marco regulatório que permitirá concessões nas unidades de conservação ambiental.

"Como entidade ambiental, gostaríamos que o secretário fizesse uma defesa mais explícita da Mata Atlântica na discussão do Código Florestal", diz Maria Cecília Wey de Brito, secretária-geral interina do WWF.

Prévia. O secretário encontrou-se com Serra antes de definir a mudança do título. Em junho, almoçaram no restaurante Marinara, no Alto de Pinheiros. Disse que o considerava o candidato natural para a Prefeitura. Serra sorriu e desconversou, enquanto pedia um prato "sem alho".

Na reunião com os secretários, Alckmin defendeu as prévias. Mas o núcleo próximo avalia que, se Serra e o senador Aloysio Nunes Ferreira não toparem a disputa, o caminho será o consenso em torno de Bruno. Leia-se: sem prévias.

Antes avesso à disputa, Bruno disse que agora topa o desafio. E, seguindo à risca o figurino de candidato, deixou a secretaria às 20 horas preparando-se para pedalar de volta para casa.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Dilma começa, mas não termina faxina em ministérios

Limpeza ocorreu só na cúpula dos Transportes e no Dnit; Valec está sob comando interino e demissões na Conab ficaram na promessa

João Domingos

BRASÍLIA - Mesmo com o respaldo da população - que deu manifestações de apoio nos atos públicos de 7 de Setembro, em Brasília, e na semana passada, no Rio -, a presidente Dilma Rousseff fez uma faxina incompleta nos setores do governo envolvidos em corrupção, irregularidades e mau uso do dinheiro público. A limpeza só ocorreu na cúpula do Ministério dos Transportes e no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

Na Valec, a estatal responsável pela construção das grandes ferrovias previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como a Norte-Sul e a Oeste-Leste, foi afastado só o presidente José Francisco das Neves, o Juquinha. Ele saiu no rastro do escândalo que abalou o Ministério dos Transportes, no início de julho. Investigações da Controladoria-Geral da União (CGU) indicaram desvios de R$ 279,7 milhões na Valec.

Juquinha foi substituído interinamente por Felipe Sanchez da Costa, diretor da Valec, mas, segundo informações de dentro da estatal, quem manda de fato na empresa é Luiz Carlos Oliveira Machado, diretor de Engenharia, um protegido do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A Ferrovia Norte-Sul, uma das principais obras da Valec, foi iniciada no governo Sarney (1985-1990) e nasceu envolvida em escândalos. Na época, descobriu-se que a licitação havia sido dirigida e os vencedores já eram conhecidos havia meses.

Acampado. Como se considera o pai da Ferrovia Norte-Sul, o presidente do Senado nunca desencarnou dela. Em 1989, ainda presidente da República, Sarney fez uma visita ao canteiro de obras da Norte-Sul de Açailândia (550 km ao sul de São Luís). Vivia um momento difícil e enfrentava uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava corrupção em seu governo. Prometeu que, nos governos subsequentes, acamparia nos trilhos até que a ferrovia fosse concluída.

Sarney não precisou fazer nada disso. Mudou seu domicílio eleitoral para o Amapá e voltou ao Congresso. Em 2002, aliou-se ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, outrora um adversário da Norte-Sul, e defensor dela depois de assumir o mandato. Para não correr riscos, Sarney passou a influir na indicação dos diretores da Valec. A obra está atrasada, como ocorre com todas as de tamanha grandeza e valor - seus custos já estão em mais de R$ 5 bilhões. Mas deverá ser inaugurada integralmente durante o governo de Dilma Rousseff.

Na quinta-feira, a Subcomissão das Obras do PAC da Câmara esteve em Palmas e Gurupi (TO), para visitar dois trechos da Ferrovia Norte-Sul, onde teria havido desvios de R$ 84 milhões, de acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU). “É uma coisa complicada, porque 85% dos serviços já foram feitos. Desmanchar não dá. Temos é de ver se conseguimos reduzir os preços”, afirmou o presidente da subcomissão, deputado Carlos Brandão (PSDB-MA), que comandou a visita dos parlamentares.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Charge do dia - Rock in Rio na ONU

Aroeira - O Dia

Corrupção Institucionalizada:: Fernando Henrique Cardoso

As manifestações contra a corrupção começam, felizmente, a ganhar corpo. Pena que o objetivo proposto pela última delas, no Rio de Janeiro, possa ser enganoso, qual seja, considerar como crime hediondo o delito de corrupção. Não é de agora que a sociedade a cada surto de criminalidade pede isso. Mas, de que adianta aumentar as penas se ninguém é condenado?

Atualmente, além da corrupção como desvio pessoal de conduta, estamos diante de algo muito grave: pouco a pouco se foi montando um sistema político que tem a corrupção como pressuposto e condição para a “governabilidade”. Trata-se, portanto, de uma corrupção institucionalizada. Ela não absolve de culpa pessoal os infratores, utilizem eles ou não os recursos obtidos fraudulentamente para fins eleitorais-partidários ou para enriquecimento pessoal. Freqüentemente, aliás, usam-nos para os dois propósitos. Mas requere medidas corretivas que cheguem às causas (ou pretextos) para a roubalheira: o elevado custo das campanhas eleitorais.

Portanto, o combate à corrupção implica também na tentativa de reduzir tais custos. Esta é uma das razões pelas quais eu apoio decididamente o voto distrital, com todas as dificuldades que possam existir para sua implantação.

Mas isso não basta: é preciso ter maior controle e transparência nos contratos públicos e uma atitude firme de repúdio às práticas desonestas. Por isso, quando a Presidente Dilma reitera não aceitar a corrupção impune (mesmo que as circunstâncias políticas a forcem a fazer novas nomeações duvidosas), isso é melhor do que as permanentes tentativas de minimizar os alegados casos de corrupção como o fazia e ainda agora o fez novamente o ex-presidente Lula, lamentando que os ministros recém demitidos não tivessem “casca dura” suficiente para resistir às pressões da sociedade.

Quando os dirigentes não têm força suficiente para acabar com o sistema distorcido em que vivemos, que ao menos por suas palavras e, mais, pelo exemplo, demonstrem que não são lenientes com o crime da malversação. É o mínimo que se pode esperar de quem tem responsabilidades públicas, esteja ou não no exercício de mandatos.

Publicado no Blog FHC

Uma Constituinte para a Reforma Política: Lula propôs, eu contra-proponho:: Bolívar Lamounier.

Outro dia o “companheiro” Lula fez uma proposta deveras inusitada, fora do que normalmente se ouve no atual mundo político brasileiro. Pela originalidade, palmas para ele. Agora vamos ao conteúdo.

Lula está sugerindo a convocação de uma constituinte para fazer uma reforma política. Dito isto, o meu eventual leitor com certeza ficará intrigado. Mas o Congresso não está justamente concluindo uma reforma política? Os senadores e deputados não trabalharam n isso desde o início do ano?

Sim, é verdade, mas o essencial eu ainda não disse. Lula pensa que uma assembléia constituinte precisará ser convocada se …a reforma em discussão não for aprovada. Ficou claro? Se a reforma em discussão não for aprovada.

É uma idéia esquisita, para dizer o mínimo. Eu nunca vi político falando em voz alta sobre a possibilidade de ser derrotado numa matéria de seu interesse. Portanto, de duas, uma: ou ele considera esse assunto irrelevante e quer dar cabo dele para poder tratar de outras coisas, ou ou se convenceu de que o projeto em tramitação é super-hiper-importante, mas não tem chance alguma de aprovação.

A segunda hipótese torna a situação toda ainda mais misteriosa: como é que a reforma carece de chance se a coligação situacionista detém ampla maioria em ambas as Casas?

Vou tentar desvendar o mistério. Lula está sim empenhado em aprovar o projeto, cujos itens principais são o financiamento público para as campanhas eleitorais e o voto em lista fechada (aquele em que os candidatos são eleitos segundo a ordem decidida pelos dirigentes partidários).

Já redigida, a embalagem entoará uma ode ao produto: dirá que não tem efeitos colaterais e não pode faltar nos lares brasileiros.

A realidade é bem outra. O remédio é muito ruim e pode ser letal para a nossa democracia. Neste post, vou me ater ao chamado “financiamento público”. Essa providência seria a meu ver discutível mesmo se os congressistas a tivessem elaborado com equilíbrio e um real ânimo de aprimorar o sistema político. Mas não foi isso o que aconteceu; muito pelo contrário.

O que o projeto pretende é estender até as calendas a vantagem conquistada pelo PT e pelo PMDB nas eleições de 2010.

O meu, o seu, o nosso: o leitor sem dúvida conhece esta expressão. São os nossos impostos. Pois é, aprovada essa “reforma”, eles ficarão com a maior parte na próxima eleição, aí provavelmente vencerão outra vez com ampla margem, aí ficarão de novo com a maior parte. Aos perdedores, as batatas e depois mais batatas.

Caramba, me estendi sobre esse monstrengo a que o Congresso periga de dar a luz e quase me esqueço da proposta de Constituinte do Lula. Me permitam repetir o ponto essencial. A reforma cuja derrota Lula parece estar antevendo é obviamente uma barbaridade. Mas ele faz questão dela, tanto faz que topa convocar uma Constituinte específica, para tratar só da reforma política.

OK, eu também topo. De repente, pode ser uma ótima idéia. Com duas condições. Primeiro, que a reforma tenha como objetivo o interesse da sociedade em reordenar e melhorar o sistema político , não o interesse dos partidos ou da classe política tal como eles e ela se encontram atualmente configurados.

Que seja, pois, uma Constituinte exclusiva, ou seja, sem a participação dos atuais congressistas, como se pretendia já em 1987, e como deve ser. Segundo, que a Constituinte, por definição soberana, cuide amplamente da matéria, abrangendo os sistemas eleitoral, partidário e de governo, e com liberdade para examinar todas as opções relevantes em conexão com tais matérias. Quanto ao sistema eleitoral, por exemplo, ela adotará um sistema proporcional, majoritário ou misto : o que lhe parecer melhor para o país

Publicado no Blog Bolívar Lamounier

Corrupção e instituições :: Luiz Sérgio Henriques

Uma simples consulta aos jornais e revistas sobre a atividade política nos governos Fernando Henrique Cardoso mostraria uma série de iniciativas do então principal partido oposicionista em prol de CPIs contra a corrupção, acompanhadas não raramente de performances midiáticas, como a distribuição de pizzas ou o imaginoso varal da corrupção, em 2001. Esse varal, estendido em salão da Câmara dos Deputados, com "45" acusações contra a situação, era contundente: nele nada deixava de ser dependurado, da possível compra de votos para a malfadada emenda da reeleição aos diferentes processos de privatização, alguns dos quais conduzidos, ao que se dizia, na fronteira da ilegalidade.

Uma ação oposicionista legítima, sem dúvida, ainda que não poucas vezes se fizesse acompanhar de palavras de ordem equívocas, como o "fora FHC" apregoado por destacados petistas. O lema trazia em si, sem muita dissimulação, uma certa incapacidade de conferir legitimidade ao adversário, legitimidade sem a qual o jogo democrático simplesmente deixa de ser possível e o adversário passa à condição de "inimigo do povo".

Como é próprio das situações de alternância, hoje os governos petistas se veem sob fogo cerrado, de sorte que, como resultado das denúncias cruzadas, um extenso varal metafórico parece deixar ao vento "as roupas comuns dependuradas" de petistas, tucanos e agregados, a começar pelas vestes do publicitário Marcos Valério. Por ora, a fragilidade parlamentar oposicionista - agravada pelo fato de que o governismo continua a ser um universo em expansão, como o atesta a criação do PSD - encontra-se, de modo ainda incipiente, compensada pelo fenômeno das redes sociais, cuja capacidade de mobilização, à revelia das direções partidárias, não convém subestimar, e, antes, encontra-se na raiz de processos democratizadores (de enriquecimento da agenda democrática tradicional) em todo o mundo.

O governo defende-se, como é natural. A própria presidente Dilma Rousseff hesita entre apropriar-se, inclusive em termos de marketing, do emblema da faxina, ou relegá-lo a um plano secundário, sublinhando em seu lugar temas "substantivos", e não "moralistas" ou "udenistas". Na agenda presidencial ressaltariam, então, questões de inegável peso, como a eliminação dos bolsões de miséria absoluta, a inserção da economia numa ordem mundial que se altera de modo inaudito e nos parece condenar a uma condição periférica renovada, ou, ainda, o impacto interno de uma crise global continuada que não dá sinais de resolução.

A qualidade do argumento governista é que sempre pode ser discutida, tanto antes como agora. De fato, não está errada a presidente Dilma ao entender que a ação de governo não pode girar estrategicamente em torno do combate à corrupção. Numa das suas intervenções, aliás, a presidente chegou a definir tal combate como "ossos do ofício". Uma posição de respeito, em especial porque acompanhada de medidas saneadoras em pontos tradicionalmente nevrálgicos da administração, como o Ministério dos Transportes, com relevância para alguns dos objetivos mais proclamados da ação de governo na área de infraestrutura.

Menos claras são as declarações de que o petismo no poder se encontra prisioneiro de uma lógica que não comanda, derivada das perversidades de uma transição pelo alto - de uma "transação" entre elites - e da consequente restauração do presidencialismo de coalizão e seu cortejo de mazelas. E a clareza se perde de vez quando declarações partidárias apontam para o golpismo das oposições, as quais, como em situações pretéritas, utilizariam instrumentalmente o discurso do "mar de lama" ou o combate hipócrita contra a corrupção, que, ao lado daquele contra a "subversão", compôs o ideário dos donos do poder nos idos de 1964.

Na verdade, a não ser por anacronismo, este não é mais o tempo de repudiar a transição democrática, que permitiu, sem maiores sobressaltos, a inédita experiência de um partido de esquerda no poder, capitaneando, ao menos desde os turvos episódios de 2005, uma extensa coalizão de governo, segundo a tradição estabelecida em 1945 e só quebrada no regime militar.

Por sua vez, o presidencialismo de coalizão - para usar expressão incontornável - permitiria, em princípio, alianças efetivamente programáticas e mudancistas, especialmente se a esquerda hegemônica valorizasse, em primeiríssimo lugar, a institucionalidade democrática estabelecida a partir de 1988, sem entrar em choque, por exemplo, como nos mandatos do presidente Lula, com mecanismos clássicos de controle, entre os quais imprensa e tribunais de contas.

Nesse mesmo sentido, e para nos atermos ao presente, em nenhum momento a figura presidencial poderia ser ou parecer interina ou tutelada, sob pena de uma diminuição simbólica do cargo de consequências imprevisíveis. Em outra instância, não se poderia permitir o ocorrido nos seis meses iniciais do governo Dilma, quando a pauta do Congresso Nacional esteve submetida ao Executivo pela sucessão de medidas provisórias ou projetos em regime de urgência nem sempre justificável. Uma situação que constrange um dos Poderes-chave da República e faz dos próprios parlamentares da base aliada agenciadores subalternos de verbas e cargos, além de afastá-los das duras tarefas da representação.

Num quadro de consciente fortalecimento das instituições, as denúncias de corrupção certamente perderiam o caráter instrumental. Um instrumentalismo que rebaixa a ação política e transforma tucanos e petistas, querendo ou não, naquilo que um espírito sardônico, e dado a arcaísmos, chamaria de versões modernizadas de "luzias" e "saquaremas", mais semelhantes do que gostariam de ser tanto nas funções de governo quanto nas de oposição, que alternadamente têm cumprido.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Custos sociais:: Merval Pereira

A tese de que é preciso gastar cada vez mais no social, ainda que isso tenha um custo alto, como a criação de novo imposto para substituir a CPMF, aumentando ainda mais a carga tributária, porque provocaria o desenvolvimento, está em vigor muito antes deste governo.

No anterior, de que este se apresenta como mera continuidade, o ministro Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social já a defendia, sem que entrassem em suas cogitações, como não entraram agora, a contenção dos desperdícios e a melhoria da gestão pública para encontrar um melhor encaminhamento para o dinheiro do Orçamento que já existe.

A declaração do empresário Jorge Gerdau, que preside a Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade, ligada à Presidência da República, de que antes de pensar em criar um novo imposto seria preciso que o sistema de saúde melhorasse sua gestão, é um alento dentro de um governo que, mesmo tendo tido o mérito de repensar a gestão pública, continua preso a dogmas antigos.

A presidente Dilma não assumiu nunca o apoio à criação do novo imposto, a Contribuição Social da Saúde (CSS), que seria o substituto da CPMF, mas estimulou que os governadores tentassem convencer suas bancadas no Congresso nesse sentido.

Mesmo depois que foi derrotada, tendo sintomaticamente apenas o voto do PT, a presidente deu sinais de que concorda com a criação de um novo imposto, ao dizer que a questão da Saúde no Brasil não se resolve apenas com gestão, mas será preciso mais dinheiro.

Gerdau, que é presidente do conselho do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), do consultor mineiro Vicente Falconi, uma das principais consultorias sobre moderna gestão empresarial do país, trabalha dentro de um governo gastador para tentar dar um sentido de eficiência na gestão pública, e esclareceu que não é razoável criar-se novos impostos quando não foram esgotadas as medidas para melhorar a gestão de uma determinada área.

Os economistas dizem que não há teoria, nem evidência empírica, que demonstre uma relação de causalidade entre gastar mais e gerar riqueza. No caso europeu, berço do Welfare State agora colocado em xeque diante da crise econômica que assola o mundo, primeiro os países ficaram ricos e, depois, começaram a praticar políticas sociais ativas e com maiores gastos sociais.

No Brasil, e não apenas nesta administração, a ideia de que a carga tributária tem que ser alta para manter os programas sociais vem de muito tempo. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dizia, em seu tempo de governo, que cortar carga tributária poderia significar "a morte de criancinhas no Nordeste".

A presidente Dilma, no mesmo sentido, chegou a dizer que gastos correntes representam "vida" e não podem ser cortados.

Diante de carências tão grandes nas áreas sociais, é mesmo natural que os governantes temam as consequências de um programa de gestão, mas as experiências estaduais bem sucedidas de gestão pública eficiente levaram a discussão para além do simples corte de gastos.

O programa de melhorias administrativas é uma constante desde os anos 80 do século passado em países pioneiros como a Austrália e a Nova Zelândia. A nossa Lei de Responsabilidade Fiscal, nos seus princípios maiores, foi inspirada na da Nova Zelândia.

Pesquisa do Banco Mundial em parceria com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne os países mais desenvolvidos, mostra que a maioria deles inclui dados de desempenho não financeiro em seus orçamentos, sendo que alguns possuem até mesmo mecanismos formais para premiar os funcionários públicos, com a combinação entre desempenho, metas atingidas e bônus salarial.

Diante da situação das contas públicas, a ênfase do primeiro momento no governo Dilma será dada à redução dos custos, dentro da máxima "fazer mais com menos" cunhada pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior.

Mas sempre que o problema aperta, a melhor saída é a tentativa de aumentar impostos, antes de tentar conseguir uma gestão mais eficiente.

A ideia de administrar um país como uma empresa privada, com a burocracia, a ineficiência e a falta de controle das finanças públicas substituídas pela busca de resultado, a gestão eficiente e o controle rigoroso das despesas, ganhou a presidente Dilma, mas precisa ganhar a máquina administrativa.

O Conselho de Gestão e Competitividade é o embrião do que poderá vir a ser a versão brasileira dos organismos governamentais que controlam a eficácia dos órgãos do governo na Nova Zelândia e na Austrália, ou então, como já fazem outros países, o controle seria feito por empresa privada de consultoria, sob a supervisão de auditor governamental.

O Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), do qual Gerdau faz parte, já tem convênios com diversos governos estaduais para melhorar a atuação da máquina pública. No caso da Saúde, por exemplo, o Australian Audit Office, responsável pela eficiência do setor público no país, define 56 indicadores, incluindo tempo de espera pelo atendimento e o índice de retorno por complicações causadas pelo primeiro atendimento.

A eficiência de cada setor governamental é medida pelo estabelecimento de metas a serem cumpridas, como se cada ministério assinasse com a Presidência da República um "contrato de gestão".

A Rede Sarah, a mais importante rede de hospitais especializados em aparelho locomotor e pesquisas neurológicas do país, e uma das melhores do mundo, é um exemplo bem-sucedido que temos no país de contrato de gestão com o governo federal, através do Ministério da Saúde.

Tratamento do dinheiro público com base em boa gestão, previsão orçamentária e acompanhamento de metas e desempenho, são algumas das medidas adotadas pelos países desenvolvidos para tornar o Estado mais eficiente.

A Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade está trabalhando em áreas críticas do governo, inclusive em órgãos com denúncias de corrupção como o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes), não no sentido de fiscalizá-los, mas de criar métodos transparentes de gestão para que a eficiência dificulte práticas corruptas.

Assim como considera ser possível evitar desperdícios do dinheiro público na Saúde antes de pensar em criar novos impostos.

FONTE: O GLOBO

Anomia e lei da selva:: Eliane Cantanhêde

O que significa anomia? Ausência de lei ou de regras. É exatamente o que ocorre quando o Legislativo se omite e não legisla. O que vive acontecendo.

Como um erro puxa outro, o Judiciário preenche o vácuo e acaba assumindo o papel de legislador. O que ocorre cada vez mais.

O último exemplo é o do aviso prévio. A constituinte de 1988 determinou que fosse proporcional ao tempo de serviço, com um mínimo de 30 dias. O Congresso teve 23 anos para regulamentar e não o fez, o mercado ajustou pelo mínimo e ficou por isso mesmo, até a Câmara, na última quarta-feira, estabelecer aviso prévio de até 90 dias.

Sem regulamentação, o Supremo pode fazer mandado de injunção ou ação direta por omissão, além de notificar o Congresso para corrigir a falha. No caso do aviso prévio, houve uma notificação em 1993, mas entrou por um ouvido dos parlamentares e saiu pelo outro. Havia cerca de 40 projetos, sem votação.

Segundo exemplo: o julgamento de greve no serviço público. A falta de regulamentação também criou uma situação esdrúxula e obrigou o STF a "legislar", transpondo a lei de greve da iniciativa privada para o setor público. Um quebra-galho.

Terceiro: o FPE (Fundo de Participação dos Estados), que pode chegar a 60% da receita de algumas unidades da Federação, como o Amapá. Como nunca foi regulamentado, não pode, ou poderia, ser aplicado.

Mas... ou muitos Estados vão à falência ou a Justiça fecha os olhos e o que é ilegal passa a ser corriqueiro.

Os exemplos são extensos e comprovam: 1) a desarticulação política entre os governos e o Legislativo; 2) o desvio de foco dos partidos e seus membros, mais ocupados com as disputas políticas do que com as leis; 3) o jeitinho brasileiro.

O Brasil, que caminhou tão bem em várias direções, continua assim vivendo a lei da selva.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

O espírito de 1947 :: Alberto Dines

O perturbado calendário histórico da Palestina ganhou nessa sexta-feira um importante adendo quando Mahmud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, formalizou o pedido ao Conselho de Segurança da ONU para que reconheça o Estado Palestino como membro pleno da comunidade internacional. Recebido por um plenário majoritariamente favorável, o pleito palestino está envolvido por grandes expectativas porque no Conselho de Segurança enfrentará o veto certo dos EUA, ao qual poderão somar-se os da França e Inglaterra.

Esse 23 de setembro nos remete obrigatoriamente ao marco inicial deste calendário: o 29 de novembro de 1947, quando o plenário da ONU presidido por nosso Oswaldo Aranha, depois de uma dramática votação (33 a favor, 13 contra e 10 abstenções), aprovou a proposta de partilha da Palestina em dois Estados - um árabe e outro judeu - com o endosso ostensivo das duas superpotências, EUA e URSS (antiga Rússia).

Com 64 anos de atraso, um dos mais importantes líderes do mundo árabe acaba de legitimar a histórica Resolução 181 que já provocou seis guerras no diminuto e conturbado território conhecido como Terra Santa. A Partilha da Palestina finalmente parece em vias de concretizar-se. Razão pela qual o Irã e os radicais islâmicos do Hamas e Hizbollah continuam negando-a.

O que nos leva a três perguntas cruciais. Se os EUA tanto se empenharam pela solução da Partilha da Palestina - contrariando os interesses das grandes petroleiras americanas no Oriente Médio - por que razão agora se opõem a uma resolução que em última análise consagra os seus compromissos com a criação e sobrevivência do Estado de Israel?

Se em 1947 as comunidades judaicas na Palestina e no resto do mundo rejubilaram-se com a decisão da Partilha por que agora se opõem à sua complementação negando aos palestinos o status que o recém-criado Estado de Israel obteve em 1949?

E, finalmente, se o presidente Barack Obama não esconde as suas simpatias pelo reconhecimento do Estado Palestino como primeiro passo para o apaziguamento do Oriente Médio por que não consegue transformar suas convicções políticas e humanistas em ação política concreta?

Israel mudou: a coalizão de centro-esquerda que materializou o ideal sionista de retorno à Terra Prometida e produziu uma experiência política e cultural ímpar na história do mundo foi derrotada em 1977. E em 1995 foi espezinhada quando o general pacifista Itzchak Rabin foi assassinado pelas costas por um fanático religioso contrário aos acordos de Oslo e tudo o que significasse reconhecimento dos direitos palestinos e a ideia dos dois Estados.

Os sonhos produzidos pela Partilha desvaneceram-se tanto pela intransigência das lideranças árabes e palestinas como pela arrogância fabricada pelas vitórias militares israelenses. A atual retórica do premiê Netanyahu em favor da paz é tardia e falsa. Chega a soar cínica. Se fosse verdadeira ele não teria permitido a ocupação do território palestino por assentamentos israelenses geralmente religiosos.

A diáspora judaica também mudou: não vota, nem escolhe os governantes do Estado de Israel, mas prefere vê-lo forte, invencível, marcada ainda pelo luto do Holocausto e a recorrência contínua do antissemitismo. A comunidade judaica dos EUA, a mais forte e influente no cadinho étnico do país, segue o paradigma que, nas eleições, ganha conotação absurda: em questões sociais e políticas vota com os democratas e progressistas, em política externa recusa liminarmente qualquer ação que signifique o enfraquecimento de Israel.

Em plena campanha eleitoral, fustigado pelo fanatismo religioso do Tea Party (fervoroso adepto de Israel), Barack Obama converteu-se em refém desta terrível trama bíblica. O espírito de 1947 poderia salvá-lo: dois Estados e fronteiras reconhecidas.

Enfim, o equilíbrio. A convivência e a paz virão em seguida, inevitáveis.

Alberto Dines é jornalista

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Dilma e o cavalo de Troia:: Fernando de Barros e Silva

Dilma Rousseff recebeu aplausos generalizados da imprensa brasileira. Veículos e colunistas em geral refratários a Lula e ao PT se derramaram em elogios ao discurso da presidente na ONU. Entre os chamados formadores de opinião, mesmo (ou sobretudo) os conservadores, essa atitude de quase espanto positivo em relação a Dilma -uma espécie de "Oh, muito bem!"- tem sido recorrente.

Não é o caso de retomar os tópicos da sua fala em Nova York. Basta dizer que ficou visível em várias passagens o acento pessoal do pronunciamento. Dilma fez questão de escrever ela própria certos trechos.

O ponto aqui é outro. FHC estava, afinal, certíssimo quando alertou o PSDB, naquele texto famoso sobre "O Papel da Oposição", de que era preciso encontrar formas inovadoras de conexão com as classes médias, caso contrário elas seriam atraídas para o campo petista. O tucano se referia à classe C emergente, com suas demandas novas, mas o raciocínio também se aplica ao eleitor tradicionalmente simpático ao PSDB.

A defesa intransigente dos direitos humanos, a imagem de quem combate a corrupção, o recato e os contrastes com o estilo de Lula -tudo compõe uma figura que é do agrado do mundo social a que pertencemos.

Mas é difícil discernir entre os que gostam de Dilma e os que gostam de gostar de Dilma porque não gostam de Lula. Nesse universo, de cada dez pessoas que batem palmas para a presidente, nove parecem fazê-lo exatamente porque ela seria uma espécie de negação do padrinho.

Diferenças entre eles existem, mas seria ingênuo demais pensar que Dilma e Lula se distanciam ou não estão jogando juntos. Isso não é verdade. Inclusive porque para cada admirador novo que Dilma conquista, Lula não perde nenhum que já tinha.

Quem sabe Dilma não seja, à revelia dela própria, o cavalo de Troia de que o PT precisava para conquistar a cidadela da classe média.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO