Valor Econômico
O cenário se modificou nos últimos anos, com
a ascensão da lógica da guerra permanente
O radicalismo tornou-se um dos maiores
desafios da política contemporânea. Esse modelo privilegia o confronto e a
polarização em vez da negociação e do compromisso. Por muitas vezes ele esteve
presente e forte na História, mas a chamada terceira onda de democratização,
iniciada com a Revolução dos Cravos em Portugal (1974), e o fim da Guerra Fria
inauguraram uma breve era em que havia sempre a esperança da vitória dos
acordos e do diálogo nos planos nacional e internacional, mesmo quando os
conflitos permaneciam. O cenário se modificou nos últimos anos, com a ascensão
da lógica da guerra permanente, que conquista cada vez mais corações e mentes,
votos e armas.
A chamada pax americana não foi, evidentemente, um mundo róseo ou o fim da História. Houve guerras nos Bálcãs e no Iraque, vários atentados terroristas, o 11 de Setembro, a invasão do Afeganistão, algumas crises econômicas internacionais, a derrota da paz em Israel e a manutenção de importantes regimes autoritários, como a China ou a Arábia Saudita. Mesmo assim, havia dois fatores distintivos do período: a força de lideranças democráticas em várias partes do mundo, capazes de estabelecer algum nível de diálogo nacional e internacional, e uma maior cooperação entre potências globais e regionais, permitindo a entrada da China na Organização Mundial do Comércio e a ascensão dos Brics.