TV Band reuniu Alvaro Dias (Pode), Cabo Daciolo (Patriota), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSL), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT).
Por Filipe Matoso, Gustavo Garcia e Lucas Salomão, G1, Brasília
Oito candidatos à Presidência da República participaram na noite desta quinta-feira (9) de um debate na TV Bandeirantes. O debate durou 3 horas e 13 minutos e terminou na madrugada desta sexta (10).
Por sorteio, os candidatos ficaram posicionados na seguinte ordem (da esquerda para a direita): Alvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSL), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT).
Antes do início do debate, o mediador Ricardo Boechat informou que a organização convidou o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso. Mas ele foi impedido pela Justiça de participar.
Durante o encontro, os postulantes apresentaram propostas sobre emprego, educação, segurança pública, desenvolvimento, juros, aborto, entre outros pontos.
O debate foi dividido em cinco blocos:
• Primeiro bloco: questionamento de leitores do “Metro Jornal” e perguntas entre os próprios candidatos.
• Segundo e quarto blocos: perguntas de jornalistas do Grupo Bandeirantes.
• Terceiro bloco: perguntas entre candidatos.
• Quinto bloco: considerações finais.
Propostas
Conheça abaixo, as falas na íntegra, sobre propostas apresentadas pelos candidatos em respostas a perguntas que receberam durante o debate. Para cada pergunta, o tempo de resposta foi de 1 minuto e 30 segundos.
A ordem dos candidatos abaixo obedeceu a posição (da esquerda para a direita) reservada a cada um pelo sorteio da organização do debate.
Alvaro Dias (Podemos)
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) -"Em vez de [o BNDES] investir no Brasil e gerar empregos, melhorando nossa infraestrutura e nossa logística, nós, no governo, não permitiremos que o BNDES empreste, sobretudo, para nações comandadas por ditadores corruptos e sanguinários que esmagam seus povos na miséria. Os recursos do BNDES não construirão metrô na Venezuela. Poderão construir em Belo Horizonte, despoluir o Rio Tietê, a Baía de Guanabara, através de parcerias público-privadas, com alavancagem do BNDES, um grande banco."
Venezuelanos no Brasil - "Seria perverso expulsar seres humanos que foram escorraçados por uma ditadura sanguinária e impiedosa. Não há como expulsá-los do Brasil. Com sensibilidade humana, um governo não pode escorraçá-los daqui como foram expulsos de lá pela violência, pela miséria e pela fome. O que nós temos que condenar são os governos brasileiros que alimentaram durante anos essa ditadura incapaz de respeitar as liberdades democráticas. Uma ditadura sanguinária que submeteu o seu povo à fome, à miséria, à violência e à morte e que teve a complacência de governos brasileiros."
Segurança pública - "Mulheres e jovens: nos últimos dez anos, de 2006 a 2016, nós tivemos o sepultamento de 324 mil jovens de 14 a 25 anos no nosso país, sete vezes mais que o número de soldados mortos na Guerra do Vietnã durante 20 anos. Os governantes deveriam pedir perdão ao povo brasileiro. Não há como não afirmar que não temos recursos, nós gastamos mais com segurança do que os países da OCDE. O problema é honestidade, planejamento e competência. É preciso restabelecer a autoridade, não há autoridade constituída. E quando a autoridade não se impõe, a marginalidade se sobrepõe e o crime cresce de forma avassaladora no país como ocorre hoje. Nós temos três itens: financiamento, capacitação e indução de políticas corretas, política de segurança pública de Estado e não de governo. Combate ao tráfico de drogas, combate à produção e ao tráfico de drogas, instituindo uma frente latino-americana."
Ajuste fiscal - "Anarquizaram a administração pública brasileira, destruíram as finanças públicas e nos levaram para um déficit monumental, histórico, sem precedentes. Isso vai exigir um ajuste fiscal rigoroso. E tem que começar no andar de cima, exatamente eliminando os privilégios das autoridades brasileiras que provocam grande indignação na nossa gente. Auxílio-moradia, verba indenizatória, todos esses penduricalhos. Há que se começar reduzindo o tamanho do Estado, eliminando ministérios, diretorias, coordenadorias, departamentos, paralelismos, superposição de ações. Reduzindo o tamanho do Congresso, diminuindo senadores, deputados. Depois, sim, as reformas necessárias para o país."
Sérgio Moro e Operação Lava Jato - "O grande desafio é vencer o descrédito. Em relação à corrupção, especialmente. Porque assaltaram o Brasil nos últimos anos. O que nós estamos propondo é a institucionalização da Operação Lava Jato como política de Estado permanente. Uma espécie de tropa de elite de combate à corrupção. E para isso nós vamos convidar o juiz Sérgio Moro para ministro da Justiça."
Combate à corrupção - "[Vamos convidar] uma seleção de juristas como Miguel Reale Jr., Modesto Carvalhosa e René Dotti para a elaboração da legislação criminal do país, não apenas o aprimoramento da legislação criminal do Brasil, acolhendo as propostas do Ministério Público de combate à corrupção, mas também as alterações constitucionais necessárias para que possamos ter os mecanismos e mudarmos esse sistema político e de governança. Especialmente, esse sistema de governança corrupto e incompetente que é uma fábrica de escândalos de corrupção. Novamente, eu vou repetir, não vou me cansar de repetir: sem a refundação da República, sem a substituição desse sistema, o país não vai gerar emprego, não vai promover desenvolvimento, e nós vamos ver o nosso povo sofrendo."
Considerações finais - "Vamos acabar, sim, com todos os privilégios das autoridades e, com segurança, o juiz Sérgio Moro estará ao nosso lado apoiando. Tenho certeza que ele apoiará o fim de todos os privilégios das autoridades. Mais importante do que o candidato possa dizer durante a campanha é o que ele foi, o que ele fez, como fez, se tem passado limpo e se tem experiência administrativa. E que experiência administrativa teve. Se falo que vou promover reformas refundando a República, preciso apresentar minhas credenciais. Fui governador e fiz reformas. [...] Temos um plano de metas. Paulo Rabello, o economista do ano, e eu temos um plano de metas, mas não se concretizará com este 'bla bla bla'. Por isso, eu repito e vou repetir sempre: Abra o olho, Brasil. É preciso mudar este sistema corrupto e incompetente para mudar o Brasil. Lembro o Raul Seixas, tenha fé na vida, tenha fé em Deus e tente outra vez."
Cabo Daciolo (Patriota)
Emprego - "Tem que investir em educação, botar trabalho para o povo, mexer em educação, entrar em ciência e tecnologia e institutos federais. Capacitar e preparar a mão de obra e, a partir daí, baixo os juros, retiro impostos e isso vai oxigenar o país. Automaticamente, o mercado vai se abrir e nós vamos empregar esse povo."
Voto impresso - "Nós somos o único país onde não existe o voto impresso. No mundo! [...] Precisamos mergulhar e trabalhar para que possamos ter o voto em cédulas porque existem fraudes em urnas eletrônicas provadas. Provadas! Isto é preocupante, é muito preocupante para o cenário da nossa democracia porque pilares da democracia estão sendo quebrados. Têm que ser contabilizado os votos."
Feminicídio - "O grande problema que a nação está enfrentando hoje é a falta de amor, a falta de amor ao próximo. Estamos vendo uma sequência de homens violentos, normalmente violentos com as mulheres. E tivemos recentemente a cena de um marido que matou a mulher, jogou a mulher do apartamento, e você vê que a pressão para pegarmos essas pessoas que estão cometendo esses crimes contra as mulheres não vem com medidas enérgicas. Mas é interessante dizer que hoje o problema que nós temos está em cima da segurança e colocarmos a educação para o nosso povo. E isso começa a transformar nossa nação".