Crise fiscal exige plano de corte de gastos
O Globo
Alerta do FMI é mais uma prova do erro
cometido nas políticas de salário mínimo e vínculos orçamentários
O último relatório do Fundo Monetário
Internacional (FMI)
sobre políticas fiscais em todo o mundo aumentou a estimativa de déficit
nas contas
públicas brasileiras em 2024 de 0,2% para 0,6% do PIB (mais
longe do objetivo oficial: zero). Elaborado antes de o governo afrouxar as
metas dos próximos anos, o estudo revela a necessidade de mais esforço para
evitar o descontrole na dívida pública. Em vez disso, o presidente Luiz
Inácio Lula da
Silva trocou as metas de superávit para 2025 (de 0,5% para zero) e 2026 (de 1%
para 0,25%). A impressão é que abandonou qualquer plano de ajuste fiscal.
Um governo comprometido com a queda do endividamento público, uma das raízes do crescimento baixo, concentraria esforços em cortar ou, no mínimo, diminuir o ritmo de alta dos gastos. Não é a tônica da atual gestão. Os primeiros sinais da falta de compromisso com a responsabilidade fiscal foram dados antes mesmo da posse. A PEC da Transição, aprovada em dezembro de 2022, aumentou as despesas, a pretexto de cumprir promessas de campanha, e previu substituir o teto de gastos por uma nova regra.