O Globo
Eleito em 2018 com um forte aparato de
redes sociais, Bolsonaro se vê assombrado pelo tipo de comunicação que o
notabilizou
A campanha de Jair Bolsonaro terminou o
domingo entre aliviada e exultante. Aliados comemoravam a decisão de Alexandre
de Moraes de mandar o PT retirar do ar reproduções do vídeo em que, em
entrevista a um podcast na última sexta-feira, o presidente dizia que “pintou
um clima” quando visitou uma casa que abrigava refugiadas venezuelanas de 14 e
15 anos. O desempenho do candidato do PL no debate com Lula também era fator de
otimismo. Não contavam com a língua de Bolsonaro.
Eleito em 2018 com um forte aparato de
redes sociais, consolidado muito à custa de suas “mitadas”, as declarações sem
filtro que deu ao longo da vida sobre mulheres, negros, tortura, população
LGBTQIA+ e outros alvos, o presidente se vê assombrado, na campanha pela
reeleição, justamente pelo tipo de comunicação que o notabilizou.
De duas, uma: ou o Q.G. bolsonarista não fez uma varredura para constatar que Bolsonaro já havia mencionado o caso das meninas venezuelanas pelo menos num evento transmitido pela TV Brasil e a um outro podcast (de um pool evangélico, aliás), ou contou com o amadorismo da campanha de Lula para que a reiteração da insinuação de que as meninas se prostituíam passasse batida. Deu errado.